Cap. 83
Elena P.O.V.
Depois da entrega dos diplomas, todos decidiram comemorar em algum restaurante, mas com certeza a namorada dele iria e não queria outro vexame em público.
Eu: Mãe, acho que não vou com vocês. - pronuncio num tom baixo, somente para ela escutar.
Glória: Por que, filha? Aconteceu alguma coisa? - questionou.
Eu: Não, só não estou muito no clima e estou cansada. Vou pra casa, tudo bem?
Glória: Tudo bem. - assentiu.
Me despeço de todos e chamo um táxi. Estava hospedada no apartamento da Judete, que me abrigou por anos durante o ensino médio. Meus pais e irmãos estavam num hotel ao lado do prédio, junto com minha amiga e o restante do pessoal.
Jhonatan: Ei, Elena! - exclamou, vindo até mim.
Eu: Diga. - olho para ele, antes de adentrar o veículo.
Jhonatan: Pensei que fosse conosco. - ressaltou.
Eu: Não estou muito afim. - balanço a cabeça. - Aliás, não precisa se preocupar com a minha ausência, sendo que terá sua namorada ao seu lado.
Jhonatan: Elena. - diz suavemente e segura meu braço.
Esse era o segundo momento que pensava que podíamos reatar o namoro e que talvez ele fosse me beijar, mas acho que estava delirando e criando esperanças demais.
Eu: Quer falar mais alguma coisa? - arqueio a sobrancelha.
Jhonatan: Não. - responde e me solta. - Só acho que devemos conversar sobre... Nosso filho.
Eu: Claro. - afirmo. - Amanhã passo no seu apartamento. Tudo bem pra você?
Jhonatan: Sim. - assente, saindo de um transe repentino.
Eu: Divirta-se, Jhona. - sorrio e sento no banco traseiro do carro.
O mesmo fecha a porta do automóvel e acena para mim. Uma vontade enorme de chorar me abrange e isso me faz lembrar dos momentos que passei com meu sequestrador, que foram traumatizantes. Persistia em manter-me firme pelo meu bebê e pelo cara que ainda amava, mas cada vez mais duvidava que fosse conseguir aturar todo o passado.
(...)
De manhã relutei para levantar da cama, já que além de estar frio quis permanecer quieta e longe de todos. Minha amiga me obrigou a ajudá-la a preparar o café e assim tomei um banho quente. Me arrumei e desci até a cozinha, onde avisto Justin conversar com meu irmão.
Edgar: Bom dia. - proclamou, sorrindo.
Suspiro fundo e evito respondê-lo, que é incomum para os presentes naquele cômodo. Ajudo no que posso na preparação, sem emitir nenhuma palavra; não estava com ânimo para conversar e muito menos me alimentar.
Saio do apartamento sem explicar para onde iria ou que horas voltaria, e nem sequer levo o celular novo que meu pai havia me dado. Só queria ficar sozinha e pensar nos ocorridos injustos da minha vida. Por causa de um filho da puta tive que abandonar todos e sinto que os perdi. Mesmo que tente mudar os fatos, parece cada vez mais impossível reverter a situação.
Do que adianta criar um feto num mundo onde será rejeitado? Nem nasceu e sei que meus pais não aceitam isso, muitos menos meus irmãos e amigos. Ninguém gosta dessa ideia e, estou começando a odiar também.
Seria melhor estar morta e jamais descobrirem da minha gravidez? Meu amado estaria com outra, feliz e construindo a sua família, sem a minha interferência. Merda! Qual o problema comigo? O que há de errado?
Inspiro o ar fresco que vinha da costa, enquanto sinto partículas de água soprarem sobre meu rosto. Quando criança adorava o mar, sonhava em morar perto do oceano. O que aconteceu com aquela menina inocente?
Uma lágrima escorre e caí na areia, que está úmida devido as outras gotas que também estão caindo, mas não do meu choro e sim da chuva. Já ficava encharcada e nem me importava. Minhas pálpebras se fecham lentamente e ouço o som ao meu redor, que me deixa calma em meio ao transtorno dentro de mim.
- Elena! - escuto, mas finjo estar alucinando. - Elena! Para!
Percebo que estou caminhando em direção a maré, quem sabe me afogar e realmente parar de existir. Isso resolveria os problemas em minha volta, certo? Isso deixaria aqueles que amo felizes, estou certa? Alguém me diz o que tenho que fazer!
- Elena! - a voz grita e me puxa bruscamente, fazendo meu corpo cair. - O que pensa que está fazendo?
Eu: Me larga. - digo, suavemente e tão fora de mim. - Preciso deixar aqueles que amo felizes e só tem uma solução. - debato-me.
- Você ficará aqui, entendeu? Viva! Esqueceu que tem um filho dentro de você? - esbraveja.
Eu: Não me importa! Se jamais tivesse aparecido, ninguém saberia. Então o que adianta agora?! - me reergo e antes de andar até a água de novo, sinto seu toque na minha pele.
Jhonatan: É nosso filho, Elena. Você precisa criá-lo, não pode morrer porque... Eu necessito da sua presença aqui, como há meses quis e pensei nunca mais ter. - murmurou, próximo do meu ouvido. - Por favor, estou te pedindo, não me deixa novamente. Tenho certeza que não vou suportar a dor de te perder outra vez.
Viro-me para olhá-lo e percebo seus olhos lacrimejados. Aquilo doía, todo meu mundo desabando machucava, mas não tanto quanto vê-lo suplicando para permanecer ali. Sem processar mais nada, pois minha mente era uma máquina de tortura, selei nossos lábios.
Foi como algo reacendendo dentro do meu corpo, fazendo meu coração bater mais forte e uma explosão de sentimentos bons surgir em mim. Sentia falta de tê-lo ao meu lado, cuidando e me protegendo, sentindo sua pele na minha que me causava tudo que podia me saciar e cada vez mais o queria comigo.
O mesmo me puxou pela cintura e intensificou o beijo, tão desejado e prazeroso. Não queria soltá-lo ou parar aquele momento, pois era único para nós dois. Quando o ar faltou, demos inúmeros selinhos e colamos nossas testas. Um sorriso se alastrou em nossos rostos.
Jhonatan: Fica comigo, por favor, Elena. - pediu.
Eu: É claro, não preciso pensar duas vezes. - digo e logo repenso. - Mas, e a Ângela...?
Jhonatan: Esquece todo o resto por enquanto, tá bom? O importante é você e esse bebê.
Achava tão fofo quando ele se referia ao nosso filho, pois seus olhos brilhavam e tinha consciência que ele adoraria ter um bebê já que idolatra crianças. Talvez persistir sozinha fosse um erro que nem se quisesse conseguiria aturar, mas com ele poderia mudar meus pensamentos.
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