Capítulo Quatro

Victor Jones:

Quando cheguei em casa, me tranquei no meu quarto, olhando para o teto. Era o máximo que eu conseguia fazer até dar a hora de ir àquela festa de volta às aulas, que seria um pouco monótona demais depois do que eu vi.

Levantei a palma da mão e a fechei. Queria ter ido atrás do Merlin e dos irmãos dele. Ao menos isso me fazia sentir vivo e menos deslocado, como tenho me sentido a cada segundo.

Bateram na minha porta e Max colocou a cabeça para dentro. Coloquei minha máscara de fingimento para ele.

— Você vai na festa de volta às aulas? — ele perguntou.

Assenti com a cabeça, tentando esconder o desânimo.

— Sim, vou. Parece que vai ser... interessante — respondi, forçando um sorriso.

Max entrou no quarto e se sentou na beirada da cama. Ele me observou por um momento, parecendo preocupado.

— Você está bem? Parece meio...distante — comentou ele, franzindo a testa.

Dei de ombros, tentando parecer indiferente.

— Só estou cansado. Foi um dia longo — menti, evitando seu olhar.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse decidindo se acreditava em mim ou não. Então, deu um suspiro e se levantou.

— Tudo bem, mas se precisar conversar, estou aqui. Nos vemos na festa? — disse ele, tentando parecer animado.

Assenti novamente, sem muita convicção.

— Claro, nos vemos lá.

Quando ele saiu, me deixei cair na cama, sentindo o peso do dia nas minhas costas. Eu sabia que estava fugindo da realidade, mas, naquele momento, era tudo o que eu conseguia fazer.

O tempo passou devagar enquanto eu esperava a hora de ir à festa. Cada minuto parecia uma eternidade, e meu quarto começou a parecer uma prisão. Finalmente, quando o relógio marcou 20h, resolvi me levantar. Troquei de roupa, escolhendo uma camisa preta e uma calça jeans que me faziam parecer mais confiante do que realmente me sentia. Passei um pouco de gel no cabelo e dei uma última olhada no espelho antes de sair.

A festa estava acontecendo no ginásio da escola, que fora transformado com luzes coloridas, balões e faixas que diziam "Bem-vindos de volta!". O som da música alta reverberava nas paredes e no chão, e o ar estava cheio do cheiro de pipoca, refrigerante e suor adolescente. Um DJ estava no palco, animando a multidão com batidas eletrônicas que faziam o chão vibrar.

Grupos de alunos estavam espalhados por todo o ginásio, alguns dançando, outros conversando em pequenos círculos. As risadas ecoavam pelo espaço, e havia um clima de excitação e reencontro no ar. As mesas ao redor estavam cheias de bebidas e petiscos, e a pista de dança no centro estava lotada de pessoas se movendo ao ritmo da música.

Caminhei lentamente pelo ginásio, tentando encontrar Max. Ele estava conversando animadamente com um grupo de amigos perto de uma das mesas. Quando me viu, acenou e fez sinal para que eu me juntasse a eles.

— Ei, você veio! — exclamou ele, entregando-me um copo de refrigerante.

Sorri, mas ainda me sentia deslocado. Olhei ao redor, tentando me sentir parte daquela cena, mas tudo parecia distante, como se eu estivesse assistindo a um filme em que não pertencia.

— Sim, aqui estou — respondi, tentando soar mais entusiasmado do que realmente estava.

Conforme a noite avançava, tentei me envolver mais. Dancei um pouco, conversei com algumas pessoas e até participei de algumas brincadeiras. Mas, no fundo, minha mente continuava presa aos acontecimentos do dia. As luzes piscavam ao meu redor, os risos e as conversas se misturavam à música, mas eu me sentia como um espectador, preso em meus próprios pensamentos.

Finalmente, decidi sair um pouco para tomar ar. O lado de fora do ginásio estava mais tranquilo, com apenas alguns alunos sentados nos degraus ou conversando em pequenos grupos. Sentei-me em um canto, observando o céu estrelado e tentando encontrar um momento de paz.

Foi então que ouvi uma voz familiar. Olhei para cima e vi Merlin, acompanhado dos irmãos, caminhando em minha direção. Meu coração acelerou, e senti uma mistura de emoções – surpresa, nervosismo e uma pontada de esperança. Talvez, finalmente, aquela noite se tornasse algo mais do que apenas uma festa monótona.

— O que está fazendo aqui? É uma segunda missão? — perguntei, tão animado que me esqueci que, naquele instante, era o único que conseguia vê-lo.

Isso fez com que ele soltasse uma risada.

— Sim, estou em uma missão — Merlin disse, com um sorriso brincalhão.

Eu estava prestes a fazer mais perguntas quando percebi que algumas pessoas me olhavam de forma estranha. Claro, para elas, eu parecia estar falando sozinho. Merlin notou minha inquietação e sua expressão se suavizou.

— Não se preocupe, ninguém pode me ver ou ouvir além de você — ele assegurou.

— Isso é o pior — Murmurei, mas tentei relaxar.

— Qual é a missão dessa vez? — perguntei, tentando manter a voz baixa para não atrair mais atenção.

