O Livro Enfeitiçado

Totnosuke

Totnosuke admirava sua mais nova obra-prima. Após noites em claro e muita pesquisa finalmente terminara aquilo que considerava a maior criação de sua vida.

Estava tocando o livro. Passando a mão por entre sua capa e suas folhas. Sentindo sua textura.

Sim...

Podia sentir o poder depositado ali naquelas páginas, a magia emanava fazendo as suas mãos queimarem. O poder mágico ali posto ressonava, emanando uma energia revigorante, quase afrodisíaca. Tudo estava pronto, agora só precisava de uma cobaia para por sua criação para funcionar. Mas quem seria idiota o suficiente?

Rodeou a sala com o seu olhar. Estava na classe de medicina mágica I, com a professora Trinity. A maioria dos alunos tinham suas atenções voltadas para as explicações da professora, que estava explicando como se deve proceder em caso de infeção por micróbios do abismo. Porém, havia um garoto que estava alheio a aula e parecia desenhar em seu caderno um unicórnio.

Sim, ele sim.

Aquela era sua presa perfeita. Com toda certeza era o garoto mais burro que havia conhecido durante sua estadia em Aramonth, seria como dar um doce para uma criança remelenta no dia das bruxas. Fácil demais.

Os sinos tocaram.

Harvey

Harvey acabara de sair de mais uma aula mortalmente entediante e sua barriga reclamava por comida. Fora uma tarefa árdua aguentar aquelas horas todas ouvindo a professora Trinity falar sem parar com seu ritmo monótono e voz sonolenta, quase não aguentou ficar acordado. Precisaria de um energético ou temia que uma hora ou outra pegaria no sono na frente de todos.

Qual fora seu segredo para passar no exame de admissão em Aramonth e tirar notas razoáveis na maioria de suas classes durante sua vida? Ora, fora um método que nomeou "Método Harvey para Estudos". Basicamente só estudava aquilo que era essencial sobre cada assunto, e os treinava até os memorizar na cabeça tão facilmente como o dia do seu aniversário ou sua idade. Ou como muitas pessoas poderiam chamar, decoreba. Aquilo que classificava como encheção de linguiça, informações que com certeza nunca precisaria utilizar na vida, apenas deixava passar. Se era bom não sabia, porém enquanto o usasse passaria em todas as disciplinas possíveis e então se tornaria um mago. Afinal era isso que importava.

Onde estão eles?

Ainda não estava acreditando que Alex e os outros haviam o deixado para trás. Tudo bem que estavam famintos e o cardapio de hoje era lasanha, mas poderiam ao menos ter o trabalho de o terem esperado. E pelo jeito não eram só eles já que os corredores estavam vazios, quase uma anomalia em Aramonth. Havia apenas um garoto desengonçado que parecia vir em sua direção segurando um livro. O mesmo para na sua frente.

- Desculpa, o seu nome é Harvey, não é mesmo? - o indaga.

Conhecia-o. Era Totnosuke, um garoto estranho de sua turma que não falava com ninguém e sempre parecia fitar o chão sempre que o vira. Haviam boatos de que ele sempre vivera preso em seu quarto, consultando livros e preparando substâncias suspeitas em potes, segundo um de seus próprios colegas de quarto havia dito, porém nunca se importou o suficiente para dar ouvidos.

Seus cabelos eram espetados e usava um óculos circular que o dava a vibe de um cientista maluco de desenhos animados.

- Sim - disse tentando encerrar logo a conversa e se reunir com os outros no refeitório. - Por que a pergunta?

- Nada é só que eu... - parecia reunir coragem para lhe contar algo. - Eu ganhei esse livro inédito do Harry Potter, você sabe, edição de colecionador. Meu tio disse que era uma das primeiras amostras do original a serem vendidas então devem valer uma fortuna. Porém, eu já li o livro, e estava pensando... se talvez você queira para você...

Então estende suas mãos que seguravam o livro. Sua capa era de couro e não havia arte na capa, apenas um título, que suspeitou ser escrito com um pincel. Analisou o pedido. Não possuíam intimidade nenhuma e sua mãe já o havia dito para não aceitar presentes de estranhos.

