Capítulo 12 - parte 2 (rascunho)
Morgana e Valdo atravessaram a passagem e encontraram um mundo parecido com a Terra. A gravidade parecia um pouco maior e a temperatura era talvez de uns vinte e três graus, muito agradável. Estavam dentro de uma construção, por isso ainda não sabiam como era aquele lugar, mas notava-se que o prédio era de pedra e alto com uma iluminação indireta que vinha do topo e bem suave. Lídia sorriu, contente de estar de volta e começou a andar para um dos cantos.
– Bem-vindos à Lemúria – disse ela. – Venham. Zéfiro, pode avisar a central que o ponto de observação um foi comprometido?
Os dois terráqueos e Marlon seguiram-na enquanto o colega fazia o que foi pedido. No canto, viram uma porta quase oculta. Quando saíram, depararam-se com um corredor por onde ela foi. Havia algumas portas, mas Lídia não abriu nenhuma, exceto a do final. Nesse momento, viram-se do lado de fora e a luz forte do sol fez com que piscassem um pouco. Quando se acostumaram, olharam em volta. Estavam em uma cidade grande que parecia com as cidades do século XIX. Às costas, tinham um edifício colossal em forma de pirâmide, por onde tinham vindo.
As ruas da cidade eram muito largas e bem-feitas, com as pedras de paralelipípedos encaixadas umas nas outras em padrões uniformes perfeitos. As casas e prédios, a maior parte baixos, eram de algum tipo de granito, mas todos, sem exceção, possuíam umas placas de um tipo de mármore negro na parede que dava para a rua. O movimento nas ruas era grande, com muitas carruagens semelhantes aos coches do passado, o que reforçava a ideia de terem recuado no tempo, mas Morgana também achou parecidos com os da Atlântida. Ela viu alguns que eram abertos e deu-se conta de que usavam a magia para os conduzir. Entre as ruas e as moradias, todos os prédios e casas tinham jardins bem cuidados e as ruas eram muito arborizadas. Orgulhosa, Lídia disse:
– Esta é a nossa cidade principal que também se chama Lemúria.
– É bonita – disse Morgana, olhando em volta. – Espaçosa, limpa e bem organizada. Para que servem aquelas placas pretas que ficam em todas as casas.
– De dia, ficam negras e absorvem luz. À noite, emitem uma fosforescência branca e suave, iluminando a cidade – explicou Marlon. – Não é tão belo quanto a sua Cidadela, mas é eficiente.
– Onde vamos? – perguntou Valdo.
– Para o conselho – respondeu Lídia. – É aquele prédio grande após o parque e a praça redonda.
O grupo entrava naquele preciso momento no parque, que era bem grande, muito maior que o Hide Park e maior ainda que o parque da Redenção, em Porto Alegre, os dois maiores que ela conhecia na terra. Além disso, era bastante arborizado, como toda a cidade. Morgana sentia harmonia fluindo livre, coisa que não acontecera na Atlântida e isso agradava a sacerdotisa. Havia pássaros, a maioria muito diferente dos terrestres, mas os cantos não se diferenciavam grande coisa e contribuíam para um sentimento forte de paz e segurança. Quando iam a meio caminho, justo em uma parte aberta com um gramado enorme, uma dúzia de carros estranhos aproximou-se a voar e pousou uns vinte metros à frente do grupo. Um grupo de mais de trinta homens sei deles, ameaçador. Usavam barreiras de proteção douradas e lanças chamejantes. Reagindo por instinto e décadas de conflitos, Morgana ativou imediatamente a sua barreira verde. Vendo isso, Valdo imitou-a.
– Parem – disse Lídia, autoritária e colocando-se à frente dos terráqueos, para os proteger. – Os estrangeiros são convidados e representantes importantes de outro povo.
– São atlantes – resmungou o líder da tropa. – Disparou um alarme de bracelete.
– Alguma vez o senhor se deparou com um atlante de cabelos daquela cor tão clara ou de barreira dourada, como o meu amigo aqui tem? – insistiu, Lídia, irritada. – Eles são descendentes nossos e de atlantes, sobreviventes da catástrofe da guerra. Vivem no velho mundo e também em outro mundo.
