O Livro do Suicídio

Ricardo adorava ler. Na verdade, Ricardo amava ler. Lia mais de cinquenta livros por ano. Lia os best-sellers, os atuais, os clássicos, os extremamente clássicos, os quase impossíveis de ler, as biografias de pessoas interessantes e desinteressantes, os de terror, literatura feminina, os sobre viagem, sobre esporte, os quadrinhos. Só não lia livro de autoajuda, por ele poderiam queimar aquela seção que ocupava tanto espaço nas prateleiras. Para ler tanto, Ricardo deveria ter bastante tempo livre. De fato, ele dava dedicação total à leitura, vivia absolutamente sozinho, e se sustentava com os rendimentos de uma herança pomposa que havia recebido. Para achar tanto material de leitura, Ricardo deveria ir sempre à livraria. Pois bem, ele não morava exatamente na livraria, mas no prédio em cima dela. Quando acabava uma leitura, rapidamente descia, ávido, passava o olho pelos livros. Caso se interessasse pela capa de algum, lia a contracapa, caso se interessasse pela contracapa, lia a orelha e, caso se interessasse pela orelha, folheava e comprava. De tanto perambular pela livraria, Ricardo era amigo de todos os funcionários, conhecido pelo nome:

- Boa tarde, Seu Ricardo.

- Boa tarde, Seu Amaro. Tenho um lançamento que acho que você vai gostar: "Ovelhas Pardas no Céu de Oceano" de Catarina de Aguiar, ganhou o prêmio Tamanduá desse ano.

- Hum, não sei, não gosto muito dessa autora. Li dois livros dela e não me cativou o estilo e o traço com que ela conduz as tramas.

- Que pena. Enfim, fique a vontade, como sempre, Seu Ricardo.

Ricardo procurava naquele dia algo diferente, mesmo que isso, para um homem viciado a tal ponto, fosse uma tarefa quase impossível. Ele se esquivou das estantes tradicionais e se afundou despercebido em cantos menos visitados da livraria. Andava, passava o olho, pegava um livro, passava o olho, devolvia, andava mais um pouco... De repente, Ricardo puxou um título que o interessou de uma estante mais alta, uma daquelas em que é necessário esticar os pés, ficar bem na pontinha, para se alcançar, e quando pegou aquele que queria, um outro livro caiu, girando, como se tivesse sido puxado por um imã. Ricardo agachou-se para socorrer o livro caído e se deparou com o seu título e subtítulo:

O livro do suicídio

Abra e será a última coisa que lerá na vida

Ricardo riu internamente ao ler aquele título. Só havia isto: esta frase em preto, num verde opaco na capa dura, sequer os nome do autor ou da editora estava presente. Nenhuma foto do escritor. Sem dúvida o título era chamativo, mas a editora usou-se de uma técnica barata, ele pensou criticando. Mesmo achando de um apelo raso, Ricardo foi vencido e virou o livro para ler a contracapa:

"Afaste-se! Este é um livro proibido. Sob nenhuma hipótese comece a leitura. O livro que seguras destrói qualquer mente sã e equilibrada e a transforma no arauto da morte do indivíduo leitor. Cada palavra é como o cigarro, mata uma por uma, lentamente, joga o veneno aos poucos, até que no final, o câncer está enorme, grosso, robusto, imbatível, indestrutível e o suicídio se torna a solução mais confortável. Devolva-o à estante, esconda dos olhares curiosos, ou melhor, queime. Queime esse livro antes que ele faça mais um leitor como vítima. Teime e estará fadado a ter todos os seus pedaços destrinchados e expostos espalhados à sua frente, sem oportunidade para conserto. Nunca ninguém conseguiu, nem nunca conseguirá sobreviver a este livro. Acredite: afaste-se e salve sua vida. Este é o seu último aviso".

