Cap. 22
Jhonatan P.O.V.
Era bom beijar a Elena, mas ao mesmo tempo era errado. A gente se odiava, então porque isso acontecia? Quando estou com ela as coisas mudam. Ela não é mais a garota que infernizo e me xinga. Ela se torna a garota que estou conhecendo aos poucos e que ao me fazer sorrir, me faz bem, como nunca ninguém fez, nem meus pais.
Elena: Isso tem que parar de acontecer, senão as coisas podem piorar. - sussurrou, após me afastar centímetros dela.
Eu: Tem razão... Me desculpe. - afastei-me ainda mais dela.
- Preciso evitar que essas coisas ocorram novamente. Preciso evitar a Elena por algum tempo.
Elena: É melhor irmos, senão meu estomâgo vai criar vida própria. - zombou me fazendo rir.
Seguimos até a praça de alimentação. Fizemos nossos pedidos e esperamos sentados numa mesa. Não tínhamos assunto. Queria conversar com ela, mas estava constrangido por tê-la beijado.
~ Que evolução, Jhonatan Bertolini está constrangido pela primeira vez na vida.
Eu: Ér... Então... Como tem andado aquela sua amiga? A Luísa?
Elena: Bem. - respondeu sem tirar o olho do celular em suas mãos.
Eu: Cara, como eu sou burro. - resmunguei baixo, fazendo ela me olhar com a sombrancelha erguida. - Ah... Não tem nada haver com você. Relaxa. - expliquei nervoso.
A mesma deu de ombros e voltou a olhar para a tela iluminada:
Eu: Elena, vai ficar mexendo no celular em quanto estou aqui? - falei indignado, mas fui ignorado por ela.
Peguei meu celular no bolso e desbloqueei o mesmo.
¬ mensagem ¬
Elena irritante - online
- Vai me ignorar mesmo?
Elena irritante: Não estou te ignorando, só estou ocupada.
- Vou embora então. Quando você estiver "desocupada", a gente conversa.
¬ mensagem ¬
Levantei-me na intenção de pegar meu carro e ir direto para casa. Mas fui impedido por Elena, que segurou meu braço.
Eu: Que foi, Elena? Me deixa ir embora. Você está ocupada fazendo sei lá o que. - falei um pouco alterado.
Elena: Fica. Eu já acabei. - disse calma.
Eu: Ah, agora você acabou? Estou aqui igual um idiota, tentando puxar um assunto contigo e você fica na merda do celular me ignorando! - me virei rapidamente e num instante senti os lábios da Elena colados aos meus.
Elena: Você fala demais, almofadinha. - sussurrou.
Sentei novamente e encarei a mesa.
- Mais que merda está acontecendo aqui?
Garçonete: Aqui o pedido de vocês. - se aproximou e logo saiu.
Elena: Incrível. - disse e a olhei, que comia uma batata frita.
Eu: O que... é incrível? - arqueei a sombrancelha.
Elena: A garçonete. Desde o momento que anotou nossos pedidos não para de olhar pra você, e olha que ela esfregou os peitos bem na tua cara quando veio entregar nossos pedidos. E você fica tão... No mundo da Lua. Devia ter olhado, aproveitado. Só acho. - deu de ombros.
Eu: Elena, você tem noção do que acabou de falar? Você me beijou quando não queria que eu fosse embora. E agora fala isso? Que espécie de jogo é esse?
Elena: Jogo? - sorriu irônica. - Não faço jogos, Jhonatan. Aliás, detesto isso. Iludir? Nunca vi isso, nunca fiz isso e nem vou. Quer dizer, ver eu já vi, mas pessoas que fazem isso só merecem o meu desprezo. - continuou a comer.
Eu: Então se não é um jogo ou uma ilusão o que está fazendo, o que é?
Elena: Ainda não sei. Estou descobrindo. - me olhou séria.
[...]
Ficamos mais um tempo na praça de alimentação. Conversamos sobre outras coisas, tomamos sorvete e saímos do shopping. Quando estavámos indo em direção ao estacionamento, uma mulher idosa parou a gente.
