Capítulo 14 - parte 1 (rascunho)
Valdo estava preocupado demais, mas confiava na amiga da Lemúria. Aproveitou esse período para lhe ensinar a usar o celular que Igor lhe deu, começando por ensiná-la a carregar a bateria com os seus poderes.
– Que incrível – disse Lídia. – Nós ficamos com receio de usar estes dispositivos enquanto fazíamos observações por medo de nos trairmos, mas agora vejo que até uma criança consegue.
– É isso mesmo, Lídia...
A conversa foi interrompida quando o telefone do Valdo começou a tocar de forma insistente. Ele tirou o aparelho do bolso e viu a foto da Morgana.
– É Morgana – disse, atendendo e pondo no viva voz. – Oi, como estão as coisas?
– "Feias, Valdinho, muito feias. Preciso que tu fiques de prontidão, com ou sem ajuda deles. Estou na Atlântida com meu pai e Gwydion. Ele foi até ao palácio mas precisou se entregar senão matavam a minha irmãzinha. Agora está sob tortura e pode ser morto em menos de duas horas. Precisaremos de ti para tratar dele e ressuscitar, se for preciso."
– Claro que estarei pronto, Morgana – disse Valdo, nervoso.
– Morgana – interrompeu Lídia. – Vamos atacar com três regimentos, mais ou menos três mil homens. Sugiro começarmos antes de terminar o prazo. Se os lemurianos atacarem, eles não poderão culpar Igor, o que acha?
– "Ataquem meia hora antes, Lídia. Estou invisível e vou-me infiltrar dentro do palácio porque estou perdendo as esperanças de encontrar Ailin, então tenham cuidado. Se algo me acontecer, digam a Marlon que eu sinto muito. Gostaria mesmo que o ter conhecido melhor, mas agora tenho que pensar no meu pai e irmã. Adeus e não me liguem, do contrário estarei perdida."
– Boa sorte, Morgana, mas volte viva – pediu Lídia.
Valdo colocou o telefone no bolso, bastante nervoso. Nesse momento, os dois viram que havia mais duas pessoas presentes, paradas na entrada e uma delas branca como cal.
– O que foi que ela disse, Lídia – perguntou Marlon, dando um passo em frente e muito nervoso. – Eu não ouvi direito, mas o pouco que ouvi tá me deixando muito, muito nervoso.
– Estão a torturar o pai dela na Atlântida e Morgana vai-se infiltrar no palácio para achar a irmã.
– Precisamos ajudá-los – disse Zéfiro. – Os regimentos estarão prontos e aqui em meia hora.
– Se atacarmos agora – disse Valdo –, vamos expô-los e poderão ser mortos antes que consigamos.
– Então o que faremos? – perguntou Marlon, aflito demais.
– Acho que podemos fazer algumas coisas – disse Valdo, pensativo.
Lídia, Marlon e Zéfiro ficaram a olhar para ele e o jovem engenheiro deu-se conta que esperavam uma estratégia da sua parte. Aproximou-se da parede e estalou os dedos, lembrando como Igor planejava as suas atividades. Uma imagem apareceu na pedra e eles repararam que era uma representação gráfica do palácio e arredores, vista por cima. Valdo gostou da aparência do seu trabalho. Não era como as projeções tridimensionais do amigo, que faziam parecer um videogame superavançado, mas um velho Atari não seria capaz de fazer melhor.
– Aqui temos um bosque graúdo e oposto à cidade – começou a dizer, apontando no mapa. – Os magos deverão penetrar de surpresa, especialmente agora que sabem com precisão todos os caminhos, logo deverão entrar na frente e dentro do palácio ou no bosque, mas acho que atacarão direto por dentro para compensar a inferioridade numérica, exceto os dragões que são grandes demais
– Faz sentido, é o que eu faria – disse Lídia. – Assim o inimigo seria atacado pelas costas porque estaria concentrado na parte de fora.
– Exato – Valdo sorriu. – Por isso, acho que não devem estar muito preocupados com o bosque, ainda mais neste ponto onde não estivermos por ser um pouco mais afastado. Lídia, eles conseguem rastrear os seus portais?
– Somos capazes de usar portais indetectáveis – respondeu ela que já fazia uma boa ideia das suas intenções –, exceto por você, claro.
– Sugiro que a gente vá para esse bosque e crie uma cabeça de ponte. Nós vamos primeiro, eu Zéfiro e Marlon. Você conduz as tropas para lá assim que estiverem prontas. Assim, não perderemos tempo, quando for necessário atacar e poderemos intervir mais rápido para salvar Igor.
– Ótimo – disseram os três lemurianos em coro. – Excelente ideia.
– Mas tem uma coisa – decidiu Lídia. – Zéfiro fica a juntar as tropas e eu vou. Zéfiro, nem preciso de falar a urgência da coisa.
Lídia não aguardou a resposta e abriu a passagem, fazendo sinal para os amigos e sorrindo.
– Mulher apaixonada é bravo – comentou Zéfiro e Marlon deu uma risada enquanto Valdo erguia a sobrancelha.
― ☼ ―
Igor tinha sangue escorrendo por todo o corpo e sentia muitas dores, mas precisava de aguentar o máximo possível. A fraqueza já estendia as suas garras e o corpo tremia um pouco. A tortura era muito violenta e ele calculou que devia ter passado cerca de uma hora e meia desde que começou. Precisava de saber identificar o seu limite, quando não mais seria capaz de se curar sozinho.
Um homem entrou na sala, provocando uma pequena interrupção nas chibatadas e dando uma certa folga ao mago, que procurou restaurar um pouco das energias que sabia que precisaria em breve.
O sujeito falou:
– Senhor, o lago é demasiado grande. Não localizamos a bomba.
Rimon virou-se para Igor.
– Onde está a bomba? – estendeu a mão e mandou uma chicotada vibratória.
– A partir do centro da fonte com a mulher que jorra água da boca, em frente ao palácio. Ande em linha reta por quinhentos metros. Ali a profundidade é de cerca de vinte metros, capaz de neutralizar as irradiações.
– Vá você, Rimon – disse Argonos –, que eu vou cuidar dele.
O capitão saiu e Argonos esfregou as mãos, rindo.
– Nunca imaginei que conseguisse sobreviver tanto tempo. Qualquer um aqui não passaria de meia hora.
– Bem vejo quem são os verdadeiros degenerados.
Argonos nada disse, mas a chibatada seguinte foi de tal forma forte que Igor sentiu a vista turvar e acabou perdendo a consciência por alguns segundos.
– Dói, não é? – perguntou, debochado. – Talvez tenha razão mesmo, já que o mais valente dos soldados perderia a consciência pela primeira vez em menos do que dois minutos. Mas o que adianta para si, se morrerá em breve?
– Em breve, matarei você, Argonos, em grande agonia tal como jurei. Você e Rimon.
– Estou para ver sujeito mais otimista do que você.
― ☼ ―
Atari – videogame antigo.
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