Capítulo 12 - Sombras do Passado
As noites no Complexo Francês eram normalmente tranquilas, mas ultimamente um desconforto pairava no ar. Todos pareciam perceber algo estranho acontecendo, algo sutil, mas impossível de ignorar.
Freya notava primeiro. A cada madrugada, um eco de sofrimento atravessava os corredores, um murmúrio que se transformava em gritos angustiados. Ela não era a única a ouvir. Klaus acordava irritado, Kol fazia piadas sobre fantasmas, Rebekah ficava em silêncio, e até Elijah demonstrava preocupação com o novo residente da casa.
Stiles Stilinski estava sonhando.
E seus sonhos não eram normais.
O Pesadelo
Ele estava de volta àquele lugar. O mundo ao seu redor era uma mistura de escuridão e lanternas vermelhas. O vento frio assobiava pelos corredores intermináveis de um hospital que ele reconhecia bem demais.
Beacon Hills.
Stiles andava descalço pelos corredores do hospital abandonado. Ele sabia o que estava para acontecer, mas não conseguia evitar. Seu corpo se movia por conta própria, levado pelo fluxo do pesadelo. O cheiro de sangue e morte impregnava o ar.
Ele virou um corredor e lá estava ela.
Alison Argent.
Caída no chão. O sangue encharcava suas roupas, os olhos desfocados e vidrados, enquanto Scott tentava desesperadamente segurá-la.
— Não… — murmurou Stiles, tentando recuar, mas seus pés estavam presos ao chão. Ele queria gritar, queria fugir, mas o peso do momento o esmagava.
— Você se lembra disso, não é? — A voz rouca e fria ecoou pelo espaço.
Stiles estremeceu. Ele sabia quem era antes mesmo de se virar.
O Nogitsune estava ali.
A raposa sombria caminhava lentamente pelo corredor escuro, suas vestes negras ondulando como fumaça. O sorriso cortava seu rosto de forma predatória.
— Você tentou esquecer, Stiles. Tentou enterrar isso bem fundo, mas veja onde estamos. — O Nogitsune riu, encostando-se a uma parede. — Eu avisei sobre eles. Eu te disse que seus "amigos" te abandonariam. Mas você não quis ouvir.
Stiles apertou os punhos.
— Cala a boca.
— Ah, não tão corajoso agora, não é? — O espírito inclinou a cabeça. — Você foi útil para eles até que não fosse mais conveniente. E quando você precisou, Stiles… Quando você caiu, quem te segurou?
Stiles fechou os olhos com força, mas a dor não sumia.
— Você está sozinho.
A verdade daquelas palavras pesava como uma corrente em volta do pescoço dele.
O Nogitsune sorriu mais uma vez e se aproximou, sua presença gélida envolvendo Stiles.
— Mas eu sou generoso. Deixei um presente para você, um fragmento de mim. Um pedaço do meu poder.
Stiles arregalou os olhos.
— O quê?
O Nogitsune riu.
— Logo, você vai entender.
E então tudo virou escuridão.
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O Caos no Complexo Francês
No mundo real, as coisas estavam saindo do controle.
O corpo de Stiles se debatia na cama, suando frio. As sombras pareciam se alongar nas paredes do quarto, movendo-se de forma antinatural. E então os objetos começaram a levitar.
Primeiro, foram pequenos detalhes — um livro flutuando da estante, uma cadeira rangendo no chão. Mas logo o fenômeno se intensificou. Os móveis começaram a vibrar, a energia no ar se tornou densa, sufocante.
No andar de baixo, Klaus estava tomando um copo de whisky quando ouviu o primeiro estrondo. Algo tinha caído. Ele franziu o cenho, mas antes que pudesse se levantar, Freya entrou apressada.
— Você está sentindo isso? — Ela perguntou, sua expressão séria.
— Difícil não sentir. — Klaus colocou o copo sobre a mesa e se levantou.
Antes que pudessem se mover, um estrondo ecoou pela casa.
Kol apareceu na porta, os olhos arregalados.
— Não sei se perceberam, mas temos um pequeno problema no andar de cima.
Os três subiram as escadas rapidamente e, ao chegarem ao quarto de Stiles, a cena os deixou em alerta máximo.
O garoto estava suando, os olhos fechados, preso em seu próprio pesadelo. Ao redor dele, o quarto estava um caos. Os móveis flutuavam, objetos giravam no ar como se uma força invisível os controlasse.
— Ele está fazendo isso? — Kol perguntou, impressionado.
— Sim. — Freya confirmou. — Isso é magia… Mas algo está errado.
Klaus estreitou os olhos. Algo dentro dele se incomodava com aquela visão. Ele conhecia sofrimento. Ele sabia como era carregar o peso de um passado sangrento. E via isso estampado em Stiles.
Ele se aproximou da cama.
— Stiles — chamou, sua voz baixa, mas firme.
Sem resposta.
As janelas estremeceram, os móveis chacoalharam com mais força.
— Ele precisa acordar! — Freya gritou.
Klaus não hesitou. Ele segurou Stiles pelos ombros e o sacudiu.
— Acorde!
Stiles abriu os olhos de repente, ofegante. Por um instante, os olhos castanhos pareciam mais escuros, como se sombras dançassem em suas íris. Mas então, tudo parou. Os objetos caíram no chão com um estrondo, e o quarto voltou ao normal.
O silêncio preencheu o espaço.
Stiles piscou algumas vezes, confuso, antes de perceber as pessoas ao seu redor.
— O que… aconteceu?
Klaus soltou seus ombros, mas permaneceu perto.
— Você nos diga.
Stiles passou as mãos pelo rosto, ainda tentando processar. Ele sentia algo dentro de si, algo diferente. Como se uma sombra ainda estivesse ali, observando.
— Eu… tive um pesadelo.
Freya cruzou os braços.
— Isso não foi um pesadelo qualquer. Você fez tudo isso.
Stiles olhou ao redor, vendo o caos que havia causado. Ele sentiu o estômago revirar.
— Merda…
Kol riu.
— Bem, parece que temos um novo feiticeiro problemático na cidade.
Klaus lançou um olhar de advertência para o irmão antes de se voltar para Stiles.
— Precisamos entender exatamente o que aconteceu.
Stiles respirou fundo.
— O Nogitsune. Ele… Ele disse que deixou algo para mim. Um pedaço do poder dele.
O silêncio caiu sobre a sala.
Freya e Klaus trocaram olhares.
— Isso é possível? — Kol perguntou.
Freya assentiu lentamente.
— Espíritos sombrios podem fazer isso. Mas se for verdade… Stiles, isso significa que você tem um fragmento de uma entidade caótica dentro de você.
Stiles passou a mão pelo cabelo, sentindo-se sobrecarregado.
— Ótimo. Como se eu já não tivesse problemas suficientes.
Klaus observou Stiles por um longo momento. Ele viu algo ali, algo que ninguém mais parecia perceber. Uma dor profunda, uma batalha interna que ele conhecia bem.
E, pela primeira vez, sentiu algo inesperado.
Interesse.
Ele inclinou a cabeça, um pequeno sorriso brincando em seus lábios.
— Bem, parece que você acaba de se tornar muito mais interessante, Stiles.
O garoto olhou para ele, confuso.
— Isso não é algo bom.
— Ah, mas quem disse que precisa ser algo ruim? — Klaus respondeu, seus olhos brilhando em desafio.
Stiles sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele não sabia o que aquilo significava, mas sentia que sua vida estava prestes a se complicar ainda mais.
E, de alguma forma, Klaus Mikaelson parecia estar no centro disso.
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FIM DO CAPÍTULO 12
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