Capítulo 4 Revelações
Logo após deixar-me em casa, o cachorro, estava indo para sua própria casa.
–Oi maninho, não estou interrompendo nada não é? —disse seu irmão.
Um garoto de cabelos pretos com brancos, seus cabelos eram como os de seu irmão mas no lugar do loiro eram fios brancos, tinha um piercing acima da sobrancelha e no nariz, seus olhos eram azuis, usava jeans e tênis escuros, ambas eram marcas muito velhas, tão velhas que eram usadas por humanos, ele não usava uma coleira, nem nada apenas um relógio prateado em seu braço, no lugar dos números do relógio haviam as fases da lua.
Sua cara sarcástica e sorridente só dava a entender uma coisa, eles iriam discutir...
—O que quer Relâmpago? —Relâmpago era o nome do rapaz com o relógio prateado.
–Nada, vim apenas conversar. —respondeu-lhe em um tom sarcástico, logo o rapaz muito desconfiado levantou sua sobrancelha, fez em seguida uma cara séria, o encarou por dez segundos e depois deu uma risadinha como quem não quer nada.
–Você me seguiu na calada da noite, só para conversar? — deu uma risadinha—Qual é Relâmpago, eu não sou tão idiota quanto você pensa que eu sou! Fala logo o que você quer! —falou ele de um jeito autoritário, o garoto sarcástico arregalou um pouco os olhos, logo depois voltou a sorrir daquele jeito meio assustador.
–Ok, tem razão eu quero alguma coisa.—encarando-o com um certo ódio e desprezo, tanto no olhar quanto em suas palavras.
–Sei o que você fez Trovão e jamais vou perdoar você pelo que fez com a Íris.—Trovão, era esse seu nome, ele ficou espantado, quase que deu um pulo para trás, por fora parecia normal, mas por dentro estava apavorado, até onde seu irmão poderia saber?
–Do que você está falando? — perguntou de um jeito sínico, porém não adiantava mais enrola-lo, quanto mais tentava mais Relâmpago ficava furioso com seu irmão.
–Me refiro a James! E a traição que você forjou! Não adianta mais mentir pra mim, eu sei que você fez isso, sei que você mentiu! Sei também que fez isso porque não suportava perder Íris para ninguém...se ela não pode ser sua não pode ser de mais ninguém, não é? —disse à ele com raiva, porém se sentia aliviado por finalmente ter dito tudo o que queria.
–O que...o que você quer...por favor não conte pra Íris eu...
–O que quero de você é que fique longe dela! Eu te apoiei nisso desde o início, mas agora irei fazer de tudo para que ela te odeie! O que você fez com aquele rapaz foi algo deplorável! E Íris coitada, mal sabe o amigo que tem...pobre garota...— Disse Relâmpago, dando fim aquela conversa, deixando Trovão com o rabo entre as pernas, mas Trovão não iria desistir, até porque Relâmpago que jamais o traiu jamais iria fazer isso agora, não é?
Saindo no meio da noite os dois foram para casa um do lado do outro sem dizer uma palavra o caminho todo, continuando desse jeito...até de manhã.
Eu estava com minha irmã, minha irmã gêmea, sim eu tenho uma irmã...he he, Trovão e Relâmpago também são gêmeos, eles têm mais dois irmãos e todos eles têm a mesma idade formando assim um quarteto...(Ah carnívoros...porque eles têm tantos filhos?) eu e minha irmã estávamos andando e conversando, ela era muito grossa com os outros, haviam poucas pessoas que ela não via como irritantes ou saco de pancadas, (seu passado foi muito traumático como já havia dito uma vez) minha mãe, eu, os amigos dos meus pais, Relâmpago e seus três irmãos eram essas pessoas.
Provavelmente você deve estar se perguntando: "Ué e o Trovão? Você não está esquecendo dele?"
A resposta é Não! Ela odeia o Trovão...eles se odeiam desde pequenos, mas eu acho que eles devem gostar um do outro...he he
–Então como foi ontem à noite? Hum? Hum?—minha irmã estava me interrogando desde o momento em que cheguei em casa...VIVA! Bom saber que minha família se importa comigo... E sim desde meia noite que ela me perturba! Meia noite cara...e já são oito da manhã...é foi uma longa noite!..
–Uou! Mas o que é isso um interrogatório? Qual é? Tá loca Sabrine?—eu disse já com os nervos à flor da pele, mas ela simplesmente riu e afagou minha cabeça, olhando pra mim com aqueles olhos roxos belos e lindos...olhos raros...não vi nenhum deles a ter olhos dessa cor, jamais vi, minha irmã era realmente incrível e ela também pensava o mesmo de mim, no fim até nisso éramos parecidas.
logo demos de cara com Relâmpago e Trovão, ambos estavam conversando como se a conversa que tiveram ontem nunca tivesse acontecido.
–Trovão,irmão...por que você tá usando essa bosta no seu pescoço?—fazendo gestos com as mãos que apontavam para a coleira de Trovão, muitos cachorros achavam uma coisa dessas ridícula, Relâmpago era um desses muitos.
