Capítulo Dezesseis

Victor Jones:

Na manhã seguinte, fui despertado por um suave toque na porta do meu quarto. Ao abri-la, deparei-me com Meteora, segurando uma enorme cesta de frutas e uma série de presentes enviados por magos e outros habitantes do castelo. A notícia de que o novo guardião havia sido encontrado se espalhara como fogo em uma floresta encantada, e todos queriam dar as boas-vindas ao novo membro.

Os outros alunos, no entanto, mantinham uma distância respeitosa de mim enquanto eu seguia para minhas aulas. Era como se temessem que eu fosse explodir a qualquer momento ou fazer algo que não estivesse à altura de suas expectativas. Por mais que tentassem disfarçar, a tensão era palpável no ar.

Após um longo dia de aulas e expectativas, finalmente retornei ao meu quarto. Era um espaço amplo e aconchegante, com espaço de sobra para todos os presentes mágicos que havia recebido, além de um conjunto de roupas de reserva e uma sacola com artigos de toalete.

Eu costumava me sentar sozinho à mesa de jantar, escolhendo minhas atividades e determinando quando as luzes deveriam ser apagadas. Duncan, que compartilhava o quarto comigo, parecia ter se tornado invisível. Raramente o via na sala compartilhada ou em qualquer outro lugar do castelo.

No entanto, apesar de toda a liberdade e privacidade que tinha, sentia-me profundamente infeliz. O peso da responsabilidade de ser o guardião recaía sobre mim, e eu não sabia se estava à altura desse papel.

Os dias passaram rapidamente desde que fui reconhecido como o novo guardião, e minha rotina estava estabelecida. As aulas de magia eram desafiadoras e intensas, com mestres exigentes que empurravam seus alunos ao limite.

A pressão era constante, e eu me perguntava se estava à altura da responsabilidade que recaía sobre meus ombros. Nas noites estreladas, enquanto olhava pela janela do meu quarto, sentia uma sensação estranha, uma energia mágica pulsante no ar.

Levantei-me e segui essa sensação pelo castelo, atravessando os corredores até chegar ao jardim. Lá, encontrei Meteora e os outros mestres reunidos em uma roda, com expressões sérias em seus rostos.

Os aprendizes estavam agitados demais para receber aulas, e minhas lições haviam se tornado particulares. Os mestres exigiam o máximo de mim e não tinham receio de me desafiar.

— Você precisará de todo o treinamento que puder obter — disse Meteora, enquanto praticávamos com tochas flamejantes e espadas mágicas que voavam em minha direção. — Vamos tentar novamente aquele golpe de decapitar víboras. Mais cinquenta repetições.

Cada golpe, cada feitiço, cada movimento exigia concentração e habilidade. Os mestres não poupavam esforços para me ensinar as nuances da magia e como controlar meu vasto potencial. A cada dia, eu me sentia mais desafiado e também mais preparado para o papel de guardião.

À medida que as semanas passavam, comecei a notar uma mudança na atitude dos outros alunos em relação a mim. A princípio, eles mantinham distância, mas gradualmente começaram a se aproximar, fazendo perguntas e até mesmo pedindo ajuda com seus próprios estudos mágicos. Percebi que minha posição como guardião me dava a oportunidade de influenciar positivamente aqueles ao meu redor, e eu estava determinado a fazer o melhor uso dessa oportunidade.

Meteora continuou a ser minha mentora e guia durante todo o processo. Ela não apenas me ensinava magia, mas também compartilhava histórias de guardiões passados e sua importância na manutenção da paz na dimensão mágica. Comecei a compreender a magnitude do meu papel e a responsabilidade que ele carregava.

Uma noite, enquanto treinávamos em um campo aberto iluminado pela lua cheia, Meteora parou e olhou para mim com um sorriso orgulhoso.

— Você está fazendo um progresso notável, Victor — disse ela. — Lembre-se de que ser o guardião não é apenas sobre poder, mas também sobre sabedoria e compaixão. Você tem o potencial de ser um líder excepcional.

Agradeci a Meteora pelas palavras encorajadoras, mas sabia que ainda tinha um longo caminho a percorrer. A jornada de um guardião era interminável, e eu estava determinado a enfrentar cada desafio que viesse pela frente.

À medida que o tempo passava, eu me tornava mais confiante em minhas habilidades e no papel que desempenhava. Os outros alunos passaram a me ver como um exemplo a seguir, e eu me esforçava para liderar pelo exemplo, promovendo a amizade e a cooperação entre as diferentes raças mágicas que estudavam no castelo.

Às vezes, nos intervalos das aulas, eu olhava para o quadro que retratava Camilla Skyline, a última guardiã. Eu me inspirava em sua coragem e determinação, sabendo que, assim como ela, eu estava destinado a proteger a dimensão mágica.

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Na parte da tarde, eu costumava passar o tempo na biblioteca com Marko, que misteriosamente começou a diminuir de tamanho, ficando do tamanho de um cachorro. Isso gerou um caos, com todos me olhando cheios de expectativa. Percebi que a situação deixava Merlin e seus irmãos bastante desconcentrados.

Soltei um imenso suspiro ao ver Marko voando para longe e, com passos delicados, fui para o lado de fora, passando o restante do tempo no meu quarto, tentando processar todas as mudanças.

Três dias após descobrir que eu era o Guardião, fui arrastado para minha aula de esgrima mágica. Todos do meu grupo se reuniram na sala em questão de segundos. O mestres Castiel que pelo que soube é uma grande espadachim mágico, estalou os dedos e o cenário mudou para uma enorme arena circular. Começamos com estocadas e cutiladas básicas, usando bonecos recheados de palha com armaduras. Pelo menos eu entendi o que devia fazer, e meus reflexos estavam bons.

