Capitulo Dezenove - 1°parte

Victor Jones:

Certa manhã, enquanto caminhava em direção às minhas próximas aulas com Meteora, esforçava-me para esquivar-me dos outros alunos, fingindo estar imerso em uma conversa muito importante no celular. Marko voava ao meu redor, desafiando qualquer um a se aproximar. Virei em um corredor movimentado e, sem querer, esbarrei em um grupo de estudantes. Foi então que notei a figura de Merlin no meio deles.

— Merlin, você está me dizendo que realmente deseja fazer os exames para se tornar um mago de verdade? — um dos amigos de Merlin perguntou com genuíno espanto.

Na opinião de muitos, Merlin sempre foi conhecido por ser o oposto de um estudante dedicado, mas, de repente, ele parecia estar mergulhando profundamente no estudo da magia.

Essa mudança de comportamento de Merlin intrigava todos os alunos de Meteora e até mesmo os demais.

Pelo jeito que Merlin estava se comportando, era evidente que ele estava com preguiça de explicar seus motivos ao colega. No entanto, algo em seu olhar indicava que ele já havia tomado uma decisão inabalável: tornar-se um Grande Mago e conquistar a rara e valiosa oportunidade de desencadear seu verdadeiro potencial.

— Mesmo que você se dedique agora, talvez seja tarde demais. Você deveria parar de perder tempo, afinal, acumulou vários anos de desatenção aos estudos. — O rapaz enfatizou com persuasão.

Ele deixou claro que Merlin havia obtido apenas seis pontos no último exame simulado de Magia, a pontuação mais baixa de todo o grupo do ano. Como ele poderia aspirar a ser admitido com um desempenho tão precário?

— Você já comprometeu suas chances, Merlin, é melhor aceitar isso. — O rapaz continuou.

— Gus, talvez você seja quem realmente deveria estudar mais. — Merlin respondeu, claramente irritado com Gus tagarelando em seus ouvidos.

— Por que eu faria isso? — Gus perguntou com um ar de desafio.

Foi nesse momento que ambos perceberam a minha presença.

— Victor, ouvindo as conversas alheias, que feio. — Merlin comentou, balançando a cabeça com desaprovação. — Você está me decepcionando.

— Sim, eu estava ouvindo, mas vocês também estavam tendo essa discussão em um local público, de forma bem aberta. — Respondi com um sorriso irônico. — Além disso, Gus e os outros podem estar enganados, Merlin. Eu acredito que você tem o potencial para se sair muito bem nos exames. Posso perceber o seu comprometimento.

Lancei um piscar de olhos encorajador a Merlin antes de seguir meu caminho.

No entanto, Gus não estava totalmente errado. Com apenas vinte e poucos dias restantes, mesmo que alguém fosse um gênio, seria um desafio compensar todas as lacunas deixadas pelos anos de negligência. Além disso, havia uma grande diferença entre o conteúdo dos exames práticos e o que foi aprendido em sala de aula.

Eu sabia que as chances eram escassas, mas a razão pela qual queria ver Merlin se dedicando aos estudos não era apenas por causa dos exames. Era porque ele estava demonstrando uma paixão genuína pela magia, um desejo ardente de mergulhar profundamente em seu estudo, e isso era algo que eu admirava profundamente.

Enquanto eu continuava meu caminho, senti uma inquietação crescente. Algo sobre a determinação de Merlin me fascinava, e não pude deixar de pensar nele enquanto atravessava os corredores. Lembrei-me de momentos anteriores, quando Merlin e eu passávamos tardes inteiras juntos na biblioteca, discutindo sobre magia e outras coisas. Sua risada fácil e seu jeito despretensioso sempre me faziam sentir confortável, mesmo em dias difíceis.

Após as aulas, decidi procurar Merlin. Eu sabia que ele estaria na biblioteca, um lugar que se tornara seu refúgio recentemente. Ao entrar, lá estava ele, cercado por pilhas de livros e pergaminhos, com uma expressão concentrada que raramente via nele.

