Capítulo 4 - Ela amará Ele (part.9)


Minha vontade é de mergulhar a mão no cooler e pegar uma cerveja do fundo, logo que chegamos ao apartamento do Felipe, mas minha educação não permite. O dono da casa havia nos recebido gentilmente, com um sorriso enorme ao ver Bianca e, Paulo que estava perto da porta, foi o segundo a nos cumprimentar. Ele parecia um pouco sem graça e, depois dos dois beijinhos protocolares sequer falou algo sobre o dia anterior. Fico em pé, um pouco depois da porta, enquanto Bianca conversa animadamente com Felipe. O apartamento é lindo, enorme, a sala, onde todos estão, quinze pessoas, possui uma varanda talvez maior que o apartamento onde moro, apontada para o mar. Ostenta uma iluminação impecável, digital, controlada por smartphones ou tablets, aparelhos que limitam também o volume do som para não incomodar (tanto) os vizinhos, não tão fãs assim da música eletrônica que toca. O piso de porcelanato e os móveis estudadamente posicionados geram harmonia, que justificam um grande elogio ao, sem dúvida, competente e pomposo honorário, cobrado pelo design de interiores.

Bianca, me vendo sozinha, como prometeu, interrompe a conversa com Felipe para ficar ao meu lado, mas ele, educado, não se furta em mostrar o ambiente, apresentar alguns amigos, todos muito simpáticos. As últimas pessoas a cumprimentar são as que estão sentadas numa mesa na varanda, onde ao lado havia outra mesa, esta sem cadeiras em volta, com frios e belisquetes servidos. Felipe nos pede para que fiquemos a vontade e pergunta o que gostaríamos de beber.

— Sem cerimônia, Amanda. Uma cerveja? Uma vodca com suco?

— Depois eu pego, muito obrigado, Felipe.

— De jeito nenhum. Vou trazer um drink de Grey Groose e suco pra você, ok?

— Melhor a cerveja, então. Começar devagar.

— Duas – completa Bianca.

Paulo consente com a cabeça, busca e entrega rapidamente as duas cervejas, para depois nos deixar sozinhas. Ele havia sentindo que a Bianca não permitiria que eu restasse desamparada, e vai conversar em seguida com outro grupo de amigos, sentados confortavelmente no sofá de couro da sala. Abrimos a cerveja, long neck, e brindamos.

— Hoje a noite vai ser espetacular, nada nos aborrecerá – Bianca profetiza e concordo com a cabeça, voltando a beber a cerveja.

Penso em não pensar em Marcelo e em sua ligação e o pensamento de não pensar, já me faz pensar, obviamente. A cerveja sai da garrafa para a minha boca com uma rapidez típica masculina. Chego-me perto da mesa e me sirvo de uma torradinha com uma pasta de um queijo especial e outra de azeitona preta, deliciosas. Mais pessoas começam a chegar, uns poucos casais iam se juntando ao grupo de solteiros e eu continuo a beber a minha cerveja, ao lado de Bianca.

Eu já estou na quarta cerveja, quando Paulo, com um copo de vodca e energético na mão, se aproxima, humildemente, mas já com alguma malandragem no sorriso. Certamente o álcool lhe fez perder a timidez inicial.

— Eu queria me desculpar por ontem, fui muito insistente. Perdão. A gente estava bebendo ali no bar desde a hora do jogo. Já estávamos para mais de dez chopes.

— Que isso, Paulo. Não esquenta. Tudo bem – respondo. Ele recebe a resposta, faz uma expressão de arrependimento, retraindo a face, bebe mais um gole e engata:

— Empolgadas para hoje? – num tom mais alto, para integrar Bianca na conversa.

— Sim, bastante – responde Bianca.

— Acho que hoje vai bombar demais. Tudo nosso no camarote.

— Vocês pegaram camarote? – Bianca continua.

— Claro! E vocês vão pra lá certo com a gente.

— Não, não, Paulo. Obrigada, nós compramos ingresso.

— Esquece isso, Amanda. Vende na porta, sei lá. Óbvio que vocês vão para o camarote com a gente. Tem infinitos combos de vodca pra beber. A gente vai precisar de uma ajudinha.