–Ué, eu gosto...— disse ele dando de ombros sem entender o seu irmão.
–Além disso muita gente ainda usa.—o garoto de cabelos pretos e brancos deu uma gargalhada.
–É, gente que nem você, otária e fora de moda!! Porque primeiro: isso não tem nem um significado já que os humanos sumiram do mapa a muito teeeemmmmpo; segundo: Isso já perdeu todo e qualquer significado a noventa e nove mil anos e novecentos e quatro anos. — Trovão ficou calado, até que eu e Sabrine chegamos.
–Mas tá, se você ainda quer usar tudo bem.— Relâmpago não estava nem aí pra moda, nunca se importou com coisas desse tipo isso era apenas para provocar seu irmão.
–Oi pessoal, que gritaria é essa?—Disse Sabrine, os dois garotos se entre olharam e Relâmpago respondeu:
–Eu apenas estava falando que o Trovão tem uma porcaria inútil no pescoço! Apenas isso. —Trovão nem se importou, Sabrine se virou e começou a morder a mão fechado querendo desesperadamente rir, mas se risse desencadearia a irá de Trovão.
–Eu...eu gosto da sua coleira Trovão. — todos olharam para mim, após isso que falei, Relâmpago estava meio chateado e entediado, Sabrine não tinha mais do que rir, apenas olhava para mim como quem diz: "Oh Meu Deus como minha irmã é uma gracinha!!!" E Trovão? Bem...ficou feliz e bastante, bastante, bastante envergonhado, ficou vermelho e mexendo na coleira como sempre fazia.
–Ah, agora entendo porque você não tira isso do pescoço...—Relâmpago falou de uma maneira um tanto que...eu não sei, naquela época não sabia do que ele estava falando.
–Ah, Íris! meu Deus, agora que lembrei o papai falou que queria falar com você urgente! —Trovão, disse para mim algo que pela primeira vez parecia ser o que aparentava, uma coisa que era alarmante.
"Uma bronca, uma punição, meu Deus, o que o Stanley quer comigo?" —eram esses pensamentos que pairavam minha cabeça, ele tinha sido como um pai pra mim desde que nasci, e os garotos eram meus irmãos mais velhos, eles são três anos mais velhos que eu, sem contar que ele nos ajudou mais ainda depois da morte de nosso pai..........papai.......... Stanley me salvou......mas perdeu a visão de um dos olhos, o esquerdo.
Tudo aconteceu enquanto ainda era amiga de Jim, eu tinha cinco anos de idade, Jim devia fazer cinco daqui a alguns meses, eu era mais velha que ele, estávamos na floresta brincando, mas o que não sabíamos era...que tinha alguém nos seguindo. Os pais de Jim sabiam de tudo àquela altura.
É crime presa e predador terem qualquer tipo de relação se não caça e caçador, Jim e eu não sabíamos disso...eles queriam me matar...para que Jim ficasse seguro, talvez com o ocorrido ele aprenderia a nunca mais fazer amizade com uma presa.
Stanley e meu pai me seguiram e bem no momento em que Wind ia me atacar Stanley apareceu...lembro como ontem.
Meu pai ficou olhando tudo apavorado, Jim e eu estávamos assustados, nós três olhávamos tudo sem saber o que fazer, Agdá estava cercando Stanley junto com Wind, (Wind e Agdá são os pais de Jim) Stanley atacou com suas garras, Wind foi atingido em seu braço e sua camisa foi rasgada, estava sangrando com as marcas de garras.
Agdá estava atrás de Stanley e Wind de frente para ele olhando-o, a mãe de Jim mordeu seu braço bem forte, Stanley puxou ela pelos cabelos com força, mas tanta força que ela caiu.
O pai de Jim ficou muito preocupado, correu para ver se sua amada estava bem, ela caiu, mas logo se levantou, o lobo deu um suspiro, mas depois começou a rosnar, seus olhos pareciam chamas azuis, minha pessoa jamais esquecerá daquela cena, Stanley tinha se virado por alguns instantes para ver se eu estava bem depois daquilo tudo, porém quando se virou novamente, já era tarde demais...
Wind arranhou seu olho esquerdo, Stanley gritou, mas parecia não importar sua dor, pôs suas duas patas sobre seu olho machucado que estava sangrando muito, ele caiu não chão enquanto urrava de dor.
Meu pai e eu chegamos mais perto para tentar ajudar, em nossa situação eles não teriam que fazer muito para que nós pudéssemos morrer, o lobo de cabelos escuros e olhos azuis estava chegando perto, até que Jim chegou perto de seu pai, segurou em sua perna, e implorou para que seus pais parassem, mas de que importava? Stanley ficou cego de um olho, seus pais estavam machucados, e nós três: eu, papai e Stanley estávamos à um passo da morte.
