19. Onde Eleanor sabe da verdade
Minhas lindas e maravilhosas leitoras, estou aqui no início porque... Bem porque sim kkkk tem umas coisinhas que é bom avisar antes de vocês lerem, também.
Esse capítulo é basicamente feito de cartas (pequeno spoiler ui) que envolvem o passado da família Wright/Watson/Moore, então vou (tentar) esclarecer a árvore genealógica pra vocês kkkk
(Norman e Amélia são irmãos, caso tenha ficado difícil de entender)
Para ser bem honesta, acho que isso só confundiu ainda mais vocês, mas vou postar a imagem mesmo assim porque passei meia hora fazendo essa merda :v
Mas enfim, não se preocupem não é essencial que entendam tudo rs é apenas para não voarem no próximo capítulo...
E bem... É isso KKKK fiquem com o capítulo, e não esqueçam do votinho caso gostem <3
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Enquanto Melanie e Hariet conversavam e arrumavam a cozinha, Eleanor se encarregou de organizar a despensa.
E era uma despensa bastante grande.
Já estava arrumando a limpando o estoque nas estantes há quase uma hora, e sequer havia cumprido metade do progresso.
No fim, acabou desistindo e se sentou no chão de cara feia, sentindo-se uma completa inútil.
Foi naquele momento que viu uma coisa estranha: uma pequena caixa, escondida abaixo da primeira estante mais próxima do chão. Tinha uma cor verde esmeralda e de alguma forma, Eleanor sentiu que já tinha visto aquela caixa antes, em algum outro lugar.
Olhou em volta, mesmo sabendo que ninguém estava por perto, e de maneira discreta se arrastou até a caixa e então a puxou.
Quando a pegou em suas mãos, admirou a delicada peça feita de um material que brilhava como cristal, e mesmo que soubesse que estava sendo intrometida e teimosa, a abriu sem hesitar, sendo tomada pela curiosidade.
Viu que o conteúdo da caixa não passava de um monte de cartas. Eram 7 no total, e ela pegou a mais alta da pilha, que tinha o papel menos desgastado que as outras e provavelmente era a mais recente.
No envelope, leu o nome do correspondente, e seu coração deu um pulo.
"Elizabeth Moore"
- Mamãe- sussurrou ela, surpresa e emocionada ao mesmo tempo.
Aquela era uma carta. De sua mãe. E mesmo sem ter ideia do seu conteúdo, soube que PRECISAVA ler.
Mas quando estava prestes a tirá-la do envelope, ela ouviu passos.
Rápida como um furacão, Eleanor colocou o envelope de volta na caixa e a guardou no lugar. Um segundo depois, Melanie apareceu.
Seu coração, antes tão perturbado pela descoberta daquela carta misteriosa, imediatamente ficou mais leve, e ela sorriu apaixonadamente.
- Desculpe- pediu sem graça- Limpar esse lugar é mais difícil do que eu pensava.
Melanie sorriu de volta.
- Se quiser, eu posso ficar e ajudá-la.
- Sua companhia é sempre uma benção, minha querida- falou sedutoramente.
Mel riu e beijou sua bochecha, para então começar a arrumar as comidas.
Com mais alguém ajudando, conseguiram arrumar muito mais, e enquanto o faziam conversavam.
- Hariet me contou que você dá a ela todo o seu salário.
- Ah, contou?- Ellie sentiu as bochechas coradas- Eu... eu realmente não tenho muito uso para o dinheiro. Quer dizer, não sou o tipo de mulher que se importa muito com vestidos e essas coisas, sou mais simples, então...
Antes que ela terminasse de falar, Melanie se aproximou e, colocando os braços em volta de seu pescoço, a beijou. Eleanor correspondeu com afinco, envolvendo sua cintura e saboreando o gosto dela até que ambas ficassem sem fôlego e precisarem se afastar.
- Uau- disse estupidamente, com um sorriso enorme nos lábios- O que eu fiz para merecer um beijo delicioso desses?
Melanie ri com as bochechas vermelhas e da um tapinha em seu ombro.
- Eu só fiquei feliz em saber que faz isso. É muito gentil e... bem, acho que isso só fez com que eu gostasse ainda mais de você.
