Destino?
Mariane soltou-se dos meus braços e se aproximou de mamãe completando o diálogo _ Isso não vai mudar nada.
_ Mas minha Filha... _ Pedro adiantou-se _Isso é totalmente errado.
_ Por que?_ Se dirigiu com certo ar de deboche para o pai _ Não acabaram de dizer que tudo faz parte de um fabuloso plano de Deus? Então isso me faz pensar que estávamos todos destinados, não?
_Mariane, querida, eu me referia as graças.._
Mamãe se defendeu.
_ As graças? Mas que graças? Eu só enxergo tragédias nessas histórias.. Tragédias que só existiram por causa de todas as mentiras dessa família. Destino não tem nada a haver com o que houve com a gente. Me recuso acreditar que Deus tenha sido tão cruel dessa maneira. Se vocês não tivessem ocultado todos os acontecimentos, não estaríamos passando por esse inferno agora.
Mariane falava numa lucidez de verdades que os deixou totalmente constrangidos e envergonhados. Sendo assim, ficaram calados e sem argumentos.
Depois de um longo silêncio, resolvi me manifestar. Cruzei os braços, fungando o nariz ainda molhado.
_ O que está feito não dá pra mudar... Mas o que vier daqui por diante sim..._ Pedro_ Vocês tem a opção de não continuar com isso...
_Isso seria um sacrilégio!_
Mamãe com assombro.
Mariane se virou se para mim.
_Minhas pretensões são as mesmas.
A impressão que eu tinha quando disse aquelas palavras, era de quase um soco no estômago deles. Menos Mariane, que continuava com certa ternura também.
_ Você perdeu o juízo!_ Pedro tinha mesmo que ser o primeiro _ Como pode sair tanta profanação da boca de uma pessoa só?
_Amar alguém profundamente, não é uma profanação._
Rebati já me posicionado numa linguagem corporal de ataque.
_ Claro que não! Mas quando esse alguém é a sua própria irmã, eu acredito que seja!_
Pedro tinha as maçãs vermelhas de raiva.
Fiquei em silêncio e olhei para Mariane, que mantinha- se no mesmo grau de intensidade, olhando pra mim também. Eu não poderia dizer ao certo se ela tinha gostado do que eu tinha dito ou se só estava mesmo em pânico. Uma coisa, nessa situação, é afirmar que ainda gosta da irmã. E outra é afirmar, que mesmo sabendo disso, você ainda quer continuar com ela.
_Meu filho... _ começou os clamores de mamãe _Você não está pensando direito... Isso não seria normal! Você e sua irmã... Vivendo juntos! É uma afronta a natureza... Uma afronta à tudo! Isso é muita loucura!
_ Eu não me importando com nada disso!_
Disse rispidamente.
_Mariane, filha_ Pedro questionou Mariane, que só se virou para o pai depois que me deu fortemente o último olhar_ pelo o amor de Deus! Não pode concordar com isso!
Ela confrontou o homem de barba rala e de integridade quase suntuosa e respondeu erguendo o queixo.
_ Eu o amo, meu pai.
_ Está dizendo isso agora mas você não terá estômago ou mesmo estrutura psicóloga para suportar.
Talvez ele tivesse razão.
Ausência de som, se não fosse por nossos batimentos cardíacas.
Mariane segurou a nuca que incomodava por uma dor na cabeça talvez, fechou os olhos por um segundo e respirou fundo ao procurar uma alternativa.
__ Ninguém precisa saber...
_ Verdade. Ninguém precisa_ Pedro completou _ Mas vocês sabem _Apontou para nós _ E isso já é o suficiente... Se prezam tanto pela a verdade, como podem querer levar uma vida de mentira?
Mariane baixou a cabeça tímida e sem palavras.
_ Preciso de um pouco de ar_ Disse, já desviando de todos e indo para as escadas. Não aguentava mais aquilo.
_Eu vou com você_ gritou Mariane me seguindo.
_Filha..._
Pedro tentou impedir a saída de Mariane.
_Deixa... _ mamãe o segurou pelo o braço.
E quando já estávamos longe ela completou.
_Isso não vai muito longe. Não vê? Eles estão sem forças.
*********¥*********
Andei pelo o mato enquanto Mariane vinha em silêncio logo atrás. Apesar do calor o céu mostrava-se cinzento tornando assim tudo mais abafado. E não ouvia um som de pássaro sequer. Estavam todos em seu ninhos quietinhos, esperando talvez alguma gota de cima. Cheguei enfim na pequena ponte de madeira rente as águas e me sentei de frente para o lago. Mariane se resguardou à alguns centímetros longe de mim e esperou por algo que a fizesse sentar ao meu lado. Sentia sua respiração um tanto acelerada e achei que deveria dizer logo o que eu pensava.
_ Eles estão com a razão, não estão?,_
Falando de tudo que Pedro e minha mãe tinha dito sobre o nosso futuro juntos.
Mariane levantou a cabeça para o ar e com a voz embargando respondeu o que preferia nunca admitir.
_Eu não sei... Mas acho que sim.
Um silêncio.
Ela se aproximou e se ajeitou do meu lado e pude perceber que já se desbrulhava em lágrimas novamente.
_Você sabe que eu poderia ignorar tudo se... _ falei _ Se Tivesse a certeza que você nunca mais sofreria por causa disso.
_Eu não sei se poderia fingir que não somos... _
Disse ela quase entalada.
A palavra irmãos parecia ferro quente só nos pensamentos imagine se tivesse que pronunciar.
Olhei para o horizonte.
_ Eu não entendo... Não entendo porque tínhamos que pagar pelos os erros deles.
Mariane Suspirou.
_Que que eu vá embora?_ Me encarou com doçura e tristeza.
_ A pergunta mais difícil de todas _ Olhei pra ela e uma lágrima rolou quente. E depois de um segundo _Você quer ir?
Perguntei com medo.
_ Não... Mas talvez seja o certo a fazer.
Meu coração morreu. Bem alí.
Agarrei meu amor em meus braços e chorei junto até os primeiros pingos de chuva começarem a cair e se misturarem as nossas lágrimas.
Não era só o céu que estava cinzento naquele dia.
*********¥*******
Meus dias ainda são como aquele. Escuros e sem vida. Eu tenho ainda hoje, depois de mais de trinta anos, a mesma sensação vazia e cinzenta de quando nos foi revelado toda aquela calamidade e desgraça. Nunca me recuperei e acho que ela também não. Na verdade ela nunca voltou pra mim falar se já tinha esquecido de tudo ou mesmo esquecido de mim. Só sei que dela, eu jamais vou desaprender a amar.
"Isso não acabou"
É, Michele. Você tinha razão. Isso ainda não acabou. Pelo menos não pra mim.
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Quando voltamos pra casa naquele dia a deixei descansar no seu quarto e fiquei velando seu sono até ela finalmente conseguir dormir. Depois de me certificar de seu torpor profundo, peguei seu celular de cima da cômoda e procurei em seus contatos o número de Rafael. Gravei em minha memória e fui para o meu quarto.
Eu não queria mas tinha que fazer aquilo. Por ela. Mariane Precisava de apoio. De alguém que fizesse esquecer de nós.
_ Alô?
Perguntou a voz do outro lado.
_ Respondi com uma imensa vontade de desistir daquilo_ É o Alexandre... Precisamos conversar.
*************
Continua...
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