Capítulo XIV
Um par tripudiava no aposento ao som de um violino taciturno. Isabella seguia Hilal com um sorriso ensaiado ao ínterim que se atentava a seus passos de dança.
- Relaxe um pouco, Vossa Alteza – instruiu o professor.
- Certo – murmurou respirando profundamente.
- Não precisa ter medo de errar, você tem treinado há tanto tempo que seu corpo se moverá por conta própria.
Isabella acenou polidamente, embora ainda não conseguisse relaxar.
A jovem de olhos azuis mal podia acreditar que se passaram dois meses e meio desde que concordara em tornar-se a noiva do Imperador Vermelho. O tempo correra rápido demais.
Seus dias eram efêmeros e instáveis, como estar nas bordas de um desfiladeiro rochoso num dia de forte ventania ou como um sonho que é esquecido ao acordar. A vida que Isabella cultivava ali era tão irrealista quanto as tragédias gregas, porém grudava em sua tez e estendia-se até um horizonte ábdito.
O som do instrumento foi esmaecendo progressivamente até que a música chegou ao seu término, dissolvida na luz frágil que adentrava o aposento. Professor e aluna curvaram-se um para o outro.
- Bem, Vossa Alteza – começou o senhor enquanto ajeitava seu monóculo -, com todo o respeito, eu sinto como se eu estivesse dançando com uma pedra. Você é muito autoconsciente sobre seus próprios movimentos.
Isabella corou. – Sinto muito...
- É importante que você entenda que uma dança é mais do que uma coreografia ensaiada, é o fluxo de um rio, um crepitar de uma chama, é a vida, é a morte, é uma emoção... – Palavras apaixonadas começaram a sair dos lábios de Hilal como corredores, sem parar por sequer um instante.
- Eu entendo professor, mas quando me lembro que nobres que ensaiaram por toda uma vida estarão me analisando, não consigo evitar ficar apreensiva – interrompeu Isabella assim que sentiu que o discurso começava a ficar muito extenso.
- Bem, não se trata do tempo que você passou dançando e sim do sentimento que você tem pela dança.
- Não sei... – murmurou duvidosa.
Hilal limpou a garganta. – Vossa Alteza, sinto muito, mas essa é única coisa que posso recomendar no momento.
Um lamento melancólico esgueirou-se para fora dos lábios rubros da jovem, ela estendeu sua mão e tocou levemente seu pescoço esguio, sentindo-se sem esperança.
Olhando-a daquela maneira tão lúgubre, o senhor não pode deixar de ficar desamparado. Parte da responsabilidade da falta da evolução de Isabella na dança era dele já que era incapaz de se expressar melhor em palavras. Talvez por isso, este senhor tenha decidido dar uma sugestão tão pouco convencional e arriscada para jovem:
- Veja bem, este é um dos melhores conselhos que eu posso dar para pessoas que tem dificuldades em dançar com coração, entretanto esta pode não ser a melhor alternativa para você que tem Sua Majestade como noivo...
- Do que se trata? – inquiriu com curiosidade.
Hilal pigarreou. – Talvez você deva considerar ensaiar com o Imperador Vermelho.
Os olhos azuis de Isabella continuaram vidrados em seu professor esperando uma continuação da explicação.
- Veja bem, a esta altura eu imagino que você já saiba que após o comprometimento, a dança torna-se algo extremamente íntimo, tal que apenas um casal ou uma família pode compartilhar.
- Já estou a par disso.
- Geralmente, quando algum aluno meu apresenta dificuldade com a dança eu recomendo que ele ou ela tentem ensaiar com pessoas das quais estes compartilham de relações profundas. No seu caso...
- Quer que eu ensaie com o Alexandre – concluiu com um sorriso.
- Sim, exatamente.
- Mas por que está pode não ser uma boa alternativa? Por acaso, Alexandre é um mal dançarino?
- Não, Vossa Alteza, de jeito nenhum. Muito pelo contrário, Sua Majestade foi de longe meu aluno mais talentoso. Não há melhor parceiro de dança.
- Então do que isso se trata?
- É que... – Hilal inclinou-se como se quisesse contar um segredo, Isabella então se aproximou –, Sua Majestade não gosta de dançar.
A garota de olhos celeste piscou vigorosamente, ainda sem conseguir compreender muito bem a situação.
- Talvez você não saiba disso ao passo que poucos realmente percebem a situação, todavia, durante os bailes imperiais, o Imperador Vermelho apenas dança uma vez em momentos aleatórios da noite, somente para que não digam que ele está descumprindo suas obrigações sociais, e então volta a sentar-se em seu trono.
