Você acredita nessa história de amor à primeira vista?
O sol sempre foi a beleza daquele lugar, mas especialmente naquele sábado parecia que havia algo mais.
Os pássaros combinaram entre eles algum tipo de sinfonia.
O vento que era sempre forte, estava suave.
A natureza parecia prevê alguma coisa.
Eu deveria ter percebido que naquela manhã algo mudaria minha vida, mas era muito criança para decifrar todos aqueles sinais.
Naquele final de semana eu tinha planejado mil coisas, afinal com dezessete anos tudo que um cara como eu queria era se divertir.
Marquei um futebol com o pessoal. Quando falo "pessoal" me refiro apenas duas únicas pessoas que fazem parte da minha relação de amigos : Marquinhos e o André
Depois disso planejava voltar pra casa e almoçar a saborosa comida da dona Rosa, minha mãe. E a noite quem sabe pegar um cineminha com eles. Ouvi dizer que jogos vorazes é muito bom, porém todos sabem que com dezessete anos um garoto ainda não mandava no próprio nariz e minha mãe vetou qualquer tipo de compromisso meu e sabem por que? Porque eu deveria ficar em casa, justo naquele sábado de sol estoteante, somente para dar às boas vindas a uma prima que eu nunca vi na minha vida chegar do interior.
Estava eu, sentado na cadeira de balanço na varanda naquela manhã com meu fone, quando André que estava bem do meu lado me cutucou com o cotovelo.
__Olha lá!
Eu não acreditava muito em anjos e em nenhum outros seres místicos... Mas depois daquilo, considerei.
Tirei os fones e me levantei imediatamente, e sem me dá conta, fiquei com a boca entre aberta.
Aquilo não podia ser real.
Era muito linda para ser.
O vestido branco longo que usava, dava a impressão de uma deusa ou princesa, e eu duvidei se na verdade não seria mesmo.
E os seus cabelos? Foi a primeira coisa que reparei. Tinham uma cor quase indefinida de um louro castanho não muito comum. Me perdi completamente neles quando o sol os banhou ao sair do táxi.
André me tirou dos pensamentos me cutucando outra vez.
_ Essa é que é a sua prima?
Ele também parecia encantado.
Não respondi, apenas fiz um gesto afirmativo com a cabeça ainda com aquela cara de bobo.
Minha mãe logo depois de abraça-la, voltou os olhos para mim e gritou pedindo ajuda com as malas.
André e eu corremos, tropeçando nos degraus da escadinha de madeira da entrada. Pegamos as malas de estampa de oncinha e levamos pra dentro.
Quando colocamos as malas no chão da sala, ficamos parados como dois soldados em prontidão.
Em segundos a garota entrou junto de minha mãe, percorrendo com o olhar cada canto da casa, até pousar seus olhos curiosos em nós e sorrir.
Meu Deus! E Que sorriso era aquele?
_ Venha querida_ Disse minha mãe puxando-a docemente até nós_ Venha conhecer seu primo...
Não saí do lugar.
_ Mariane... Esse é o Alexandre...
_ Até que enfim! _ Ela disse esticando a mão até a mim e fiquei com vergonha de tocar, pois minhas mãos suavam. Continuou _ A tia Rosa fala de você direto no telefone... Parece até que já te conheço...
"Não posso dizer o mesmo. Minha mãe nunca falou muito de você" Pensei em dizer mas
apenas sorri e baixei a cabeça.
Mamãe havia falado de Mariane uma ou duas vezes se não me engano. Disse que eu tinha uma prima no interior e que sua história era bastante triste.
Sua mãe tinha falecido logo após seu nascimento e que foi criada pelo pai, o meu tio Pedro, irmão único de minha mãe.
Depois da morte da esposa, meu tio foi embora para uma cidade pequena, criou a filha sozinho e que não casou novamente. Mamãe não entrava em detalhes então era só isso que eu sabia sobre aquela garota.
Ah! E que agora ela ia ficar um tempo com a gente até o pai dela voltar de uma viagem longa de trabalho. Ele não queria deixar ela sozinha na cidade deles pois ela ainda era de menor e ficaria preocupado, então pediu a minha mãe que a deixasse ficar com a gente.
No começo senti minha mãe resistente a ideia mas depois acabou concordando. Creio que o fato de sermos sempre nós dois o tempo inteiro aqui em casa, a tenha feito repensar.
André e eu subimos com as bagagens logo que Mariane também foi apresentado ao meu amigo até o quarto que mamãe preparou cuidadosamente para ela. E tudo estava muito limpo e cheiroso.
Nossa casa possuía três quartos no andar de cima. Era uma casa grande e muito bem planejada, então não foi difícil acomodar mais uma pessoa.
Meu pai construiu aquela casa praticamente com as próprias mãos e com a ajuda de alguns amigos, é claro. Era o orgulho de minha mãe e a casa dos sonhos dele.
Era espaçosa, ventilada, e o melhor, sem vizinhos muito próximos.
Meu pai tinha herdado um bom dinheiro do meu avô, e com esse mesmo dinheiro comprou esse terreno de um amigo que queria desesperadamente se desfazer do lugar. Sendo assim, vendeu o lugar por um preço bem amigável.
Lembro do dia em que meu pai colocou o último tijolo, eu devia ter uns dez anos, acho.
E lembro também perfeitamente da imagem dele, ali parado, admirando sua obra.
Naquela minha idade, ainda não entendia que alguém também pudesse chorar de felicidade. Então, sem entender, abracei meu pai como se quisesse lhe dar algum consolo.
Dois anos depois da construção, meu pai adoeceu e se foi. E eu sempre sonho com aquela imagem dele chorando diante da casa pronta.
Continua...
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