SUN KANG

"Amor, um sentimento tão genuíno capaz de derrubar barreiras... será isso que vem derrubando as minhas?"

Passada uma semana desde que Thomas me contou seu passado, nos aproximamos muito mais do que eu esperava. Estávamos nos conhecendo e aos poucos fui baixando a guarda, me expondo para ele, contei pequenas coisas sobre as crises de pânico, mas omiti o porquê de tê-las, e assim aos poucos fomos sabendo mais sobre o outro.

Tinha dias em que ele me acompanhava até a cafeteria, ou simplismente ficava comigo na biblioteca até dar meu horário e eu ter que ir trabalhar, ele estava sendo muito gentil o que era bom e estranho ao mesmo tempo. Thomas ainda é um mistério que aos poucos decifrava. Sempre o analisei de maneira curiosa, ele tinha manias, manias que me distraia fácil como por exemplo: girar o lápis entre os dedos, balançar os pés e brincar com os lábios, — essa é a minha favorita — os barulhos que soltava sem querer são engraçados, o que me faz soltar risinhos baixos sem que ele perceba.

— Quando será o seu próximo ensaio? — O garoto de cabelo agora verde que vagava por seus pensamentos enquanto olhava fixadamente pra um ponto específico da mesa, desviou o olhar me encarando.

— Minha nossa! Te convidei, mas estava tão ansioso pra te convidar que acabei nem dizendo quando será, desculpa. — Coçou a nuca.

— Sem problemas.

— Bem, será no sábado agora, na verdade seria na sexta a noite, mas um dos professores teve um imprevisto e tivemos que remarcar.

— Que horas?

— Às 17:00hrs. — Fechei os olhos suspirando. Teria que sair da cafeteria correndo pra chegar a tempo.

— Porquê o suspiro? — Indagou curioso.

— Ora, pensei que seria mais tarde, entretanto vai dá tudo certo! Estarei lá pra te vê. — Pude ver seus olhos brilharem.

— Me alegra demais saber que irá! — abaxei o olhar sentido as bochechas queimarem. — Por um momento cheguei a pensar que você não iria. — Riu sozinho.

— Deixa de ser bobo! Não perderia uma apresentação sua, sou curiosa demais pra te ver tocando. — Respondi corada.

— Acho que você vai ter uma surpresa. — Falou se encostando no encosto da cadeira, tombando a cabeça para o lado com seu famoso sorriso quadrado.

— Supresa? Que surpresa? Me conta!

— Minha boca é um túmulo. Você só sabera no momento certo. — Joguei a borracha nele e sorrir ao ver que ela acertou sua testa.

— Aí! - Resmungou.

— Agora vá buscá-la, preciso apagar algo aqui. — Pedi fingindo voltar a me concentrar no que fazia.

— Sua folgada! - bufou — Você quem jogou ela em mim e eu que tenho que pegar? — Assenti.

— Quem mandou você ficar aqui me atazanando? Lide com as consequências.

— Você joga sujo sabia. — Se levantou resmungando indo procurar a borracha. Enquanto voltei a prestar atenção no livro que lia.

— Por acaso é isso que está procurando? — Ouvi uma voz feminina próxima, então me virei por demasiada curiosidade. Ela tinha a mão estendida a Thomas, que olhava a borracha roxa entre os dedos magros.

A voz era de uma garota que nunca tinha visto pelo faculdade, ela mantinha um sorriso amigável no rosto, cabelos lisos castanho escuro, olhos redondos como os de um coelho, os dois dentes da frente também se assemelhava com os do animal — o que a deixava fofa, tenho que admitir —, não é tão alta  talvez tenhamos a mesma altura, contudo certamente não temos nada em comum com relação a personalidade. Ela é totalmente extrovertida, como o azulado.

— Era sim obrigada... — Disse Thomas que encarava a moça.

— Haewon, me chamo Haewon. E você deve ser Thomas, certo? — Thomas pegou a borracha de sua mão concordando com a cabeça.

