Ladrão de Mentes
Os prédios cobriam o céu mais uma vez, nada passa dessas construções de concreto, nem mesmo o luar. As pessoas que passavam na calçada se esbarram com os lixos colocados no meio do caminho pelos moradores dos apartamentos, os gatos de rua pegavam o resto das comidas e levavam para comer, pelo menos esses animais tinham mais habilidade de sobrevivência do que outros humanos que não se adaptaram ao modo de viver dessa vida, se não se acostuma paga o preço.
As luzes dos carros passando pela rua iluminava as paredes de concreto que tinham pichações em alemão, típico da região por ser uma grande concentração de imigrantes do país europeu. Enfim, Nildo e Isabela estavam no local para interrogar uma provável assassina. Nildo é um homem negro baixo, calvo e barbudo seus olhos demonstram o cansaço do dia a dia, veste uma roupa comum para um detetive mas com uma gravata amarela. Já Isabela é uma mulher branca com cabelos negros que batem nos ombros, seus olhos azuis mostram sua preocupação e ansiedade quanto a investigação, ela tem a mesma vestimenta do seu parceiro só não tendo aquela gravata amarela.
— Vamos revisar o caso, novata. — Nildo quebra o silêncio da rua que estavam.
— Certo, durante a madrugada dessa quinta o Alberto Brancco, responsável pela segurança da Magenta Eletrodomésticos, foi encontrado morto na Parte Inferior com um capacete feito de tecnologia sem origem aparente, sendo esse item o responsável pela sua morte. O Senhor Brancco estava acompanhado por uma... prostituta — Isabela mostra uma certa relutância, talvez uma timidez, ao falar a palavra “prostituta” e Nildo estranha. — Essa moça foi vista correndo pelas câmeras do hotel após uma hora e cinquenta minutos da sua entrada. O corpo foi encontrado pela faxineira no final da tarde do mesmo dia, e depois eu fui acionada mas como eu estava ansiosa fui pro ponto de táxi-
— Tá bom, Neves, não precisa mais. Aliás, ainda existe táxi em pleno ano 2126? — O detetive pergunta para Neves que responde balançando a cabeça afirmando, os dois estavam na calçada feita de concreto até que eles param em frente a uma escadaria que dá em frente a um conjunto de casas bem juntas uma com as outras, o que seria uma favela.
— Mas, senhor Bezerra, a mulher está realmente por aqui?
— Pelo que parece sim, ela não teve o trabalho de apagar os registros de cartão de crédito. Ela encomendou uma leva de novas histórias em quadrinhos de uma editora pequena. Bom, de qualquer jeito ela está na casa 202, se é que essas coisas podem ser chamadas de casa.
Ambos os investigadores sobem as escadarias feita de concreto e olham aquelas casas apertadas que pareciam não ter nenhum espaço para nem uma família pequena viver, até que Isabela avisar o endereço que estavam buscando. Neves puxa levemente o sobretudo do seu parceiro chamando a atenção dele para a porta que tinha o número “202” escrito.
— Ali. — fala a detetive Neves.
Nildo assente. Ele desce dois degraus para trás da grande escadaria e sobe os estreitos degraus que davam para a porta. Neves o segue. Quando o detetive mais velho bate na porta, os dois ouvem claramente, por causa do silêncio desconfortável na vizinhança, o som de alguns objetos de metal caindo no chão.
— Polícia de Nova Caeiro, abra a porta. — Nildo fala e espera alguns segundos para a resposta, até que ele ouve passos rápidos na casa. — Polícia de Nova Caeiro, abra a porta! — Nildo exclama e espera alguma resposta, até que ele ouve passos rápidos na residência e objetos sendo arrastados. — Que merda! — o detetive coloca sua mão dentro do sobretudo tirando do coldre uma pistola e, ao se afastar da porta com alguns passos, ele dá dois tiros na maçaneta da porta que é destruída.
— Senhor Bezerra? — Isabela se espanta pelos tiros repentinos.
Nildo avança contra a porta com seu ombro direito, fazendo um barulho com aquele pedaço de madeira batendo contra a parede de concreto. Ainda segurando a pistola com as duas mãos, o detetive mirava para o que estava na sua frente: uma mulher alta e loira com um vestido transparente na janela retangular do casebre já pronta para pular no mar de prédios que ficavam próximos daquele amontoado de casas.