Ricardo possuía um ego muito grande e se achava extremamente inteligente. Não que efetivamente não fosse, mas seu ego superdimensionava sua inteligência. Portanto, ao terminar de ler aquelas palavras, Ricardo largou um pequeno sorriso de desdém e decidiu: é este que vou levar hoje. Mesmo sabendo que a capa e contracapa eram apenas um artifício desleal para cativar curiosos, Ricardo se deixou levar. Tanto seu ego – a vontade de se sentir desafiado pelo livro - quanto sua curiosidade sobre o que estava escondido naquelas duzentas páginas, o fizeram caminhar com o título na mão até o caixa para o pagamento. Clotilde o recebeu:

- Boa tarde, Ricardo.

- Boa tarde, Clotilde. Hoje vai ser este – e entregou o livro para a funcionária da livraria. Ela olhou o título e respondeu fazendo uma careta de arrepio.

- Nossa que título horroroso!

Ricardo riu levemente e respondeu:

- Estou sádico hoje.

- Você é uma figura mesmo – disse Clotilde procurando o código de barra do livro para passar no leitor óptico, sem êxito. Não havia também código de barras. Ela, então, digitou o título da obra no teclado do sistema. Nenhuma resposta, a máquina não tinha o registro.

- Acho que deu algum erro na máquina – disse Clotilde para Ricardo. Ela apertou o enter após digitar o título do livro mais uma vez, e o vazio se repetiu. Clotilde sem outra opção e com uma fila atrás já se formando foi obrigada a chamar o Seu Amaro para socorrê-la. Assim que ele chegou, Clotilde contou o problema. Amaro, então, pegou o livro, revirou, tentou passar no leitor, mesmo sem ter código de barra visível e o nada persistia.

- Muito estranho...

Ricardo, enquanto isso, esperava pacientemente.

- Onde você pegou esse livro, Ricardo? – Amaro questionou.

- Na estante dedicada aos livros de filosofia.

- Hum... Sabe, o mais curioso é que nunca vi esse livro por aqui. Não lembro de ter dado entrada nesse título. Sou eu que recebo todos e os cadastro. Sem dúvida, um nome deste me chamaria a atenção e eu lembraria. Enfim, devo ter me distraído...

- Como fazemos? Deixo aí e venho buscar depois? – perguntou um humilde e prestativo Ricardo.

- Não, que é isso. O erro é da livraria. Você é um cliente especial, talvez o melhor que já tivemos. Leve de cortesia, por favor.

- Não precisa, Seu Amaro. Eu quero pagar.

- Não esquente com isso, Ricardo, por favor, aceite.

Depois de relutar mais um pouco, Ricardo acabou convencido, colocou o livro na sacola e se despediu de Clotilde e Amaro, agradecendo mais uma vez a gentileza. Em apenas um minuto, Ricardo já havia subido para seu apartamento e estava sentado no sofá da sala bem iluminada, com um copo de café na mesinha ao lado, encarando a nova aventura de leitura que viria pela frente. Por um segundo, seu cérebro testou seu ceticismo e um leve medo percorreu seu interior. Tolice! Nada que o impedisse de abrir o livro. Não havia apontamento da editora, números de edições, agradecimentos, dedicatória: ao abrir o livro apenas uma página em branco, como se fosse a última proteção para que o leitor não cometesse aquele ato de iniciar a leitura. Ricardo virou a página e se deparou com a primeira frase do livro:

"Você não deveria ter feito isso...".

Ricardo foi descendo o olho frase a frase e sua expressão, como um termômetro, apresentava cada vez mais surpresa sobre com o que ele estava lidando. O primeiro capítulo do livro possuía apenas dez páginas. Ricardo, assim que o terminou, marcou com a orelha do livro a página em que tinha parado, fechou-o, levantou-se, foi até a cozinha, e bebeu perturbado um copo d'água cheio. Da cozinha, ele observava o livro ali, parado em cima da mesinha. O livro parecia encará-lo de volta. Será que é a contracapa pode estar dizendo a verdade? Será que posso estar marcado para morrer mesmo? – refletiu.

