13. Onde elas vêm estrelas


Até que Eleanor escuta algo. E então sente uma presença atrás de si...

Automaticamente ela se levanta, chutando seja lá quem estivesse se esgueirando atrás delas.

Logo depois que o faz, outra pessoa aparece em suas costas, a agarrando e imobilizando seus braços. Escuta Mel gritar, antes que ela pudesse ver com mais clareza o rosto daqueles desconhecidos.

Eram três pessoas. Um homem, uma mulher e um garotinho. O homem estava encolhido no canto, devido ao golpe que ela lhe deu, e agora era a mulher que a prendia.

O garotinho, por sua vez, estava assustado e observando a cena.

Eleanor parou de lutar no mesmo segundo.

  - Sinto muito- Ela pediu, com um sorriso sem graça para o homem no canto- Eu acho que me precipitei. Achei que você iria nos atacar...

O homem gemeu de dor em resposta, com a mão pressionada ao nariz que agora sangrava.

  - Para uma garota, você até que tem um punho forte- resmungou.

  - Você fala isso, mas foi justamente a sua esposa (pelo menos eu presumo que vocês sejam casados) que conseguiu me impedir.

O homem a olhou de cara feia, e Eleanor analisou novamente aquelas pessoas. Percebeu de primeira que eles não eram americanos. Sua pele morena e os traços do rosto indicavam isso. E eles provavelmente não tinham muito dinheiro, pelas suas roupas, além da pista óbvia de que estavam viajando ilegalmente.

  - Olhe, nós não queremos machucar- disse Melanie, com a voz suave e as mãos abertas indicando que estava desarmada- Só queremos chegar na estação de Ohio, e então vamos descer.

O homem a olhou por alguns segundos, e então virou -se para Ellie.

  - E você?

  - Eu o que?

  - Também está desarmada?

Ficou em silêncio, até que a homem fez um gesto para sua mulher, que a soltou.

Então, ela tirou hesitante a arma de seu cinto. Todos arregalaram os olhos, e ficaram paralisados até que ela estendeu a mão com a pistola e deixou que o homem a pegasse.

  - Tudo bem, Roberto, acho que elas não são mais uma ameaça- disse a mulher ao marido, que ainda estava em uma postura defensiva, segurando a arma de Ellie com força.

  - Mas, Tereza...

  - Por favor- pediu ela, mas com um tom que deixou até mesmo Ellie intimidada.

A contragosto, o tal de Roberto guardou a arma no bolso da calça.

Tempo depois, os cinco estavam sentados e conversando. Melanie parecia surpreendentemente a vontade com eles, principalmente com o garoto mais novo, que contou se chamar Miguel.

A mulher, Tereza, contou que elas vieram do Texas, e estavam fugindo da guerra assustadora do seu povo em resistência a invasão americana.

  - Eu já presenciei a guerra uma vez, quando era pequena- contou ela, com o olhar distante e melancólico- E não quero viver tudo de novo. Muito menos agora que eu tenho o meu Miguel.

Roberto se remexeu no lugar, forçando uma tosse. A esposa dele riu.

  - E o meu querido marido, é claro. Agora que tenho uma família... Não quero arriscar perdê-la.

  - Sinto muito que tenham que fazer isso- lamenta Melanie, emocionada- Ser obrigado a abandonar sua própria casa para viver em paz... Deve ser horrível.

Tereza sorri, melancólica.

  - Você é muito gentil, querida. Mas não sinta por nós, sinta pelos outros que não tiveram a mesma sorte que a nossa de chegar até aqui.

  - Você acha que o Fernando conseguiu passar pela fronteira, mamãe?- perguntou Miguel, com expectativa.

A mãe olhou para a filho tristemente e começou a acariciar seus cabelos negros.

  - É claro, meu querido. Logo nós iremos nos encontrar com ele, e ficaremos todos juntos novamente- E percebendo a expressão de curiosidade das duas jovens, explicou- Fernando é o meu filho mais velho. Se arriscou a distrair os soldados de nossa fronteira para que pudéssemos passar em segurança.

Melanie assentiu, e Eleanor percebeu que estava a beira das lágrimas.

Ela se levantou.

  - Mel, o que acha de vermos o pôr do sol?- perguntou, estendendo a mão para ela. Sabia que a prima sentiria envergonhada em chorar na frente de todos.

Ela aceitou no mesmo segundo, e então foram até o vão do vagão, onde elas podiam ter uma bela visão do sol se pondo. As duas se sentaram, e ela deixou que Melanie apoiasse a cabeça em seu ombro.