As memórias de Isabella voltaram até o seu primeiro e último baile, quando Alexandre aceitou a dança com princesa Margaret, no entanto recusou a princesa Valéria.
Hilal continuou seu discurso ainda com um olhar apreensivo. – Ouça, Vossa Alteza, temo que se a senhorita lhe pedir para que te ajude com isto, muitas cabeças rolarão, e pode ser que Sua Majestade faça até mesmo alguma crueldade com a senhorita. Não desejo colocar vosmecê ou qualquer outro em risco.
Com um comichão de surpresa, Isabella espremeu seus olhos e soltou um risinho nasal como se uma criança estivesse a dizer disparates.
- Não precisa se preocupar com isso – tranquilizou a jovem, levando a mão a boca, tentando sufocar o riso. – Não acredito que ele recorreria a qualquer ato de violência somente por conta disso.
- Entendo... – murmurou, entretanto, os olhos do senhor ainda não pareciam convencidos.
- O máximo que Alexandre pode dizer é não.
- Eu não teria tanta certeza disso, Vossa Alteza.
A jovem respirou profundamente e encarou seu professor com um pouco mais de seriedade. – Não se preocupe, não importa o que aconteça, eu tomarei a responsabilidade para mim.
Hilal contemplou a expressão calma de Isabella, a dúvida ainda se agarrava ao seu coração, mas ele tentou acreditar naquela garota que parecia tão certa a sua frente. – Então eu irei confiar em Vossa Alteza, afinal, essa sugestão foi minha.
***
A jovem de olhos azuis arrastou o livro lentamente pela mesa, entregando-o a Sallya como quem temia maculá-lo.
- Terminou de ler, Vossa Alteza?
Isabella acenou com a cabeça levemente.
- E o que achou? – inquiriu a bibliotecária.
A jovem levou a mão aos lábios como que tentava segurar o choro e respondeu-a com uma voz embargada:
- Lindo!
Sallya sorriu infantilmente e contou vantagem – eu sabia que a senhorita iria amar.
Já fazia um tempo que Isabella e a bibliotecária tornaram-se companheiras de histórias. As duas se encontravam algumas vezes por semana na biblioteca e a jovem de cabelos enrolados emprestaria alguns livros de romance a Sua Alteza, então ambas discutiriam a respeito das narrações como quem venera algo impreterível.
- Eu jamais poderia imaginar um desfecho tão lindo como esse – relembrou com um suspiro sonhador.
- Sim, mas eu ainda acho que o autor deveria nos presentear com cenas românticas mais quentes – replicou com um risinho nasal.
- Mas a graça desse romance está justamente no fato de que ele é super fofo e inocente.
- Se você gostou desse, vai amar o que eu trouxe para Vossa Alteza hoje. – De supetão, Sallya tirou para fora de sua bolsa um livro de capa rosa coral adornado com arabescos dourados cujo título gritava 'Batidas Incoerentes do Coração'. – Ele tem sido muito popular ultimamente, ouvi dizer que vão até mesmo adaptar para o teatro.
- É sobre o quê? – inquiriu Isabella pegando o exemplar e girando-o em suas mãos.
- É sobre a herdeira de uma família de aristocratas que está quase falindo, ela tem de superar o preconceito da alta sociedade enquanto lida com um Duque que está sempre um passo à frente nos negócios.
Naquele fim de tarde de sábado, nos limites da biblioteca, ambas continuaram conversando até o céu alaranjado tornar-se violeta, e até que uma brisa fria que avisava o fim do verão começasse a bater nas janelas da biblioteca, fazendo-as se chocar contra seus umbrais e espalhar rangidos por todo o aposento.
- Está ficando escuro, eu preciso ir – balbuciou Isabella cruzando seus braços para proteger-se do frio que invadia a câmara por suas fissuras.
- Eu entendo, o que planeja fazer amanhã?
- Vou tomar café da manhã com Alexandre e, como meu professor aconselhou, perguntar a ele se não gostaria de me ajudar com minhas lições de dança – replicou enquanto fazia um biquinho.
- Por que vosmecê não parece nem um pouco feliz com isso? – indagou observando as sobrancelhas franzidas de Isabella. – Você não deseja dançar com Imperador?
- Não é isso, é só que... já faz algum tempo desde a última vez que eu fui capaz de ter um momento a sós com ele – mais especificamente, desde o dia no jardim, mas isso a jovem não contaria a Sallya.