Isso era por nossa culpa...isso tinha de parar, eu fugi de casa para ver Jim uma última vez...sim aquela...foi a última...me encontrei com ele e decidi por ele e por mim, que nossa amizade não podia continuar, ele implorou, fez de tudo, mas...não dava mais para suportar, pessoas ao nosso redor estavam quase se matando, simplesmente por eu e ele sermos crianças mimadas...ficamos um longo tempo sem nos vermos.
Alguns dias depois, meu pai saiu de casa, com a permissão de Stanley, ele disse que iria resolver uma coisa, depois disso...ele jamais retornou... "Ele sumiu? Fugiu por que se cansou de viver assim?" Se for isso o que me pergunta... A resposta é Não! Ele...Ele morreu.
Meu pai morreu, alguns dias depois disso Stanley foi o procurar, foi a floresta sozinho, para encontrá-lo e dar notícias para mim, minha mãe e minha irmã, porém... Ele não disse nada...não disse uma palavra, mais algum tempo se passou.
Stanley e sua esposa pegaram minha mãe para falar com ela, depois da conversa minha mãe parecia normal, nada parecia ter ocorrido, quando eu e Sabrine perguntamos sobre nosso pai, ele simplesmente disse que poderia ter se perdido, mas que alguns outros cães poderiam ter o ajudado, até que pudessem levá-lo para casa com o tempo, eu acreditei por que era pequena, minha irmã também, sendo que era a mais nova de nós duas, era também a mais delicada, doce...e mais ingênua também.
Dois anos depois ouvi ele chamando minha mãe para falar com ele, aquela conversa, foi a mais traumática de toda minha vida, eu estava usando um vestido, da qual, a cor não me lembro agora, o penteado também não me lembro, apenas que estava com meu cachorrinho de pelúcia, com seus olhos de vidro, que tinham cores diferentes cada um, seu pelo era preto e marrom também me lembro da escada eles estavam perto da escada.
Eu estava na parede, parada...ouvindo tudo, eles estavam lá em baixo, apenas estava eu e eles em casa, minha irmã estava brincando com Relâmpago e Trovão, já eu estava indo apenas beber água já ía descer a escada, quando de repente ouço o início da conversa que me marcou para sempre.
–Então, ainda não contou a elas? —Stanley perguntou para minha mãe, enquanto esta abaixou sua cabeça e começou a falar com um tom de voz triste, mamãe não sabia que eu estava em casa...não, naquele dia estava tão atribulada com isso, que não sabia nem o que ocorria na própria casa.
"Não, não pude contar a elas...ainda." respondeu minha mãe, querendo chorar.
– Olhe, isso só vai machucar elas mais ainda, não ache que escondendo a verdade, estará poupando suas filhas.—ele pausou, logo havia um silêncio bem grande entre ele e minha mãe.
–Era o pai delas, elas têm o direito de saber...e você sabe que não vai poder mentir para sempre, muito menos eu e Angel iremos te ajudar nisso.
"Era o pai delas...era o pai delas...ERA O PAI DELAS? O que...o que está havendo? Papai...o que aconteceu...você...não está mesmo bem, não é?" –esses eram meus pensamentos em um momento assim.
–Como sabe que isso teve haver com aquele filhote de lobo? — " Jim...estão falando dele...o que está acontecendo?" Era a única coisa que eu podia pensar, eu estava confusa, assustada, e as pessoas em que eu mais confiava...estavam mentindo pra mim desde sempre...só que agora, tudo que eu sentia, era dor.
–Porque tinha uma faca ali, aquela faca era de Wind, além disso, aquilo era um estrago que só lobos podiam causar. Não pense que foi a primeira vez que lidei com isso, Zya não foi o primeiro...e se as coisas continuarem como estão, também não será o último!" —ela ficou triste, mas sabia muito bem o que aquilo significava, coitada de minha mãe, mal sabia o que fazer, ainda mais como contar isso para as filhas.
–Mas por que...como...o que ele ia fazer ali fora? —Stanley abaixou a cabeça e logo caiu a fixa...ele sabia que isso iria acontecer.
–Você sabia que ele ia atrás de Wind, não é? —e mais uma vez silêncio.
–Sim, eu sabia mas não podia quebrar a promessa que fiz com meu amigo, ele apenas queria resolver as coisas de maneira civilizada, mas infelizmente...diferente do pensamento de Zya, lobos e cachorros não funcionam do mesmo modo... — logo então ele pediu para que ela o perdoasse, minha mãe entendeu. Logo não disse mais nada.
–Acho que é melhor você não contar as meninas agora, Íris iria se sentir péssima com isso. — ela respondeu que sim, enquanto eu ouvia tudo com meu coração apertado, fui enganada, meu pai havia morrido...e a culpa era minha... Jim provavelmente sabia...por isso que eu o odeio...POR ISSO...EU ODEIO LOBOS!
Comecei a derramar lágrimas...e derrubei minha pelúcia no chão, sai correndo, Stanley e Mamãe ouviram, mas quando ela ía atrás de mim para tentar me confortar...ele não deixou e pediu para que eu ficasse sozinha...até porque isso era muito para uma criança aguentar.
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