- Obrigado, mas eu não tenho interesse - disse por fim. - Além disso eu prefiro os filmes.

Então dá as costas para ele. Totnosuke o amaldiçoa internamente. Teria que usar outro recurso para persuadi-lo.

- Bom, não posso fazer nada se você não quiser, mas sabe.... - disse com uma voz murcha. - O meu tio disse que nesse livro está guardado o feitiço secreto de Theodorus Aramonth, que tipo, ninguém no mundo conhece....

Harvey para e então o fita.

- Tem certeza?

- Todinha.

- E porque você não fica com o livro para você mesmo? Muito suspeito... - Havia dúvida em sua voz.

- Ah é que... sabe... eu não tenho interesse em me tornar um mago - mentiu Totnosuke. - Além disso você com certeza é mais forte do que eu e tem mais chances de aprender a executa-lo.

- Isso é verdade - se gabou. Então colocou sua mão em seu queixo e pensou por alguns instantes. - Nesse caso eu vou aceitar o presente.

Harvey pega o livro das mãos do garoto. Suas palmas são invadidas por um calor usual que conhecia bem. Era o mesmo que circulava pelo seu corpo quando executava uma magia. Realmente deveria ser um feitiço muito poderoso. Então toma o impulso para o abrir mas é interrompido pelo garoto que rapidamente fecha o livro na mão do garoto.

- Não é bom você abrir aqui - disse Totnosuke nervoso. - Abra em um local que não tenha ninguém, sabe-se lá quem pode estar espionando.

- Você tem razão - agradeceu pelo conselho. - Obrigado cara.

Então parte com o tesouro, ansioso para pôr as mãos naquele feitiço. Totnosuke o fita deixando o lugar no qual até a pouco conversavam, com um sorriso maníaco no rosto. Seu plano funcionou.

Triz

Triz estava caminhando para seu lugar de treino usual. Já era meio de tarde, o sol mais brando e o clima perfeito para mais uma seção de exercícios. Só não esperava chegar no ponto e encontrar Harvey sentando em sua pedra de descanso segurando um livro. Caminha em sua direção com fúria em seus olhos.

- Posso saber o que está fazendo no meu local de treino - indagou.

Harvey volta sua atenção para ela. Pega o livro e o põe atrás de si.

- Não sabia que esse lugar já tinha dono - disse surpreso com sua presença ali.

- Claro que não, você nunca sabe de nada.

Triz nota ele tentar esconder algo atrás de si. Olha de relance as bordas de um livro.

- O que é isso. - Triz se aproxima para ver melhor.

- Na-na-na-da não - Ele tentava esconder o objeto nas mãos.

- Movus! - O livro escapa de suas mãos e então parte em direção à Triz.

Ela olha para o livro.

- Harry Potter... O que é isso?

- Que pessoa não conhece Harry Potter, em que mundo você vive? - disse, então se levanta e pega o livro de sua mão.

Como explicaria para ele que sua infância fora um tanto quanto diferente das outras pessoas. Se o dissesse tudo o que passou com certeza o chocaria e o faria sentir pena. Odiava o sentimento de pena e dó.

- Além disso não é só um livro, nele está escondido o feitiço secreto de Theodorus Aramonth.

- Feitiço secreto? - Triz começava a perceber a tramóia. - Harvey, acredito que você tenha sido passado para trás...

- JÁ CHEGA! - grita dramaticamente. Então percebe o clima estranho que se formará entre os dois. - Você já sabe feitiços demais, então pode fazer o favor de deixar esse para mim.

- Está bem, mas deixa eu pelo ao menos ver o nome desse feitiço. Talvez eu te ajude a executar...

Na verdade não estava nem um pouco interessada naquele suposto feitiço. Porém estava pressentindo uma energia estranha emanada do livro, se fosse aquilo que suspeitava temia por Harvey. Desde que passaram a ter aulas particulares havia criado um vínculo com ele. No entanto o garoto era muito idiota para ouvir qualquer palavra.

- Tudo bem. - Então volta a se sentar.

Triz senta ao seu lado. Então, ele abre o livro que libera um pó brilhante que os impregna, como confeitos em um aniversário infantil.

