Pesadelo real - Parte I
Alicia estava debaixo das cobertas com uma lanterna acesa, e folheava uma revista pornográfica masculina. Se deliciava vendo os homens nus bem afeiçoados e com seus pênis grossos e eretos. Sentiu excitada por um momento quando viu na página seguinte uma mulher chupando o pau de um cara com tatuagem nos fortes braços.
Ela estava de short de seda e não estava de calcinha. Introduziu um dedo em sua vagina e começou a meter, imaginando que estava sendo comida por aquele rapaz da revista masculina. Era gostoso, mas seria ainda mais se tivesse alguém ali com ela, para poder agarrar e sentir o calor do corpo do outro penetrando sua pele.
Foi então que a lanterna se apagou de repente e as cobertas que estava lhe servindo como barraca se lançou para fora da cama como se alguém a tivesse puxada e ela teve sua boca fechada por uma grande mão antes de poder gritar. Ela se debatia na cama e no escuro do quarto, e sentiu como se um manto bem gelado tivesse caído sobre ela.
- Abre as pernas sua vadia!... – sussurrou uma voz feia e cheio de malícia, e Alicia não conseguiu saber de quem pertencia àquela voz e só queria mesmo era respirar e gritar por seus pais... Ela se sacudia na cama violentamente e seus braços se contorciam para os lados, como se houvessem duas mãos humanas puxando seus braços um de cada lado, e suas pernas suspendiam para o alto e abria e fechava em movimentos rápidos... e recebia forte tapas no meio de suas pernas. Doía, mas ainda não conseguia respirar e gritar por socorro. E de novo a voz estranha e medonha preenchia o quarto imensamente escuro e frio: - Sua buceta vai ficar inchada, sua vaca! E vai ficar mais gostosa para mim!
Alicia sentia que ia morrer se não conseguisse respirar e sua mão atingiu o abajur em cima do criado-mudo e caiu, fazendo um barulho. Torceu que seus pais acordassem com o barulho e viesse vê-la imediatamente, pois já estava com o peito doendo muito...
Alicia estava recebendo tapinhas no rosto e de repente abriu os olhos e gritou. Seu pai e sua mãe a seguraram firme quando ela tentava se levantar da cama desesperada, aos berros.
- Alicia, querida, acalme-se! Somos nós, seus pais! – gritava sua mãe em choque.
- Por Deus, minha filha, o que está havendo?! – falou seu pai de pijama, segurando firmes os braços dela. Alicia olhou para o lado e viu que estava com seus pais. Começou a chorar aflita.
- E-eu... eu fiquei com tanto medo... – e abraçou sua mãe.
- Você deve ter tido um pesadelo, querida... agora está tudo bem, meu anjo... – dizia sua mãe passando suas mãos sobre a cabeça dela.
- E-eu tentava gritar... mas não conseguia respirar! F-foi horrível... – murmurava tomando fôlego.
Seu pai lançou um olhar estranho para a esposa.
- Mas ouvimos você gritar, filha, por isso viemos vê-la.
Alicia recuou dos braços da mãe e olhou surpresa para eles. Olhou em cima do criado-mudo e o abajur estava ali, intacto como sempre.
- Você deve ter sonhado e no sonho a gente acha que não gritamos, mas sonho é sonho, meu amor... – explicou a sua mãe amavelmente. Alicia não conseguia acreditar que tudo não passara de um pesadelo... e lembrou das provas que podia jurar que fora real o que sentira...
- Cadê minha lanterna e a minha revi... – mas parou e lançou um olhar de medo sobre a cama, e depois curvou e espiou debaixo da cama, deixando seus pais confusos.
- O que está procurando, Alicia?
- Vocês pegaram minha lanterna e meu caderno?
- Não pegamos nada, filha... – começou sua mãe agora se levantando. – Como eu disse você apenas sonhou com isso... agora relaxe e tente dormir novamente...
- Não quero! – disse ela em pânico, tendo a certeza de que quando apagasse a luz viria sentir aquilo novamente. – Posso dormir com vocês?
Seus pais se entre olharam e sorriram sem graça, mas Alicia não se importou se ia incomodar ou não, valia tudo para não ficar sozinha naquela noite.