— Parada, Polícia de Nova- — antes de acabar a frase a mulher pula da janela com os braços abertos e jogados para frente. — Filha da puta! — Nildo corre até a janela, atravessando os móveis derrubados e jogados para os lados.
Colocando sua cabeça para fora ele vê a figura da mulher pendurada na varanda da casa frente a janela, mas ele não podia atirar agora naquela mulher, eles precisavam dela viva.
Quando o homem se virava para ver sua parceira ele é jogado para o lado e só consegue ver Neves no ar com o vento bagunçando os cabelos negros dela, ele percebe também que ela estava sem os sapatos e o sobretudo. Mas, o mais surpreendente, além do raciocínio rápido de Isabela, é que a detetive realmente alcança a mulher loira, agarrando as costas da suposta assassina, porém as duas caem por um deslize de dedos nas barras metálicas da varanda.
Neves sente suas costas batendo nas paredes entre as estruturas de concreto, deixando sua consciência se esvair por um momento, mas é retomada depois do seu corpo se espatifar no chão sujo com a barriga virada para baixo. Abrindo os olhos ela vê que a mulher loira tinha caído em cima de um amontoado de lixos, provavelmente amortecendo a queda para essa mulher. Mas, ela percebe que, mesmo com o dano da queda reduzido, a perna daquela mulher estava sangrando bastante, mesmo assim ela tinha força suficiente para se levantar e tentar sair do beco cambaleando.
— Volta aqui, Polícia de Nova Caeiro- ah que se dane. — Isabela mesmo sentindo seu braço esquerdo doendo ela pega sua pistola que estava no coldre do lado direito do quadril e aponta para a mulher.
Neves estava se levantando apoiada na parede de concreto no seu lado direito, a detetive estava com uma dor imensa nas suas duas pernas, ambas tremendo bastante. Ainda mirando nas costas da mulher loira que se afastava cambaleando e grunhido palavras em alemão com um tom triste, respirando forte e com o arrependimento tomando conta de sua mente, antes mesmo de apertar o gatilho a detetive ouve um som que ecoa no beco que a faz tremer mais ainda com a pistola em suas mãos: o som de um disparo.
Mas, o barulho não foi da arma dela, foi de outra, porém tinha o mesmo alvo. Isabela olha para o corpo da mulher loira que cai no chão espalhando sangue pelo concreto, a detetive se vira para o outro lado do beco onde ela viu uma figura esguia se afastando. Outro assassinato.
• • •
A delegacia com certeza não é um bom lugar para se recuperar de uma queda de 10 metros, tem muito barulho, principalmente quando houve um assassinato de um homem da elite. Tudo bem pessoas da Parte Inferior da cidade serem alvos de violência excessiva, pois quem não paga as despesas não merece nenhuma atenção, certos eles. Por que deveria dar assistência para uma mulher grávida que está prestes a dar a luz, se essa miserável não paga o plano que eu ofereço porque eu deveria ajudar essas vidas?
Nada de novo nessa cidade.
Isabela estava dentro de uma sala de concreto que tinha uma mesa de madeira e decorações que remetiam a ambientes das décadas passadas como flores(artificiais), porta retratos(holográficos), arquivos(os únicos papéis que era realmente feito de papel). Ela estava jogada em um sofá dentro da sala com ataduras, que refletiam as luzes que passavam pelas persianas, pelo seu corpo.
— Você tem certeza que apareceu alguém e a matou, Detetive? — perguntou um homem velho e magro com olheiras se destacando na sua face enrugada.
— Sim, Delegado. Eu estava a encurralando quando apareceu alguém e deu um tiro nas costas dela — Isabela se ajeitava no sofá com dificuldade enquanto tentava se justificar.
— E que ideia foi essa de pular de uma altura que claramente ia te deixar desse jeito?
— Bem... pode não ser a melhor escolha pensando agora, mas na hora foi a única coisa que eu pensei.
— Neves, você pode ser uma detetive novata, mas não pode cometer esses erros novamente. — O delegado vai até uma persiana que dava a visão para a rua e avista vários jornalistas tentando invadir a delegacia querendo entrevistas com ele, o Delegado Fernandez.
