"Então chore, pode chorar"

Capítulo 30: "Então chore, pode chorar"

Quinta-feira [21:24]

Jennie

Não pode ser.

Comecei a entrar em desespero, vi Yoongi e J-Hope saindo correndo do balcão. Fiquei aliviada, mas me perguntava onde estava Roseanne.

— Temos que sair daqui! — Yoongi fala assim que chega perto de mim e me ajudou com o Taehyung para irmos para mais longe do balcão em chamas.

— Cadê a Roseanne? — eu perguntei vendo o J-Hope com cara de choro. — Cadê ela? — ele me olha e balança a cabeça em negação, e começa a chorar se jogando no chão.

— Não conseguimos salvar ela. — Yoongi diz com o tom de voz triste.

— Aqueles gritos… Oh meu Deus, não pode ser. — meus olhos se enchem de lágrimas. — Vocês precisam salvar ela. Ela não pode morrer assim, por favor, salvem ela! — eu digo alterada aos dois. — Você, J-Hope, por que não entra e tira ela de lá? Você a ama, precisa salvá-la!

— Já fiz tudo que eu pude. Não há mais nada que eu possa fazer. — ele diz chorando.

Comecei a me sentir culpada, pois a momentos atrás desejei sua morte, desejei com toda a minha alma a morte da Roseanne. Agora, ela realmente está morrendo. Me senti um lixo. Como pude ter desejado algo tão ruim para outra pessoa?

Eu nunca fui assim.

Comecei a chorar novamente, chorei por sua morte.

— Fica calma. Está tudo bem. — Yoongi tenta me confortar.

— Como pode dizer que está tudo bem? A Roseanne… eu não acredito. Eu não gostava dela, odeio ela por ter feito o que fez, mas… não merecia isso, ela não merecia. Ela só era mais uma pessoa que precisava urgentemente de ajuda, e agora ela está morta. — eu disse chorando, olhando para as chamas que não davam nem um sinal de trégua. — Ela tinha razão, todos nós somos culpados. Todos fomos tomados pelo ódio e vamos pagar caro por isso. — falei olhando para meu irmão.

A ambulância enfim chegou e logo chamamos os bombeiros também. Porém, minha mente só conseguia pensar no que aconteceu com a Roseanne e em como vamos seguir em frente depois de tudo isso.

A vida nos surpreende a cada dia.

Os paramédicos prestaram socorro ao meu irmão e também a todos nós, principalmente ao Yoongi e J-Hope que inalaram muita fumaça.

— Ele vai ficar bem? — eu perguntei a uma das paramédicas que ajudava o Taehyung.

— Não posso lhe afirmar nada agora. — a paramédica respondeu. — Mas tenha fé. — ela diz ao ver meu desespero. — O que aconteceu aqui? — perguntou.

Fiquei receosa para responder, mas resolvi dizer algo, porém, antes que pudesse falar, J-Hope perguntou se podíamos ir logo, a moça o olhou e assentiu. Então assim foi feito. Yoongi disse que os bombeiros chegariam logo no local, mas que já era para irmos. Yoongi e J-Hope foram juntos em seu carro, já eu, fui junto com Taehyung dentro da ambulância.

— Seja forte, Taehyung, você vai ficar bem. — eu digo ao meu irmão. Ele já estava desacordado, mas felizmente respirando.

No Hospital…
Quinta-feira [23:55]

— Doutor, meu irmão vai sobreviver? — eu pergunto preocupada correndo em direção a ele.

— É cedo para dizer. Foram dois tiros e um deles foi bem certeiro, atingindo bem perto do pulmão. Ele teve sorte de não ter morrido na hora. — o doutor explica com calma.

Coloco minhas mãos no rosto, pois não aceitaria a possibilidade de perder Taehyung. Yoongi me abraçou forte e pude me confortar em seus braços.

— O que vamos fazer, Yoongi? Eu estou perdida. Não faço ideia do que fazer se eu perder meu irmão. — eu digo o abraçando forte, me sentindo confortável em seus braços, mas muito preocupada com meu irmão.

— Vai dar tudo certo. — ele diz otimista.

