Capítulo Dezessete

Victor Jones:

Na manhã seguinte, acordei com uma sensação renovada de propósito. A revelação da minha nova habilidade ainda ressoava na minha mente, e eu estava ansioso para entender e dominar esse poder. Dirigi-me ao campo de treinamento, onde já encontrei o mestre Castiel e alguns dos outros aprendizes. Anna estava entre eles, e me lançou um breve sorriso de encorajamento.

— Bom dia, Guardião — saudou Castiel. — Hoje, vamos explorar mais sobre sua habilidade. Temos muito o que aprender e precisamos começar imediatamente.

Ele me guiou até uma área isolada do campo de treinamento, onde diversos tipos de espadas estavam dispostas em uma mesa.

— Estas são todas as espadas que temos, cada uma com diferentes propriedades mágicas — explicou. — Quero que experimente cada uma delas e tente canalizar sua magia. Precisamos descobrir qual delas se adapta melhor a você.

Peguei a primeira espada, uma lâmina longa e elegante com runas gravadas em sua superfície. Fechei os olhos e tentei canalizar minha energia para a lâmina. Por um momento, senti um calor subir pela minha mão, mas a lâmina se quebrou logo em seguida.

— Nada mal para uma primeira tentativa — disse Castiel, com um tom encorajador. — Continue.

Depois de tentar com várias espadas, cada uma com resultados semelhantes, comecei a me sentir frustrado. Foi então que peguei a última espada, uma lâmina mais simples, sem adornos ou runas. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando limpar minha mente. Senti a energia fluir mais suavemente desta vez, e a lâmina começou a brilhar com uma luz suave, mas constante.

— Excelente! — exclamou Castiel. — Parece que encontramos uma lâmina que se ajusta a você.

Anna, que estava observando de longe, se aproximou.

— Parabéns — disse ela, com um sorriso genuíno. — Parece que está começando a entender sua magia.

— Obrigado, Anna — respondi, sentindo-me mais confiante. — E obrigado por ontem. Acho que a luta me ajudou a desbloquear algo dentro de mim.

— É isso que parceiros fazem — ela respondeu. — Agora, vamos treinar juntos e nos tornar mais fortes.

Passamos o resto do dia treinando juntos, praticando estocadas e defesas, e tentando sincronizar nossos movimentos. A cada golpe, sentia que estava me aproximando mais de dominar minha habilidade. Anna também parecia mais determinada, como se nossa parceria tivesse acendido um novo fogo dentro dela.

No final do dia, Castiel nos chamou para um breve descanso e nos deu algumas instruções sobre o próximo treinamento.

— Amanhã, vamos explorar técnicas de combate em equipe — explicou. — É essencial que aprendam a lutar juntos, não apenas individualmente. Temos uma missão importante pela frente e precisaremos de todos vocês no seu melhor.

Enquanto nos dirigíamos para nossos quartos, Anna me acompanhou.

— Você fez um progresso incrível hoje — ela disse. — Tenho certeza de que será um grande Guardião.

— Não conseguiria sem seu apoio — respondi, sentindo uma gratidão genuína por sua presença. — Vamos continuar assim.

Ao entrar no meu quarto, senti um misto de exaustão e satisfação. Estava no caminho certo, e com a ajuda de Anna e do mestre Castiel, eu sabia que poderia me tornar o Guardião que todos esperavam. A jornada seria longa e difícil, mas pela primeira vez, sentia que estava pronto para enfrentá-la de cabeça erguida.

Bateram na minha janela e, quando me aproximei, vi Merlin ali. Abri o trinco e ele pulou para dentro, com um sorriso travesso no rosto.

— Tenho um presente para você — disse ele, segurando um pequeno pedaço de algum tipo de doce feito de mel.

— E o que seria isso? — perguntei, levantando uma sobrancelha. — Acho que isso não compensa o fato de você ter sumido e se afastado nesses dias.

— Eu estava indo atrás do bolo de mel para te dar — Merlin explicou, e eu levantei uma sobrancelha, ainda desconfiado. — Ele é meio difícil de fazer ou até de comprar por aqui. Tive que cobrar alguns favores das pessoas que conheço.

— Isso está bem pequeno para ser chamado de bolo — falei, observando o pedaço minúsculo. — Parece mais uma moeda.

Merlin riu e se sentou na beirada da minha cama.

— Eu sei que não parece grande coisa, mas basta saber a palavra certa para ele crescer — disse, colocando a pequena moeda em cima da mesa. — Expa!

Em segundos, a moeda brilhou e começou a crescer, adquirindo uma cor vermelha e dourada. Quando o brilho cessou, havia um enorme bolo de mel na minha frente, e o aroma era simplesmente divino.

— Uau! — exclamei, maravilhado. — Isso é incrível, Merlin! Nunca vi nada assim.

— Espero que goste — disse ele, com um sorriso satisfeito. — E que compense meu sumiço.

— Está mais do que perdoado — respondi, rindo. — Agora, vamos provar essa maravilha.

Cortamos fatias generosas do bolo e nos deliciamos com o sabor doce e suave. Enquanto comíamos, conversamos sobre os últimos dias, sobre meu treinamento e sobre a nova habilidade que havia descoberto.

