Capítulo 14 - parte 2 (rascunho)
Morgana andou por todos os lados, dentro e fora do palácio, sempre invisível. Desceu os dois níveis de subsolo, olhou as masmorras, mas nada da irmã e sentia-se cada vez mais desanimada e desesperada. Voltou para a superfície e Gwydion disse:
– "Igor está mal. Ele disse que ouviu Rimon comentar que ninguém a não ser ele sabe onde está a criança. Argonos mandou Rimon apanhar a bomba escondida no lago e acho que é uma boa forma de o pegar e arrancar a informação."
– Achas que o meu pai ainda aguenta?
– "Sim, ele é muito forte. Vamos pegar Rimon."
– Tenho uma ideia – disse Morgana. – Vamos para o terraço.
― ☼ ―
Rimon olhou para o lado. Ele sempre gostava de competir em corridas na água e mergulho. Concentrou-se e uma esfera de energia branca envolveu o seu corpo, impedindo a fuga do oxigênio. A seguir, começou a caminhar sobre a água até ao local sugerido. Foi sem pressa, saboreando a grande vitória e pensando que, em breve, destituiria Argonos. Assim que alcançou a posição adequada parou e olhou para baixo. A água abriu-se, como se fosse um poço, e ele desceu para o fundo em alta velocidade à medida que ela saia do caminho. Quando chegou perto do fundo, fez o fosso ficar mais estreito e a velocidade da queda foi reduzida até parar a um metro do solo. Ele já via o brilho sutil dos cristais da bomba, não muito longe e tratou de se movimentar para alcançar a posição. Desceu mais um pouco, bem devagar, e o artefato entrou no seu campo de ar. Agachou-se e pegou a bomba, fazendo o poço desaparecer. Assim que isso ocorreu, subiu para a superfície feito um projétil.
Sorridente e triunfante, voltou a caminhar para terra, desfazendo a bolha assim que chegou ao solo. À sua frente, cinco homens aguardavam e Rimon estendeu os braços, entregando a bomba a um deles. Nesse momento, ouviram um farfalhar estranho e dois deles ergueram o rosto, olhando para cima. Ficaram de tal forma pálidos que o capitão ergueu o rosto, mas foi tarde. Garras poderosas envolveram o seu tórax e Rimon foi arrebatado do chão com tanta violência que sentiu uma dor forte na nuca. Deu um berro, ao ver que o chão se afastava rápido e olhou para cima, vendo um ser estranho. Não demorou muito a reconhecer o monstro que acompanhava Igor. Assutado, concluiu que a sua hora havia chegado, mas tratou de tentar se aclamar.
Foi com surpresa que descobriu que a criatura circundava o castelo e largou-o justo na varanda de Argonos. Rimon tropeçou e tentou se equilibrar, rolando no chão por alguns metros até parar nos pés do superior. Foi então que ele viu a sacerdotisa saindo do dorso do animal e gelou de vez. O dragão pousou, agarrando-se com as garras no parapeito que rachou em muitos lugares.
Morgana estendeu a mão e um laço de energia saiu do seu dedo, envolvendo o capitão da guarda, que foi erguido ao mesmo nível de Igor.
Argonos olhou para aquela mulher, que entrava altiva e sem medo. Os seus olhos brilhavam perante tanta beleza e determinação. Apesar de toda a fúria da sacerdotisa, ele não se sentia acuado.
– Se não soltar Rimon, Morgana – disse ele –, mato o seu pai. Lembre-se que você só pode atacar um por vez.
Morgana ergueu a outra mão e fez um gesto violento. Argonos sentiu-se levantado e atirado contra a estante, caindo atordoado. Deu uma risada e disse:
– Esqueceu que posso usar ambas as mãos, degenerado?
Argonos abanou a cabeça, mas, o que viu a seguir, deixou-o apavorado. Igor começou a brilhar em tom azul-celeste e ficou cada vez mais intenso. Quando o brilho passou a um branco tão forte que ofuscava, ele desapareceu dentro da luz que, segundos depois, se desfez e o mago não apresentava uma única marca. Fez força e contraiu os músculos, rebentando as correntes sem dificuldade. Olhou para os anéis de ferro nos pulsos e tornozelos e eles caíram ao solo, inutilizados.
– Eu neutralizei você! – exclamou Rimon, de olhos esbugalhados. – Eu sei que neutralizei!
Igor nem respondeu, apenas aproximou-se de Argonos, que, ainda no chão, começou a rastejar de costas, tentando afastar-se. Igor alcançou-o e pegou-o pelo pescoço. A seguir, desferiu-lhe um soco tão potente que o governante caiu inanimado. Nessa hora, começaram a ouvir uma gritaria infernal e Morgana foi à janela olhar, vendo Lídia e os soldados aproximando-se a correr com os campos de força dourados brilhando tanto que iluminaram os jardins.
– Os lemurianos chegaram – disse ela. – É melhor a gente se apressar que vão destruir tudo.
O primeiro estrondo sobre as paredes do palácio provocou um eco tão forte que Morgana precisou de repetir:
– Pai, tem a certeza que só Rimon sabe da Ailin? – perguntou, em português.
– A menos que tenha mentido para Argonos, sim, mas eu também não ia aguentar muito mais tempo sob tortura – disse ele preocupado. – Morgana, tu e Gwydion levam Argonos para o ponto de encontro no bosque que tratarei dele assim que resolver a tua irmã. Manda os nossos atacarem mas que tenham muito cuidado. Plano dois, estritamente como combinado. De dentro para fora.
– Sim, pai – disse ela, abraçando-o e beijando-o, feliz. – Solto o traste?
– Sim, agora eu cuido dele.
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