Como eu suspeitava, pensa Triz antes de apagar.

- Não tem nada aqui... - Antes de terminar, a sonolência o invade e seus olhos se fecham.

Não muito longe dali, Totnosuke esboçava o sorriso mais feliz de sua vida.

Harvey

Ao acordar, a mente de Harvey se encontra em um grande emaranhado de bagunça. Sua visão se acostuma com a escuridão do local. A grama era fria e fresca, tão fofa que não reclamaria de passar mais algumas horas deitado ali. Então toma cuidado e se levanta.

Que estranho.

Aquela vegetação obscura com toda a certeza do mundo não era a mesma que se encontrava aos arredores de Aramonth. Caminhou por aquele emaranhado de árvores, analisando o local onde estava. Era uma floresta fechada e a luz adentrava com dificuldades. Não fazia ideia de onde se encontrava. A última coisa da qual se lembrara fora ter aberto o livro junto com Triz e depois nada além de um clarão vazio.

Eu vou matar ele, gravou em sua mente. Tinha certeza que aquilo fora obra de Totnosuke. Ainda não acreditava como havia sido tão burro para cair em sua peça.

Continuou caminhando por quilômetros de distância de onde havia parado. Estava todo suado e seu corpo implorava por água. Poderia estar delirando a essa altura, porém pareceu ver um clarão de luz solar logo adiante, indicando que a floresta dava lugar a um campo aberto e de vegetação rasteira. Então correu com as forças que restavam em seu corpo para alcançá-lo. A luz o cega antes de poder ter a visão nítida daquilo que o faria cair para trás atordoado.

Aramonth!?

Não, aquele castelo não era Aramonth. Sua imponência e tamanho até poderiam ser comparados, porém a semelhança acabava por ai. Não saberia dizer com toda firmeza do mundo, porém estava claro que lugar era aquele.

Hogwarts.


Não estava delirando, aquela construção era Hogwarts. Na sua frente, no campo onde se encontrava, havia uma pequena ribanceira de água cristalina. Estava tão extasiado pela visão que por um momento esquecera estar morrendo de cede. Caminhou para ela com as forças restantes em seu corpo.

A água era cristalina e fria. Pegou um punhado com as mãos fechadas e bebeu o tanto quanto podia. Seu reflexo na água mostrava um rosto soado e exausto, então jogou um pouco de água nele para lavar aquela expressão zumbinesca.

Sentou um pouco à beira do pequeno colchão de terra na ribanceira. Após recobrar as forças levantou e caminhou. Teria que chegar ao castelo para conseguir ajuda para sair daquele lugar o quanto antes.

Deu um último beliscão para se certificar que não estava delirando ou algo assim. A marca vermelha e a dor em seu braço comprovava que aquilo era real. Partiu.

⏰⏰⏰

Chegou à passarela de conexão com Hogwarts. Olhou para baixo na borda e havia apenas um abismo escuro abaixo de onde caminhava. Continuou caminhando. Os portões de Hogwarts davam as caras. Estavam abertos então adentrou.

Na parte de dentro o ambiente do castelo era ao mesmo tempo fantástico e assustador. O teto do local era composto por imagens que imitavam nuvens e a visão era tão real que fora realmente difícil acreditar que aquilo era feito com magia.

Alunos caminhavam de um lado para o outro, sem parecer se importar com sua presença. Era quase como se Harvey fosse apenas mais um na multidão. Também não pareciam notar as diferenças em seus uniformes ou se notavam fingiam muito bem. Apenas abriu espaço pela multidão.

Esse lugar parecia mais magnífico nos filmes, pensou enquanto caminhava um lance de escadas que levavam a um corredor. De fato era um lugar fabuloso. Mas comparado com Aramonth, não tão surpreendente assim.

Chegou ao grande salão. Várias mesas eram postas na sala, certamente o local onde os alunos faziam as refeições e se reuniam para escutar os avisos da escola. Porém não encontrou aquele que o poderia ajudar.

Nada aqui.