— Merlin — chamei suavemente, aproximando-me.

Ele levantou o olhar, e por um instante, um sorriso brilhou em seu rosto antes de ser substituído por uma expressão de cansaço.

— Victor, o que você está fazendo aqui? — perguntou, tentando parecer indiferente, mas eu percebi a leve alegria em sua voz.

— Queria ver como você está se saindo — respondi, sentando-me ao lado dele. — Ouvi dizer que você está estudando como nunca antes.

Merlin suspirou e fechou o livro à sua frente.

— Estou tentando, mas parece impossível. Todos acham que é uma causa perdida, e às vezes, começo a acreditar neles.

Olhei profundamente nos olhos dele, sentindo uma conexão mais forte do que nunca.

— Eu acredito em você, Merlin. Sempre acreditei. Você tem uma paixão que poucos têm, e é isso que faz a diferença. Não se trata apenas dos exames, mas do que você quer para si mesmo.

Ele me observou por um momento, como se estivesse tentando absorver minhas palavras. Então, algo mudou em sua expressão, uma vulnerabilidade que raramente mostrava.

— Victor, eu... — Ele hesitou, baixando o olhar antes de voltar a me encarar. — Eu sei que não parece, mas seu apoio significa muito para mim. Você sempre esteve ao meu lado, mesmo quando eu não merecia.

Senti meu coração acelerar. Havia algo na maneira como ele me olhava, uma intensidade que me fez esquecer de tudo ao nosso redor.

— Merlin, você sempre mereceu. Só não sabia disso ainda.

Aproximei-me um pouco mais, sentindo a tensão no ar. Ele não se afastou; ao contrário, seus olhos fixaram-se nos meus com uma suavidade que nunca vi antes.

— Victor, eu...

Antes que pudesse terminar, eu tomei a iniciativa. Com delicadeza, coloquei minha mão sobre a dele, sentindo um calor familiar que me tranquilizava. Merlin não recuou; ao invés disso, entrelaçou os dedos nos meus, criando uma conexão que parecia tão natural quanto respirar.

— Merlin, vamos superar isso juntos — sussurrei. — Você nunca está sozinho, e nunca estará enquanto eu estiver por perto.

Ele sorriu, um sorriso verdadeiro que iluminou seu rosto. Aproximamo-nos ainda mais, e naquele momento, senti que nada poderia nos deter.

Aproximando nossos rostos, senti a respiração de Merlin se tornar mais lenta e pesada. Nossos lábios se encontraram em um beijo suave, cheio de promessas não ditas e de um futuro que ainda estava por ser escrito.

Foi um momento que selou não apenas a nossa amizade, mas algo muito mais profundo. A magia entre nós não era apenas sobre os livros e feitiços, mas sobre a conexão que construímos juntos, dia após dia.

— Vamos fazer isso, Victor. Vamos mostrar a todos do que somos capazes — Merlin murmurou contra meus lábios, e eu sabia que, juntos, poderíamos enfrentar qualquer desafio.

Com um último olhar cúmplice, voltamos aos estudos, mas agora havia algo novo entre nós. Uma força inabalável que nos unia e que tornava cada obstáculo apenas mais uma oportunidade para mostrar ao mundo o que significávamos um para o outro.

O tempo voou, e vinte dias passaram como um piscar de olhos. O dia dos exames finais finalmente chegou, e as pessoas fora dos templos estavam agitadas e preocupadas. Não importava o tipo de prova; os pais das crianças compareciam para buscá-los ou ficavam ansiosos por atualizações.

Quando saí da sala de exames, deparei-me com um fluxo interminável de pessoas, todas olhando para mim com curiosidade e, em alguns casos, admiração. Ignorei as atenções e mergulhei em meus pensamentos sobre meu desempenho nos exames.

Após cerca de vinte dias de estudo intensivo, finalmente alcancei um nível em que pude compreender os tópicos dos exames. No entanto, se minhas respostas estavam corretas ou não, era uma incógnita.