Senhora: Com licença, jovens. Vocês poderiam me dizer aonde fica o banheiro para deficientes? Tenho que levar meu querido marido que está apertado.
Elena: Ér... Fica bem ali. - apontou na direção dos sanitários.
Senhora: Muito obrigada, minha jovem. Sabe, olhando para vocês, lembro da época de quando eu e meu marido tínhamos a mesma idade de vocês. Viviamos por aí, curtindo a vida, mas com moderação, é claro...
~ E começou aquele relato de vida da tiazinha que nem ligo para o que já passou com seu marido... -_-
- Você não liga, mas eu sim.
~ Como assim? Você sempre ignorou esse tipo de coisa. '-'
- Sim... Mas quer saber, devia ter dado mais atenção. Eles sabem mais que nós adolescentes. Minha avó nunca se importou com essas coisas, diz que o importante agora é que ela é rica, e o passado não tem importância. Mas essa senhora sim, batalhou e é bom saber.
Senhora: Bom, meus jovens, aproveitem a vida enquanto podem. Eu aproveitei muito a minha e ainda aproveito. Cuidar do meu querido, mesmo doente, é muito bom. Amo ele demais da conta, meu tesouro. Durante cinquenta e um anos de casada ele sempre me tratou como uma rainha, me protegia de tudo, estava comigo nos momentos ruins também. Acho que o amor é isso, ter cuidado com a pessoa amada. Vê se faz isso com essa mocinha, viu rapaz? - apontou para mim.
Eu: Claro. - assenti sorrindo.
Senhora: Se cuidem, tenho que ir. Tchau. - beijou nossas bochechas e foi embora.
Eu: Senhora simpática, né? - sorri para Elena.
Elena: Pois é. - disse com os olhos brilhantes.
Eu: Gosta de gente idosa?
Elena: Adoro, para ser bem específica. Eles tem umas histórias de vida maravilhosas. Isso inspira bastante à mim.
Eu: E sua avó? - perguntei, mas vi seu olhar entristecer. - Ah... Desculpa, desculpa mesmo.
Elena: Tudo bem. - sorriu de lado. - A minha avó morreu já faz um tempo. Ela era uma pessoa adorável. Fazia uns bolos deliciosos. Sabia de décor sua história de vida, mas não cansava de perguntar à ela para saber alguns detalhes. Ela era incrível.
Eu: O que houve com ela?
Elena suspirou:
Elena: Ela morreu de Alzheimer. Tive que ver ela deitada na cama, que antes fazíamos cabana para bonecas de pano, morrendo aos poucos, sem ao menos se lembrar da própria neta, sem ao menos lembrar da história que viveu.
Uma lágrima escorreu pelo rosto da Elena, aquela não seria a primeira vez que a via chorando, mas me fazia ficar triste também.
Eu: Ei, ela está num lugar melhor agora, pode ter certeza. Aposto que ela deve estar olhando para você agora e pensando "Que neta linda ela se tornou. Batalhadora e muito marrenta, que não leva desaforo pra casa, e que tem um sorriso maravilhoso". - falei e ela sorriu. - Sabe, pelo menos você teve sorte.
Elena: Sorte no que? - me olhou confusa.
Eu: De ter uma avó assim. A minha nem liga para essas coisas de passado e tudo mais. Ela sofreu na infância, batalhou na adolescência para estar aonde está agora. E ainda mais, criou minha mãe e meu tio sozinha quando meu avô morreu. Hoje ela é orgulho nacional para todos, até para minha família e aqueles que a substimaram. Mas poucas vezes ela lembra que tem netos e detesta ser chamada de avó, diz que não é tão velha assim. - revirei os olhos e Elena riu.
Elena: Sua avó deve ser uma pessoa adorável de se conviver. - falou ironicamente.
Eu: Aham, super, nem imagina o quanto. - rimos e fomos embora de uma vez do shopping.
•••
Olá, pessoal!
Aqui está o vigésimo segundo capítulo de O Inesperado, espero que gostem, fiz com muito amor e dedicação.
Se possível, votem e comentem. E logo sairá o vigésimo terceiro capítulo, então aguardem.
Um beijo do coração, e até a próxima... 😘👽🌟
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