- Bobagem – disse pra si mesmo em voz alta, como se precisasse se auto encorajar para retornar a leitura. Ele então colocou o copo vazio na pia, voltou ao sofá e reabriu o livro de onde havia parado. Mesmo já um pouco ressabiado com o capítulo lido, Ricardo sabia que não poderia largar aquele livro jamais, precisaria saber o que vinha depois e assim o fez, lendo as quarenta páginas do segundo capítulo. Em trinta minutos, ele realizou a leitura deste segundo tomo que foi o mais revelador que já havia lido em toda sua vida. A cada página virada, Ricardo parecia levar um soco no estômago. Era completamente chocante, esclarecedor, verdadeiro, mas ao mesmo tempo tão aterrorizador que Ricardo levantou (agora sem soltar o livro) completamente perplexo e estarrecido:

- Não, não é possível. Não pode ser verdade. Não, não, não... Isso não. Isso nunca havia passado pela minha cabeça. Não pode ser...

Ricardo andava de lá pra cá na sala de seu apartamento, como se tivesse confrontado a pior notícia que um homem poderia receber na vida. Seu corpo não sabia o que fazer com aquelas palavras lidas, ele não tinha meios para reagir diante daquele choque. Em verdade, Ricardo tinha uma única alternativa: ler o capítulo seguinte. E foram mais cinquenta páginas de pilares sólidos da mente de Ricardo que desmoronaram como simples farelos. Em seus lugares, alicerce negros, de uma nova verdade, reveladora, esclarecedora, mas com a qual seria impossível conviver. Ricardo terminou a metade do livro, fechando-o e arremessando-o contra a parede. Antes o homem que negava as palavras ali dispostas, agora era obrigado a aceitá-las, digerir o indigerível. Ricardo, completamente transtornado, teve um ataque de fúria.

- Não! Eu não aceito isso! Não! Livro desgraçado!

A estante foi ao chão com todos aqueles muitos e muitos livros que não importavam mais para ele, livros que não eram livros perto daquele, uma enorme introdução para a dura verdade. A televisão foi erguida e jogada contra a parede, rachada a tela, pratos voaram e quebraram no teto, o sofá rasgado a unha. Ricardo bufava, suava, estava vermelho, sem ar e tentava em fúria, liberar a adrenalina e aliviar a tensão que as palavras daquele livro haviam colocado dentro dele, lá trancando-as.  Mas, infelizmente, o despejar da raiva não conseguiria reverter os danos já causados. O ego de Ricardo encontrava-se envergonhado pelo desdém às palavras da contracapa. Tolo pedante. 

"Era tudo verdade, eu deveria ter me afastado enquanto era tempo" – se martirizou internamente Ricardo – "deveria ter continuado a viver na plena e feliz ignorância".

Ele olhou a sua volta, no meio dos cacos e destroços de aparelhos domésticos espalhados pelo apartamento, caos, achou o livro, encarou a capa dura verde opaca com olhar de tristeza, a inevitabilidade, de quem teria que ler ainda mais cem páginas de verdades irrefutáveis e doloridas e o abriu novamente.

Ao final do terceiro capítulo, Ricardo estava sentado no chão, com as costas na parede, chorando. Tudo fazia perfeito sentido e ele começava a entender seu destino: realmente ele era um homem morto. Ele então pousou o livro no chão, levantou-se bem lentamente, pegou um maço de cigarros, acendeu um e foi até a janela. Lá, observando o sol que se despedia laranja no horizonte, deixou escorrer lágrimas já não desesperadas, mas, sim, conscientes. O livro o havia vencido facilmente. Ele foi mais uma presa curiosa que caiu numa armadilha mortal e inescapável. Fumou o tabaco calmamente, jogou o filtro pela janela com um peteleco, como se a educação e a natureza já não importassem mais, retornou à cozinha, abriu o armário e pegou um velho uísque caríssimo, que reservava para um grande momento. Colocou duas pedras de gelo e derramou quatro dedos da tradicional bebida e bebeu tudo num só gole. Ricardo bateu o copo na pia e em seguida, colocou novamente quatro dedos. Com o copo na mão, abriu a gaveta, pegou uma faca bem comprida e afiada e a levou consigo até o local onde havia deixado o livro. Sentou-se no chão, deixou a faca e o copo ao seu lado e pegou o livro, abriu e começou a ler o derradeiro capítulo, o último, este que seria o preâmbulo de sua já certa morte.

