Encontrei o pai de Dan deitado em seu quarto. Sua aparência estava mais debilitada do que da última vez que estive ali, e isso me preocupou. Ele sorriu quando apareci no encalço de Dan, e a avó de Dan, que cuidava dele, me abraçou.

— Lola, querida... Que bom que está aqui! — disse a senhora Beth assim que me soltou. Ela olhou bem para o meu rosto, e eu sorri. A avó de Dan sempre foi um amor de pessoa comigo.

Meu melhor amigo se debruçou em cima do pai para abraça-lo. Dan e o pai sempre foram muito grudados, e o cuidado que Dan tinha com o senhor Mason sempre me emocionava. Caminhei até meu futuro sogro e o abracei também.

— Você está cada vez mais bonita, menina! — disse ele, afagando o meu rosto. Lágrimas vieram aos meus olhos quando vi o pai de Dan, o amável senhor Lightwood, naquela situação.

— E você parece ainda mais jovem do que da última vez que o vi! — exclamei, fazendo o pai de Dan gargalhar com vontade.

— Estou inválido, mas continuo um bom partido.

Eu, Dan e Beth, sua avó, rimos com vontade. Era maravilhoso ver que mesmo naquela situação o Sr. Lightwood não perdia o bom humor.

A senhora Beth colocou uma mão em seu ombro, ainda com resquícios de um sorriso no rosto e disse:

— Comporte-se, mocinho.

Dan me conduziu até o seu quarto depois de conversarmos um pouco com seu pai e sua avó. Eu me sentei em sua cama e fiquei esperando. A raiva de ter levado um bolo do meu melhor amigo voltara, e a mensagem que eu tinha recebido sobre a Isabel também ressurgiu em minha mente como se fosse um fantasma pronto para me assombrar.

Eu tinha que procurar sobre isso na internet.

Subitamente, a vontade de descobrir o que tinha acontecido para Isabel ter saído da cidade em que morava, me consumiu. Ela levava uma vida aparentemente perfeita, era capitã do time das líderes de torcida, e apesar de que seus pais podem ter se mudado por diversos fatores, algo me dizia que eles tinham se mudado por causa dela. O conteúdo daquela mensagem martelava na minha mente o tempo todo.

Sabe porque a Isabel deixou a Carolina do Norte? Aposto que não!

Pesquise e encontrará um corpo!

Eu preciso cavar fundo para encontrar esse mistério, principalmente se a Isabel for mesmo uma ameaça.

Dan se virou para mim com os olhos castanhos repletos de arrependimento.

— Me desculpe por ter não ter te encontrado hoje, Lol. Eu acabei perdendo a hora.

— Qual é a sua com a Isabel? — indaguei, cruzando os braços acima do peito enquanto eu tentava inutilmente controlar a minha raiva.

A raiva ainda inflamava dentro de mim toda a vez que eu me lembrava do quão humilhante foi descobrir pelo fracassado do Jason que meu melhor amigo tinha me dado um bolo.

— Nós temos coisas em comum, só isso. Ela é uma pessoa legal. Não precisa ficar com ciúmes, ninguém vai roubar de você o posto de melhor amiga. Você é a minha garota favorita e só divide esse posto com a minha avó.

Mesmo não querendo, eu sorri com o gesto carinhoso de Dan. Claro que ser mantida na friendzone, principalmente depois de nosso quase beijo, me deixava muito magoada, mas uma parte minha se sentia triunfante em saber que nenhuma outra garota seria tão importante para o Dan quanto eu era.

A raiva em meu peito diminuiu gradativamente, mas eu ainda fingi que estava brava com ele porque não queria dar o braço a torcer assim tão rápido.

— Da próxima vez que você me deixar plantada, eu nunca mais falo contigo! — rosnei de forma ameaçadora. Dan gargalhou e caminhou lentamente em minha direção. Engoli em seco, sentindo que tudo ao redor ficou em câmera lenta. Eu conseguia ouvir uma música de fundo tocando enquanto Dan caminhava até mim. Eu me senti dentro de um filme de comédia romântica.

Meu melhor amigo colocou as duas mãos em meus ombros e se abaixou para beijar a minha testa.

— Você não vive sem mim que eu sei. — E me empurrou, fazendo-me cair de costas no colchão macio. Dei um gritinho agudo e estridente, e puxei Dan pelo braço antes que ele corresse. Meu melhor amigo gargalhou com vontade, e eu senti seu corpo cair em cima do meu.

Ficamos os dois rindo como palhaços, e apesar de me sentir quente com a proximidade, esse era um daqueles momentos entre nós que não havia malícia.