Segundos depois, os ombros de Mel tremiam, a medida que permitia que as lágrimas finalmente descessem.

Aos poucos, Eleanor vê ela fechar os olhos, e então cair no sono.

. . .

Assim que Melanie acorda, percebe que o Sol já se pôs, e agora o céu estava repleto de estrelas. Se virou, ainda deitada, e viu Eleanor com Tereza e Alberto, gargalhando e conversando. Ela estranhou, pois quando se conheceram Ellie não parecia ter se sentido tão confortável com a presença deles.

Então, quando se aproxima, percebe o motivo de sua animação excessiva: Em volta dos três, estavam várias latas e garrafas vazias de bebida.

  - Ah, minha linda, você acordou!- Grita uma Ellie claramente bêbada, e com um sorriso besta nos lábios- Vem cá, senta aqui comigo.

Mel foi até ela, sentando ao seu lado, e sentiu os braços dela a envolvendo e puxando para mais perto. Quase que por instinto olhou para Tereza e Alberto, esperando que eles fossem olhar para a cena com estranheza, mas em vez disso eles estavam ocupados demais gargalhando e cantando uma música em espanhol.

Melanie observou os dois com um sorriso no rosto, vendo que apesar de velhos, pareciam um casal adolescente apaixonado.

Ela e Ellie ouviram os dois contarem a história de como se conheceram, e então de como se casaram, até explicarem exatamente como fugiram do Texas. Então Eleanor contou a história delas, desde o vandalismo no Museu até o acolhimento dos índios. Os dois pareceram maravilhados com cada parte da história.

Por fim, cantaram a mesma música de antes, dessa vez mais alto, e Mel concluiu que a letra devia ter uma grande carga emocional para eles.

Quando terminaram de cantar, Tereza bocejou.

  - Foi maravilhosa conversar com vocês, minhas queridas, mas acho que vou dormir um pouco.

Alberto assentiu, e então encarou as duas, sério como sempre.

  - Foi um prazer. E me desculpe por... qualquer coisa que eu tenha dito ou feito antes.

Ellie ri.

  - Eu também peço desculpas, sabe, pelo nariz.

Os lábios dele se inclinam levemente para cima, em um quase sorriso, e então ele acompanha a esposa.

Sozinha com Eleanor, Mel se lembra que ela ainda envolvia seus ombros. Então, quando se virou para olhá-la, seus rostos estavam a pouquissimos centímetros um do outro.

Eleanor sorriu e perguntou com uma voz excessivamente formal:

  - Gostaria de admirar as estrelas comigo, senhorita Watson?

. . .

Assim que se aproximaram novamente da abertura do vagão, Melanie suspirou e tomou coragem para apoiar a cabeça no ombro dela.

Ellie apoiou a cabeça em cima da sua, e suspirou também.

  - Eu não deixei de perceber...- Ela começou a dizer- Que você leva muito jeito com crianças. O garoto parecia um rato assustado quando eu olhava para ele, mas quando ele estava com você... Parecia bem mais confortável.

Melanie solta uma risada amarga.

  - Acredite em mim quando digo que não sou nem um pouco boa com crianças. Talvez tenha adquirido certa habilidade para fazer com que elas não me atormentem ou me odeiem, por causa do meu irmão, mas...

  - Espera, você tem um IRMÃO? Por que não me contou?

  - E por que você iria querer tanto saber?

  - Bem, sei lá, eu só acho que é algo importante de se saber sobre outra pessoa para conhecê-la. Saber quantos irmãos ela tem, de que comida gosta, qual a sua cor preferida...

Melanie sorri.

  - Tudo bem então: Primeiro, Eu só tenho um irmão, o nome dele é Anthony e ele é o garoto mais irritante do mundo. Segundo, Eu gosto de comer quase tudo, mas pudim é simplesmente o amor da minha vida. E terceiro, a minha cor preferida é verde.

Ellie se afasta para poder olhá-la nos olhos, a abre um sorriso enorme.

  - Verde... Exatamente como seus olhos.

Melanie se sente envergonhada de repente, e desvia o olhar nervosa.

  - Tem razão... Nunca pensei nisso, na verdade.

  - E o que mais?

  - Como assim?

  - Me conte mais sobre você! Eu praticamente te apresentei para a minha família inteira... Gostaria de conhecer pelo menos um pouco sobre a sua. Não só a família, mas as suas amigas... Também quero saber como eram os bailes... Se você conseguia atrair todos os cavalheiros com a sua beleza...