A porta de madeira é aberta deixando a luz da delegacia invadir mais o quarto, quem estava entrando naquela sala era Nildo que estava acompanhado por um jovem ruivo com um jaleco e uma maleta de metal, o olhar do jovem demonstram despreocupação mesmo com o caos se instaurando logo na entrada da delegacia.
— Só foi um riquinho morrer que a cidade fica animadinha. — Diz Nildo fechando a porta quando o ruivo entra na sala. — Mathias, a garota ali tá precisando de ajuda desses seus “nani robôs”, depois te pago um café.
— São “Nano-Robôs”, e você sabe que eu não posso tomar café, Bezerra. — Mathias vai até Isabela e dá um sorriso de canto. — Você vem sempre por aqui? — Nildo dá um tapa na orelha de Mathias tentando o repreender.
— Fernandez, precisamos conversar lá fora. — O velho investigador aponta com a cabeça para o lado de fora da sala, o delegado suspira cansado e pega seu paletó que estava jogado no encosto da sua cadeira e vai para fora da sala em passos pesados.
Bezerra vai junto com seu chefe até o terraço da delegacia onde eles teriam paz, sem nenhum policial pedindo ajuda de Fernandez para resolver o problema dos jornalistas no lado de fora ou até mesmo de criminosos apreendidos tentando participar do tumulto fazendo barulho desnecessário.
— Fernandez, eu acho que consegui arranjar mais informações sobre o caso.
— Nem me fale mais sobre essa desgraça, não aguento mais o nome do Brancco. Ele foi pular a cerca e é a gente que paga o pato. — Fernandez estava nitidamente cansado do estresse que esse evento estava causando na vida dele. — Me fala o que você descobriu, e que essas informações dê em algo e não sejam fáceis de perder com uma bala.
— Eu disse que colocar uma novata não era a melhor decisão, agora ela tem que ouvir sermão de todo mundo. Enfim, o capacete que o cadáver do Brancco usava na cabeça não era uma tecnologia que foi fácil de descobrir o que faz, parece algo bem além do que nós temos no nosso acervo. Mas, com alguns contatos do Mathias e da equipe forense descobrimos que tem algum envolvimento com uma tecnologia de povos das colônias espaciais.
— Mais um caso envolvendo imigrantes ilegais das colônias?
— Bem provável. O capacete aparentemente fritou a cabeça do maldito, mas segundo os cientistas o hipocampo era o mais intacto tendo só algumas de suas partes faltando. Se você lembra de alguma coisa de biologia, essa parte do cérebro é responsável pela memória.
— E o que uma parte do cérebro importa para isso tudo, Nildo?
— É provável que o objetivo do nosso inquilino não foi só matar o Brancco, mas também pegar algo que a mente dele tinha. — Fernandez encara Nildo mais bravo do que já estava.
— Você ‘tá fazendo alguma piada?
— Não, senhor, eu estou fazendo hipóteses bem embasadas com provas que podem me dizer que estou certo, só precisando de mais uma coisa para eu fazer.
— O quê, Nildo? Vai colocar aquela merda de capacete na cabeça e vai atrás do suposto assasino? — Nildo encara Fernandez afirmando com a cabeça com muita certeza.
Delegado Fernandez é um homem branco vemho e de estatura típica de alguém da idade dele, mesmo assim ele consegue demonstrar o porquê dele ser o delegado em apenas algumas frases com uma entonação que faz qualquer um abaixar a cabeça. Com Nildo não seria diferente. Depois de tomar um sermão sobre como aquela ideia era loucura, o detetive Bezerra tentava argumentar enquanto eles iam de volta para a sala do delegado.
Ao entrar, os dois vêem uma cena que eles não esperavam ver tão cedo: Neves estava de pé com os olhos confusos, porque ela não estava mais sentindo dor no seu corpo, agora ela sentia a dor se esvaindo do corpo e se recuperando dos ossos quebrados.
— Olha só, Nildo, eu sou imortal! — fala Isabela expondo claramente que não sabia o que estava acontecendo com seu corpo.
— Não, gatinha. — diz Mathias. — Você tem Nano-Robôs no seu corpo reconstruindo seus tecidos destruídos pelo seu pulo de fé.
— O que você fez? — Fernandez pergunta curioso indo em direção ao ruivo.
— Bom, chefinho, isso aqui é só um projeto que tenho já faz um tempo envolvendo nano tecnologia. É, em palavras simples, uma injeção no qual contém esses pequenos robôs que, se aplicada a quantidade certa, pode recuperar os ferimentos em poucos minutos.
