Aconteceu uma coisa muito ruim comigo hoje. Algo que eu nunca imaginei que pudesse acontecer. Por um momento, eu realmente pensei que tudo estava começando a se encaixar, mas isso foi apenas um alarme falso pois agora, eu consigo sentir o mundo todo desmoronando sobre a minha cabeça.

Eu fiz a burrada de comparecer no baile de Inverno da escola achando que seria a atitude mais corajosa que já fiz em toda a minha vida.

Mas acontece que não foi.

A decoração da escola estava impecável, e eu sabia que fora Isabel que tinha feito todo o trabalho duro. E embora eu ainda ache que eu teria feito um trabalho melhor que o dela, eu sabia que não poderia mais animar e muito menos ajudar a organizar as festas da escola, já que a diretora Duchanes frisou muito bem isso quando anunciou minha expulsão do time das líderes de torcida.

Enquanto eu observava a decoração, eu percebi o olhar de todo o corpo discente daquele colégio em minha direção. Olhares de ódio, de zombaria e curiosidade atravessavam os seus rostos assim que me reconheciam.

Porém, todos aqueles olhares não me importavam, porque eu não tinha ido ao baile para me divertir ou dançar. Na verdade, eu havia prometido que assim que as aulas acabassem eu nunca mais colocaria os pés naquele colégio nem que eu tivesse que ir para Londres junto com meu pai.

O único motivo de estar ali aturando todos aqueles olhares reprovadores em minha direção era ele.

Daniel.

Desde que ele descobriu todas as armações que eu tinha feito para prejudicar a Isabel, ele não fala mais comigo. Sou motivo de seus olhares frios e impiedosos sempre que tento falar com ele.

Mas eu tinha que tentar mais uma vez.

Comecei a procurá-lo pela multidão e logo o avistei, conversando com Jonathan há poucos metros de distância de onde eu estava. Trajava um terno preto de linho e seus cabelos estavam arrumados de um jeito que eu nunca havia visto antes. Com certeza aquilo era obra da Isabel.

Respirei fundo, tremendo da cabeça aos pés, vendo que todas as pessoas abriam caminho para que eu pudesse passar. Eu conseguia ver seus rostos, mesmo com a pouca quantidade de luzes do salão de festas do ginásio. Todos eles me encaravam com uma expressão cética.

Tudo a minha volta parecia ficar em câmera lenta à medida que eu ia me aproximando do Daniel. Ele ainda não havia me visto pois se tivesse, aquele sorriso lindo que ele estava esboçando naquele momento teria sumido.

Meu coração deu várias cambalhotas e meus olhos se encheram de lágrimas quando as lembranças de um tempo que não voltaria mais passaram diante dos meus olhos.

A ausência que ele fazia em minha vida estava me matando. Eu o amava de todas as formas e jeitos, desde o Dan inocente da infância até o Dan divertido após tomar alguns shots de tequila. Eu amava todas as suas facetas, e até mesmo os seus defeitos não importavam muito para mim, e eu não suportava mais toda aquela frieza.

Mesmo que ele não me ame como eu o amo, eu sei que não vou aguentar ficar sem o meu melhor amigo. Porque o Daniel sempre foi o meu porto seguro e sem ele, eu sinto que meu mundo vai desabar a qualquer momento, esmagando meu coração contra o meu peito.

Mas nada saiu como eu esperava e assim que seu rosto se virou em minha direção, eu percebi que tinha perdido o meu melhor amigo.

Para sempre.