Estava procurando por Dumbledore, afinal se estava tendo aquele delírio acordado precisava jogar conforme as regras. Segundo recorda dos filmes que assistira, Dumbledore era um dos bruxos mais poderosos daquele universo.

Sentiu uma mão tocar suas costas. Virou e soltou um grito baixo de surpresa ao ver Triz o fitando enquanto cruzava os braços arqueando as sobrancelhas.

- Eu avisei seu idiota - disse Triz o esculachando.

- Como você chegou aqui? - indagou.

Estava tão desnorteado com tudo que esquecera o fato de Triz também estar com ele antes de todo ocorrido.

- Eu sabia que tinha algo de estranho com aquele livro, não podia dizer o que mas podia sentir - disse ela.

Ainda estava com os braços cruzados.

- Agora nós estamos presos nesse lugar e não faço a menor ideia como voltar. Bom trabalho gênio.

- Desculpa. - Esboçou o sorriso tímido que sempre usava em situações como esta. Essa técnica sempre funcionara com sua mãe quando chegava depois da hora determinada em casa mas não parecia fazer o menor efeito em Triz. - E esse lugar é Hogwarts, só para você saber que não sou tão inútil assim.

A garota revirou os olhos.

Parou para analisar Triz, algo estava diferente nela mas não saberia dizer.

- Você cortou o cabelo? - indagou enquanto a fitava pensativo.

- Não - respondeu Triz.

- Então porque tenho a sensação que algo parece diferente em você....

- É o uniforme Harvey. - Seus olhos se reviraram novamente. - Cada vez que eu acho que você não pode ser mais idiota sou surpreendida, e não de um jeito bom.

Analisou sua vestimenta e então percebeu porque a garota parecia diferente. Estava trajando o uniforme de Hogwarts.

- Tá bom espertinha, então como nós vamos sair daqui? - indagou.

- Bom, primeiro precisamos buscar uma autoridade maior que possa nos ajudar, você conhece o diretor desse lugar?

- Dumbledore! É uma blasfêmia não conhecer um dos maiores personagens do cinema. - Harvey se sentia ofendido pela pergunta de Triz. - Às vezes esqueço que você possui um passado bem obscuro e estranho.

Harvey havia falado em tom de brincadeira porém a garota pareceu ficar desconfortável com a sua fala.

- Que seja, nós precisamos achar ele agora mesmo. - Havia parado de cruzar os braços e agora estava decidida. - Vem, eu lidero antes que você apronte outra e piore nossa situação.

Harvey estava sendo puxado pela garota.

- Ah, Triz... - Parou a caminhada para fazer uma pergunta que estava ecoando em sua mente. - Como você conseguiu esse uniforme?

- Peguei emprestado de alguém. - Então sorriu. Um sorriso sugestivo.

⏰⏰⏰

Não haviam achado a sala de Dumbledore, mesmo após perguntar para todo mundo, inclusive um zelador ranzinza chamado Filch que andava pelos corredores gritando com os alunos em companhia de sua gata.

- Isso não dá sua conta - berrara ele quando Triz o perguntou sobre Dumbledore.

Pararam para pensar.

- Você poderia usar um feitiço para chamar atenção dele - disse enquanto analisava as possibilidades.

- Harvey, não sei se você percebeu ainda mas a magia não funciona nesse lugar - Triz falara com um fraquejo em sua voz. - Eles usam gravetos para invocar magia, como alguém consegue conjurar magia usando um pedaço de pau?

Deu os ombros. Estavam encurralados. Porém, Harvey teve uma ideia.

- Já sei, conheço alguém que pode nos ajudar a falar com Dumbledore.

- Quem?

A garota estava curiosa.

- Só temos que procurar pelo castelo até achar. Bom, isso pode demorar horas - disse incerto. - Menino, óculos e marca na testa. Essas são as características dele. Temos que achar Harry Potter.

- Tudo bem, mas tem certeza que ele, seja lá quem for, pode nos ajudar? - disse incerta no entanto com a confiança recuperada.

- Todinha. - Ele estava eufórico.

- Finalmente você teve uma ideia boa.

Os dois saem em sua caçada pelo garoto com a marca.