— Estou impressionado com o seu progresso — disse Merlin, entre uma mordida e outra. — Você realmente está se tornando um Guardião formidável.

— Obrigado, Merlin. Mas não conseguiria sem o apoio de todos vocês — respondi, sentindo-me grato por ter amigos tão leais.

Depois de comer, Merlin me ajudou a limpar a bagunça e, antes de sair, me lançou um olhar sério.

— Lembre-se, você nunca está sozinho neste lugar. Estamos todos aqui para te apoiar, não importa o que aconteça.

— Eu sei, Merlin. E agradeço por isso — respondi, sentindo um calor reconfortante em meu coração.

Merlin sorriu e acenou antes de desaparecer pela janela. Enquanto arrumava meu quarto, senti uma nova onda de determinação.

— Espera — falei e o puxei pela jaqueta dele. Ele quase caiu, mas se apoiou no batente da janela e me olhou nos olhos, nossos rostos a centímetros um do outro. Ele olhou para mim e senti meu rosto começar a esquentar.

— O que foi? — perguntou ele, um sorriso tímido surgindo em seus lábios.

— Só queria agradecer de verdade — murmurei, a voz falhando levemente.

Ele ficou em silêncio por um momento, seus olhos fixos nos meus. O ambiente parecia carregar uma eletricidade palpável.

— Não precisa agradecer — respondeu Merlin, suavemente. — Eu faria qualquer coisa por você.

Ficamos assim por alguns segundos, que pareceram uma eternidade, até que Merlin se inclinou um pouco mais perto. Meu coração disparou, e eu podia sentir a respiração dele misturando-se com a minha. Antes que eu pudesse reagir, ele plantou um beijo suave na minha bochecha, fazendo meu rosto corar ainda mais.

— Boa noite, Guardião — sussurrou ele, antes de se afastar e desaparecer pela janela.

Fiquei parado ali, sentindo o toque fantasma dos lábios dele na minha pele, o coração ainda acelerado. Senti uma mistura de emoções — surpresa, alegria, confusão, mas acima de tudo, uma nova determinação de me tornar o melhor Guardião que eu pudesse ser.

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Estou completamente exausto com esse treinamento.

Parece que ser escolhido como Guardião automaticamente implica em minha participação em várias cerimônias, como rituais de purificação, desfiles, audiências com Sua Majestade, o rei deste país, e de outros quando solicitado, além de uma série de outras obrigações.

Inicialmente, eu pensava que tudo isso não passava de um sonho, mas os dias subsequentes confirmaram que era a realidade. Minha mente lúcida assegurava que definitivamente não era um sonho.

Merlin compartilhava as refeições comigo, e Anna, Rebecca e Duncan logo se juntaram para fazer companhia. Rebecca se desculpou em nome de Duncan, que simplesmente olhou para mim e voltou a ver seus livros, por não terem estado muito presentes antes. Duncan, por sua vez, limitou-se a um breve aceno de cabeça antes de voltar aos seus estudos.

Comecei a notar outros aprendizes nos observando como se estivéssemos fazendo a coisa mais incomum do mundo ao conversar animadamente.

Claro, eu ignorei isso, e a parte mais surreal foi quando mandei mensagens para minha mãe, Max, Clara e Brian, escondendo a parte sobre magia. Tive que explicar e detalhar as aulas de uma maneira monótona, o que foi complicado com Duncan quase explodindo de curiosidade atrás de mim, atrapalhando-me ao responder às perguntas.

Houve também aquele dia em que Max me ligou por videochamada, com nossa mãe ao lado, e uma pequena fada apareceu de repente. Por sorte, Merlin estava por perto e a capturou em suas mãos antes que ela caísse no chão. Ele sorriu de maneira galante para minha mãe e irmão, saindo rapidamente do quarto.

— Que jovem bonito — minha mãe comentou, me observando atentamente por alguns segundos. — Invista nele.

— Mãe! — eu disse, com a voz mais aguda do que o normal.

— Estou apenas brincando, mas se gostar dele, vá em frente — ela disse, piscando um olho, antes de se afastar da tela ao ouvir a voz de Charlie xingando vindo da cozinha. — Charlie, cuidado com as latas de tinta! Já disse para não pegar um monte de coisas de uma vez. Victor, vou ter que ir ajudá-lo, não quero que ele tenha um acidente.

Ela se afastou da tela do computador, e eu olhei para Max em busca de uma explicação.

— Ele tem vindo muito aqui enquanto você está longe — Max explicou. — A mãe não admite, mas está gostando muito da ajuda dele com seus projetos malucos. Para mim, é até engraçado ver tudo isso.

— Percebo que ela está muito feliz com isso — eu disse, e então ouvi outro barulho vindo da sala compartilhada, junto com a voz de Merlin xingando e as risadas de Anna.

— Tenho que ir agora — disse, desligando a tela imediatamente.

Levantei-me rapidamente e saí do quarto, seguindo o som das risadas até a sala compartilhada. Encontrei Merlin tentando segurar outra fada que voava freneticamente ao redor da sala, enquanto Anna ria da situação.