Entreolho-me com Bianca, já deixando claro que não gostaria de restar patrocinada por eles.

— Bom, vamos ver. Quando a gente chegar lá na porta, decidimos.

— Vocês que sabem, vão perder: visão privilegiada, bebida liberada, fala sério, meninas, não precisam ficar com vergonha.

Consentimos com a cabeça e sorrimos sem graça por não ter o que dizer. Ele trata logo de emendar:

— Vão continuar na cerveja? Cerveja incha! Tem uma caipivodca maravilhosa ali de morango. Querem uma? Eu pego pra vocês.

Para não parecemos mais chatas ainda, acabamos aceitando. Dou um gole mais demorado na cerveja para que ela acabe. Assim que coloco a garrafa vazia na mesa ao lado, Paulo chega com as duas capivodcas. Pegamos, agradecemos a gentileza e provamos: está realmente gostosa, leve, um perigo, vai bebendo, docinha, vai bebendo mais, docinha, quando se dá conta, a pessoa está completamente bêbada. Alguém lá dentro chama Paulo, parece que querem contar algo engraçadíssimo e que precisam dele para os detalhes da história. Quando tocava uma música mais estourada, alguém ia lá e metia mão no volume para aumentar o som. Felipe tinha o trabalho de diminuir, ponderando que não podíamos abusar, pois logo os vizinhos iriam reclamar. De fato, não demora muito e o interfone toca. Ele pede para que desliguem o som, enquanto atende. Responde ao porteiro que abaixará o som e quando encerra, retorna-o, num volume mais baixo do que estava, tentando respeitar e evitar que os moradores de seu prédio chamem a polícia. A essa altura eu já havia bebido mais uma caipivodca, de abacaxi e voltado a beber cerveja: é necessária cautela. Bianca, não, derrama vodca no copo e por cima energético. Preciso ficar ligada, trabalhei bastante hoje – ela diz. As pessoas, já bêbadas, dançam animadamente, quer dizer, um misto de animação com ridículo, indo até o chão, caindo, gargalhando, enfim, muito felizes. Não crítico o ridículo, se fosse a minha galera certamente estaria ali no meio, dançando até o chão, mas, conhecendo quase ninguém, me limito a observar de longe e rir um pouco. As câmeras dos celulares registram as danças, os movimentos, os berros, mas as fotos e filmes são interrompidos pelo novo toque do interfone. Felipe atende na cozinha ao chamado e volta anunciando:

— Gente, vamos indo. Pessoal tá reclamando muito. Já tá na hora da festa mesmo. Aliás, já está até tarde demais. Vamos?

O pedido de Felipe não é muito bem acatado. Mesmo com o som desligado, as pessoas ainda enchem os copos – muita bebida está sobrando – e quase ninguém se movimentava em direção à porta. Entre essas poucas pessoas obedientes estamos eu e Bianca, mas logo somos interrompidas por Felipe. Ele pega na mão de Bianca e a manda aguardar, pois eles irão juntos. Ela, com um olhar meloso, se sentindo a primeira dama, consente. Eu, por consequência, terei que esperar o dono do apartamento despejar todos os convidados para enfim poder ir à festa. Paulo tenta ajudar Felipe em sua tarefa de expulsar as pessoas para a festa: recolhe as garrafas vazias e copos com bebidas deixadas pela metade, apressa as pessoas: "vamos, último copo, hein"; "já está tarde, a festa está bombando, estamos perdendo". As pessoas demoram a se movimentar, mas quando um grupo maior decide finalmente sair, ninguém quer ficar para trás e acabam praticamente todos indo ao mesmo tempo, formando uma aglomeração no corredor a espera do elevador. Uma leva enche, após se espremerem, junto com gritos eufóricos e outros de medo de uma menina nervosa que teme ficar presa no poço do elevador. Enfim, após três levas, só restamos nós quatro: Felipe e Bianca, Paulo e eu. Felipe apaga todas as luzes, bate a porta do apartamento e descemos. Um uber já está a nossa espera na portaria. Felipe, Amanda e eu vamos atrás e Paulo no banco do carona. Minha amiga, já um pouco alterada, se enrosca em Felipe, enquanto Paulo me olha pelo retrovisor central do veículo. Disfarço, e miro a rua pelo vidro da janela. Não demoramos nem cinco minutos para chegar e uma multidão está aglomerada na porta da festa. No caminho para a entrada do evento, um menininho muito bonitinho, provavelmente morador da rocinha, favela em frente ao local da festa, faz uma cara de coitado, me chama de tia e nos oferece uma bandeja cheia de balas e chicletes. Felipe para e tira a carteira do bolso:

— Vão querer?