A bibliotecária sorriu carinhosamente, e levemente estupefata, ao interim que ajeitava seus óculos de fundo de garrafa: – A senhorita deve estar realmente apaixonada por sua majestade.
O rosto de Isabella corou e seus olhos de turmalina brilharam como um céu estrelado durante plena luz dia.
- Vossa Alteza nem precisa concordar, sua expressão já me diz tudo.
Embora as faces da jovem aparentassem não poder ficar mais vermelhas do que aquilo, elas ficaram. Tornaram-se tão vermelhas quanto um tomate maduro.
- Eu adoraria conversar mais, Sallya, mas já está tarde e eu já estou me retirando – avisou ao mesmo tempo que pulava de sua cadeira e dirigia-se ao corredor.
Em suas costas ela ouviu alguns grunhidos incognoscíveis, uma voz aguda lhe pedindo para esperar e então alguém prestando seus respeitos.
Em nenhum momento a garota de cabelos dourados virou-se para encarar a bibliotecária, ela continuou sem parar até que se viu fora do cômodo, com as portas em suas costas como se estivesse barrando a passagem de algo que a perseguia.
- O que há errado, Vossa Alteza? Parece até que a senhorita estivera fugindo de alguém – questionou Caim que aguardava na entrada com um semblante estoico, como de praxe.
- De alguém não, de um assunto que eu não consigo lidar muito bem.
- Vai precisar de um tempo ou posso acompanhá-la até seus aposentos?
Isabella respirou pesadamente e então sorriu. – Não há necessidade, vamos andando.
O guarda então escoltou-a por entre os corredores desertos, apenas as luzes das paredes iluminavam a ala sul.
Um pontinho miúdo começou a manifestar-se ao longe, aumentando gradualmente a cada passo dado até tornar-se a figura de uma garota magrela e sardenta, levemente desengonçada.
- Clementina – chamou.
A empregada levantou a cabeça e quase saltou para o teto no instante em que seus olhos se encontraram com os de Isabella.
- Isa... Vossa Alteza. – A garota sardenta reverenciou meio confusa e desajeitada.
- A quanto tempo, o que faz aqui a essa hora?
- É que eu acabei tendo de cobrir o turno da Jamie, Vossa Alteza.
A jovem de cabelos dourados arregalou os olhos. – Por quê? Ela está bem?
- Oh sim! Está sim, é que, bem... você sabe... – Clementina tornou-se vermelha e começou a ajeitar seus cabelos espanados como se para esconder seu desconforto –, Jamie se demitiu, ela e o noivo finalmente conseguiram juntar dinheiro para o casamento.
Os lábios de Isabella se abriram levemente e o ar preso em seu peito escapou produzindo um leve 'a', que por muito pouco não foi puxado de volta para dentro e engolido feito uma pílula amarga.
Caim encarava-a com intensidade, em prontidão para qualquer tipo de acontecimento inoportuno que viesse a ocorrer. Já a jovem empregada contemplavam-na com anseio, gostaria de não ter sido a pessoa a revelar essa história a sua ex-colega.
- Eu... – sentindo um caroço na garganta, os olhos da garota de íris índigo vagaram pelo corredor procurando algo em que pudessem se fixar na tentativa de que seus pensamentos não corressem soltos, parando ao encontrar uma árvore que já começava a ter suas folhas amareladas pelo outono próximo. Com algum esforço, Isabella foi capaz de empurrar algumas palavras forçadas para fora como uma tosse seca – eu não estava sabendo.
- É que não houve a oportunidade de lhe contar.
Ela deu um sorriso amarelo, sentindo algo azedo queimar em suas narinas. – Eu entendo, e sinto muito por não ter sido capaz de comparecer ao casamento dela. Mande a Jamie meus parabéns.
- Oh, Isab... – Clementina olhou brevemente para Caim que lhe mandava um aviso com os olhos –...Vossa Alteza, por favor não se sinta culpada, nós entendemos perfeitamente sua situação. Tenho certeza de que Jamie não está chateada.
- É claro que não. – Suas palavras soaram como as de alguém que quisesse se convencer daquilo.
Mais tarde naquela noite, quando Isabella parou em frente ao seu quarto com uma expressão taciturna, Caim perguntou-lhe algo que era no mínimo curioso levando em consideração a sua personalidade sisuda:
- A senhorita está se arrependendo?
- Hum? De quê?
- De ter decidido se casar com Sua Majestade.