— Parece que alguém está tendo problemas com as fadas hoje — comentei, cruzando os braços e sorrindo.

— Não começa, Victor — Merlin respondeu, finalmente conseguindo capturar a fada. — Essas pequenas criaturas estão cada vez mais travessas.

— Talvez elas estejam reagindo à sua energia mágica crescente — sugeriu Anna, ainda rindo. — Você está se tornando mais poderoso, e elas podem sentir isso.

— Espero que isso não signifique mais incidentes como esse — disse, tentando não rir da expressão exasperada de Merlin.

Depois de resolver a situação com a fada, todos nós nos acomodamos na sala, compartilhando histórias e rindo das pequenas desventuras do dia. Senti-me mais relaxado e contente, cercado por amigos que se importavam.

Enquanto a noite avançava, olhei ao redor da sala e percebi o quanto havia mudado desde que cheguei. Tinha amigos leais, estava desenvolvendo minhas habilidades e começava a entender meu papel como Guardião. Com um último olhar para Merlin, que ainda estava rindo das histórias de Anna, senti uma nova onda de determinação.

Eu estava pronto para enfrentar qualquer desafio que viesse, sabendo que tinha um grupo incrível ao meu lado.

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Lá estava eu novamente, sentado na suíte, saboreando alguns lanches, mas sentindo-me em conflito.

Anna tinha se convidado para o café da manhã na suíte, e Rebecca, Duncan e até mesmo Merlin disseram que fariam o mesmo, para que eu me acostumasse e evitássemos o refeitório.

Enquanto Merlin e Duncan discutiam sobre Ferramentas Mágicas ao meu lado, eu ainda não tinha uma compreensão clara do que exatamente eram essas ferramentas mágicas. No entanto, pela forma como eles falavam a respeito, pareciam ser algo incrível, quase tão caro quanto um carro.

— Victor, por que parece tão abatido? — Merlin perguntou, com uma expressão preocupada. — Que tal deixar essa comida que Anna trouxe do refeitório e trocá-la por algo que te revigore? Você tem muitas coisas na mente, e seu sucesso como Mago depende deste exame... Mas se conseguimos passar pela comida da Anna, podemos qualquer coisa.

— Está insinuando que eu cozinho mal? — Anna provocou, jogando um copo na direção de Merlin.

— Na verdade, está delicioso — eu disse, sorrindo, mas percebi um vento estranho começar a soprar pelo local. Ele agitou um pouco de poeira no meu café, o que me fez apressadamente tentar me acalmar. O vento continuou a se intensificar, e senti uma pressão estranha começando a se formar ao meu redor.

— Victor, tente se acalmar um pouco — Rebecca falou, ajudando Duncan a segurar suas anotações.

Inspirei profundamente pelo nariz e expirei lentamente, suavizando o som da minha respiração para torná-la mais harmoniosa.

O vento desapareceu. Olhei ao redor e me inclinei para trás no sofá, consciente de que meus poderes estavam se manifestando e precisava me controlar para evitar causar destruição.

Anna tentou me animar ao me oferecer um bolinho, mas eu estava lutando para lidar com tudo isso. Agora que eu era o Guardião de fato, eu me questionava sobre o que deveria fazer a partir de agora.

De fato, o reino não impunha muitas restrições à minha liberdade, contanto que eu permanecesse dentro do país. Não havia necessidade de me trancar no castelo real ou me forçar em direção ao templo.

O único inconveniente nisso tudo era a avalanche de convites de famílias nobres e eventos que eu tinha que encarar. Nossa sala estava transbordando de cartas e presentes que acompanhavam essas solicitações.

Enquanto comia em silêncio, olhando para a pilha de presentes, percebi Merlin se aproximar. Ele sentou-se ao meu lado, e seus olhos encontraram os meus com uma intensidade que me fez esquecer temporariamente minhas preocupações.

— Victor, você não está sozinho nisso — disse ele suavemente. — Todos nós estamos aqui para te apoiar.

Eu sorri, sentindo um calor reconfortante em suas palavras. Rebecca e Anna também me lançaram olhares encorajadores, mas era Merlin quem parecia entender mais profundamente o que eu estava passando. Sua presença me dava força.

— Obrigado, Merlin — respondi, tentando manter a voz firme. — E a todos vocês também. Isso significa muito para mim.

Merlin segurou minha mão por um momento, e o simples toque dele me trouxe uma sensação de paz. Senti meu coração acelerar um pouco, e ele pareceu perceber, sorrindo de maneira tranquilizadora.

— Vamos superar isso juntos, Victor. — Ele disse, apertando minha mão levemente antes de soltá-la.

O ambiente ficou mais leve, e a conversa fluiu naturalmente. Anna e Rebecca começaram a falar sobre os eventos do dia, enquanto Duncan fez piadas sobre suas experiências com as Ferramentas Mágicas.

Apesar dos desafios, percebi que tinha uma rede de apoio incrível. E, com Merlin ao meu lado, sentia que poderia enfrentar qualquer coisa. Olhei para ele uma última vez antes de me juntar à conversa, grato por ter amigos tão maravilhosos em minha vida.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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