- Pode sim, meu amor... vamos então?
De manhã um carro de polícia parava em frente à casa do professor Antônio, e o detetive Lopes com mais três policiais saíram da viatura e apertaram a campainha. Algumas pessoas observavam espiando das suas janelas o movimento na casa do professor. Antônio saiu ainda de pijama para atendê-los.
- Bom dia? O que posso ajudá-los?
- Sou o detetive Lopes. Estou investigando as mortes de seus alunos: Joyce e Robson.
- Sim... em que posso ajudá-los? – ele sentiu um frio passar na espinha.
- Poderia nos acompanhar até a delegacia para responder umas perguntas?
- Sim, claro, sem nenhum problema... agora? Ou depois?
- Agora.
- Bem então vou me trocar... querem esperar lá dentro?
- Tudo bem, obrigado. – Lopes preferiu aceitar o convite, pois a rua já estava ficando cheia de curiosos. O professor levou os homens da lei até a sala.
- Vou subir e me vestir.
O professor subiu e entrou rápido no quarto.
- Droga... vou ser preso! – e apertou os lados de sua cabeça com força.
Você não vai ser acovardar agora, não é? Não depois de feito tudo tão perfeito... Não se deixe ser pego por esses idiotas! Fuja! Vá para o exterior, se disfarce, sequestre Alicia, e viva com ela num lugar onde nenhum deles lhes possam fazer mal!
O professor escutava a voz e estava ficando louco novamente. Ele se trocou rapidamente e sem pensar nas consequências abriu a janela e pulou. Caiu abaixado e machucou o pé na queda, mas aquilo não o faria desistir do seu plano seguinte. Mesmo mancando pulou o muro da casa do vizinho do fundo e o cachorro estava na corrente, por mais que o animal se agitava e latia, seus donos estavam na frente de sua casa ocupado com os demais vizinhos que bisbilhotavam a casa do professor. O professor Antônio pulou três muros até se ver num terreno baldio e fugir as pressas para bem longe dali.
Lopes e seus homens estavam impacientes na sala.
- Mas que demora em vestir uma roupa! – resmungou um dos policiais.
- Talvez ele acha que vai poder voltar para dar aula depois da interrogação – debochou um outro.
O detetive resolveu ir até o quarto. Subiu as escadas e chamou-o pelo corredor:
- Professor? Está tudo bem? – ele caminhou em direção a porta fechada e girou a maçaneta. Trancada. – O senhor está bem? Abre a porta, por favor!
Mas nada de resposta. O detetive começou a sentir uma inquietação e correu até a escada, chamou seus companheiros. Os policiais subiram de armas em punho e arrombaram a porta fechada do quarto. O professor não estava ali, e a janela estava aberta.
- O desgraçado pulou! – exclamaram os policiais.
O detetive estava na delegacia conversando com o delegado.
- ...agora sabemos que Joyce e Robson não morreram em circunstâncias normais, como imaginávamos! Se o professor era inocente por que fugiu? – tentava convencer o delegado sobre sua suspeita com o envolvimento de Antônio naquelas mortes.
O delegado massageou a testa e suspirou incomodado com a grande falação que aquele caso ainda ia provocar na sua delegacia. Queria acreditar que os jovens morreram por acidente e suicídio, mas devido às circunstâncias...
- Então o que pretende fazer senhor Lopes? Fazer uma busca?
- Isso teremos que fazer, é obvio. Mas primeiramente queria evitar mais assassinatos, senhor.
- Como assim? – estranhou o delegado, cruzando as mãos em cima de sua mesa com diversos documentos e arquivos.
- Acredito que o professor voltará a tentar cometer seus crimes, e Alicia e o jovem Marcos devem estar incluído na lista dele. Se bem que Marcos é o mais provável.
- Então o que pretende fazer? Plantar um policial na casa desses garotos é? – riu.
- Sim. – o delegado parou de rir e ficou indignado.
- Mas você ficou louco! O que acha que vai acontecer se a imprensa local descobre o nosso plano, hein? Cada morador dessa maldita cidade vai querer um policial de plantão acreditando não estar seguro com um assassino em série a solta pela cidade!