— Guardião, Guardião... — uma voz me chamou dentre a multidão. Era um rapaz mais jovem do que eu, e seu rosto me parecia familiar.

Antes que eu pudesse reagir, um homem com um capuz puxou o rapaz para longe, e ambos desapareceram na multidão.

— Encontrei você. — Anna apareceu ao meu lado. — Como você se saiu nos exames?

— Espero que tenha ido bem — respondi.

— Claro que sim. Você estudou todos os livros que Duncan emprestou e os que Meteora recomendou, além de dominar as técnicas de magia apropriadas — Anna elogiou. — Eu consegui manter minha média.

— Ainda estou tentando entender essa dinâmica dos exames. O ano letivo mal começou — comentei, confuso.

— Esses primeiros exames servem para avaliar nossas habilidades e nos conceder a capacidade de utilizar uma segunda magia, mesmo que seja mais fraca que a principal — Rebecca explicou, juntando-se a nós. — Eles determinam se estamos prontos para continuar as aulas e viajar entre diferentes países para estudar as várias culturas, fauna e flora.

— Então, é como se estivéssemos obtendo um visto de estudante — comparei, tentando fazer uma analogia com o mundo humano.

Expliquei a eles como o processo de intercâmbio funcionava no mundo mortal.

— Isso faz sentido — Rebecca concordou. — Por exemplo, nasci com afinidade com a magia do vento e, com o tempo, aprendi a dominar a magia da terra também.

— Eu também. Sempre tive afinidade com a magia do vento e consegui usar encantamentos para melhorar minhas habilidades com armas — Anna acrescentou. — A faca que uso nos treinamentos de combate foi feita especialmente para se adaptar a mim.

Enquanto conversávamos, Duncan e Merlin saíram da sala de exames.

— Pela primeira vez, consegui responder todas as perguntas. E ainda tem a parte dos exames práticos pela frente — Merlin compartilhou com um sorriso radiante.

Assenti positivamente para ele.

— Estudando, podemos superar qualquer desafio — comentei.

— Agora, posso finalmente relaxar um pouco até que Meteora nos leve para uma nova experiência mágica — Anna disse, entusiasmada. — Que tal irmos à cidade e aproveitar o pouco tempo livre que temos? Victor, você ainda não teve a chance de explorar muito a cidade desde que chegou aqui.

Ela olhou para mim com olhos brilhantes, quase implorando.

— Isso é para apresentar Victor ao mundo ou só porque vocês estão cansados deste lugar? — Rebecca provocou, apontando para a multidão ao redor.

Percebi que muitos olhares estavam fixos nos irmãos Shinewood, a maioria deles hostis, com murmúrios de desaprovação ao fundo. Anna ignorou a hostilidade, concentrando sua atenção em mim e nos outros.

— Eles estão realmente bem com isso — Anna disse, segurando meu braço animadamente. — Temos que ir logo para que você possa experimentar a vida em uma sociedade repleta de magia e tecnologia.

— Não posso fazer isso — Duncan começou a protestar.

— Pare! Você não precisa continuar. Vamos mostrar um pouco do nosso mundo para Victor. Imagine poder explorar a biblioteca mágica que sempre possui as melhores enciclopédias sobre as bestas divinas! — Anna disse empolgada. — Victor, você já aprendeu muito sobre aquele lugar.

— Eu também adoraria encomendar mais alguns livros sobre ferramentas mágicas, mas não me lembro da localização da loja — Rebecca comentou, olhando para Duncan.

— Eu estava pensando a mesma coisa. Acho que fica perto das docas dos monstros marinhos — Merlin ponderou. — Se não for lá, podemos perguntar a alguém. Tenho certeza de que um bom samaritano nos ajudaria.

— Eu irei — Duncan finalmente cedeu. — Mas, antes disso, temos que passar em um lugar.