O soldado não se aquietou e L;idia irritou-se ainda mais.
– Escute. Eu sou a líder suprema das tropas e da espionagem. Tenho liberdades que o senhor não tem e acho melhor sair do meu caminho.
Morgana achou melhor demonstrar boa vontade para evitar um aumento do desconforto. Desfez a sua barreira e ergueu o braço, mostrando o bracelete de cristal.
– Eu sou Morgana Vargas Montenegro da Terra e sou uma feiticeira do Mundo de Cristal – disse, mantendo a calma. – Estamos em conflito com os atlantes que nos atacaram pelas costas. Não somos seus inimigos e se o bracelete é o problema, não se preocupem, que eu o removo.
Dizendo isso, tirou o bracelete e guardou-o junto ao corpo, mas em outra dimensão e sorriu para o homem.
– Vocês estão detidos – disse o guarda ou o que fosse e o sorriso da Morgana desapareceu, preparando-se para o pior.
– Eu não vou tolerar uma atitude dessas, seu incompetente. Se não reconhece a minha autoridade vai enfrentar uma corte marcial Esta mulher é filha de um rei e veio aqui como uma amiga – berrou Lídia furiosa. – Não me obrigue a invocar o exército.
– Se não se entregarem, serão mortos.
Morgana ergueu a sua barreira e disse:
– Se pensa que sou fraca como os idiotas dos atlantes, você vai ter a mais desagradável das surpresas, rapazinho. Valdinho,prepare-se.
Lídia ergueu o punho e um jorro de luz dourada de alta intensidade subiu para o céu, provocando um estrondo absurdo e criando a forma de um brasão desconhecido. A seguir, a Lemuriana ergueu a sua barreira e Marlon fez o mesmo, unindo-se a ela. Sem aviso prévio, ambos atacaram o líder da gurda e o homem foi lançada por bem uma vintena de metros, ficando caído. Os outros atacaram e Morgana, sem querer matar, criou uma grande e muito potente esfera de estática, jogando-a sobre os soldados. Apanhados de surpresa e sem entenderem a eletricidade, ficaram paradas, sofrendo as convulsões que não lhes permitiam usar os seus poderes.
– Eu avisei – disse ela.
– Acho que não preciso fazer nada – comentou Valdo debochado.
Antes que tudo acabasse, um milhar de pequenos carros, similares a bigas romanas, mas andando sozinhos, chegou e o exército da lemúria apareceu, atendendo ao chamado da comandante suprema.
– Prendam-nos, homens – ordenou ela. – E quero aquele bastardo confinado para enfrentar uma corte marcial.
– Sim, excelência – disse um dos soldados superiores, fazendo uma vênia. – Mais alguma coisa?
– Quero uma escolta de cinquenta homens até ao conselho.
O comandante das tropas juntou os homens solicitados e eles fizeram um cordão em volta do grupo.
– Será que não foi má ideia afrontá-los? – perguntou Valdo.
– Isso foi obra de um idiota do conselho que anda querendo ganhar poder e me detesta. Ele é minoria. Não se preocupem.
Não houve mais tentativas de ataque e Morgana relaxou, aproveitando para prestar atenção no prédio administrativo. Era bonito e imponente, talvez com uns trinta metros de altura e com duas torres nas extremidades de um grande arco em granito. O centro do prédio formava o terceiro vértice de um triângulo isósceles com uns vinte metros de aresta, mas era em arco e forrado de um tipo de mármore verde. Os soldados perfilaram-se na entrada do edifício, mas não entraram. No saguão, Lídia dirigiu-se a uma mulher que ficava em um balcão.
– Por favor – pediu, erguendo o pulso e mostrando uma marca que era igual ao brasão e que brilhava. – Gostaria que nos anunciasse ao conselho com urgência. Trago dois visitantes de outro mundo e tenho informações muito importantes.
– Sim, senhora – disse a mulher. Ergueu as mãos e surgiu uma bandeja com copos e um jarro. – Aguarde e tome um refresco enquanto os anuncio.
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