Há Beijos Que São Para Sempre

Eu juro, que mesmo que se passassem mil anos, eu ainda lembraria do gosto daquele beijo e da sensação que tive.

Não beijava muitas garotas naquele tempo. Consigo lembrar vagamente de duas ou três meninas da escola com quem fiquei uma noite ou duas. Sendo assim não era um expert no assunto.

Acho até que meu amigo André com seu jeito desengonçado, tinha beijado garotas na vida muito mais que eu.

A questão era que sendo inexperiente ou não, nunca tinha sentido algo parecido com alguém. Foi surreal. Isso sem falar que nunca esperei e desejei desesperadamente tanto por um beijo de uma garota.

Eu sonhava com aquele momento cada noite e cada dia da minha vida, desde o dia que ela chegou naquela manhã de sábado. Sempre espreitando pelos os cantos da casa, observando, desejando, admirando e pensando se talvez chegaria o dia de enfim poder tê-la em meus braços.

Depois daquela noite na fogueira, Mariane e eu não se desgrudava mais de jeito nenhum. Distantes dos olhares de minha mãe, a gente sempre procurava um jeito de nos beijar escondido.

Todas às manhãs antes da escola, eu a surpreendia na porta do seu quarto, e eram sempre  sustos, acompanhado de Beijos e risos discretos, para que minha mãe não pudesse nos ouvir ou nos ver.

Minha mãe sempre muito ocupada, não se dava conta do que acontecia de baixo do seu próprio nariz.

Era adrenalina pura aquela sensação de que poderíamos ser pegos há qualquer momento.

A gente se divertia com algumas situações. Por várias vezes, mamãe quase nos pegou, mas sabíamos disfarçar bem. Quando não era um cisco no olho, era um tropeço, e minha pobre mãe inocente acreditava.

Ficamos namorando assim escondidos por um bom tempo.

Nem meus amigos faziam idéia do que estava acontecendo entre nós, afinal não era da conta de ninguém. E era tão nosso aquilo tudo, que a gente achava que não era nossa obrigação sair contando pra todo mundo. Pra quê? Só cabia a nós toda aquela mágica sensação, e digo mais:

FORAM OS MELHORES MESES DA MINHA VIDA!

Sei que nunca mais haverá dias como àquele.

Não mais.

Eu sei disso hoje.

E dói ter essa certeza. Dói.

#####################

Numa manhã do feriado do dia do trabalho, minha mãe muito  eufórica, entrou em meu quarto, me sacudindo inteiro pelos os  meus pés, numa tentativa quase desesperadora de me acordar.

Mal pude abrir os olhos direito e ela já foi despejando mil tarefas em mim.

Estava meio zonzo ainda, então só consegui lembrar de duas ou três tarefas na qual tinha que realizar naquele dia.

Mamãe ia sair, acho que ouvi "casa de uma amiga" e que ia demorar, então hoje eu seria responsável pelos os afazeres domésticos, pelo menos eu ia tentar.

Levantei, escovei os dentes, vesti uma velha regata branca com listras pretas ( NÃO sou Corinthians ) Nada contra, mas me identifico melhor com o Flamengo.

  Nunca soube bem o que quer dizer "Se identificar com um time" Mas acho que vocês conseguiram entender. E olha que meu pai era doente pelo o Timão e mesmo assim nunca conseguiu me influenciar.

As vezes acho que sei até a razão da minha antipatia pelo o nobre Corinthians.

Um belo dia, no meu aniversário de oito anos, meu pai resolveu me presentear. Ele chegou do trabalho todo entusiasmado e ansioso com um embrulho, gritando meu nome por toda casa.

Desci as escadas como um louco, já sabendo que ele trazia algum brinquedo, afinal era assim todos os anos.

Meu pai sorrindo me abraçou, bagunçando meu cabelo, e me entregou um pacote azul muito bem envolvido em laços amarelos e vermelhos.

Quase sem fôlego, rasgo tudo com facilidade. Estava super curioso pra saber qual seria
"O BRINQUEDO DO MOMENTO" Dessa vez.

Vejo dentro de uma caixa a cara de um boneco muito esquisito e engraçado, vestido num uniforme preto e branco.

Adivinhem? Era um boneco com uniforme do Corinthians. Tinha chuteira e tudo.

Sorri e tirei o boneco estranho da caixa e o abracei desconfiado.

_ GOSTOU?
Perguntou papai feliz, esperando de mim uma resposta positiva.

Apenas afirmei com a cabeça.

Na verdade há tempos que sonhava com O Homem Aranha que tinha visto num comercial de TV, mas tudo bem...

Depois de tantos abraços no boneco, descubro que ele acompanhava uma surpresinha escondida debaixo de seu uniforme( Um uniforme bem fiel  aos uniformes originais )Havia um local reservado para as pilhas. O boneco emitia algum tipo de som e é lógico quis rapidamente descobrir.

Apertei a barriguinha do tal boneco e foi traumático! Aterrorizante!

  O boneco começou a cantar o Hino do time. Só que numa versão Darth Vader.

Dei um grito daqueles, dignos de filmes de terror, e joguei o boneco diabólico à cem metros distantes de mim. Corri para as  escadas e me tranquei no quarto apavorado.

Aquilo realmente tinha me assustado. Mesmo depois, meu pai tentou me explicar que eram as pilhas que não tinham funcionado direito, E que por essa razão o som não tinha saido legal. Mesmo assim não quis mais saber daquele boneco. Não podia nem ver o brinquedo pela a casa que logo começava a chorar.

Infelizmente teve que ser jogado no lixo, para a tristeza de meu pai. E com isso ele ganhou um filho Flamenguista.

Abri a janela de madeira do meu quarto e o sol das sete horas quase me cegou.

Desci as escadas e tomei meu café. Mariane não tinha acordado ainda então pensei em fazer uma surpresa. Já que minha mãe não se encontrava em casa, iria aproveitar o dia junto dela, sem neuras.

  Arrumei numa bandeja um café da manhã com tudo que ela gostava( Sim, eu já me ligava nos gostos dela ) ovos mexidos, presunto, café bem forte com um pingo só de leite e pão integral.

Me dirigi ao seu quarto e com cuidado abri a porta com a bandeja nas mãos.

Fiquei pasmo, louco, nervoso e  zonzo com o que vi na cama...

*************************

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top