Eleanor e encarou profundamente, com desejo e o coração acelerado, e então segurou seu pulso e o aproximou de seus lábios, beijando-o com delicadeza. Sentiu a pele macia dela se arrepiar, e fez um caminho de beijos do seu pulso até a palma. Então, em um gesto carinhoso que deixou Melanie emocionada, Ellie levou sua mão até o rosto dela e fechou os olhos, suspirando profundamente.
- Pois eu gosto muito, muito mesmo de você, pequena. E não vou cansar de beijá-la até que perceba isso.
E dizendo isso, começou a beijar o seu rosto, cada uma de suas sardas, e então desceu e mordeu levemente a sua clavícula, a fazendo soltar uma pequeno gemido.
- Na verdade, minto. Não vou cansar de beijá-la nem quando perceber.
Melanie assentiu, sem conseguir pensar no que dizer, envolvida demais em seu toque para pensar de maneira coerente.
Momentos depois, Eleanor trancou a porta, com um sorriso malicioso nos labios.
. . .
A noite, Ellie desceu cautelosamente as escadas e foi até a dispensa com uma vela nas mãos para ler as cartas da caixa.
Depois que leu a primeira, seu choque foi tanto que, quando se deu conta, já havia lido todas.
E ela ficou devastada.
. . .
Enviada da Inglaterra, em 1761
"Querido Norman,
Tudo bem, espero que não surte ou fique bravo ou manifeste qualquer reação negativa ao que estou prestes a contar.
Bem, aqui vai:
EU IREI PARA AS AMÉRICAS!
E eu sei o que deve estar pensando (ou praguejando em voz alta, não importa). Sei que pensa que é perigoso, e que provavelmente você acha que eu sou sensível demais para morar em uma colônia que esteja em época de guerra e blá blá blá. Mas a questão é que o George precisa de mim, assim como eu e o Michael (que por sinal acabou de completar 3 anos e já dá bastante trabalho) precisamos dele.
E também porque eu preciso de VOCÊ, Norman. Porque não sei se sabe, mas você é meu irmão preferido, mesmo que na verdade seja meu ÚNICO irmão, mas isso não vem ao caso.
Enfim, espero que não faça muito drama a respeito nem mande umas duzentas cartas implorando ao papai que não me deixe ir. Porque eu vou, você querendo ou não.
Aliás, mudando completamente de assunto, soube que está pensando em se comprometer com uma enfermeira escocesa que conheceu no front de guerra. O George quem contou, mas por favor não diga a ele que eu o dedurei.
Talvez eu esteja generalizando muito, mas se ela é escocesa é provável que seja ruiva, e eu soube que ruivas dão bastante trabalho. O que para falar a verdade combina com você, já que nunca gostou de mulheres fáceis ou de fraca personalidade... Não sei o porquê, mas senti uma vontade absurda de desenhá-la, pois a imagino linda, com os cabelos da cor do por sol.
Enfim, acho que pararei por aqui, antes que o meu tinteiro fique vazio. Preciso urgentemente comprar um novo.
Beijos da sua irmã teimosa que o ama muito,
Amélia Wright"
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Enviada das Colônias, em 1761
"Cara Amélia,
Você é mesmo uma peste, não é?
Pois respondendo a sua carta, não, eu não vou implorar ao nosso pai para que a impeça de vir. Eu recebi a "maravilhosa" notícia de que viria uma semana antes de receber sua carta.
E sim, digamos que eu estou... interessado em uma certa madame. Estava pensando em negar até que você comparecesse ao nosso casamento e talvez quem sabe matar o George antes disso, mas então percebi que não seria de muita utilidade.
E antes que me ataque com duzentas perguntas de uma vez:
O nome dela é Lindsay, tem 26 anos e sim, ela é ruiva. Seus olhos são azuis e na primeira vez que o vi quase me afoguei neles, relembrando dos anos libertadores em que explorei os oceanos quando estava na Marinha. E eu percebi que é exatamente assim que eu me sinto quando estou com ela: livre.
Ela me faz acreditar que o mundo ainda tem esperanças. Que um dia iremos todos viver em paz, sem guerras, conflitos ou injustiças. E eu QUERO um mundo assim, Amélia.