O problema era que eu não conseguia encontrar uma lâmina que se adaptasse às minhas mãos. Sempre que tentava imbuir minha magia na lâmina, ela se destruía. Eram pesadas demais, leves demais, compridas demais ou fracas demais.

Mesmo com o mestre fazendo o melhor que podia para me ajudar, ele concordou que nenhuma das lâminas de prática parecia funcionar para mim. Passamos, então, para duelos em duplas. O mestre anunciou que Anna seria minha parceira.

— Oi — falei, mas ela ficou séria em segundos. — Vai me ignorar mesmo? Anna, eu sou seu amigo.

Ela permaneceu em silêncio e avançou com a espada, atingindo-me com força nas costelas usando a parte chata da lâmina. A dor foi aguda e intensa, quase me tirando o fôlego. Eu cambaleei para trás, tentando entender o que estava acontecendo.

Tentei recuperar meu equilíbrio e meu fôlego. Seus olhos estavam cheios de determinação e algo mais — talvez raiva, talvez tristeza. Eu precisava descobrir o motivo por trás de sua atitude e, ao mesmo tempo, proteger-me dos seus golpes.

— Mantenha a guarda alta, senhor Jones — o mestre disse, e então Anna me atingiu com força nas costelas outra vez, usando a parte chata da lâmina. — Não, não tanto assim! — Plaft! — Ataque! — Plaft! — Agora, recue! — Plaft!

Quando ele pediu um tempo, eu estava empapado de suor. Todos correram para o isopor de bebidas. Olhei para Anna, tentando decifrar seus sentimentos e, mais importante, entender como melhorar minha técnica antes que ela me machucasse ainda mais.

Ela se afastou dos outros aprendizes e se jogou no chão. Observei que sua expressão era de culpa, mas logo se transformou em raiva ou, talvez, ela tenha colocado uma máscara para disfarçar.

— O.k., todo mundo em círculo! — ordenou o mestre Castiel. Anna voltou para a minha frente, com a lâmina estendida, atacando na minha direção com tudo o que tinha.

Ela não me deixava fazer nada ou ter tempo de raciocinar, o que me deixou com raiva.

De algum modo, consegui impedir que ela golpeasse o cabo da minha espada. Meus sentidos se aguçaram. Vi seus ataques chegando e rebati. Dei um passo à frente e tentei minha própria estocada. Ela desviou facilmente, mas notei uma mudança em seu rosto. Seus olhos se estreitaram e ela começou a me pressionar com mais força.

Fiz o mesmo, e foi então que reparei que minha espada estava brilhando com magia pelo cabo. Nossas lâminas se chocaram com tudo.

Por segundos, nada aconteceu até que ambas as lâminas começaram a se quebrar. Anna foi jogada para trás com força, enquanto os estilhaços das espadas voavam pelo ar.

Anna caiu pesadamente no chão, enquanto eu recuava, sentindo uma onda de energia percorrer meu corpo. A sala ficou em silêncio absoluto, todos os olhares voltados para nós.

— O que foi isso? — perguntou o mestre Castiel, visivelmente surpreso. Ele se aproximou de mim, os olhos fixos no brilho residual que ainda emanava do cabo da minha espada quebrada.

Anna se levantou, ofegante, mas com uma expressão de admiração misturada com frustração.

— Isso foi incrível, mas perigoso — ela disse, tentando recuperar o fôlego. — Como você fez isso?

— Eu... eu não sei — respondi, ainda atordoado pelo que acabara de acontecer. — Apenas aconteceu.

O mestre Castiel colocou a mão no meu ombro.

— Parece que há muito mais em você do que imaginávamos, Guardião. Precisamos entender melhor essa sua habilidade.

Anna se aproximou, e pela primeira vez, notei uma suavidade em seu olhar.

— Me desculpe por antes — ela disse, baixando a cabeça. — Eu estava tentando te testar, mas acho que fui longe demais.

— Está tudo bem — respondi, ainda tentando processar tudo. — Acho que estamos todos aprendendo.

Castiel se virou para o grupo.

— Por hoje, terminamos. Todos podem ir descansar e refletir sobre o que aconteceu aqui. Amanhã, continuaremos com um novo enfoque.

Enquanto todos se dispersavam, Anna se aproximou novamente.

— Podemos conversar um pouco? — ela perguntou, hesitante.

Assenti, seguindo-a até um canto mais tranquilo da arena.

— O que houve com você durante a luta? — perguntei. — Parecia que queria acabar comigo!

— Eu estava com raiva — ela admitiu. — Raiva de mim mesma, raiva de não ser boa o suficiente. E, de alguma forma, eu descontava isso em você. E também estava com raiva de você ficar igual aos outros desse lugar.

— Anna, todos nós temos nossas lutas internas — disse, tentando ser compreensivo. — Mas precisamos trabalhar juntos, especialmente agora. E nunca vou ser igual aos idiotas que provocavam você e os seus irmãos.

Ela assentiu, um sorriso tímido se formando em seus lábios.

— Obrigada por entender. E prometo que da próxima vez, serei uma parceira melhor.

Senti um peso sair dos meus ombros. Talvez, finalmente, estivéssemos começando a nos entender.

Enquanto deixávamos a arena, uma sensação de determinação crescia dentro de mim. Eu sabia que, com a ajuda de Anna e do mestre Castiel, poderia aprender a controlar minha nova habilidade e me tornar o Guardião que todos esperavam que eu fosse.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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