— Fascinante, você teria interesse em apresentar isso para o governo?
— Chefia, com todo respeito, nem trabalho pra vocês e nunca vou. Eu só trabalho para a gente avançar na área da saúde, não tenho interesse em entregar meus projetos para eles virarem mais das suas armas. Obrigado. — Mathias que estava sentado ao lado de Isabela se levanta fechando sua maleta com seus materiais e indo em direção á porta, onde Nildo estava encostado.
Após Mathias sair falando com o seu amigo Nildo, a dupla de detetives se voltam para Fernandez e começam a argumentar e chegam a suplicar para deixar eles continuarem com a investigação com a ajuda da tecnologia do capacete, que é necessária para o caso.
• • •
Depois de uma discussão complicada com seu chefe, o Detetive Bezerra não estava mais no seu ambiente habitual de delegacia, agora ele estava no meio de um sistema de computadores conectados por um amontoado de fios que estavam no chão dificultando a passagem de qualquer pessoa naquele ambiente. Mas, ele não estava sozinho, Nildo Bezerra estava acompanhado com sua nova parceira Isabela Neves.
No cômodo, também estavam outras pessoas mas que nitidamente não tinham o mesmo preparo físico que a dupla de detetives, indivíduos que ajudam quando os agentes da delegacia precisam de apoio quando o assunto é combater criminosos que abusam dos avanços tecnológicos para cometer pequenos, ou grandes, delitos.
— Estou me arrependendo cada vez mais por ter tido essa ideia. — Nildo fala com a sua parceira enquanto olha para uma cadeira de metal com um acolchoado, antes um verde forte, agora um verde desgastado pelo tempo.
— Qual das ideias? Usar uma tecnologia de riscos tanto quanto desconhecidos quanto perigosos, ou você mesmo ser a pessoa que vai entrar de cabeça, literalmente, nesse mundo desconhecido? — diz Isabela enquanto transitava entre os computadores que iriam servir para ajudar na operação e suportar aquele avançado aparelho.
— Acho que ambas. — Nildo segurava o braço da cadeira enquanto olhava fixamente para o capacete que antes pertencia a vítima do caso, agora servia como possibilidade para encontrar o seu assassino. — Bom, pelo menos os nossos amigos da TI montaram isso tudo por nós.
— Eles até pediram para estudar mais o capacete, mas precisariam desmontar aí eu já pedi pra não fazerem nada. Aliás, o Mathias me disse para não falar pra ninguém, mas ele- — Isabela é interrompida com a porta metálica rangendo. Quem estava na porta era o Delegado Fernandez junto com alguns policiais da delegacia.
— Tudo pronto? — os agentes que estavam ajudando a montar o aparelhamento mostram sinais positivo que tudo estava de acordo com o projeto que fez muitos ali ficarem em claro por três dias.
Com um suspiro arrependimento forte o detetive Bezerra se prepara para sentar na cadeira cheia de afiações conectadas em placas de metais fundidas uma nas outras formando uma cadeira diferente daquela encontrada jogada pela cidade. Ele se encosta na cadeira e quando iria colocar o, intitulado pela equipe de apoio, “Capacete Penta-Dimensional” uma mão segura o impede de vestir o capacete.
— Senhor Bezerra, deixa que eu coloco. — diz Isabela Neves, ao ouvir a voz de sua parceira ele deixa ela acoplar o capacete no seu crânio. — Então, só para revisar: quando estiver dentro do sistema nós não vamos conseguir te acompanhar, assim você vai ter que ficar nos falando por aqui. E, aquela coisa do Mathias que eu tinha que falar é-
— Tá bom, garota, não precisa se preocupar. E depois você me fala isso do Mathias, o menino fala e faz muita merda, preciso me concentrar um pouco. — Isabela obedece.
A detetive Neves coloca o capacete na cabeça de Nildo, ela coloca as fivelas da cadeira nos braços e nas pernas do seu parceiro. Isabela olha para a equipe de engenheiros esperando o sinal para ligar os fios no capacete. Após os engenheiros ligarem sistematicamente os seus computadores e acionar o sistema que foi feito para monitorar a tecnologia e Nildo, que estava com aparelhos de medição de frequência cardíaca em baixo das suas roupas de trablho, uma mulher de cabelo castanho amarrado em um coque levanta seu dedo polegar, permitindo o ligamento dos fios.