Triz

Já haviam procurado por cada centímetro daquele castelo e não haviam o encontrado. Triz e Harvey agora estavam sentados no chão, do lado de fora, admirando o nada. O pessimismo em suas faces era um poço de derrota e angústia. Não ousaram trocar uma palavra sequer.

Já estavam entregando a toalha quando ouviram gritos raivosos ressoando de algum lugar próximo. Foram investigar a origem do berro. Havia um grupo de três garotos e, em frente a eles, uma garota de cabelos ondulados e castanhos discutia com um de cabelos dourados que parecia ser o líder do grupo. Os dois trocavam insultos.

- Uma sangue ruim como você nunca chegara a ser menos que o mínimo de sangues puros como os Malfoy - berrava o loiro.

Os dois garotos acompanhados dela encaravam ele com hostilidade.

- Retire o que disse agora mesmo Malfoy!

A menina estava em frente ao loiro, pareciam estar tendo uma discussão acalorada.

- Não retiro porque é tudo verdade! - Sua arrogância era notável pelo seu rosto.

A garota se enfurece então lasca um soco na cara do menino. Ele guincha de dor e se retira com a mão cobrindo seu nariz.

- Você me paga sangue-ruim. - Após praguejar, foge junto com os outros dois.

A garota olha com satisfação o garoto se retirar. Os dois garotos em sua companhia pareciam a elogiar. Parou para analisá-los. Um era ruivo e o outro possuía cabelos lisos negros, usava um óculos e, forçando a visão, pode ver uma marca em sua testa. Haviam o achado.

Harry Potter, pensou Triz. Um nome bem estiloso.

Correram para os alcançar antes que os perdessem de vista.

- ESPERA! - Seu grito desesperado atraiu a atenção dos três que viraram para ver quem era.

Correram para alcançar os três que os fitavam franzindo o cenho, ainda sem saber quem eles eram. Pararam em frente ao trio.

Após explicarem aos três todo o ocorrido haviam concordado em ajuda-los a encontrar Dumbledore.

- No momento ele não está em Hogwarts - disse Harry.

O grupo parou parecendo analisar a situação e as possibilidades.

- Já sei, nós podemos perguntar para o Hagrid onde ele está - Hermione quebrou o silêncio. - Além disso está claro que vocês não poderão ficar no castelo porque não são alunos.

- Desculpa, mas quem? - Triz sinceramente não sabia sobre o que eles estavam falando.

- No caminho eu explico - confidencia Harvey.

O grupo parte em busca de Hagrid.

⏰⏰⏰

Chegaram em uma humilde cabana. Sua estrutura era feita de pedras e, logo atrás, se localizava uma profunda floresta. Fumaça era soprada de sua chaminé. Batem na porta e logo em seguida é aberta por uma figura massiva.

- Harry, Rony e Hermione, a que lhes devo a ilustre visita? - O gigante os felicitava.

- Precisamos da ajuda de Dumbledore para resolver um problema - disse Harry

- Hummm, eu vejo. - O gigante olhava para Harvey e Triz logo atrás deles. - Quem são esses atrás de vocês? Tenho certeza de nunca ter os visto em Hogwarts. Antes, façam o favor de entrar, está frio ai fora acabarão pegando um resfriado.

Então entram.

Após as explicações Hagrid franze o cenho.

- Pelas barbas de Merlin! É a primeira vez que se noticia algo como este. - O gigante sentou em uma cadeira da sala. - Bom, Dumbledore está fora resolvendo problemas pessoais e creio que amanhã esteja de volta. Até lá, talvez seja melhor vocês aguardarem aqui.

Os dois apenas concordam com a cabeça.

- Vocês chegaram em boa hora! Preciso de ajuda para alimentar o Fofo, vou precisar de toda a ajuda que puder!

O gigante pega um saco gigante.

- O que é um Fofo? - indaga Triz.

Os três não pareciam tão animados para a tarefa.

- Nem queira saber - respondeu Rony.

⏰⏰⏰

Adentraram a floresta até chegarem ao objeto da conversa anterior. Harvey caiu para trás ao avistar a criatura e Rony estava à beira de desmaiar. Era uma enorme besta que lembrava um cachorro, com o detalhe adicional de ter três cabeças.