A garota de olhos índigo sorriu e fitou o guarda com certa surpresa, esse era o tipo de inquérito que ela esperaria de Abel. – Bem, essa uma pergunta um tanto íntima, é a primeira vez que você ultrapassa o limiar entre o profissional e o pessoal ao meu redor.
- Se lhe incomoda, não há necessidade de responder-me.
- Não. – Proclamou com certa autoridade. – Eu irei responder-lhe. Não me sinto nem um pouco arrependida, sinto-me mal ao perceber que renunciai a muitas coisas por minha decisão, mas não me arrependo.
Caim não questionou mais, também não demonstrou reação, e malgrado do desejo de Isabella de entender melhor o que este guarda pensava, ela não se sentia movida o suficiente para aprofundar-se em tal assunto visto que estava soturna.
***
- Poderia lhe pedir algo? – indagou a jovem de cabelos loiros.
O Imperador Vermelho olhou a garota a sua frente com certo interesse. – Vá em frente.
- Hilal, o meu professor disse-me que eu sou um pouco rígida em se tratando de dançar, acho que não consigo colocar meus sentimentos nisso, sabe? Então ele sugeriu que eu, talvez, pudesse treinar com você, Alexandre.
Caim e Abel que se encontravam nos dois lados apostos das portas do aposento se entreolharam com preocupação – até mesmo o maior dos tolos sabia que o Imperador não gostava de dançar.
- Está me pedindo para dançar contigo?
- Só se isso não lhe incomodar.
O rosto de Alexandre permaneceu imparcial, ele limpou as mãos com o pano branco que se encontrava na mesa, levantou-se de sua cadeira com a elegância de um verdadeiro nobre e estendeu sua mão grande e calosa em direção a Isabella.
- Certo, vamos fazer isso.
A jovem sorriu animada, e segurou a mão de Alexandre ao mesmo tempo que ele lhe acompanhava para o meio do salão.
Novamente, os olhos dos irmãos voltaram a se encontrar, dessa vez em incredulidade e desconfiança.
- Ah, mas não temos música – apontou Isabella quando já colocava seus dedos rígidos no ombro de Alexandre.
- Não tem muita importância contanto que sigamos o ritmo.
Essa afirmação, claro, servia apenas àqueles com verdadeira aptidão para dança como o Imperador, mas a jovem não o contestou. Ela sorriu e escondeu seu desconforto enquanto os corpos de ambos se tornavam próximos o suficiente para compartilhar calor.
O homem de olhos encarnados começou a girá-la pelo salão sem aviso prévio, Isabella forçou-se a acompanhá-lo sentindo o puxão de seu torso; ela flutuou com o vento e conseguiu ver-se desparecendo na brisa como uma folha seca. O horror de tal ideia fez todo o seu ser enrijecer. A garota olhou para seus próprios pés, meramente para constatar que ainda continuavam firmemente no chão – e é claro que eles continuariam no chão, era uma ideia estúpida pensar que seria capaz de voar.
Alexandre também parou e fixou seu olhar em Isabella, se tornando consciente de seus olhos arregalados e pupilas dilatadas.
- Não se preocupe, se você tropeçar eu vou te segurar – confortou na mesma proporção em que contemplava as janelas azuladas da jovem. – Como quando nos conhecemos.
A jovem piscou atordoada. – Você não me segurou quando nos conhecemos, você me ajudou a descer de uma árvore depois que eu já havia caído.
- É quase igual. De qualquer jeito, eu vou te segurar caso você tropece.
Parecia que o Imperador havia confundido algo, a garota não estava com medo de cair, ela estava com medo de voar, todavia isso não fazia o menor sentido. Sem muita escolha, Isabella sorriu amargamente e sinalizou para que a dança continuasse.
Seguindo os pianos e os violinos que tocavam a mais melódica das músicas em sua cabeça, ambos tripudiaram pelo aposento. O espaço, o aroma balsâmico do café da manhã e até mesmo os guardas que cavavam buracos em suas costas, evaporaram no ar. Naquele plano existiam apenas Alexandre e Isabella, dançando como dois tolos. Aquela sensação de estar voando pelo salão retornou, não obstante a jovem desistiu de lutar contra isso e se entregou completamente, inferindo que ainda que seu corpo aparentasse estar mais leve, ela não foi levada pela brisa como imaginara anteriormente. Mas algo acordara dentro dela, Isabella finalmente começara a compreender sobre o tal sentimento da dança que seu professor tanto a apoquentou sobre.
- Você parece bem para mim. Não parece rígida – murmurou o Imperador no ouvido garota.