Neves liga os fios na parte parietal do capacete, ao fazer isso o corpo de Nildo amolece e se encosta totalmente na cadeira.
Por fora, o detetive podia não parecer estar sofrendo de início, mas quando sua cabeça começou a ferver, como se tivesse uma bola de fogo dentro do seu crânio, o detetive Bezerra berrava de dor, quando começou a gritaria Isabela ameaçou desligar o aparelho mas o Delegado Fernandez a impediu com sua voz imponente. Os gritos cessam quando a visão de Nildo não estavam mais entre memórias turbulentas da sua vida que ficavam embaralhadas e distorcidas, mas agora se encontra com um espaço branco infinito onde não tinha piso e nem teto. Sem limites.
— Estou dentro... — Nildo diz após todos seus gritos de dor e tentando se recompor.
O detetive olha para o seu redor e o seu próprio corpo, mas não percebe nenhum membro humanoide acoplado no seu novo corpo nesse sistema de realidade virtual avançado de origem alienígena. Avançando mais pelo vasto território branco, por ordem de seu chefe, ele avista uma figura geométrica de infinitas faces emitindo uma luz roxa, enquanto aquela figura girava em seu próprio eixo o espaço ao redor se distorcia como se pudesse distorcer aquela realidade como bem quisesse.
— Isso deve ser o núcleo do sistema, consegue chegar perto, Nildo? — pergunta o Delegado Fernandez e o detetive afirma.
— Detetive Bezerra, você precisa imaginar uma forma, estamos sentindo uma instabilidade no sistema e provável que seja a falta de um avatar — diz um dos ajudantes.
Nildo se concentra para imaginar a forma que mais o deixaria favorável naquele ambiente: uma esfera preta flutuante. O homem, agora uma esfera, avança em direção na figura geométrica impossível. A esfera preta parece analisar como entrar em contato com aquela matriz, já que aquilo ali era um núcleo com uma membrana que a envolvia e protegia, os assistentes pedem alguns instantes para baixarem um malware já desenvolvido para dissipar essa membrana.
No mundo exterior, um computador e um assistente presenciam códigos se mexendo sozinhos, mas como achavam que era nada demais, não faziam nada, principalmente o computador já que ele não pode fazer nada, ele é uma máquina.
Isabela ia ver sua mochila que carregava seus itens, entre eles estão: sua pistola, caderno de anotações e uma seringa com um adesivo “para meu floco de neves-M” que ela olhava com estranheza, principalmente por causa desse adesivo sugestivo.
Enfim, depois de alguns poucos minutos, finalmente o malware foi instalado e o detetive percebe a membrana, antes um vidro grosso, ficar fina, mas não tinha nenhuma brecha para adentrar aquele núcleo. Assim, sua primeira ideia, claro não falou de primeira para seus companheiros, foi quebrar aquela fina membrana com o “próprio corpo”. E foi o que ele fez, mas provavelmente o resultado não foi o esperado. Ao quebrar a membrana e abrir um buraco, ele entra em contato com uma enxurrada de dados e informações que assustaria qualquer humano se simplesmente cogitasse o que foi mostrado para o Detetive Bezerra.
Guerras, Pragas, Morte, Epidemias eram não só vistas e ouvidas, eram também sentidas pelo humano chamado Nildo Bezerra, um detetive de quase cinquenta anos que viu sua primeira filha morrer com treze anos por causa de uma doença no coração, o que acabou levando para a separação do casamento com a única mulher que ele acreditou amar. Agora, depois de ter enfrentado esses problemas, superado muitos e conhecido novas pessoas, novos amigos, ele estava sentindo a pior coisa que qualquer humano poderia sentir. A única reação que ele podia fazer é gritar de dor, agora uma dor psicológica e emocional o tomam. Mas, como se não fosse bastante, um fio de sangue começa a descer do seu nariz e seu corpo treme.
— Chamem os médicos! — ordena o poderoso Delegado Fernandez que não via que o perigo era maior.
Uma das assistentes com o coque amarrado tenta ligar para o centro médico com o seu celular, mas não esperava que uma bala estava pronta para interferir. O barulho de uma arma é assustadora, principalmente para aqueles que não vão para a guerra que as ruas apresentam.