Bianca aceita e Felipe em seguida pergunta o preço.

— Um é três, dois é cinco, tia.

Toma – disse Felipe entregando uma nota de cinco, pegando dois pacotes de chiclete e entregando um na mão de Bianca.

— Eu vou querer também. Pego pra você? – pergunta Paulo. Eu aceito.

Enquanto ele pega o chiclete, a empolgação alcoólica me faz questionar ao pequeno menino quantos anos ele tem.

— Onze, tia.

— Você sabia que não deveria estar aqui né, trabalhando e à noite ainda.

— Eu quero ganhar dinheiro, eu gosto de trabalhar.

— Mas você não pode trabalhar, você tem que estudar, isso não são horas de...

Enquanto eu terminava a frase, Paulo me entrega o chiclete e me puxa pela mão:

— Debate político e social agora não, né, Amanda?

Eu meio que concordo que não era o momento muito propício para discutir as mazelas do Brasil com o pobre menino de onze anos.

— A entrada do camarote é por ali – aponta Felipe, nesse momento, já de mãos dadas com Bianca.

— Nossa entrada é por ali, amiga. Nosso ingresso é de pista.

— Você não tá falando sério, né? – diz Paulo.

Eu faço uma expressão franzindo a testa. Ele impaciente, pega meu ingresso e o de Bianca das nossas mãos, entra na aglomeração e após apenas três minutos volta com duzentos reais na mão em duas notas de cem e entrega uma para mim e outra para Bianca.

— Pronto – ele diz em seguida, junto com um sorriso simpático, sim, mas um pouco pedante. Ele havia resolvido o "problema".

Entramos por uma porta alternativa, enquanto as pessoas com ingresso de pista aguardam numa fila. Felipe tira do bolso quatro pulseiras e vai pedindo o pulso de cada um: o marcador que nós somos very importante people na festa. Passamos pela segurança que faz uma revista rápida na minha pequena bolsa e com um sinal me libera para o evento. Os meninos nos aguardam e assim que eu e Bianca nos aproximamos eles nos indicam a escada que leva até o camarote. Um garçom já havia sido destacado para nos atender, bastante simpático, nos acompanhando até o camarote. Algumas das pessoas que estavam na festa do apartamento aguardam do lado de fora do "cercadinho" a chegada de Felipe, o dono da reserva e, assim que o garçom tira a plaquinha de reservado, todos são credenciados a entrar. Do parapeito, temos uma vista privilegiadíssima do palco e da festa inteira. A pista parece um formigueiro, pessoas circulando, dançando e rebolando ao som do Buchecha que está acompanhado de duas dançarinas de top e mini-short e uma parede imensa de som. Quando tiro os olhos da pista e retorno minha atenção para o camarote, me deparo com diversos baldes, dois com vodca e energético, acompanhado de outro com gelo filtrado, um com cervejas e outro com garrafas d'água, sucos e refrigerantes.

— Sirvam-se, meninas – diz Paulo.

Eu não queria ser bancada pelos homens, mas fomos praticamente obrigadas, então que seja. Dessa vez não tenho cerimônia alguma em me servir. Já estou alegrinha e no camarote há bebida liberada em excesso. Pego meu copo, encho de gelo (com a mão mesmo, exatamente como todos estavam fazendo), coloco vodca até metade e completo despejando o energético. Dou um gole: a dose está certa, nem muito forte, nem muito fraca e volto ao parapeito do camarote, olhando a pista explodir de pessoas se divertindo. Bianca já cai aos empolgados beijos com Felipe. "Hoje tem" – penso, rindo internamente. Paulo dança com o seu grupo de amigos, que já estão mais pra lá do que pra cá, todos indo até o chão e equilibrando o copo habilidosamente na mão. Ele não disfarça a mira em mim, olhares de caça, já havia se tornado o Paulo que eu conhecera no dia anterior, nenhum resquício do que me pedira desculpas uma hora atrás. Sorrateiramente, ele se esgueira para o meu lado, coloca a mão no meu ombro e começa fazendo um elogio à festa.