Quero um mundo onde eu não precisa viver com medo ou ter pesadelos todas as noites, lembrando de todos os corpos e sangue dos campos de batalha.
Minha nossa, isso ficou bem deprimente. Me perdoe.
Estou ansioso para vê-la, Amélia, e caso não saiba...
Você também é minha irmã preferida, apesar de ser a minha ÚNICA irmã.
Com amor,
Norman Watson"
.
Enviada das Colônias, em 1762
"Minha querida e amada Amélia,
Sei que deve estar chateada comigo por eu não ter ido recebê-la no Porto, mas eu acabei sendo convocado para uma batalha de última hora. Me perdoe, de verdade, querida.
Quero que saiba que meu coração dói profundamente somente ao imaginar você e o nosso filho, tão perto e ao mesmo tempo tão distantes de onde estou. Prometo porém que, assim que essa pequena batalha acabar, eu irei ver os dois e os encherei de abraços e beijos, até que eu seja convocado novamente.
Eu a amo muito minha querida, e queria poder lhe enviar uma carta de cinco páginas, mas infelizmente não tenho tempo suficiente, eu e os outros soldados precisamos partir.
Do homem que a ama,
George Wright"
.
"Cara senhora Amélia Wright,
O Exército Britânico lamenta informar o falecimento, no dia 19 de maio de 1762, do general George Lucas Wright, durante uma batalha com a missão de reconquistar o território colonial inglês.
Nós enviamos nossas condolências pelo seu marido, senhora Wright, e enviaremos em breve o pagamento como forma de gratidão pela contribuição do senhor Wright em nome da coroa.
Atenciosamente,
Capitão Maison Birmingham"
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Enviada de Ohio, EUA, em 1767
"Norman,
Quero que saiba que já não tenho mais lágrimas para derramar. Já chorei demais por uma vida inteira quando perdi o George.
Eu só quero lhe perguntar uma coisa, Norman.
Em alguma vez, durante todos os anos em que moramos na mesma casa, vivendo as mesmas dificuldades, tristezas e felicidades... durante todos esses malditos anos, você REALMENTE me amou?
Se a eu de um ano atrás perguntasse a mesma coisa, ela provavelmente faria isso em tom de piada. Afinal, como você poderia não me amar? Nós nascemos da mesma pessoa, e apesar de todas as nossas brigas, no fim sempre deixavamos claro que nos amávamos.
Mas se você REALMENTE me amasse, Norman, você não teria feito isso. Não teria traído o nosso reino, a nossa casa. Não teria ecolhido lutar ao lado das pessoas que foram responsáveis pela morte do MEU MARIDO. Do pai do MEU FILHO.
Michael está com 10 anos agora, e o nosso pai insiste que ele deve voltar para Inglaterra para assumir o viscondado junto ao nome Watson (para assumir o SEU lugar) e crescer com uma figura paterna, que nas palavras deles é o ideal.
Eu perderei o meu filho, Norman. Tudo por causa dessa maldita guerra, e então eu descubro que você e a vagabunda da sua esposa são malditos espiões dos colonos. Como se não tivesse como as coisas piorarem.
O meu único alívio, Norman, é que logo o nosso pai saberá, e ele não terá outra escolha a não ser deserdá-lo. Você não poderá então ter acesso a um milésimo da herança do nosso pai. Ela será dada ao Michael e a mim.
Não pense que estou feliz por causa do dinheiro.
Estou feliz porque você irá pagar.
Acho que fui bem clara, não vejo mais o que acrescentar.
Ah, quase me esqueci:
Espero que nunca mais, sequer PENSE em se comunicar comigo. Estou falando sério. Se não o entregarei as autoridades.
Adeus,
Amélia Wright"
.
Enviada de Chicago, EUA, em 1779
"Amélia,
Talvez você nunca chegue a receber essa carta, mas vi que não custava nada tentar. Então, como papai me contou que vocês dois costumavam falar...
Aqui vai:
Eu me chamo Elizabeth Watson. E, como já provavelmente deduziu, sou sua sobrinha, o que é bastante estranho porque eu nunca cheguei a ver a senhora, mas meu pai fala tanto das aventuras que vocês tinham quando criança que... é quase como se eu a conhecesse desde sempre.