— Tira esse corpo gordo de cima de mim! — protestei, empurrando Dan para cima. Porém, ele era muito mais pesado e mais forte que eu, e eu não consegui.

— Até parece que você não gosta desse corpo gordo aqui. — disse ele, fazendo cócegas em minha barriga. Me contorci por baixo de Dan, dando altas gargalhadas e implorando por misericórdia, mas meu melhor amigo não estava disposto a ceder.

— Pare, Dan! Por favor!

A porta se abriu e a senhora Beth colocou a cabeça para dentro do quarto.

— Crianças, estou ouvindo os gritos de vocês lá de baixo. Achei que estivessem se matando!

— Seu neto quer me matar de cócegas! — exclamei, ofegante, sentindo-me aliviada ao ver que Dan tinha parado de me fazer cócegas para olhar para a sua avó.

— Então lhe dê logo uma cabeçada e acabe com esse sofrimento. Vou esquentar o almoço. — disse ela, enxugando as mãos no avental e fechando a porta.

Eu e Dan nos entreolhamos e explodimos em mais uma risada.

Meu melhor amigo rolou o corpo para o lado e saiu de cima de mim. Ainda com vestígios de risada no rosto, deitei minha cabeça em seu peito e senti seu coração pulsando fortemente contra a minha orelha.

— Eu te amo, Lola.

— Eu também te amo, Dan. — Sussurrei de volta, sentindo-me quente por dentro e por fora.

☆ ◜✴ ◜ ☆

Abri meu notebook com um pouco de brutalidade assim que eu cheguei em minha casa. A mensagem da tal "Bubblegum Bitch" ainda estava na minha cabeça. No caminho para casa, alertei Wanessa sobre a tal mensagem, o que ela decidiu nomear de "Situação Gossip Girl" porque era mesmo aquilo que parecia.

Wanessa Davis:

Você não acha isso bizarro não?

Tipo, o que ela quis dizer com "encontrará um corpo"?

Nós não estamos na droga de um seriado policial.

Lola Roberts:

E se for realmente no sentido literal da palavra?

Wanessa Davis:

Acha mesmo que a Isabel matou um cara e veio para cá para fugir? Acorda, Lola!

Lola Robets:

Eu não disse nada, só que eu acho que preciso averiguar essa história.

Essas mensagens anônimas parecem estar me ajudando de uma forma muito bizarra. Apesar de eu me sentir temerosa sobre quem pode estar por trás disso, principalmente porque eu não sei o que essa pessoa tem em mente, eu não conseguia deixar de ignorar e correr atrás das pistas que ela me mandava.

Digitei na busca do Google a relação de colégios na Carolina do Norte, mas eram muitos, e eu fiquei impaciente só de olhar a lista. Abri meu celular e digitei o nome e o sobrenome de Isabel no Instagram, e apareceu dentre vários perfis, exatamente o que eu procurava.

O feed de Isabel era impecável e granfino, exatamente como a dona dele. Busquei suas fotos mais antigas, e abri a que ela estava com o uniforme das líderes de torcida. Tinha uma marcação na foto com o nome de seu colégio, e eu vibrei por dentro.

Deslizei a tela um pouco mais para baixo e abri uma foto em que ela estava abraçada com um cara do time de basquete. Os dois pareciam apaixonados. Porém, o que me chamou a atenção foram alguns comentários saudosos de amigos de seu antigo colégio.

"Sentiremos sua falta, Bill".

"Para sempre em nossos corações".

"Força, Isabel".

"Estamos com você, Isa. Vai dar tudo certo".

Franzi o cenho e cliquei sobre a marcação da foto. Acessei o perfil do tal Bill. Aparentemente, ele e Isabel namoravam, e seu feed não era atualizado há um bom tempo. Tipo, uns 4 meses. Os comentários em suas fotos eram genéricos e em sua grande maioria, saudosos como os outros que eu tinha visto no perfil de Isabel.

Aquilo começou a me deixar ainda mais nervosa.

Por um lado, eu não queria acreditar no que a minha mente estava me dizendo naquele momento enquanto eu investigava, mas por outro lado, eu estava com muito medo de continuar a minha busca.

Respirei fundo e decidi continuar embarcando nesse mistério.

Digitei o nome de Bill no Google junto com o nome do colégio em que eles estudavam, e eu quase caí para trás com a matéria do jornal que aparecera em minha tela.

Suspeita de ter matado o namorado pode ser absolvida das acusações.

A foto de Isabel Durant estampava a matéria.