⚠️Aviso: apesar de ser curtinha e engraçada, fala um pouco sobre depressão e tentativa de sui**dio.
Se esse tema for um gatilho, por favor,
não leia.

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— Poxa, que saudade do Hoseok... — Taehyung devaneava com os braços cruzados, enquanto assistia a algo na televisão. Não fazia ao menos uma hora desde que vira seu namorado pela última vez.

Jungkook, após colocar um de seus livros já lido na estante junto aos outros, parou os olhos sobre o amigo, estranhando sua feição desanimada.

Olhou para o que passava na televisão e depois para o Kim, intercalando esse mesmo olhar umas três vezes tentando entender o sentido disso.

— Anões espanhóis lutando... — Jeon comentou e se pôs ao lado do azulado, também assistindo ao programa. - E Hoseok? É, realmente, tem tudo a ver com ele!

Taehyung o olhou de volta com cara de poucos amigos e voltou a sua posição inicial. De repente, ao lado do sofá, ouve-se o telefone tocar em cima da mesinha de centro.

O mais velho deles encarou o portador do som estridente que tomara conta de todo o pequeno apartamento, logo seguindo o olhar para o homem com quem dividia o aluguel daquele imóvel. Encarou-o por um bom tempo e quando notou que não tomaria providência alguma quanto a ligação, reclamou:

— Então, você sabe pra quê serve essa coisa, não é? É claro que ninguém liga pra mim por meio desse treco do tempo das cavernas. — apontou para o telefone, debochando.

Taehyung no começo achou fofa a escolha de Jungkook em não ter um celular móvel, mas por outro lado, ele se parece um bobão! Quem, em pleno século XXI, usava telefone fixo?

— Sim, porém estou testando um novo método. — se explicou, gesticulando o que dizia. — Eu acho que se eu atender sempre ao telefone, as pessoas vão achar que eu não tenho nada melhor para fazer. Aliás, se querem tanto falar comigo, por que não me visitam?

Taehyung soltou um simples "ah" e achou melhor não questionar. Nunca entenderia os motivos e príncipios do melhor amigo mesmo.

— Cara, nunca derrubam o Ricardo?! — Jungkook comentou indignado ao assistir o programa de luta.

"Após o bipe, você sabe o que fazer."

O Jeon iria se sentar, se não interrompesse a si mesmo para ouvir a mensagem que estaria sendo deixada em sua secretária eletrônica.

— Alô? Eu estou procurando o Yoongi. Meu nome é Jimin. — a voz doce foi ouvida, e logo os dois rapazes trocaram olhares e se aprontaram a prestar total atenção ao que era dito. — Eu nem sei se esse ainda é o seu número, mas... eu estive pensando em nós nos últimos dias e o quanto foi bom o que tivemos. Sei que já faz um ano e você, certamente, não se lembra de mim, mas eu tinha esperança de que a gente possa se ver de novo. Eu nem sei como eu tive coragem de ligar para você. Sabe o que eu fiz para ter coragem?

— O quê? — Taehyung respondeu, mesmo que o homem do outro lado da linha não o ouvisse.

— Eu fiquei um pouquinho bêbado... — foi possível ouvir pequenas risadas. — E, talvez, agora seja provável que eu esteja afogando as minhas mágoas bebendo o leite da minha gatinha. Sabe como a Bonnie é ciumenta, mas ela entendeu o meu estado decadente.

Jungkook e Taehyung trocaram olhares cúmplices. Quem diria que Yoongi, outro parceiro de apartamento e amigo, estaria de rolo com um cara que pensava que aquela relação era com sentimentos reais e profundos. Pelo amor, quem não o conhece, que o compre!

— Eu vou atender.

O Kim o olhou com uma expressão indignada, se perguntando se ele iria se importar com essa conversa mesmo. Não é da sua conta, criança!

— Qual é? O cara deve estar se sentindo um lixo em forma de gente, ele precisa de um ombro amigo nesse momento!

— Bem, eu acho melhor desligar... — Jimin, do outro lado da linha, continuou. — Você deve estar fazendo algo melhor e te ligar agora foi inconveniência da minha parte.

E não puderam ouvir nada mais que isso.

— Só sei que o Yoongi vai levar um esporro bem bonito por estar dando o número desse telefone para os peguetes dele. Anota aí, Jeongguk! — o azulado sibilou entre dentes e passos largos até a cozinha.

Claro que eles conseguiram seguir com o dia tranquilamente depois do ocorrido. Hoseok apareceu e saiu logo em seguida junto a Taehyung. Jungkook passeou pelo parque, aproveitando também para conversar com os velhinhos que estavam por lá, fez sua faxina diária em casa ao som de divas do pop, arrumou seus livros em ordem alfabética como sempre faz, pagou as contas da casa e assistiu ao seu seriado favorito... mas quando a noite veio e as paranóias do jovem Jeon resolveram não o deixar dormir, fora quando seus pensamentos caíram no telefonema inesperado de mais cedo.