Uma figura esguia humanoide com o corpo coberto de mantos pretos que escondia sua aparecia, deixando só a pistola pronta para o próximo disparo.
— Vocês não achavam que eu ia deixar vocês entrar na minha casa sem eu saber, né? — diz a figura com uma voz distorcida.
Os assistentes perto cercam ele com suas pistolas e alvejam a figura, mas ela desaparece deixando rastros de códigos e reaparece em cima dos computadores em uma posição de vantagem e atira naqueles que tentaram o ferir. Isabela que estava com uma mão segurando sua pistola e outra mão aplicava a seringa que Mathias tinha dado, a mesma que precisava calcular a quantidade certa, mas ela não tinha esse tempo todo, então a detetive coloca todos aqueles nano-robôs no corpo do seu companheiro.
— Delegado, deixa comigo o-
Isabela não teve tempo para calcular o volume de nano robôs e também não teve tempo para concluir sua frase por causa do Delegado que pegou rapidamente a pistola de sua mão e começou a atirar na figura que amontoava corpos e destruía o ambiente com os corpos dos assistentes.
O delegado emitia suas ordens para aqueles que sobreviveram para eles fugirem e pedirem reforços, os assistentes saíam da sala correndo desejando sobreviver, mas Isabela estava agachada perto de Nildo ainda confusa.
Porém aquelas ordens eram para ela também e a detetive começa a retirar os fios que envolviam a tecnologia na cabeça do detetive Bezerra. Mais um tiro é disparado pelo assassino, mas foi em direção para o teto.
— Eu deixo aqueles, mas esses não.
— Não perguntei. Leva ele embora, Neves, deixe todas as tecnologias aqui e foge mais longe possível daqui, ele tá usando as nossas telas para nos localizar, esse merda quer o Nildo por um motivo, não deixe. — O suposto alienígena ainda estava parado enquanto via Isabela sair segurando o corpo desmaiado de seu parceiro, deixando no chão os seus smartphones e outras tecnologias no chão.
— Você sabe muito, acho que deve saber o que eu sou também.
— Um assassino de aluguel que usa as telas para se mover para qualquer lugar, além de também conseguir transportar e trocar mentes. Um ser de nome, idade, origem e gênero desconhecidos.
— Eu mesmo, sim, senhor. Percebo que além de ser bem detalhista, é bem corajoso por enfrentar sua morte com tanta audácia. — A figura mexe seus ombros de baixo pra cima fazendo um estralo em seus supostos ossos.
— Sei muito bem que minha morte é certa, mas é bom saber: pra que tanta matança? — pergunta o Delegado que mirava na figura, que também ameaçava atirar nele.
— Falar pra um humano, que tem menos de sete meses se existência, não tem problema mesmo. Eu fui contratado para roubar um arquivo que, pelos boatos, iria trazer grandes mudanças para o mundo, mas não queriam que essa mega corporação tivesse isso em mãos. — Mais uma vez, a figura mexe os ombros.— Assim, uma guerra foi travada entre eles, e entre tantos assassinos eu consegui esse acesso. Porém, eu não sou burro e quis vender isso não só para uma, mas para várias empresas. Eu vou conseguir. Vou ganhar meu dinheiro para aproveitar esse tempo que resta.
— Como sempre o dinheiro, inferno. Você nem pesou que isso pode causar uma guerra? — grita o Delegado Fernandez. — E o que tinha nessa merda de arquivo, afinal, seu sádico?
— Porra, você se importaria em jogar um pedaço de pão no meio de dois formigueiros famintos? eu já vivi tanto nessa vida, tantas vidas. Mas, nunca vi uma guerra global desse tamanho. Sobre a segunda pergunta, — a figura interrompe sua fala quando começa a ouvir movimentação no exterior — você vai ver, Delegado Fernandez.
A figura esguia e misteriosa, mira a arma na sua cabeça e atira fazendo seu suposto crânio ser explodido e espalhando um líquido preto no teto. O delegado olha a cena confuso e com um pico de adrenalina sendo atingido quando vê a sala ser derrubada pelas forças especiais prontas para atirar, mas que param ao ver que o alvo estava no chão inativo, e que não era um sistema orgânico e sim um sistema inorgânico metálico.
Esse não é o fim.
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