Já se passaram algumas horas desde o incidente, e vi J-Hope trazendo algo para comermos. Yoongi diz para ele ir embora, pois não precisava que ele ficasse lá. Yoongi também diz que era para eu ir para casa descansar, que ele ficaria no hospital e cuidaria de tudo, mas recusei, não sairia dali sem notícias do meu irmão. Comi o que J-Hope havia trazido e permaneci no hospital.

Félix chega no hospital alguns minutos depois perguntando sobre Taehyung. Contei tudo muito superficialmente para ele, pois já estava saturada.

— Eu disse a ele para fazer a coisa certa, mas não dessa maneira. Não consigo entender o porquê Taehyung teve a coragem para levar um tiro por alguém que ele odiava, isso não faz o menor sentido para mim. — Félix diz olhando desconfiado para o Yoongi.

— Acredite, eu também estou me perguntando isso. — Yoongi disse a ele.

— Talvez ele tenha deixado de permitir que o ódio o cegasse. — eu disse de cabeça baixa. — Se ele não tivesse feito isso, seria você que estaria à beira da morte agora, Yoongi, ou talvez, todos nós estaríamos mortos. Ele escolheu se sacrificar. — finalizei limpando uma lágrima que havia descido. Todos ficaram em silêncio, pareciam refletir sobre o que acabei de dizer.

Yoongi me olhou e por um momento achei que iria me dizer algo, mas não disse nada. Então seu celular tocou e ele logo atendeu se afastando da gente.

— Como você está? — Félix perguntou ao meu lado, me abraçando de lado, tentando me confortar.

— Desolada… Sinto que isso nunca vai acabar. Eu não mereço ser castigada dessa forma. Eu não aguento mais. — eu comecei a desabar em choro. Me odiava por estar sendo tão emotiva, por chorar por tudo, por não conseguir me controlar. — Eu não quero mais chorar. — eu  falei abraçando o Félix.

— É natural chorar, você está passando por coisas extremas. Então chore, pode chorar. — Félix diz acariciando meus cabelos. — Precisa ir para casa, você não está bem.

— Eu não quero. Eu vou ficar aqui. — eu falei determinada.

O médico apareceu acompanhado do Yoongi, eles vieram em nossa direção. Respirei fundo, pois já sabia que teria notícias de Taehyung.

— Kim Jennie? —  o médico falou.

— Sim. O que aconteceu com meu irmão?

— Meu amor, preciso que fique calma. — Yoongi diz e eu automaticamente entrei em desespero. Meu coração estava extremamente acelerado, mais um pouco e teria taquicardia.

— Me digam logo o que aconteceu. Por favor, doutor, não me faça esperar mais. — eu disse quase chorando.

— O pulmão de seu irmão foi bastante comprometido pelo disparo da bala. Tiveram complicações durante a cirurgia. Fizemos o possível, mas… mas ele não resistiu e infelizmente veio a óbito.

FlashBack_On

15 anos atrás

— Você é muito chato, Taehyung! Eu não vejo a hora de me livrar de você. — eu disse empurrando o meu irmão para longe de mim.

— No dia que eu partir, você sentirá tanta dor, mais tanta dor, que seus olhos vão ficar inchados de tanto chorar por mim. — Taehyung fala brincando.

— Nos seus sonhos. — ironizei.

— Quando eu for embora, não vai ter ninguém para te aguentar. — meu irmão falou rindo, apertando minhas bochechas.

— Sai, praga! Já falei que não gosto que aperte minhas bochechas. — eu falei brava, massageando as minhas bochechas. — Você é implicante, Tae!

— Eu implico porque gosto de você, Jenny. E também porque é isso que os irmãos fazem. — ele disse com um sorriso quadrado no rosto. — Agora vamos comer, nossos pais já estão na mesa nos esperando. Ah e você fará a oração de hoje para agradecer a Deus pela comida.

— Ah, não, faz você. Eu não sei orar. — eu falei.

— Eu vou te ensinar. Não se preocupe. — Taehyung falou tranquilo e sorrindo quadrado.

FlashBack_Off

Taehyung era assim, irritante, implicante e até mesmo um pouco invasivo, mas tinha um bom coração e era um irmão mais velho muito prestativo pra mim.

E agora ele se foi

Deus, me dê forças para suportar tanta dor.

Me dê forças para suportar o insuportável.

A única certeza da vida é a morte. Ainda assim, toda vez que essa certeza bate na nossa porta, nós nunca estamos preparados para recebê-la.”

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