Tantas possibilidades se passaram pela sua cabeça do que pode ter acontecido para os dois romperem um relacionamento tão duradouro...

"Duradouro" só a palavra mesmo, porque o jovem conhecia o jeito — para não dizer espécie — do amigo quando o assunto era relacionamentos amorosos. Yoon sempre foi muito inseguro de si mesmo, e para não ter que dividir seus defeitos e problemas, ou melhor, não preocupar mais pessoas do que o habitual com a sua vida, ele segue só pegando e depois jogando fora. Não é saudável, claro, mas é a escolha dele.

Jungkook não conseguia dormir ao saber que agora aquele homem da ligação poderia estar se embebedando ao sofrer pelo seu ex amor. Já imaginou os perigos que podem acontecer com ele?

O moreno era, definitivamente, louco.

Cansado de pensar, foi para a cozinha em busca de um copo d'água. Mais fácil os seus pensamentos lhe matarem, do que os espíritos que habitam no escuro dessa imensa casa.

Desceu as escadas correndo com os pés descalços a procura dos interruptores.

Deus o livre daquele escuro.

Antes de abrir a porta da geladeira, ouviu o telefone tocar na sala. O susto que tomou foi tão grande que o homem caiu para trás, batendo um dos dedos na quina da mesa.

— Ai, inferno! Isso lá são horas de ligar para os outros? Vai dormir!

Ignorou o som irritante capaz de acordar a vizinhança inteira e pôs o líquido glorioso em um recipiente de vidro.

E, como mais cedo, foi deixado mais um recado em sua secretária eletrônica.

— Oi de novo, hyung... —Jungkook arregalou os olhos quando reconheceu aquela voz, era o mesmo homem da ligação de mais cedo. — Sei que você pode estar dormindo agora, ou não... você sempre foi muito imprevisível. Mas eu só não queria me sentir sozinho novamente, sabe?

Sentou-se no sofá, mirando os olhos no aparelho que reproduzia aquela voz doce cheia de problemas.

— Tem sido muito difícil desde que você me deixou. Isso parece clichê, mas com você eu me sentia tão especial. Ainda lembro de quando compramos o nosso primeiro apartamento, você não conseguia decidir a cor das paredes... mesmo no final optando pelo amarelo, pois lhe lembrava a mim. — nesse momento ele deu uma risada, mesmo que entre soluços e Jeon não conseguiu não sorrir junto. — Agora o amarelo dessas paredes não ultrapassa o branco daquela cama sem você ao meu lado todas as manhãs.

Jungkook pôs sua mão sobre o telefone e fez menção de puxá-lo para um de seus ouvidos.

— Me pergunto se você ouve algum desses recados. Uma hora ou outra você deve mexer nisso, não é? — perguntou, realmente esperando por uma resposta. Um silêncio se instalou por um bom tempo, Jung até cogitou a ideia do homem ter desligado a ligação. — Uma vez você me disse que o amor é feio, que ele só vem em hora errada para você... mas eu digo, do fundo do meu coração, que o amor só é lindo se você o sente. Não te julgo por nunca ter amado, mas eu não acho saudável essa vida que você leva...

Jimin suspirou cansado e Jungkook sentiu seus lábios estremecerem. Depois pensar muito, percebeu que esse não foi um caso só de uma noite, mas sim de várias manhãs, carinhos, conversas que lavam a alma e toda aquela coisa que o amor oferece. Também percebeu que Min havia fugido de tudo isso.

Já era quase um hábito o homem de cabelos negros e pele branca feito a neve não estar em casa. Ele aparecia de vez em quando, apenas para confirmar aos amigos que estava vivo.

— Isso é muito engraçado, não é? Até há alguns meses, eu era o seu amor e você, o meu, nos víamos todos os dias, falávamos sobre tudo... e agora eu estou pagando noventa centavos por minuto para falar com você. E eu sequer sei se você ouve isso. — suspira cansado. — Lembro que você disse para mim que desistir antes da linha de chegada não era uma ideia muito boa... e eu sempre discordava, descansar é bom, às vezes. Mas eu acho que agora é o fim.

Jeon não entendeu muito o que o outro queria dizer. "Desistir antes da linha de chegada"? Ideia alguma se passava pela cabeça do moreno ao ouvir aquilo.

— A não ser que...Meu Deus! — pensou em voz. E isso bastou para atender o telefone, já nervoso pelo o que poderia acontecer. — Onde você está?!

Continua ☎️

Oi, oi? Essa collab será uma two-shot, que já está escrita. Irei apenas revisar o capítulo final e postarei, okay?

Mas e aí, o que vocês acham que irá acontecer?

Não se preocupem, não sou fã de tragédia 🥲