Capítulo 5 - Linhagens e Rancores
No coração do Quartel Francês, a noite fervilhava com os murmúrios das intrigas e segredos que percorriam Nova Orleans como uma corrente invisível. No escritório de Marcel Gerard, o ambiente estava carregado de tensão. Marcel estava encostado em sua mesa, braços cruzados, enquanto um vampiro recém-chegado relatava algo que claramente o incomodava.
— Eu vi Esther Mikaelson — disse o vampiro, sua voz hesitante, mas firme. — Ela estava com um garoto. Parecia humano.
Marcel estreitou os olhos, inclinando-se para frente.
— Tem certeza disso? Esther Mikaelson?
O vampiro assentiu, nervoso sob o olhar intenso de Marcel.
— Sim, senhor. Era ela.
Marcel ficou em silêncio por um momento, processando a informação. Esther Mikaelson era uma figura que todos preferiam evitar. Se ela estava de volta à cidade, ainda mais acompanhada de um garoto misterioso, isso significava problemas.
— Pode ir — disse Marcel finalmente, dispensando o vampiro com um gesto de mão.
Quando o mensageiro saiu, Marcel pegou o telefone e discou um número que conhecia bem. Ele sabia que havia apenas uma pessoa que precisava ouvir essa notícia.
Na mansão dos Mikaelson, Klaus estava em seu escritório, revisando alguns documentos, quando o telefone tocou. Ele atendeu, sua voz carregada com a usual mistura de charme e ameaça.
— Marcel. Alguma novidade?
— Klaus — respondeu Marcel do outro lado da linha. — Achei que você gostaria de saber que Esther foi vista no Quartel Francês.
A caneta que Klaus segurava parou no ar, seus olhos estreitando-se instantaneamente.
— Esther? Minha querida mãe decidiu abençoar Nova Orleans com sua presença novamente?
— Parece que sim. E ela não está sozinha. Está com um garoto.
Klaus ficou em silêncio por um momento, sua mente correndo com possibilidades. Então, ele riu, mas o som estava longe de ser alegre.
— Um garoto? Isso é interessante. E preocupante.
— O que você quer que eu faça? — perguntou Marcel.
— Nada, por enquanto — respondeu Klaus, sua voz fria. — Eu mesmo cuidarei disso.
Ele desligou o telefone e se levantou, seus movimentos precisos e cheios de propósito. Sua mente estava um turbilhão de emoções. Raiva, desconfiança e, acima de tudo, uma sensação de traição. Ele ainda não tinha perdoado Esther por suas ações no passado, especialmente a tentativa de matar sua filha, Hope.
No momento em que Klaus estava prestes a sair do escritório, a porta se abriu, revelando Elijah Mikaelson.
— Niklaus — disse Elijah, entrando com sua usual calma. — O que está acontecendo?
Klaus girou para encarar o irmão, seus olhos brilhando com raiva contida.
— Nossa adorável mãe está de volta à cidade, Elijah. E parece que ela trouxe um convidado especial.
Elijah arqueou uma sobrancelha, mas sua expressão permaneceu serena.
— Isso explica sua fúria. Mas, Niklaus, antes de agir impulsivamente, talvez devêssemos entender o que realmente está acontecendo.
— Entender? — Klaus bufou, caminhando até a janela e olhando para a cidade abaixo. — O que há para entender, Elijah? Esther não faz nada sem um motivo. E você sabe tão bem quanto eu que seus motivos nunca são benignos.
Elijah aproximou-se, cruzando os braços.
— Isso pode ser verdade, mas atacar sem informações claras só fortalecerá a posição dela. Precisamos de paciência, Niklaus.
Klaus se virou para o irmão, sua raiva ainda evidente, mas suavizada pelas palavras de Elijah.
— Paciência nunca foi meu ponto forte, irmão.
— E é por isso que você tem a mim — respondeu Elijah com um leve sorriso.
Klaus soltou um suspiro frustrado, mas finalmente assentiu.
— Muito bem. Por enquanto, observaremos. Mas, se ela tentar algo contra nossa família novamente...
— Então lidaremos com isso juntos — completou Elijah.
Na casa de Esther, Stiles estava sentado à mesa, olhando para o prato de comida à sua frente. Ele estava faminto após a longa viagem, mas não conseguia ignorar a atmosfera pesada do lugar. Esther estava do outro lado da mesa, observando-o com uma expressão calma, mas atenta.
— Não precisa se preocupar — disse ela, gesticulando para a comida. — Não está envenenada.
Stiles olhou para ela, hesitando por um momento antes de pegar o garfo.
— Bom saber.
Ele começou a comer, o sabor da comida reconfortante, mesmo que a situação não fosse. Esther ficou em silêncio por alguns minutos, deixando-o se alimentar antes de começar a falar.
— Você sabe por que está aqui, Stiles?
Stiles parou de mastigar e olhou para ela, franzindo a testa.
— Sei que tem a ver com a linhagem da minha mãe. Mas, além disso, não muito.
Esther inclinou-se ligeiramente para frente, suas mãos descansando na mesa.
— Sua mãe vinha de uma linhagem antiga e poderosa de bruxas. Uma linhagem que desempenhou um papel crucial na criação dos vampiros originais.
Stiles piscou, surpreso.
— Espere. Está dizendo que minha família ajudou a criar vocês?
Esther assentiu, um leve sorriso tocando seus lábios.
— De certa forma, sim. Sua ancestral foi uma das bruxas que trabalharam comigo para criar o feitiço que transformou meus filhos em vampiros.
Stiles encostou-se na cadeira, tentando processar a informação.
— Então, o que isso significa para mim?
— Significa que você é o último dessa linhagem, Stiles. O último herdeiro de um legado que carrega tanto poder quanto responsabilidade.
Stiles ficou em silêncio por um momento antes de balançar a cabeça.
— Certo, isso é... muito.
Esther sorriu levemente, mas havia um brilho sério em seus olhos.
— Eu entendo que isso é difícil de aceitar. Mas você precisa entender que sua linhagem não é apenas uma parte do passado. Ela ainda tem um papel a desempenhar no futuro.
— E qual seria esse papel? — perguntou Stiles, sua voz carregada de ceticismo.
— Isso, meu caro, é algo que ainda precisamos descobrir — respondeu Esther, sua voz baixa, mas cheia de significado.
Stiles terminou sua refeição em silêncio, sua mente correndo com perguntas e incertezas. Ele não sabia o que esperar do futuro, mas uma coisa era clara: sua vida nunca mais seria a mesma.
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