— Pelo visto você já me conhece. — Brincou.

— Creio que não há uma só pessoa por aqui que não saiba quem é você, prazer! — Novamente estendeu a mão dessa vez vazia esperando pela dele.

— Que exagero! — Sorriu apertando a mão de Haewon.

Meu celular despertou avisando que era hora de ir para o trabalho. Guardei meus materiais deixando apenas a borracha com Thomas, não queria atrapalhar a conversa dos dois.

Ultrapassei a porta da biblioteca, ajeitei a mochila nas costas tirando o celular do bolso para checar as horas novamente — sou um tanto obcecada por chegar nos lugares na hora certa —, virei a mochila para frente guardando o celular, aproveitei e peguei uma presilha afim de prender o cabelo. Virei o corredor quase me aproximando da saída quando de repente senti meu pulso ser segurado.

— Você... você me deixou pra trás. — A voz ofegante de Thomas demonstrava que ele havia corrido até me acompanhar.

— Calma, não precisava ter corrido.

— Sun, você me deixou pra trás sem falar nada e ainda com a sua borracha. — Ergueu a mão com a borracha roxa na minha direção.

— Por que não me entregou mais tarde? Você sempre aparece na cafeteria mesmo. — Peguei a borracha guardando no bolso da calça jeans.

— Não posso ir junto com a minha amiga pra o meu curso? Estou chateado. — Fez uma cara de decepção que me causou risos.

— Como pode ser tão bobo. — Num impulso repentino dei um leve tapa no braço do Kim.

— E como pode ser tão lindinha rindo, essa pequena rosada. — Meus olhos se voltaram para ele impressionados.

Aquilo era uma novidade, Thomas me dando um apelido, dizendo coisas bonitas fizeram meu rosto corar, sou capaz de sentir as bochechas queimando. Por fim desviei os olhos quebrando o contato, porém tive que lidar com Thomas tombando a cabeça me avaliando com olhar curioso e um sorriso de lado.

— Humm, o que é esse tom vermelho nas suas bochechas, uhum? — Thomas tentou tocar nelas, mas desviei de seu contato.

— Pare! Não tem nada aqui, deve ser o calor. — Ouvi uma risada provocativa vinda do ex azulado. Deixei ele pra trás voltando a caminhar.

— Espere por mim, Sun!

O que era essa estranha sensação no meu estômago? O que era esse quentinho vindo do meu âmago?

📚🎼

Me trocava no vestiário da cafeteria com um sorriso bobo dançando por meus lábios com pensamentos tão distantes, pensar em Thomas era causa desses sintomas. Abotoava a camisa quando as outras ensinas entravam soltando burburinhos sobre uma nova funcionária, deixei o vestiário curiosa sobre, de certo precisávamos de uma uma nova garçonete o movimento crescia em demasia, contudo apenas eu e Yoojin não dávamos conta de tudo com rapidez e eficiência.

O senhor Bae reuniu todos nós funcionários quinze minutos antes da troca de funcionários, e ao lado uma figura de óculos escuros esperava ser apresentada. Reparei nela por alguns segundos até que o senhor Bae fez sua apresentação, meus olhos quase saltaram da face quando vi de quem se tratava. Haewon Cha, a mesma garota de horas atrás seria a mais nova funcionária da Dreams Blue. Seu sorriso me parecia carregado de falsidade, sentia cheiro de traição vindo dela, mas o melhor a ser feito é ficar na minha quero apenas trabalhar em paz pra depois ir sossegada pra casa.

— Senhorita Kang! — Assustei quando o senhor Bae me chamou.

— Senhor!

— Mostre tudo a senhorita Cha, explique tudo a ela por favor. — Assenti fazendo um pequena reverência.

Porque logo eu?

— Me acompanhe por favor!