— Pois é... Tá bombando muito mesmo – respondo.

— Me amarro muito no show do Buchecha, é sempre animado.

Apenas concordo e um silêncio se faz por segundos, mas ele logo engata.

— Esses dois hein. Que amor! – apontando com a cabeça para Bianca e Felipe.

— Amor? – dou uma risadinha – Lá na minha terra isso tem outro nome!

Ele sorri da minha brincadeira e, com isso, ganha a confiança que precisava.

— Você está absolutamente linda hoje – diz tirando os olhos da pista e me encarando fixamente. Agradeço, sem graça.

— Sério, Amanda, por que não pode nos dar uma chance...? – e se aproxima, tentando colocar a mão na minha cintura, sem sucesso, pois dou um passo para trás.

— Paulo, nós conversamos sobre isso já ontem... Eu não queria ser repetitiva, chata, muito menos grossa...

— Amanda – ele dá um passo para frente e dessa vez consegue me alcançar, colocando a mão levemente na minha cintura – eu não estou a fim de sacanagem, cansei dessa coisa de noitada, de sair beijando todo mundo. Eu quero uma coisa mais séria, investir em alguém sabe... Você parece ser uma menina tão legal...

— Paulo... – digo apenas seu nome e tento me comunicar com minha expressão, para que ele pare de insistir, ainda mais com aquele papinho furado. Não funciona.

— Posso te chamar pra sair? Só isso que eu peço. Um encontro e você vai ver que eu sou um cara legal.

— Não é isso. Estou em outro momento. Não estou a fim de sair com ninguém sabe. Desculpa, não é pessoal, juro - tento contemporizar e amenizar o clima para que ele então desista. Mas o álcool é um companheiro fiel dos insistentes.

— Um encontro! Um encontro apenas. Que mal tem nisso? Você não precisa ficar comigo. Se você não quiser, não fica, te deixarei em casa e seremos bons amigos apenas.

— Poxa, Paulo. Sério, eu não quero ter que ser grossa, de verdade. Não estou no clima mesmo. Você parece ser um cara muito maneiro e tal...

— Não pense que eu sou cafajeste – diz interrompendo minha frase – eu gosto da noite e tal, mas sabe, cansa, eu estou a procura de alguém legal. Assim que bati o olho em você... sabe, você é linda, tem esse sorriso – e coloca a mão no meu queixo.

Então, Bianca que observava com o canto do olho a conversa, como que se fingindo de desentendida se aproxima e mete as coxas nas minhas me obrigando a ir rebolando até o chão com ela no som da música. Paulo, então tem que se afastar um pouco, mata o copo da bebida e tenta dançar perto da gente. Contudo, os olhares de nós duas ignoram o dele, estamos concentradas em rir e dançar entre e a gente e causar o desconforto necessário para que Paulo se sinta pressionado a dar um passo para trás. E, é isso que ele faz. Logo em seguida, como se tivesse sido vencido, se dirige à mesa das bebidas e enche de vodca o copo quase até a boca, deixando um espaço mínimo a ser completado pelo energético. Subimos à posição ereta novamente e nos abraçamos: amigas bêbadas e felizes e nos apoiamos no parapeito a observar a pista. Então, como se fosse um imã (sim, clichê mesmo), meus olhos parecem sugados por uma imagem: lá está ele, de costas, entre todas aquelas centenas de pessoas, meu olho o procurou, como um instinto, como um radar ultramoderno da NASA programado para apitar a qualquer vestígio dele num raio de centenas de quilômetros, como o poder do inconsciente, o sentido aranha do Spider-Man, aqui estão meus olhos acompanhando Marcelo se esgueirando pela pista, vestindo uma camisa social de linho verde clara, com as mangas dobradas até o cotovelo, e uma bermuda moletom estilosa cinza, absolutamente lindo. Eu continuo seguindo o "Sr. não vou nessa festa". O que ele veio fazer aqui? Estragar minha noite? Não é possível.