- Meu deus, que coisa é essa? - indagou Triz.

O cachorro rosna ao os avistar.

- Não chame o Fofo de coisa, ele tem sentimentos. - Hagrid acariciava a criatura. - Vamos, temos que alimentar todas cabeças.

Então começam a alimentar a criatura com três cabeças cautelosos.

Já era quase noite quando chegaram à casa de Hagrid. O gigante decidiu fazer uma gororoba que fez seu estômago protestar por comida.

- Então nesse mundo vocês fazem feitiços sem varinhas, eu nem consigo imaginar tal coisa. - Hermione se deliciava com as informações de Harvey.

- É muito estranho imaginar usar magia sem varinhas - complementou Rony.

- Sim, Aramonth é a melhor escola do mundo. - Harvey se exibia. - Vocês nem imaginam como é lá.

- Pois eu duvido ser melhor que Hogwarts, nem Ilvermorny ou Beauxbatons conseguem competir.

Hermione parecia ofendida.

- Não quero decepcionar vocês mas eu tenho quase certeza que o castelo de Aramonth é maior que Hogwarts

Harvey atiçou a fogueira.

- Impossível! - O tom de voz da menina havia se alterado. - Hogwarts é melhor.

- Aramonth!

- Hogwarts!

Os dois continuaram com sua competição boba. Rony revira os olhos. Triz desvia o olhar e fita o menino com a marca que parece admirar a janela pensativo. Dirige-se até ele.

- Você já imaginou como é sensação de ter um pai e uma mãe e como sua vida seria diferente se eles ainda estivessem vivos? - indagou Harry melancolicamente.

- Sempre - assentiu Triz enquanto admirava a paisagem. - Meus pais morreram quando eu era criança pequena e, desde então, eu desconheço como é ter uma presença paterna ou materna na minha vida.

Não sabia o porquê de ter confidenciado aquilo a ele porém sentiu que os dois possuíam alguma semelhança.

- E como você faz para superar, esquecer e seguir em frente? - Ele a fitava aguardando a resposta.

- Não sei a resposta exata. Eu busco olhar para as pessoas que tenho ao lado na minha vida nesse exato momento e agradeço por todo o amor que eles me proporcionam. Acho que sozinha eu não conseguiria suportar passar por tudo.

Harry então olha para Rony e Hermione.

- Você tem razão. - Sorri.

Após o dialogo melancólico os dois se juntam aos demais.

⏰⏰⏰

Haviam dormido na casa de Hagrid e no amanhecer do próximo dia se dirigiram para a sala de Dumbledore, no castelo. Ela era localizada em uma torre exclusiva, com passagem escondida atrás de uma gárgula acessível com senha. Dumbledore estava escrevendo em sua escrivaninha quando interrompe com a chegada de Triz e Harvey.

- A que devo a ilustre presença de vocês em minha humilde sala?

- É complicado... - Harvey começa.

- Deixa que eu explico - Triz olha para Harvey que acena com a cabeça.

Então explica todo o ocorrido.

- Ora, uma coisa muito inusitada até para mim que já vi de tudo nesse mundo - disse o bruxo após ouvir todo o relato. - Estou curioso, como vocês esperem que eu ajude?

- Sei lá usa um feitiço ou algo assim - Harvey estava começando a perder a paciência.

- Mais respeito! - Triz o repreende. Sua expressão é carrancuda. - Só queremos que o senhor dê a sua opinião de como nós podemos prosseguir.

Dumbledore volta a escrever.

- Ora Triz, mas acho que você não precisa da minha resposta, afinal você já sabe como sair daqui.

- Como assim?

Harvey estava boiando.

- Querido Harvey, creio que tudo aqui seja apenas uma ilusão na qual vocês estejam presos - explica Dumbledore. - Nem eu ou qualquer um que vocês tenham conhecido aqui existem em um plano material.

- Como isso é uma ilusão se eu consigo sentir as coisas.

Harvey se beliscou novamente e arfou de dor.