Merlin se aproximou, seus olhos brilhando com uma mistura de seriedade e entusiasmo.

— Há algo muito importante acontecendo. Preciso da sua ajuda para impedir que uma força sombria ganhe poder. Você tem um papel crucial nisso — explicou ele.

Meu coração disparou. A ideia de participar de outra missão era ao mesmo tempo assustadora e excitante.

— O que eu preciso fazer? — perguntei, sentindo uma nova onda de energia percorrer meu corpo.

Merlin olhou ao redor, como se estivesse avaliando o ambiente, antes de responder.

— Quer se divertir comigo usando magia? — perguntou ele, e eu olhei para ele, intrigado. — Vi como você ficou quando entramos no portal e até agora, como estava antes de me ver.

Ele estendeu a mão para mim, e eu a peguei delicadamente. No instante seguinte, tudo ao nosso redor tremeluziu, e as luzes piscaram. Quem estava olhando em nossa direção desviou o olhar por um momento e, quando voltaram a me observar, pareciam chocados. Foi então que percebi que estavam observando Merlin.

As pessoas ao nosso redor estavam boquiabertas, sussurrando entre si e apontando para nós. Merlin sorriu, claramente se divertindo com a situação.

— Agora eles podem me ver — disse ele, piscando um olho para mim. — Vamos dar um pequeno show, só para aquecer.

Antes que eu pudesse responder, Merlin levantou a mão livre e fez um gesto sutil. Luzes coloridas começaram a dançar ao nosso redor, formando padrões intrincados no ar. As pessoas ao redor soltaram exclamações de surpresa e admiração, enquanto observavam o espetáculo.

— O que está fazendo? — perguntei, ainda segurando sua mão.

— Apenas um pouco de diversão, para quebrar a monotonia — respondeu ele, com um sorriso travesso. — Além disso, precisamos de uma distração para procurar o amuleto sem sermos interrompidos e isso vai ajudar, meus irmãos estão vendo os arredores.

Ele fez um movimento com a outra mão, e uma série de pequenas chamas apareceram no ar, flutuando como vagalumes. As chamas dançavam e giravam, acompanhando o ritmo da música que ainda tocava no ginásio. Eu não pude deixar de sorrir, contagiado pela alegria que Merlin transmitia.

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Estava me divertindo pela primeira vez na minha vida, vendo como Merlin era muito bom com a magia. Ele estava fazendo pegadinhas com alguns alunos, e eu me mantive observando-o.

Estava me divertindo pela primeira vez na minha vida, vendo como Merlin era muito bom com a magia. Ele estava fazendo pegadinhas com alguns alunos, e eu me mantive observando-o.

Merlin transformou as bebidas em suas mãos em flores, fez balões flutuarem sem motivo aparente e até fez pequenos pássaros de luz voarem ao redor da cabeça de um dos professores. A multidão estava encantada e rindo, completamente envolvida no show de mágica.

Enquanto ele mantinha a atenção de todos, eu aproveitei a oportunidade para me esgueirar em direção ao auditório. O corredor estava vazio e silencioso, um contraste gritante com a festa barulhenta. Abri a porta do auditório lentamente, tentando não fazer barulho.

O auditório estava escuro, com apenas a luz fraca de emergência iluminando o ambiente. Caminhei até o palco, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação. Lembrava-me das palavras de Merlin: "Há um segredo escondido aqui que nos levará ao amuleto."

Comecei a inspecionar o palco, procurando qualquer coisa que parecesse fora do comum. De repente, ouvi um ruído sutil vindo dos bastidores. Meu coração acelerou. Segui o som, tentando fazer o mínimo de ruído possível.

Atrás de uma cortina pesada, encontrei uma porta pequena e discreta, quase imperceptível. A curiosidade me impulsionou a abri-la. Do outro lado, havia uma escada que descia para um porão. Engoli em seco, mas a determinação de encontrar o amuleto era mais forte do que o medo.

Desci a escada, sentindo o ar ficar mais frio e úmido. Ao chegar ao porão, vi uma sala antiga e cheia de poeira, com estantes repletas de livros velhos e objetos estranhos. No centro da sala, sobre uma mesa, havia um pequeno baú. Meu instinto me dizia que ali estava o que procurávamos.

Aproximei-me com cuidado e abri o baú. Dentro, envolto em um pano de seda, estava um amuleto dourado, incrustado com pedras preciosas que brilhavam suavemente na penumbra. Peguei o amuleto, sentindo uma onda de energia percorrer meu corpo.

No momento em que o toquei, ouvi passos descendo a escada. Virei-me rapidamente, pronto para qualquer coisa. Para minha surpresa, era Merlin, sorrindo.

— Muito bem, você encontrou — disse ele, com aprovação nos olhos. — Agora, a verdadeira missão começa.

Eu assenti, segurando o amuleto com firmeza. Estava pronto para enfrentar qualquer desafio que viesse a seguir, sabendo que não estava sozinho. Merlin e eu sairíamos desse auditório não apenas como amigos, mas como aliados em uma nova aventura.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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