Ela sentiu suas orelhas esquentarem pela leve caricia dos lábios do homem de olhos sangrentos em sua pele e resistiu bravamente ao impulso de jogar seus braços ao redor de seu pescoço e espremer seus lábios contra os dele.
- É porque estou finalmente entendendo o que meu professor quis dizer – replicou, rindo para tentar enganar o constrangimento que insistia em atormentá-la em todos os encontros com aquele homem.
Ao ver tal expressão encabulada tomar conta de Isabella, uma espécie de interruptor foi ligado dentro de Alexandre, fazendo seu sangue ferver e seu corpo mover-se por conta própria.
Subitamente Alexandre agarrou a cintura de Isabella e a ergueu no ar. Aquilo não fazia parte da coreografia. O Imperador segurou-a junto a si como se ela fosse uma criança e parou de se mover por completo.
- O que está fazendo? – indagou apoiando as mãos nos ombros de Alexandre.
- É mesmo, o que será que estou fazendo? – replicou com um sorriso brincando em seus lábios.
Com um riso tão encantador quanto aquele, Isabella sequer se atrevia a sentir confusão. Um riso que faria até a planta mais esmarrida florescer em uma enorme peônia.
- Eu acho que fiz essa pergunta primeiro... – constatou, embora após ter sido atacada por este sorriso já não tivesse mais tanta certeza.
Alexandre sorriu novamente, ele parecia de bom humor, o melhor humor que ele havia tido desde que a jovem de cabelos dourados o conheceu, Uma alegria repentina. Isabella não se recordava dele estar feliz assim durante o café da manhã.
Ela estava completamente hipnotizada por seus lábios rubros e por sua mandíbula angulosa. Suas mãos subiram levemente pelo pescoço de Alexandre. Também estava encantada por seu nariz levemente triangular e por seus cabelos negros e brilhantes. Suas mãos agora estavam pousadas nas faces do Imperador. Da mesma maneira, pelos seus olhos afiados, encarnados e intensos, quase sem pestanas. Agora ela já inclinava seus pescoço para frente sentindo a respiração do homem de olhos vermelhas lhe atingir como um afrodisíaco.
- Vossa Majestade! – exclamou uma voz de supetão.
Aquilo era sem sombra de dúvida um clamor, mas para Isabella foi como um zunido incomodo que lhe acordava de seu sonho.
Sua cabeça virou em direção a voz, deparando-se com o Primeiro-Ministro Hector que aparentemente tinha irrompido no aposento – o rosto dele tornou-se vermelho ao deparar-se com a cena a sua frente. E não só ele, Abel tinha um feição que ficava entre o consternado e o envergonhado. E Caim, apesar de não estar tão óbvio, tinha seus sobrolhos franzidos ao ponto em que um pedaço de papel poderia ser facilmente segurado por suas rugas recém-formadas.
Em um primeiro momento, Isabella sentiu-se irritada pelo estorvo, no entanto, a medida que recobrava seus sentidos começava a compreender o quão audaz vinha sendo em um salão com outras duas pessoas e encheu-se de pudor. O mesmo não podia ser dito do Imperador, se em um primeiro momento ele encontrava-se afogado em cólera, era válido afirmar que era o mesmo para um último momento.
- É a segunda vez... diga logo o que quer – comandou o Imperador claramente irado, seus olhos encarnados brilhando com um desejo sangrento.
- B-bem... – se os sentimentos anteriores de Hector eram confusos, agora seu medo era claro como o dia – é q-que... o que eu ia falar mesmo? Bem...
A impaciência de Alexandre crescia em conjunto com o medo de Hector.
- Antes de qualquer coisa você poderia me soltar? Eu gostaria de me retirar – interveio Isabella sentindo que o clima só pioraria se ela continuasse ali.
A feição do Imperador tornou-se mais macia. Ele a pousou no chão com um pouco de relutância.
- Foi divertido, obrigado por sua ajuda, Alexandre. – Os olhos de Isabella voltaram-se ao primeiro-ministro que enrijeceu. – Não se incomode comigo, apenas fale confortavelmente.
A jovem se retirou do aposento e Abel a seguiu com suas roupas azuis esvoaçantes.
Mais tarde, naquela semana, Hilal elogiou Isabella por seu ótimo desempenho. Maravilhoso, dizia ao mesmo interim que arrumava seu monóculo.
***
Nota da autora:
Esse capítulo não saiu exatamente como eu planejei, mas espero que tenham gostado. Se vocês quiserem, podem me mandar criticas de como eu poderia melhorá-lo no pv.
Obrigado pela leitura <3.
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