— O que foi amiga? – diz Bianca, percebendo algo estranho.

— Ele.

— Ele quem? Paulo? Foi ao banheiro, relaxa. Não vou deixar que te perturbe.

— Não, Bianca, ele – e aponto com o dedo – tá vendo ali? O Marcelo está aqui.

Bianca se surpreende também e rapidamente o acha na multidão com a minha ajuda.

— Não acredito – diz realmente assustada – e agora, amiga?

— Bom, e agora que eu não vou sair daqui de cima. Ele não vai conseguir subir, eu não vou descer, nem saberá que eu o vi, de repente até jogo um verde amanhã pra ver se ele cai.

— Boa amiga. Mas não vai deixar isso atrapalhar sua noite, né? Você estava toda animada, aí! Não me faça ir te buscar lá embaixo, hein.

— Não, Bianca, pode deixar. Fica tranquila. Vamos curtir. Nem vou mais ficar olhando, vem, vamos beber mais - e a puxo até a mesa onde as garrafas estão submersas no gelo em enormes champanheiras. Servimo-nos e voltamos a dançar. Um DJ que não sei o nome toca entre o intervalo dos shows e tentamos interagir mais com o pessoal todo do camarote. De tempo em tempo, Felipe se aconchega perto de Bianca, dançam junto, de uma maneira sexy, e meu espírito de bêbada começa a pedir um gole de Marcelo na minha boca. Deixo-os se beijando e dou uma conferida na pista, como se não quisesse nada. Eu finjo força, para mim e para Bianca, mas eu não ouço mais a música, dançar é uma farsa, eu quero saber onde ele está, o que está fazendo naquela pista onde todos beijavam todos, indiscriminadamente. Será que ele já está com outra? Será que está praticando o beijo de sapo? Ou irá levar alguma dessas oferecidas para a casa dele e transar do mesmo jeito que fez comigo? Claro que sim, que pobre ingênua sou, por achar que eu era especial. É uma tremenda ironia querer um amor de verdade em pleno século da putaria! Meu sentido de aranha não está funcionando bem dessa vez, por mais que eu procure o pontinho verde na multidão não consigo achar. Quem sabe em uma das paredes, se amassando com uma dessas de micro-vestidos? Também, se eu o ver, é o fim definitivo, nunca mais, nada de cogitar dar alguma chance: ele sabe que estou aqui – seria uma puta falta de respeito.

— Teimosia é uma virtude ou um defeito? – pergunta Paulo, rindo um sorriso safado, criminoso e oferecendo o seu copo para brindar com o meu e cortando meus pensamentos. Por educação me viro, dou as costas para o parapeito, levanto o meu e brindamos.

— Não sei, Paulo. Em determinados casos, sim, em outros não.

— Como eu posso te provar que estou realmente a fim de você?

— Olha, não sei... Mas sério, eu estava ficando com uma pessoa, sabe...

— Tava? E o que ele fez?

— É muito complicado, sério... não tô a fim de falar sobre isso.

Paulo não espera que eu termine a frase e coloca as duas mãos no parapeito, me deixando entre elas, se aproximando em seguida, mirando minha boca. Procuro por Bianca, mas não a vejo, deve ter ido ao banheiro.

— Eu nunca deixaria escapar uma menina como você – diz, fechando os olhos e tentando me beijar. Minha única alternativa é desviar a boca e, assim, ele acaba por encontrar meu pescoço, de onde não quer sair, me dando mini beijos.

— Paulo, eu já disse que não, não força, por favor – e ele sem dar a mínima atenção para as minhas palavras, passa o braço pelo meu pescoço e vai me forçando a chegar perto de sua boca. Eu viro a cara e continuo a pedir pra que ele pare. Ele irá me roubar um beijo a força de qualquer maneira – se sente nesse pleno direito.

De repente uma mão se estende para mim.

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