Capítulo Doze

Victor Jones:

Entrei no meu quarto e caí em cima da cama, sentindo uma onda de felicidade. Decidi tentar a magia do vento novamente. Concentrei-me, mas no segundo seguinte minhas mãos brilharam com uma coloração completamente vermelha e uma chama surgiu. Olhei para ela com calma. Pelo que ouvi nas aulas, alguns magos são capazes de usar mais de uma magia, enquanto bruxos só podem usar aquilo que a natureza permite que eles usem. Feiticeiros têm uma marca demoníaca em seu corpo para isso. Verifiquei minha pele para ter certeza de que não havia nenhuma marca.

Para minha surpresa, não havia nenhuma marca demoníaca. Fiquei aliviado, mas também intrigado. Era possível que eu tivesse uma afinidade natural tanto com o vento quanto com o fogo? Ou talvez houvesse algo mais em mim que ainda não compreendia completamente.

Fechei os olhos novamente, tentando focar na chama. Lembrei-me das palavras de Meteora sobre entender a essência da magia antes de manipulá-la. A sensação do calor em minhas mãos era poderosa, mas também reconfortante. Com cuidado, tentei moldar a chama, imaginando-a se transformando em uma pequena bola de fogo. Senti a energia se concentrar, e a chama respondeu ao meu comando, formando uma esfera flamejante.

Abri os olhos, maravilhado com o que tinha conseguido. Era evidente que eu tinha uma afinidade natural com mais de um elemento. Precisava entender melhor como isso funcionava e, acima de tudo, aprender a controlar essas habilidades para evitar acidentes.

Enquanto a bola de fogo desaparecia lentamente, deitei-me de volta na cama, refletindo sobre tudo o que havia acontecido naquele dia. O caminho à minha frente era incerto, mas também repleto de possibilidades. Eu estava determinado a descobrir mais sobre minhas habilidades e a dominar cada uma delas.

Na manhã seguinte, acordei com uma sensação renovada de propósito. Levantei-me e me preparei rapidamente, ansioso para continuar minhas aulas e explorar minhas novas descobertas. O mundo da magia estava se revelando de maneiras surpreendentes, e eu estava pronto para enfrentar qualquer desafio que viesse.

Ao sair do quarto, cruzei com Rebeca no corredor.

— Bom dia, Victor — disse ela com um sorriso. — Pronto para mais um dia de aprendizado?

— Com certeza — respondi, sorrindo de volta. — Tenho muito o que aprender e estou ansioso para começar.

Enquanto caminhávamos juntos em direção às aulas, senti uma onda de confiança. Eu estava no lugar certo, cercado por pessoas que poderiam me ajudar a descobrir e desenvolver minhas habilidades. O futuro era incerto, mas com determinação e apoio, sabia que poderia superar qualquer obstáculo.

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Minha primeira aula do dia seria uma mistura de aulas de dois mestres. O primeiro era Mestre Drefus, um senhor de cabelos castanhos que usava roupas casuais. Pelo que Rebeca e Merlin me contaram (este último entrando atrasado na sala como se não fosse nada), Drefus era um mago do tipo Espectro. O segundo era Mestre Borges, um homem alto com olhos de um vermelho carmesim chocante. Ele usava um manto roxo e tinha um camaleão de fogo em seu ombro. Ao lado de Mestre Drefus havia um pegaso com estilo de relâmpago.

— Bom dia, alunos — Mestre Drefus disse calmamente. — Hoje, a pedido da Mestre Meteora, faremos uma aula aberta para que vocês se conectem com seu parceiro espectral.

Levantei a mão.

— O que seria um parceiro espectral? — perguntei.

Mestre Drefus sorriu e respondeu:

— Um parceiro espectral é uma entidade mágica que se liga ao mago, ajudando-o a canalizar e controlar suas habilidades mágicas. Eles podem assumir várias formas e são únicos para cada mago. Alguns parceiros são visíveis, como meu pegaso, enquanto outros podem ser mais sutis em sua manifestação.

Mestre Borges continuou, olhando para o camaleão de fogo em seu ombro.

