Capítulo Onze

Victor Jones:

Não consegui comer nada o restante do dia e devo dizer que só fiquei no meu quarto mandando mensagens para minha família e amigos, tomando cuidado para não dizer nada que não deveria. Foi um pouco difícil não querer compartilhar como tudo aqui é incrível.

O primeiro raio de sol atravessava as janelas em mosaico, tingindo a sala com tons dourados e verdes. Acordei com a sensação de que o dia seria longo e repleto de desafios. O peso da responsabilidade de ser uma brecha ainda estava fresco em minha mente, mas a determinação em aprender a controlar minhas habilidades era mais forte.

Levantei-me da cama e vesti-me rapidamente, lembrando-me das palavras de Meteora. As aulas começariam hoje, e eu precisava estar preparado. Saí do quarto e segui pelos corredores do castelo, que agora começavam a se encher de vida com outros alunos se dirigindo para suas próprias aulas.

Quando cheguei à sala de treinamento, vi Meteora já à espera, cercada por um grupo de alunos. Ela me viu e fez um gesto para que eu me aproximasse.

— Bom dia, Victor. Pronto para começar? — perguntou ela, com um sorriso acolhedor.

— Sim, estou pronto — respondi, tentando soar confiante.

— Muito bem. Hoje, vamos nos concentrar em sua afinidade com o vento. É importante entender a essência da sua magia antes de tentar manipulá-la. Vamos começar com exercícios de meditação para ajudá-lo a se conectar com o elemento do vento — explicou Meteora, conduzindo-me para o centro da sala.

Os outros alunos nos observavam com curiosidade, mas Meteora rapidamente os dividiu em pequenos grupos para que continuassem seus próprios treinamentos. Ela se voltou para mim, sua expressão agora mais séria.

— Feche os olhos, Victor. Concentre-se na sensação do vento ao seu redor. Sinta sua presença, sua suavidade, mas também sua força. Deixe-o fluir através de você, como uma extensão do seu próprio ser.

Fiz o que ela disse, fechando os olhos e respirando fundo. Aos poucos, comecei a sentir uma leve brisa envolvendo meu corpo. A sensação era estranhamente familiar e reconfortante. Concentrei-me em cada detalhe: o som suave do vento, a forma como ele tocava minha pele e o movimento das pequenas partículas de poeira no ar.

— Muito bem, Victor. Agora, tente moldar essa brisa. Não force, apenas guie — instruiu Meteora, sua voz calma e constante.

Com os olhos ainda fechados, levantei a mão e imaginei a brisa se transformando em um pequeno redemoinho. Senti a energia se concentrando na palma da minha mão, e um leve redemoinho de vento começou a se formar, girando suavemente.

— Excelente, Victor. Continue praticando esse controle. É assim que você aprenderá a dominar sua magia — disse Meteora, satisfeita.

Abrindo os olhos, vi o pequeno redemoinho se dissipar, mas senti uma onda de satisfação e esperança. Este era apenas o começo, mas pela primeira vez, senti que realmente poderia controlar minha magia. Meteora tinha razão: a jornada seria árdua, mas eu estava pronto para enfrentá-la.

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Eu estava ansioso para fazer mais coisas, mas Meteora disse que teríamos uma aula teórica sobre o assunto e me mandou seguir uma aluna com cabelos castanhos. No entanto, a situação mudou quando Anna passou correndo. Ela me olhou irritada e puxou minha manga, me arrastando pelo corredor.

— Vamos, estou atrasada para a aula — disse ela, apressada.

Entramos correndo na sala de aula, onde a mestra Sunny nos olhou e sorriu.

— Bom dia, Anna. Vejo que trouxe um novo aluno com você — disse ela, seu tom gentil e acolhedor.

— Desculpe o atraso, Mestra Sunny — Anna respondeu, um pouco sem fôlego.

— Sem problemas, Anna. E você deve ser Victor, o novo aluno — Sunny disse, voltando seu olhar para mim. — Estamos felizes em tê-lo conosco. Por favor, encontrem um lugar para se sentarem.