Haewon, me acompanhou atenta em tudo, perguntando tudo até o que não devia sobre se eu sabia de algo sobre a vida pessoal de clientes, apenas neguei com a cabeça. Ora! Tenho mais o que fazer. Mostrei o vestiário, banheiro, sala de descanso etc. Após concluir minha tarefa a deixei no vestiário se trocando seguindo para o meu posto, peguei o tablet escorando meu corpo contra o balcão observando o fluxo de pessoas que entrava na cafeteria. Estava de costas, havia acabado de finalizar o atendimento de um cliente quando o sino tocou mais uma vez anunciando sua entrada. Pontual como sempre. Me virei pronta pra ir até ele, entretanto Haewon foi mais rápida.

Sorrindo de orelha a orelha, foi em sua direção como uma lebre. Torci os lábios observando a cena. Thomas, usava o seu inseparável headphone preto não notando a presença antecipada da novata ao lado da mesa  — ele também mal havia se ajeitado na cadeira.

— Essa Haewon é bem apressada, né? — Olhei de canto Nabi cruzar os braços observando também.

— Ela é prestativa.

— Não seja assim, Sun. Ela fez isso por causa dele, tá na cara. Provavelmente ela tá de olho nele. — Mais uma vez olhei pra eles vendo Thomas tirar o headphone surpreso.

— Você acha?

— Acho.

— Ela é bem bonita, né? Deve fazer o tipo dele. — Disse vendo os dois sorrirem.

— Sendo sincera, ela é bonita sim, mas não acho que seja o tipo dele.

— Acha? Porquê?

— Ele vem aqui há um bom tempo, bem mais que antigamente... arrisco dizer que seja por sua causa, então creio que você faça o estilo dele. — Virei meu rosto em sua direção no mesmo instante.

— Não, somos apenas amigos. Ele vem aqui por que a cafeteria é próxima do curso dele. — Sorri amarelo.

— Ok! Eu nunca me engano. — Nabi saiu de perto de mim pra ir em direção a um cliente que a chamava.

Meus olhos voltaram novamente para os dois vendo Haewon vir em direção ao balcão. Ela reproduziu o pedido de Thomas para Ae-Cha que começou a preparar o Cappucino. Haewon pegou a xícara colocando-a na bandeja junto da fatia do bolo redvelvet levando pra Thomas. Não podia passar meu tempo observando aqueles dois, tratei logo de focar no trabalho indo atender um grupo de cinco estudantes que entrou. Após servi-los fui até a cozinha beber água, senti uma mão no meu ombro me chamando.

— SunHee, Thomas está te chamando. — Haewon passou o recado com cara de poucos amigos.

— Tá bom, vou lá. Obrigada!

Parei em frete a mesa dele analisando o que fazia.

— Está tão concentrado que ao menos notou minha presença. — Brinquei.

— Oh, me desculpe. Tava estudando quais músicas devo apresentar na sexta. — Largou o lápis sobre a mesa.

— Sabe que não posso ficar conversando com você aqui, né? — Assentiu com a cabeça fechando um caderno e bloqueando o celular.

— Então o que de tomar um sorvete comigo mais tarde? — Apoiou o queixo sobre as mãos de dedos esbeltos.

— Depende do sorvete. — Batuquei a capa do tablet.

— Sorvete com três bolas: flocos, frutas vermelhas e chocolate. — Sorri satisfeita.

— Te vejo mais tarde em frente o ponto de ônibus. — Thomas sorriu batendo palma em comemoração.

— Combinado. Me espere lá.

Um mimo pra vocês na midia por terem esperado atualização que aconteceu depois de 84 anos KKKKKK. Desculpem pela demora realmente não era pra mim demorar tanto pra atualizar, mas a vida de adulta não colabora nem a procrastinação, muito menos o bloqueio criativo. Não quero entregar um capítulo de qualquer jeito, a história e vocês merecem o meu melhor e é exatamente isso que vou fazer mesmo que demore, espero contar com a presença de vocês e a paciência também.
(*^-^)／＼(*^-^*)／＼(^-^*)

Ps: o mimo na mídia é um spoiler do que está por vir.