Nas últimas dez páginas do livro, após duas horas e meia de leitura, Ricardo não mais chorava. A verdade era tão clara, de uma nitidez tão ofuscante que não havia mais necessidade de desespero. Não cabia mais qualquer outra coisa senão a aceitação. Quem olhasse com cuidado, talvez enxergasse até um leve sorriso nos lábios dele.

A última palavra foi lida e em seguida Ricardo baixou a cabeça num sinal de reverência, bateu palmas e colocou cuidadosamente o livro no chão. Depois, pegou o copo e bebeu o líquido como se nele estivesse a coragem para o que precisaria ser feito em seguida. A mão que largou o copo, foi a que pegou a faca, Ricardo ergueu a cabeça, encostando-a na parede e num golpe rápido e certeiro rasgou profundamente o próprio pescoço. A diminuição no volume dos esguichos de sangue marcava a proximidade do último instante de vida de Ricardo. Lá estava seu corpo, ao chão, numa poça densa de sangue. Vermelho.

Quem primeiro deu falta do sumiço de Ricardo foi Seu Amaro. Já fazia três dias que ele não aparecia na livraria. Um lapso de tempo tão grande jamais aconteceu sem que Ricardo visitasse seu local preferido. Quem foi a segunda pessoa? Família? Não, Ricardo não tinha absolutamente ninguém. Seu pai, mãe, irmãos, esposa, filhos eram os livros. Clotilde foi a próxima a sentir a falta de Ricardo e comentou com Seu Amaro, que, compartilhou com ela seu estranhamento. Nessa ocasião, eles lembraram o último episódio do livro não catalogado, o tal "Livro do Suicídio". Clotilde pensou o pior:

- Será que ele se matou? Quem compra um livro com um título daqueles deve estar com sérios problemas psiquiátricos.

- Não, não pode ser. Um homem tão tranquilo, sereno...

- Isso não quer dizer nada, Seu Amaro. Essas pessoas são as que disfarçam melhor... Quando você menos espera, a tragédia aparece. Talvez ele estivesse tentando nos dizer algo com aquela compra e nós não percebemos.

- Será? – questionou duvidoso, Seu Amaro.

- Logo nosso melhor cliente... – lamentou Clotilde, já pensando no decréscimo das vendas.

- Vira essa boca pra lá, mulher! Não aconteceu nada com ele.

Muito embora Seu Amaro não fosse tão trágico quanto a Clotilde, a pulga pulava agitada atrás de sua orelha.

- Por que você não dá uma passada lá? – disse ela.

Depois do almoço, na hora que tomava religiosamente seu cafezinho sem açúcar, Seu Amaro aproveitou para subir e dar uma batida na porta do apartamento. No prédio, só havia um apartamento por andar e, assim que saiu do elevador, Seu Amaro sentiu um cheiro horrível, insuportável. Putrefação. Imaginando que Clotilde estava realmente certa, seu coração acelerou: Ricardo era mesmo morto!

Ele então, curioso, após algumas tentativas com o pé, conseguiu arrombar a porta. Lá estava Ricardo, frio, pálido, com o sangue já seco no chão. Moscas e outros insetos. Seu Amaro colocou instantaneamente a mão no nariz, tampando-o para evitar o forte odor e aquele sentimento de choque diante da maior verdade da vida, percorreu seu corpo. Sempre tentamos esquecer nossa finitude, mas quando ela é escancarada em nossos olhos é preciso enfrentá-la e dói, dói bastante.