Anna e eu nos acomodamos em duas cadeiras vazias, enquanto a mestra Sunny voltava à sua explicação.

— Hoje, vamos falar sobre os fundamentos teóricos da magia do vento — começou ela. — A magia do vento não é apenas sobre controlar o ar ao nosso redor, mas também sobre compreender a liberdade e a adaptabilidade que ele representa. Vocês aprenderão a sentir a energia do vento e a canalizá-la de maneira eficaz.

Eu escutava atentamente, tentando absorver cada palavra. Anna, ao meu lado, parecia estar completamente imersa na aula, o que me fez perceber que ela levava seus estudos muito a sério, apesar de sua atitude um tanto impetuosa.

— A primeira coisa que precisamos entender é como o vento interage com os outros elementos — continuou Sunny. — Cada elemento possui uma essência única e interage de maneiras diferentes com os outros. Por exemplo, o vento pode alimentar o fogo, dispersar a água e moldar a terra. Essas interações são cruciais para o equilíbrio da magia.

Eu fazia anotações rápidas, tentando acompanhar a quantidade de informação que estava sendo apresentada. A aula era intensa, mas fascinante. Sunny explicava com clareza, usando exemplos práticos e histórias antigas para ilustrar seus pontos.

Quando a aula finalmente terminou, me senti exausto, mas satisfeito com o que havia aprendido. Anna se virou para mim, com um olhar mais amistoso do que antes.

— Você se saiu bem para um primeiro dia — disse ela. — Só não atrase mais. Meteora é compreensiva, mas outras professoras podem não ser.

— Vou me lembrar disso, mas você que estava mais atrasada — respondi, com um sorriso.

Anna deu uma leve risada e começou a caminhar para fora da sala, acenando para que eu a seguisse.

Enquanto a seguia pelos corredores, perguntei:

— Anna, você parece saber muito sobre a escola. Pode me dizer mais sobre os outros tipos de magia que são ensinados aqui?

— Claro — ela respondeu, enquanto caminhávamos. — Além da magia do vento, temos a magia da terra, do fogo e da água. Cada elemento tem suas próprias características e desafios. Por exemplo, a magia da terra está ligada à estabilidade e força, a magia do fogo à paixão e poder, e a magia da água à adaptabilidade e fluidez. Cada aluno é incentivado a descobrir sua afinidade natural e a se especializar nela, embora todos aprendam um pouco sobre cada tipo.

— Interessante — comentei, absorvendo as informações. — E sobre a magia negra que Meteora mencionou? É algo que todos aprendem?

Anna fez uma pausa antes de responder, sua expressão ficando mais séria.

— A magia negra é ensinada, mas é uma área muito delicada. Como Meteora deve ter explicado, existem três tipos: Espectro, Maldição e Sombra. São magias poderosas, mas perigosas, e só são ensinadas aos alunos mais avançados e de confiança. É uma responsabilidade enorme lidar com esse tipo de poder.

— Entendi — respondi, ponderando suas palavras. — Parece que tenho muito a aprender.

— Sim, tem mesmo — disse Anna, com um sorriso encorajador. — Mas não se preocupe. Com o tempo, você vai se adaptar e descobrir seu caminho. Agora, vamos almoçar. Você deve estar faminto depois de uma manhã dessas.

Sorri de volta, agradecido pela companhia de Anna e pela nova amizade que parecia estar se formando. Juntos, nos dirigimos ao refeitório.

O refeitório ficava em outra parte do castelo, com mais daqueles pilares gigantescos que brilhavam como estrelas. Acima, vi fadinhas voando de um lado para o outro, carregando enormes bandejas. Fiquei deslumbrado com a grandeza do lugar.

Anna me puxou para uma fila onde havia enormes caldeirões de pedra fumegantes ao longo de uma das laterais, contendo uma variedade de pratos de aparência exótica: tubérculos roxos ensopados, verduras tão escuras que quase pareciam pretas, além de comida que parecia mudar magicamente, com pedaços de pizza, mini-hambúrgueres e fatias de torta aparecendo e desaparecendo. Uma tigela com um chá marrom tinha um pequeno furacão de brilhos mágicos surgindo em seu interior.

