Igor acordou com o raiar do dia, espantado por estar no gramado, até que se deu conta que ele e a esposa adormeceram enquanto relaxavam. Com delicadeza, abanou o seu ombro e ajudou-a a se levantar.

Eduarda fez cara de espanto e, depois, riu, abraçando e beijando o marido.

– Foi a melhor noite que eu tive nestes dias, amor mesmo no chão duro.

– Eu também – disse ele. – Antes de te reencontrar, mal pregava o olho.

Entraram em casa e encontraram Nealie e Morgana de pé, já organizando o café. A filha olhou para eles e disse, rindo:

– Bom dia. Que tal estava o colchão de grama?

– Maravilhoso, filha – respondeu Igor. – Estando com a tua mãe, até um colchão de cascalho serve.

– Menos, amor – disse Eduarda, rindo. Aspirou o ar com prazer e continuou. – Café! Preciso de um bom café.

Mal terminou de falar, os ingleses apareceram, primeiro a mulher, seguida do Michel cinco minutos depois. Mudando de português para inglês, Eduarda disse:

– Bom dia – apontou a mesa. – Que tal um bom café?

– Não sei o que é café há dias – disse Michel, agradecido. Após servir-se, perguntou. – Quando podemos retornar para casa.

– Ainda hoje levarei vocês para a Terra – prometeu Igor. – Assim que acertar alguns detalhes por causa da segurança dos nossos mundos.

Gwydion apareceu, entrando pela janela, e pousou no ombro do amigo. Brigite olhou para ele e disse:

– É impressionante como aquele animal assustador pode se transformar em um pássaro tão lindo.

– Gwydion não é um animal, Brigite – explicou Eduarda. – Os dragões são seres inteligentes de outro mundo e são grandes aliados nossos.

– São inteligentes? – perguntou a mulher, descrente.

– Inteligentíssimos, Brigite – confirmou Igor. – Possuem uma sociedade muito avançada e organizada. Comunicam-se por telepatia e a história da civilização deles tem mais de trezentos milhões de anos.

– Há dragões na Terra? – perguntou Michel, curioso.

– Apenas Gwydion e Saci, quando estamos lá – respondeu o mago. – Na antiguidade, quando nos descobriram, havia muitos, mas a guerra dos bruxos fez com que se afastassem.

A reunião do café aumentou bastante à medida que os outros acordaram e ninguém tocou no assunto da invasão, nem mesmo os lemurianos.

As coisas pareciam tão tranquilas e normalizadas que a mensagem do Saci chegou de uma forma que provocou um susto em todos por causa da sua grande intensidade, tanta que até os ingleses ouviram.

– "Igor, corre para a praça dos portais que Ezequiel tem uma emergência. Alguém veio da Cidadela e está em mau estado. Tragam Valdinho."

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