O lago e a garota

  Decidi pular o muro do colégio logo depois do intervalo e ir pra qualquer outro lugar que não tenha tantas pessoas desnecessárias ao meu redor. Então fui para um bosque que fica uns 30 minutos andando do colégio ao oeste. Aqui é bem legal, calmo e o lago me deixa, de certa forma, contente. Não gosto do meu reflexo no espelho mas na água eu até gosto. Toda essa tranquilidade me acalma. Me deixa em "paz".

Sentei a beira do lago e estava mergulhada em meus pensamentos quando senti que alguém se aproximava. Não me mexi, nem sequer fiz questão de olhar para ver quem era, poderia ser ele, e não quero estragar esse momento de reflexão. O barulho dos passos foram se aproximando, fui fechando o olho cada vez mais. Até que escutei uma voz muito feminina pra ser do meu monstro:

_ Olá! – Abri o olho para ver quem era, uma garota que aparenta ser da mesma faixa etária que eu, morena, cabelos na altura do ombro, bonita, disse em uma voz calma.

_ Oi, você me assustou um pouco... -Respondi em um tom bem baixo.

_ Desculpa, estou reparando em você tem mais de quarenta minutos, você está bem? Não é muito comum alguém fixar tanto esse lago. –Acho que deixei a menina com medo, pois ela deu uns dois passos pra trás, deve ter sido pela careta que fiz, não fiquei tanto tempo assim vidrada nessa água.

_ Ah, sim, estou bem sim. Não precisa se preocupar mas é que olhar esse lago me leva a uma paz interior, sabe? Me leva a um outro mundo... –Voltei a fixar o lago. Ela se sentou ao meu lado.

_ Também gosto desse lago, mas deve ser hereditário, essa propriedade está na minha família à várias gerações.

_ Então esse bosque é particular? E você é a dona? Desculpa por invadir, mas sempre tem gente visitando isso aqui que eu pensei que fosse público. –Falei um pouco rápido, mas foi pelo desespero, ela pode ter vindo aqui para me expulsar, deve ter pensado que sou louca.

_ Politicamente falando, não. Essa propriedade é considerada patrimônio público por fazer parte da história da cidade, você deve conhecer. Mas pertence a minha família. Não me considero dona disso, mas sou apaixonada por esse lugar. E pode vim quando e quantas vezes quiser. Seja bem vinda. –Senti um alívio por não ter me achado louca e não ter vindo aqui para me expulsar. Tenho uma leve impressão de que ela quer ser minha amiga.

_ Ah tá, não conheço a história do lago ainda, será mais um hobbe que terei. Obrigada. Deve ser maravilhoso morar aqui... Como se chama? –É, estou mesmo puxando assunto. Talvez esteja na hora de ter uma amiga.

_ Amara Forbs, nome horroroso né? E você? –Não sei por qual mas motivo quando ela falou o sobrenome dela senti um arrepio percorrendo minha coluna.

_ Alice Andrerray. E seu nome não é feio, nem de longe. Foi bom ter esse papinho contigo, mas preciso ir. Já fiquei muito tempo aqui. –Falei já me levantando e passando a mão na roupa. Gostaria de ficar mais tempo, mas tenho que ir pra casa. Ela também ficou em pé.

_ Bom, vou lhe deixar ir. Mas, me passa seu número? Sabe quando você simpatiza com uma pessoa logo de primeira? Então, me senti assim contigo. Tem tempo que não falo com outras pessoas além dos meus pais... Momento carência... Não se assuste. E também poderei te ajudar com a história desse lugar. –Dei um sorrisinho para ela e passei meu número de celular.

_ Pelo menos tem seus pais, eu já não tenho ninguém além da minha madrasta. Começarei logo a pesquisar sobre esse lago e vai ser bom ter alguém me ajudando. Até mais. –Tive um pequeno susto quando ela me abraçou pois já faz tanto tempo que fui abraçada que já havia me esquecido o quanto é bom. Nos despedimos e fui para casa. Feliz por ter feito uma amiga mas meio preocupada estou com uma sensação ruim.

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