  - Deixe-me pensar...- Ela começa, fingindo que não tinha se afetado com o fato de que Ellie a chamara de bonita- O meu pai se chama Michael Watson, ele é um homem bastante severo, mas no fundo tem o coração de ouro. Anthony, como eu disse, é um pestinha, mas somos irmãos então eu o amo mesmo assim. A minha mãe é Samantha Watson, e é uma mulher encantadora...

Então ela continuou a falar.

Contou sobre as suas amigas, sobre as aventuras das cinco, que sempre chocaram a população inglesa. Ela principalmente, por ser filha de um Visconde e por sempre ter agido de maneira ousada quando se tratava se flertar com os cavalheiros.

Ela contou com vergonha que já havia beijado mais bocas do que a alta sociedade admitiria como adequado, e por isso seu pai era tão alarmado em relação a ela e lhe dava sermões insuportaveis a respeito de seu comportamento nos bailes.

  - Antes de completar 18 anos, eu era um caso perdido, nas palavras do meu pai. Mas a verdade é que tudo o que eu fazia era aproveitar, entende? Simplesmente queria agir como eu mesma. Não conseguia me enxergar se comportamento e agindo como aquelas damas inglesas, que passavam literalmente a vida inteira se dedicando a habilidades e etiquetas com o único objetivo de arrumar um marido no futuro. Eu não queria viver em função de outra pessoa, não queria ser submissa a um homem que eu sequer amasse, mas que meu pai escolhera a dedo porque ele vinha de uma família de "sangue bom". Talvez por isso... eu tenha me sentido tão deslocada ultimamente.

  - Você só tem sentido isso ultimamente?- pergunta Ellie, franzido as sobrancelhas- Porque pelo que parece, você vem sentindo isso desde sempre. E está completamente certa ao se recusar ser alguém que não é. Você nasceu para brilhar, Melanie- disse, e então apontou para o céu acima de suas cabeças- Você é um estrela, e não pode deixar que uma regra social estúpida lhe diga o contrário.

Melanie solta uma risadinha, balançando a cabeça.

  - Você espera demais de mim, Ellie. Mas a verdade é que eu não passo de uma covarde. Esses anos todos, eu vim agindo de maneira rebelde, evitando ao máximo me encaixar nos padrões... Isso tudo para fugir de quem eu realmente sou.

  - E quem você realmente é, Melanie?

A morena suspirou, e então se desvencilhou dos braços de Ellie, olhando-a de maneira intensa.

. . .

Eleanor prendeu o fôlego, sentindo aquele par de esmeraldas fixos nela.

Melanie, sua querida e doce Melanie, abriu a boca, hesitante. Então a fechou. Abriu. Fechou novamente.

  - Pode me contar qualquer coisa, pequena. Sabe disso não sabe?

Ela viu a tristeza no olhar dela, enquanto ela falava lentamente:

  - Eu... eu...- Ela fechou os olhos, tentando se acalmar.

  - Melanie- involuntariamente, Ellie estica a mão para acariciar seu rosto.

Quando ela volta a abrir os olhos, tão simplesmente lindos, Eleanor sente o seu coração tropeçar uma batida.

E então, ela aproxima seu rosto do dela.

Melanie não se afasta, mas também não move um músculo. Parece levemente surpresa com sua aproximação repentina, os seus rostos a centímetros um do outro.

Percebe ela olhando para seus lábios, e um arrepio prazeroso percorre o seu corpo. Eleanor sente que estava sendo controlada não só pela embriaguez do álcool, mas por alguma outra força externa que a fazia querer se aproximar cada vez mais daquela garota que insistia em enlouquecê-la de desejo.

Então, sem pensar duas vezes, ela inclinou levemente a cabeça, fazendo com que seus lábios ficassem praticamente colados. Percebeu que Mel fechava os olhos, na expectativa, e sorriu.

  - Você realmente me quer, pequena?

  - Eleanor...- Ela fala hesitante.

  - Shhh, apenas diga que sim. Se o fizer, entenderei como um consentimento.

  - Eu...

  - Sim?

  - ...Sim. E-eu a quero.

  - Perdidamente?- pergunta com um sorrisinho malicioso.

Melanie abre os olhos, irritada.

  - Está falando sério?

Mas em vez de responder, Eleanor depositou a mão em sua nuca, colando os lábios delas aos seus.