Alguns alunos se serviam da bebida em xícaras de madeira entalhada, que mudavam para algo diferente a cada gole. Anna já estava se servindo de uma porção das verduras escuras.

— Vá em frente, experimente algo — disse ela, notando minha hesitação. — A comida aqui pode parecer estranha, mas é deliciosa e cheia de energia mágica.

Decidi ser corajoso e servi-me de um pouco das verduras escuras e de um pedaço de torta que piscava magicamente. Peguei uma xícara de chá mágico, curioso para ver o que aconteceria.

Nos sentamos em uma das longas mesas de madeira, e imediatamente percebi a variedade de estudantes, todos envolvidos em conversas animadas sobre suas aulas e treinamentos. Anna começou a comer, e eu segui o exemplo.

— Então, o que achou das suas primeiras aulas? — perguntou ela entre mordidas.

— Foram intensas, mas fascinantes — respondi. — Nunca imaginei que aprender magia seria tão... profundo. Ainda estou processando tudo o que aprendi hoje.

Anna sorriu, concordando.

— É realmente um mundo novo. Mas você se saiu bem. Meteora parece gostar de você, e isso é um bom sinal.

— Obrigado — disse, apreciando o apoio dela. — E você? Parece que já está aqui há algum tempo. Como foi para você no começo?

— Foi um pouco assustador no início — admitiu Anna. — Mas depois que você se acostuma com a ideia de que a magia é parte da vida cotidiana, tudo começa a fazer sentido. E, claro, tendo a mestra meteora ao meu lado é ainda melhor.

— Espero que eu consiga me adaptar rapidamente — falei, olhando ao redor e sentindo uma mistura de excitação e nervosismo pelo que estava por vir.

Anna deu um tapinha no meu ombro, sorrindo.

— Vai sim, Victor. E sempre que precisar de ajuda, pode contar comigo.

Nesse momento, ouvi uma risada e Merlin deslizou para o meu lado com um pedaço de pizza. Anna olhou para o irmão.

— Onde o senhor estava? — ela perguntou.

— Por aí — Merlin disse com um sorriso. — Mas Victor, como foi seu primeiro dia de aula?

— Foi divertido — respondi, e ouvi um murmúrio quando Duncan entrou no refeitório junto de Rebeca. Todos os olhares se voltaram para nossa mesa. — O que está acontecendo?

— Simples, os três irmãos vieram ao refeitório juntos — disse Anna, desinteressada. — Mas não vamos comentar esse assunto, quero comer.

Rebeca pegou uma bandeja e Duncan fez o mesmo. Comemos em silêncio, enquanto conversava com Merlin ou Rebeca. Anna e Duncan pareciam visivelmente incomodados com os olhares e irritados, mas ficaram quietos o tempo todo.

A refeição foi tranquila, apesar dos olhares curiosos dos outros alunos. Quando terminamos de comer, Anna se levantou, e os outros a seguiram.

— Vamos dar uma volta pelo jardim? — sugeriu Rebeca, tentando aliviar a tensão.

Concordei, e todos nós seguimos para fora do refeitório. O jardim era deslumbrante, com plantas exóticas e flores mágicas que brilhavam em várias cores. Era um lugar tranquilo, perfeito para relaxar e refletir.

— Aqui é o meu lugar favorito na escola — disse Rebeca, olhando em volta com um sorriso. — É um bom lugar para pensar e praticar magia.

— Concordo — disse Duncan, ainda um pouco tenso, mas claramente aliviado de estar fora do refeitório. — Precisamos aproveitar esses momentos de tranquilidade.

Passamos algum tempo explorando o jardim e conversando sobre nossas aulas e expectativas. Aos poucos, a tensão foi se dissipando, e todos começaram a se sentir mais à vontade.

Finalmente, enquanto o sol começava a se pôr, voltamos para o castelo, prontos para enfrentar os desafios do próximo dia. Eu sabia que havia muito a aprender e muitas dificuldades pela frente, mas com amigos como esses, sentia-me mais preparado para enfrentar o que viesse.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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