- Harvey, um sonho ilusão faz com que seu cérebro realmente reproduza as sensações existentes em seu corpo, assim ele é programado para você acreditar que é tudo real. - Triz parece refletir as palavras ditas por Dumbledore. - Aquele livro estava enfeitiçado, alguém armou para você.

- Ótimo e como a gente sai daqui?

- Só existem duas formas, uma é alguém achar nosso corpo e nos despertar provocando uma reação que roube a atenção da mente.

- Legal, então só temos que esperar alguém achar nosso corpo.

A conclusão era óbvia demais para ser verdade.

- Harvey não é assim que funciona... - Triz tentava simplificar tudo porque até para ela aquilo era difícil de se entender. - O tempo de um sonho ilusório não corresponde ao do mundo real.

- O que você quer dizer com isso?

Harvey parecia mais perdido do que nunca.

- Nós poderemos ficar presos aqui por 500 anos que no mundo real não passará de uma mera hora.

- Para sempre - a voz de Harvey entregou seu pânico. Seu olhar era de incredulidade. - Qual a segunda opção?

Dumbledore assistia tudo se entretendo com a conversa.

- A segunda opção é a pessoa recobrar sua consciência por vontade própria, mas apenas pessoas altamente treinadas conseguem fazer isso. Você precisar saber fazer seu cérebro diferenciar real e ilusão.

- Parece fácil.

- Vai por mim, é difícil recobrar a consciência enquanto você mesmo crer na substância de uma ilusão.

Harvey lembrou do primeiro dia em Aramonth, quando havia avistado os mermaideos e como realmente acreditara na ilusão, mesmo após Lica explicar tudo.

- Então nós estamos ferrados.

- Ainda não - Triz parecia ter uma idéia. - Quando eu era criança treinei como se libertar de um sonho ilusão, porém não consegui aperfeiçoar. Apesar disso eu sei os fundamentos, eu poderia tentar mas não tenho certeza...

- Por favor, faz isso.

Harvey estava desesperado. Suas mãos não paravam de balançar.

- Ok. Eu vou tentar.

Triz então fecha seus olhos e parece meditar no meio da sala. Harvey olha torcendo em sua mente para que tudo desse certo. Seus pensamentos são esvaziados e o mundo começa a perder suas cores.

⏰⏰⏰

Sua visão é turva e seus olhos se acostumam com a claridade. Ainda era tarde, deveria ter se passado apenas alguns minutos desde que caíra na ilusão. Harvey estava ao seu lado, babando enquanto seu corpo se apoiava em seus ombros. Afastou-se dele. Ali perto uma figura deixava o local, se esgueirando e carregando um livro.

- Parado aí - ordenou Triz.

O menino para ao ouvir a sua voz e a olha espantado.

- Como, isso é impossível... - Sua voz falhou como se descobrisse que sua grande surpresa de aniversário era nada mais que meias novas.

- Então foi você que armou tudo - concluiu Triz.

- Sim, minha invenção foi uma sucesso! - ele se exibira provocando a garota. - Totnosuke Shirou, anote esse nome porque um dia vou ser conhecido como o maior mago ilusório que o mundo já viu!

- Ah é?- Triz sorriu. - Movus.

O livro voa da mão do garoto e para na sua mão.

- Incineratum.

O livro se transforma em chamas, suas brasas caem no chão.

- NÃOOOOO.

Totnosuke corre e ajoelha perto das cinzas restantes de seu livro.

- Eu vou contar até três e, se você ainda estiver na minha frente quando eu terminar, vou me certificar que algo pior aconteça com você - ameaçou Triz. - Um...

Totnosuke levanta e a fita nos olhos. Seu olhar transmitia ira.

- Dois...

Então sai correndo até sumir de vista.

- Três.

Ele havia sumido. Então reuniu todas suas forças em sua mão e deu um tapa no rosto de Harvey.

- AHHHHH.

Harvey guinchou de dor ao acordar.

- Nós voltamos! - disse massageando o local do tapa. - Isso era realmente necessário?

No seu rosto havia uma marca vermelha da mão de Triz.

- Não mas você mereceu - dizia Triz controlando alguns risinhos.

- Hum.

Até que foi divertido, pensou Triz.

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