— Um parceiro espectral não é apenas um auxiliar. Eles compartilham uma conexão profunda com o mago, influenciando e sendo influenciados pelo estado emocional e mental do mago. Esta aula será uma oportunidade para vocês se conectarem com essas entidades e entenderem melhor suas próprias habilidades.

Olhei ao redor da sala, observando a reação dos outros alunos. Alguns pareciam animados, enquanto outros estavam claramente nervosos. Eu me sentia uma mistura dos dois.

— Vamos começar com uma meditação guiada — disse Mestre Drefus. — Fechem os olhos e concentrem-se em sua energia interior. Deixem seus sentidos se expandirem, procurando sentir a presença de seu parceiro espectral.

Fechei os olhos e fiz o que ele disse. Respirei fundo, tentando me concentrar. Aos poucos, senti uma presença ao meu redor, uma energia familiar e reconfortante. Concentrei-me mais e comecei a sentir uma leve brisa, acompanhada por uma sensação de calor. Abri os olhos lentamente e vi uma pequena criatura, um misto de uma ave com um dragão, pairando ao meu lado. Suas asas brilhavam com uma coloração vermelha e dourada, lembrando tanto o vento quanto o fogo.

— Impressionante, Victor — disse Mestre Borges, observando minha nova companhia. — Parece que você tem uma afinidade natural com múltiplos elementos. Isso é raro e poderoso. Seu parceiro espectral refletirá isso.

Olhei para a criatura com admiração. Ela me olhou de volta com olhos inteligentes e cheios de energia. Senti uma conexão imediata e profunda com ela.

— Continuem praticando essa conexão — disse Mestre Drefus. — Vocês aprenderão muito com seus parceiros espectrais. E lembrem-se, essa é apenas a primeira etapa de sua jornada mágica.

Saí da aula sentindo-me revigorado e mais confiante do que nunca. Estava determinado a entender e dominar minhas habilidades com a ajuda do meu novo parceiro espectral.

Merlim sorriu para mim.

— Qual vai ser o nome dele? — perguntou ele, referindo-se ao meu parceiro espectral.

— Ainda estou pensando — falei. — E o seu? Notei que você não tentou nada na aula.

Ele ficou envergonhado por alguns segundos.

— Eu e Anna somos proibidos de fazer isso — Merlim disse, e olhei confuso para ele. — Duncan pode, pois ele é um invocador e cultivador, coisas que nós não podemos fazer.

— Mas por que você e Anna não podem?

Ouvi uma risada atrás de nós e vi um rapaz ao longe com um grupinho vindo na nossa direção.

— Simples, porque eles têm uma restrição na magia deles — o rapaz disse, apontando para Merlim. — Na minha opinião, deveria ser os três.

— Cala a boca, Dimas — Merlim disse, irritado.

Dimas continuou a rir, mas recuou um pouco, ainda provocando.

— Restrição na magia? — perguntei a Merlim, tentando entender.

Merlim suspirou, visivelmente incomodado com a situação.

— Sim, eu e Anna temos uma restrição natural em nossa magia. Não podemos nos conectar com parceiros espectrais ou usar mais do que dois tipos de magia e artefatos mágicos. É algo que ocorreu pelos crimes dos nossos pais.

Dimas riu, e seu grupo o acompanhou.

— Claro, sempre essa desculpa. Afinal, seus pais participaram daquele grupo que matou milhares de criaturas mágicas das outras nações — Dimas disse, voltando seus olhos para mim. — Deveria se afastar dele antes que te contamine, brecha.

— Por que razão? Os pecados dos pais dele não definem quem ele é ou as decisões que ele toma. Quem pensa assim é um grande idiota, na minha opinião — falei calmamente. — E você parece ser exatamente isso.

Dimas estreitou os olhos, visivelmente irritado, mas não respondeu. Merlim olhou para mim, surpreso e grato.

— Obrigado, Victor — disse ele, com um leve sorriso. — Nem todo mundo entende isso.

— Não se preocupe, Merlim. Eu entendo que as pessoas são responsáveis por suas próprias ações, não pelas dos outros — respondi, tentando tranquilizá-lo.

— Seu... — Dimas começou, mas interrompi, pegando a mão de Merlim e o puxando para longe dali.