Já estou com 16 anos e a ideia de me casar me abomina, talvez porque todos os garotos que conheço da minha idade são ou burros ou convencidos demais ou os dois. Prefiro ler livros de ciência e história, em vez de ir a bailes, e quando crescer quero ser á primeira pesquisadora mulher das Américas.
E bem... essa foi a apresentação mais sólida que consegui fazer.
Sei que o papai vai ficar furioso quando descobri que mandei essa carta. Ele não gosta muito de me falar porque exatamente a senhora o odeia, mas sei que é algo relacionado a guerra, e eu não a culpo porque sei que deve estar machucada.
Mas mesmo assim... quero pedir um favor, tia Amélia.
O meu pai está muito doente. Está assim desde que a mamãe morreu em um acidente de carroça, que aconteceu há 4 anos. Eu sofro até hoje com a morte dela mas consegui superar. Ele porém não parece ter feito o mesmo.
De certa forma, sinto que ele está morrendo aos poucos. Sequer consegue sair da cama ou comer mais do que uma colher de sopa. Sua pele está pálida e com um aspecto doentio. É simplesmente horrível, e eu rezo todos os dias para que melhore mas já estou começando a perder as esperanças.
E o que eu queria pedir a senhora é que viesse nos visitar, para vê-lo uma última vez. Eu sei que ele irá morrer completamente feliz se puder abraça-la antes de partir.
E bem... é isso.
Espero que pense com carinho no meu pedido.
Com amor,
Elizabeth".
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Enviado de Mississipi, EUA, em 1794
"Tia Amélia,
Olá novamente. Há quanto tempo não nos escrevemos? Uns 10 anos?
Estou agora feliz e casada com um homem que não é nem burro nem convencido, graças a deus. O nome dele é William Moore. Ou seja, pode me chamar de Elizabeth Moore, caso ache que "sobrinha" continue soando íntimo demais.
E, como se eu não fosse uma pessoa horrível por ter lhe pedido um favor descaradamente 10 anos atrás, aqui estou eu novamemte para pedir mais um.
Deve estar pesando que sou uma ingrata, eu sei. Mas eu preciso da senhora agora tia, como nunca precisei de qualquer pessoa na vida.
William e eu estamos morando por um tempo em uma tribo de nativos, e apesar do que muitos pensam, eles têm uma cultura fascinante, que foi o que nos atraiu para ter um contato com eles no início.
Mas com o tempo, eu e Will nos sentimos tão acolhidos por eles que decidimos permanecer. Criamos nossa linda filhinha aqui, mas não temos tempo para ficar com ela porque trabalhamos muito e ultimamente temos nos envolvido em certos... conflitos
A questão tia é que a tão famosa "marcha para o Oeste" não passa de um desculpa para os americanos poderem matar todos os indígenas que virem pela frente. E ao me deparar com tal atrocidade, não posso simplesmente ficar sentada e assistir a esse genocídio. Eu e William começamos a organizar eventos e protestos contra a violência desses povos, mas o apoio que recebemos da população nas cidades é quase nulo. Estamos deixando o governo cada vez mais irritado e é uma questão de tempo até sofremos as consequências.
Tenho medo de que não consigamos sobreviver. Tenho medo de que eles nos matem e digam que não passou de um simples acidente ou de uma maneira de se defenderem.
Por isso, quero que você, tia Amélia, cuide da minha querida e doce menina.
Eu sei que é algo horrível de pedir, quer dizer, eu estou literalmente implorando para que você cuide de uma vida. Mas é a vida da minha filha, tia, e eu lhe garanto que ela é o ser humano mais gentil e puro que irá conhecer.
Quando eu olho para aqueles olhinhos castanhos e cabelos ruivos cacheados, eu não consigo deixar de sorrir. Porque é isso o que ela faz. A minha filha tem o poder de trazer a felicidade até para as almas mais tristes.
E eu sei que é muita ousadia da minha parte dizer isso, mas eu acho que a senhora precisa dela tanto quanto ela precisa de você.
Entao, por favor... pense com cautela.
Ah! e acho que esqueci de contar. O nome dela é Eleanor Amélia Moore. Em sua homenagem.
Da sua sobrinha,
Elizabeth Moore."
. . .
Vejo vocês na próxima, meus amores ❤️
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