Sente para sua felicidade Mel se derreter em seus braços, e ela ousa passar uma mão por sua cintura, enquanto a outra puxava seu rosto ainda mais, intensificando o beijo.

Quando pede permissão com a língua e não encontra resistência, solta um gemido de satisfação, puxando-a pela cintura ainda mais para perto, pressionando seus corpos e fazendo Melanie soltar um gemido delicioso.

Eleanor se perguntava a todo momento se aquilo realmente estava acontecendo. Aquela era mesmo sua prima em seus braços? A mesma garota encantadora e que Nuvem Vermelha havia dito com tanta certeza que era por quem estava apaixonada?

Pois se Ellie não estivesse apaixonada antes, com certeza iria ficar se continuasse a beijá-la daquela maneira.

  - Você é saborosa- murmurou, enquanto afastava os lábios dos dela.

Melanie soltou um gemido de protesto, até que suspirou ao sentir os lábios de Eleanor dessa vez em seu pescoço. A agarrou com força, se deliciando com a sensação de seus beijos na região, que então se transformaram em chupões, e então em mordidas, que com certeza resultariam em marcas bem visíveis.

E quando Ellie mordiscou a orelha dela, foi tomada por um sentimento de orgulho e satisfação ao vê-la enlouquecer, pressionando com força as mãos em suas costas.

Então, sem conseguir se controlar, voltou a beijá-la com ainda mais fervor. Aos poucos elas foram se deitando, com Ellie por cima dela.

Foi quando sentiu as mãos dela por baixo de sua camisa que Melanie hesitou.

  - E-ellie... E se eles acordarem...?

  - Não se preocupe, minha linda. Eles estavam bastante cansados da viagem, não vão acordar nem tão cedo. Agora esqueça eles. Se concentre apenas em... me beijar...

Então voltou a beijá-la, sendo possuída por desejo. Mordiscou o seu lábios inferior, a fazendo estremecer.

Voltou a colocar a mão por baixo da camisa dela, acariciando sua pele macia e arrepiada. Admirou a maneira com que Melanie reagia a cada toque e beijo seu. Era como uma caixinha de surpresas.

E ela queria abri-la de todas as maneiras possíveis.

Mas sabia que deveria ser paciente. Melanie não era como as mulheres com quem ela havia dormido antes. Ela era delicada e inocente.

Pelo menos era isso o que pensava, até que, de maneira um tanto ousada, Melanie pressionou a sua perna entre as dela. Ellie soltou um gemido de prazer e surpresa contra seus lábios.

E foi justamente naquele momento de excitação que ela percebeu:

Estava apaixonada.

Estava loucamente apaixonada por Melanie. Era tarde demais para voltar atrás.

Então, se ela permitisse... Eleanor iria até o final.

  - Ellie...- Ela gemeu seu nome, quando sentiu as mãos delas subindo até os seus seios- Pare...

Mas ela ignorou. Sabia pela forma com que arquejava em resposta às suas caricias que não queria que ela parasse.

Até que Mel a empurrou.

Separadas e ofegantes, ambas se olharam. Ellie ainda estava ardendo de desejo por ela, mas hesitou ao notar o seu olhar.

Melanie parecia confusa e... com medo.

Um sentimento terrível de culpa a atravessou.

Merda, será que ela estava com raiva? A achava uma pervertida?

Ou pior, será que a odiaria por isso?

Mas ela parecia ter gostado tanto...

  - E-eu... eu acho melhor esquecermos que isso aconteceu.

  - O que?- perguntou, ultrajada.

Melanie a olhou tristemente, e por mais que soubesse que deveria levá-la a sério, não conseguia parar de pensar no quao atraente ela estava, com os cabelos desgrenhados e os lábios inchados pelos beijos...

  - Eu sei que o que estou pedindo é... é indelicado, mas por favor, Ellie, vamos esquecer disso.

Eleanor pisca, surpresa. Engole em seco, sentindo um bolo na garganta e um aperto forte no peito.

Queria chorar, gritar, falar que era incapaz de esquecer o que acabou de acontecer.

Mas então se lembrou que fora ela quem havia começado tudo, e por isso deveria lidar com as consequências. Suspirou pesadamente e assentiu.

  - Tudo bem. Se é isso o que quer... Irei esquecer.

. . .

E então, o que acharam? Hehehe (adoro essa risada socorro kkkk)

Falei que ia ser emocionante, não falei? :v

Enfim, meus amorzitos, esse foi o capítulo. Não esqueçam do voto caso tenham gostado :)

Eeee até a próximaaa~

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