|Capítulo 12 - Aliança Forçada|
O visual por parte de todos os participantes estava completamente diferente do habitual no castelo. Usavam tênis, roupas próprias para exercícios físicos e portavam um mapa e uma lanterna em mãos. Ainda era de manhã, mas foram orientados e se arranjarem desta forma.
A maioria dos casais estava afoito, todos na entrada, um ao lado do outro. Aveta e Laerte preferiram tomar distância, mal era percebida a moça com rabo de cavalo alto e vestimenta preta. Além do recomendado, Aveta encapou as mãos com luvas half fingers também escuras.
Laerte a advertira sobre o calor que sentiria durante o dia por ter feito aquela escolha, mas não se importou.
O tempo estava abafado, o Sol tornou a se esconder atrás das nuvens, mas o calor que provinha de seus raios deixou o clima quente. Os finos fios soltos que cobriam a nuca da princesa já estavam grudados em sua pele pelo suor. Assim como a testa pálida de Laerte estava coberta por pequenas gotículas que tendiam a descer e entrar nos olhos.
Homero apareceu na entrada, acompanhado de quatro auxiliares. Estava extremamente bem arrumado, algumas princesas perderam até mesmo o compasso ritmado do coração quando o viram trajando uma roupa mais despojada. Ele cruzou os braços e encarou cada um deles até obter silêncio completo antes de começar:
— Bom, como vocês podem imaginar, a próxima prova irá avaliar a capacidade física de todos. Mas além disso, o pensamento lógico é estratégico. — Pôs-se a andar de um lado para o outro enquanto falava. — Vocês receberam um mapa, e podem notar que existe um ponto marcado. É onde nós estamos.
Todos os participantes abriram rapidamente o mapa e encararam o marcado em “X”.
— Esse é o lugar onde vocês devem chegar — afirmou.
— Como? — Lorena questionou.
Aveta já imaginava que eles não partiriam do castelo, mas preferiu manter aquela suposição em segredo. Deu apenas um sorriso de convencimento e voltou a prestar atenção na explicação.
— Vocês serão levados ao outro lado da mata dos artilheiros — Apontou para trás, onde a floresta se erguia depois do jardim —, terão o dia inteiro para achar três medalhas dispostas ao longo do caminho e voltar para o castelo atravessando a mata.
Os casais pareciam tranquilos, haviam sido treinados durante o período antes de entrar no castelo, estudaram leitura de mapas e probabilidades, sentiam-se preparados para tal tarefa.
— Prestem muita atenção — disse Homero, elevando o tom da voz. — O último casal a chegar estará automaticamente eliminado da competição.
Todo o sentimento de tranquilidade que existia no local se esvaiu. Os murmúrios das princesas e príncipes desesperados com a possibilidade de ir embora era, de certa forma, irritante. O anfitrião esperou que se acalmassem um pouco e continuou:
— Cada casal receberá uma mochila, dentro dela existem duas garrafas de água, duas maçãs e um sinalizador. Se acontecer algum imprevisto urgente, vocês vão usá-lo para nos contatar.
Kaya ergueu a mão.
— Alguma pergunta?
— Vamos seguir todos pelo mesmo lugar, ao mesmo tempo, ou podemos nos dividir na mata? — Ela quis saber.
— Existe um caminho principal, é um norte para que não se percam na vinda para o castelo. Mas toda a floresta pode ser explorada, se quiserem. Fica a critério de vocês.
— Então as medalhas podem estar em qualquer lugar? — Foi a vez de Romana indagar.
— Sim. Podem estar em qualquer lugar. — Homero foi sucinto.
— Mas assim vai ser impossível! — Germano bradou, balançava a cabeça para os lados, inconformado.
— É só o que posso dizer. — Homero gesticulou com as mãos para frente. — Entreguem as mochilas a eles — ordenou aos auxiliares. — Uma boa sorte a todos. A condução de vocês já está à espera.
Eles escutaram o barulho do motor ligar e olharam para o coletivo parado no estacionamento frontal. Ele era amarelo, como os antigos ônibus colegiais, não parecia ter muito conforto ou modernidade. A função dele era apenas deslocá-los de um lugar a outro, e ele cumpria apenas ela, nenhuma outra mais.
Laerte e Aveta esperaram que os demais casais se ajeitassem dentro do veículo e encontraram um lugar vago no último banco, onde a janela não abria. Caminharam até lá, se sentaram e esperaram o movimento do ônibus começar.
Aveta fechou os olhos e inalou o cheiro de gasolina que invadiu suas narinas, jogou a cabeça para trás e apoiou a mão no suporte à frente do seu assento.
— Está sentindo alguma coisa? — inquiriu Laerte, com os lábios bem próximos ao ouvido esquerdo dela.
— Não. Estou pensando. E tentando me concentrar com esse bando de maritacas que não param de pestanejar. — Ela referia-se ao resto dos concorrentes que reclamava de tudo: do calor, da condução, da prova e da eliminação proveniente dela.
— Acha que Catarin sabe algo sobre essa prova? — Laerte perguntou.
— Bom, pelo que estou vendo, ela não me parece segura o bastante. — Aveta abriu os olhos e encarou a moça sentada em um dos últimos bancos. Ela não parava de olhar para fora e bater os dedos no lado do assento. — Nervosa desse jeito, eu duvido que saiba de alguma coisa.
— Eu te disse que ela era um peão — rebateu Laerte.
— É, mas não podemos subestimar uma assassina. — Aveta voltou a fechar os olhos. — Laerte, o que você faria se nós fossemos eliminados hoje?
— Não seremos. — Laerte respondeu sem meias palavras. — Não é uma opção.
A voz dele estava alterada, pela primeira vez a princesa notou algo que até então estava bem escondido no príncipe: medo.
Depois de uma hora na estrada, escoltados por carros da guarda do castelo, chegaram ao ponto de partida do mapa. Era ao lado de uma ponte, onde os cipós e a vegetação alta pareciam fechar completamente o caminho.
Os príncipes e princesas desceram do automóvel e se posicionaram em frente ao local de início. Três auxiliares estavam com eles, e quando permitiram que eles começassem, os casais foram desesperados mata adentro.
Laerte e Aveta ficaram para trás, mas não só eles, John e Kaya também esperaram que os demais entrassem.
— Não vão? — Laerte apontou para a floresta.
— Vamos esperar que eles abram caminho, pelo menos nesse primeiro pedaço — John respondeu.
— Poderíamos ir juntos — disse Kaya. — Não tem nenhuma regra que impeça isso.
O príncipe Laerte olhou para a companheira, sabia que ela tinha suas ressalvas sobre passar por aquele tipo de prova com outras pessoas ao seu lado. Poderia ser uma ajuda ou um problema, dependendo da forma de procura que fossem adotar.
A princesa misteriosa pareceu não gostar muito da ideia, mas temeu parecer grossa ao dispensá-los, e perder o apoio de um dos casais favoritos ao trono naquele momento não era bom.
— Ótimo! — Ela forçou um sorriso. — Podemos nos ajudar, quatro cabeças pensam melhor que uma — mentiu.
Ela nunca achara que o número de pessoas pensantes era importante, mas sim o conteúdo de cada uma delas. Estava dividida por colocar a prova na mão de mais duas pessoas além dos dois, todavia, não existia outra saída. Ela olhou para as árvores com folhas sacolejantes e suspirou.
— Não escuto mais os passos deles, acho que já podemos ir.
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