Seu Amaro pensou em sair e chamar logo a polícia, mas antes quis tentar ele mesmo, como a brincar de detetive, entender a cena da tragédia. A casa estava toda revirada, com tudo quebrado, a estante de livros ao chão, mas nenhum sinal daquele último que ele havia comprado, aquele tal livro do suicídio não inserido no sistema da livraria. Próximo dele, apenas um álbum de fotografia que parecia ter voado para perto com a queda das prateleiras da biblioteca pessoal de Ricardo. Seu Amaro, ainda com a mão no nariz, folheou o álbum e entendeu assustado um pouco mais do triste passado daquele excêntrico homem que jazia morto à sua frente. Ele saiu do apartamento, escondeu o álbum de fotos no corredor do prédio e somente após isso, pegou o celular e ligou para a polícia.

Algumas semanas depois, o laudo de exame cadavérico confirmou a morte de Ricardo como suicídio e a polícia deu o caso como encerrado e sequer ligou para o fato de que o livro do suicídio relatado por Seu Amaro e Clotilde, últimas pessoas que tiveram contato com ele, não havia sido achado no apartamento. Para os agentes da delegacia, o fato apenas corroborava a tese do suicídio e era um detalhe que deveria ser esquecido. Se alguém que possuía a chave do apartamento entrou lá antes dele e levou o livro, Seu Amaro nunca vai saber. Aliás, foi Seu Amaro que providenciou o enterro do amigo, na cerimônia só estavam presentes ele próprio e Clotilde. A solidão de Ricardo, até mesmo no enterro, marcou o coração dos dois.

Tempos depois, após muito martelar aquela história tão peculiar e munido dos registros da vida de Ricardo que extraiu do álbum de fotografias, Seu amaro resolveu dar coragem às suas mãos e realizar um antigo sonho: escrever um livro. Ele tinha a vontade de uma vida inteira e uma história fantástica em seu colo. Além disso, nenhuma outra homenagem seria maior, para um homem que vivia e amava os livros, do que eternizá-lo em páginas.

Incrivelmente, o espírito com refino literário de Ricardo parecia estar impresso naquelas páginas, pois Seu Amaro enriqueceu com o sucesso de vendas do livro que virou best-seller mundial: "O homem enterrado com os livros". A história depois foi até adaptada para o cinema, com seus méritos, por fantásticos atores e teve bom resultados de crítica e bilheteria, mas longe do brilhantismo do livro. Em determinados momentos, Seu Amaro se incriminavapor ter feito fortuna com a tragédia do amigo, mas o sentimento logo passava.Contudo, nenhuma obra posterior que ele escreveu chegou perto do sucessoalcançado com as memórias de Ricardo. 

Vez por outra, Seu Amaro retornava à livraria que, diante do sucesso que fez com o livro, acabou vendendo por uma boa oferta – já não precisava mais trabalhar – para matar a saudade, mas, principalmente, para procurar o tal "Livro do Suicídio". Nunca o achou naquelas estantes. Na verdade, sequer registro dele na internet encontrou. Era realmente como nunca tivesse existido. Aquilo incomodava demais sua mente.

Entretanto, um dia, quando saía do prédio, resolveu rever o amigo porteiro, com quem travava boas conversas sobre futebol nos tempos antigos e, quando passava pelo corredor, na enorme lixeira que esperava o caminhão de lixo passar, uma capa dura verde opaca chamou sua atenção. Seu Amaro parou, olhou, esfregou os olhos e teve a certeza: era o tal livro do suicídio! Depois de longos anos eles haviam se reencontrado.

Seu Amaro o pegou, examinou a capa, a contracapa, folheou, voltou à contracapa e se atentou às palavras: "afaste-se, salve sua vida". Ele chegou a começar a colocar o livro na sacola que carregava, munido pela mesma curiosidade que matou Ricardo, mas interrompeu o movimento no meio e retornou o livro para lixeira repousando-o devagar: por quearriscar? 

Seu Amaro, assim, continuou ignorante e feliz até o último de seus longos dias de vida.

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