- Mas se não agirmos assim logo teremos mais mortes e aí sim a imprensa vai se deleitar em manchetes contra o nosso trabalho! – explodiu o detetive, batendo de punho fechado sobre a mesa do delegado.
O velho olhou de modo desafiador para o jovem investigador.
- Faça como achar que deve ser feito então.
- Obrigado, senhor. – e saiu triunfante do escritório do seu chefe.
A tarde transcorreu bem, e Alicia teve aula normalmente. A diretora recebeu uma ligação desconfortante do detetive, que era para ficar atenta se caso o professor Antônio resolvesse aparecer no colégio.
O professor Mariano deu aula no lugar do professor Antônio à ordem da diretora Gilda, e a classe desanimaram quando o professor chato passou atividades para nota!
No recreio a diretora chamou o professor de matemática para sua sala e trancou a porta após ele entrar.
- O que foi diretora? – se preocupou ele, vendo a reação de medo nos olhos dela.
- Oh, meu Deus! O professor Antônio está foragido da polícia! – revelou ela.
O professor caiu sentado na cadeira, perplexo.
- O que tá me dizendo? Mas por quê?
A diretora ficou remoendo entre si se contava ou não o que sabia para ele, e resolveu que não conseguia guardar só para si.
- A polícia acha que Antônio tem algo haver com as mortes de Joyce e Robson... e que agora ele esteja planejando a morte de Alicia ou do jovem Marcos.
- Mas que absurdo! Eles não foram assassinados! Está nos jornais! – repudiou o professor ao saber aquilo.
- Eu também ainda não acredito que ele tenha feito isso, mas ele acabou fugindo quando o detetive foi a sua casa hoje de manhã.
- Mas porque ele fugiu? – estranhou o professor.
- Isso é o que eu gostaria de saber! – exclamou ela surpresa. – Então fique atento caso encontre o professor Antônio por aí.
Alicia e Marcos estavam sentados na arquibancada da quadra tomando uma coca-cola de latinha. Marcos não lhe contara que ligou para o detetive na tarde de ontem e não ia contar até ela descobrir por si própria, porem ele sabia que teria um policial em plantão à frente da casa dele, já que andou sendo informado pelo detetive Lopes naquela manhã.
Alicia percebeu que o amigo estava tenso, como se escondesse algo dela.
- Não é nada não... fique tranquila. – disse ele quando ela perguntou o que estava se passando com ele.
O sinal tocou e eles voltaram cada um para sua sala.
Os restantes das aulas foram de Geografia e História. Alicia estava arrumando seu material quando a diretora apareceu acompanhada por um policial fardado, e a classe sentaram imediatamente nas cadeiras, mesmo sabendo que estavam para irem embora.
- Com licença professora Marta. Alicia pegue suas coisas e venha.
Alicia estranhou e sentiu um nó na garganta e ouviu cochichos a suas costas das colegas.
- O que eu fiz diretora?
- Nada de perguntas apenas acompanhe o senhor policial até o carro. Ele vai levá-la para sua casa. Até amanhã. – a diretora se afastou. O oficial pediu para ela o acompanhar e ela obedeceu. No estacionamento havia dois carros, e Alicia viu que no outro carro estava seu amigo Marcos que olhava para ela como se lamentasse por aquilo tudo. Os policias dirigiram um para casa do outro. Os pais de Alicia já estavam em casa e o detetive Lopes estava com eles na sala de visita. O policial mandou-a entrar pra sua casa enquanto fazia guarda dentro do carro. Alicia encontrou seus pais e o detetive sentados e tomando chá.
Os olhos de seus pais estavam inchados, como se tivessem acabados de chorar muito, mas eles se disfarçaram.
- Oh, Alicia... – disse sua mãe sorrindo. – Esse é o detetive Lopes.
- O que ele faz aqui? – perguntou ela rispidamente.
- Ele acabou de nos contar que você pode... pode estar em perigo minha filha. – disse o pai.
- Eu estou bem e vou ficar bem. Não quero ser escoltada por policiais e nem ficar sendo vigiada! – gritou ela e correu para o seu quarto. Ela se jogou em cima da cama e murmurou em pânico: Oh meu Deus! Isso só pode ser um pesadelo... Um terrível pesadelo!
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