— Vamos sair daqui. Não vale a pena gastar nosso tempo com esses babacas — murmurei, enquanto nos afastávamos.

Merlim apertou minha mão com força e sorriu, visivelmente aliviado por ter escapado daquela situação. Caminhamos juntos pelos corredores, deixando para trás o ambiente tóxico criado por Dimas e seu grupo.

Caminhamos pelos corredores da escola, sentindo o peso do ambiente hostil se dissipar aos poucos. Merlim ainda segurava minha mão, sua expressão visivelmente mais aliviada.

— Não sei como você aguenta isso — eu disse, tentando quebrar o silêncio. — Dimas e o grupo dele são insuportáveis.

— É algo que aprendi a lidar com o tempo — respondeu Merlim, soltando um suspiro. — Mas é bom saber que tenho amigos como você para me apoiar.

Paramos em frente a uma janela, e eu pude ver a vastidão do campo de treinamento lá fora. Diversos alunos praticavam suas magias, cada um tentando aprimorar suas habilidades únicas.

— Vou te contar um segredo — Merlim disse, baixando a voz. — Eu e Anna não somos os únicos com restrições. Existem outros alunos aqui que também têm limitações em suas magias, mas preferem não falar sobre isso.

— Entendo — eu respondi, pensativo. — Deve ser difícil para todos eles.

Merlim assentiu. — É, mas é por isso que precisamos nos apoiar. Afinal, estamos todos aqui para aprender e crescer.

Antes que eu pudesse responder, ouvimos uma voz familiar nos chamando. Era Rebeca, correndo em nossa direção.

— Ei, vocês dois! — ela disse, parando para recuperar o fôlego. — Estava procurando por vocês. Temos uma reunião com a Mestre Meteora em cinco minutos. Ela quer falar com os alunos que têm parceiros espectrais.

— Certo, vamos indo — respondi, acenando para Merlim seguir comigo.

Entramos na sala da Mestra Solange, uma mulher imponente com longos cabelos prateados e olhos azuis intensos e devo dizer ainda mais com a cobra que seria um espectro do elemento vento deitada sobre seus ombros. Ela nos observou enquanto entrávamos, seu olhar penetrante parecendo ver através de nós e o da cobra não era muito diferente.

— Bom dia, alunos — disse ela, sua voz calma mas autoritária. — Fico feliz em ver que vocês começaram a se conectar com seus parceiros espectrais. Esta é uma jornada importante e quero que saibam que estou aqui para guiá-los.

— Obrigado, Mestre Meteora — respondi, sentindo a pressão do momento.

— Hoje, vamos explorar mais a fundo a natureza dessa conexão — ela continuou. — Quero que cada um de vocês me mostre o progresso que fizeram. Victor, você pode começar.

Respirei fundo e chamei meu parceiro espectral, que apareceu ao meu lado em um instante. A criatura, com suas asas vermelhas e douradas brilhando, parecia estar em perfeita sintonia comigo.

— Impressionante — comentou a Mestra Solange, se aproximando para observar de perto. — Você tem um potencial incrível, Victor. Esse parceiro espectral será uma grande força em sua jornada.

Rebeca foi a próxima, revelando um parceiro espectral em forma de um grande lobo prateado. A conexão entre eles era palpável, e a Mestre Solange elogiou sua força e determinação.

Após todos os alunos mostrarem seus parceiros, a Mestre Solange Nos orientou a trabalhar juntos em um exercício de sincronia. O objetivo era aprender a canalizar nossas energias de forma conjunta, aumentando a potência de nossos feitiços.

Enquanto praticávamos, eu percebia cada vez mais a importância dessa conexão. Não era apenas uma questão de poder, mas de compreensão e equilíbrio. Meu parceiro espectral não era apenas uma ferramenta, mas uma extensão de mim mesmo.

Ao final do exercício, a Mestre Solange nos reuniu novamente.

— Vocês todos fizeram um ótimo trabalho hoje — ela disse, com um raro sorriso de aprovação. — Lembrem-se, essa é apenas a primeira etapa. Continuem praticando e fortalecendo essas conexões. Estou orgulhosa de vocês.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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