Todos concordamos com a cabeça, sem mais palavras.

Enquanto nos dirigíamos para o local que Duncan mencionou, Merlin se aproximou de mim, seus olhos brilhando com uma emoção que eu reconhecia. Sentia que ele queria falar algo importante, mas as palavras pareciam hesitar em seus lábios. A sensação de estar ao lado dele era reconfortante, e não pude deixar de lembrar do beijo que compartilhamos na biblioteca.

— Victor — Merlin começou, finalmente reunindo coragem. — Queria te agradecer por todo o apoio durante esses dias. Eu realmente não sei o que teria feito sem você.

— Merlin, você não precisa me agradecer. Foi um prazer estar ao seu lado e ver você crescer tanto em tão pouco tempo. Você é incrível e merece cada conquista que está por vir — respondi, sentindo meu coração acelerar.

Ele sorriu, um sorriso que aquecia meu coração.

— Sabe, eu estava pensando... talvez, depois de tudo isso, a gente possa passar mais tempo juntos. Não apenas estudando, mas explorando esse mundo e tudo o que ele tem a oferecer.

Senti um calor invadir meu peito. A ideia de passar mais tempo com Merlin era algo que eu desejava profundamente.

— Eu adoraria, Merlin. Vamos fazer isso. Explorar, descobrir e, quem sabe, criar novas memórias juntos — respondi, segurando a mão dele com firmeza.

E com aquele simples gesto, senti que qualquer desafio que estivesse à nossa frente seria enfrentado com força e união. Juntos, estávamos prontos para qualquer coisa.

Antes de sairmos, Duncan nos conduziu até a suíte e bateu na parede que ficava entre nossas portas. Em questão de segundos, a parede se moveu para revelar prateleiras repletas de frascos brilhantes. No canto das prateleiras, percebi que uma foto havia caído no chão quando Duncan mexeu em alguns dos frascos. A imagem na foto mostrava uma pequena casa de um andar e meio, com a parede externa pintada de marrom e um jardim cheio de flores na entrada.

Comparada com as outras casas do bairro, que tinham cerca de três andares e meio após reformas e decorações, essa casa parecia modesta. No entanto, algo na imagem emanava uma sensação de nostalgia e calor.

Enquanto eu segurava a foto na mão, percebi Merlin e Anna olhando para mim com uma expressão de tristeza, como se aquela imagem trouxesse memórias dolorosas.

— Pode me dizer por que está levando essa foto? — Rebecca perguntou, quebrando o silêncio.

— Bem, prometi à Senhora Copélia que criaria um produto de limpeza super potente para ela. — Duncan explicou, enquanto olhava para os frascos brilhantes. — Uma única gota desse líquido é capaz de limpar quase todo um cômodo.

— Entendi, então foi isso que você estava fazendo nas madrugadas de fim de semana quando ficava acordado até tarde. — Rebecca murmurou, enquanto Duncan jogava um pingente para ela. O objeto estava tão brilhante que ela teve que fechar os olhos para não ser ofuscada. — O que é isso?

— Pensei em fazer algo para você, então usei um pouco do produto para limpar aquele seu pingente que estava enferrujando. — Duncan explicou. — Agora ele está tão reluzente que parece uma fênix.

Rebecca expressou sua gratidão com um beijo na bochecha de Duncan, que ficou visivelmente envergonhado com o gesto.

— Agora que já pegaram tudo o que precisavam, podemos ir para a cidade. — Anna sugeriu, ansiosa para iniciar nossa aventura.

— Claro, mas lembrem-se de que precisamos seguir as regras. — Merlin acrescentou, lançando um olhar em minha direção. — Temos que avisar a Meteora sobre nossa saída.

— Está bem. — Assenti e me dirigi para encontrar Meteora e informar nossa partida.

*************************

Por conta da minha intenção de explorar a cidade, Meteora e os outros mestres decidiram me fornecer um impressionante número de escoltas. Parecia que os Guardiões eram frequentemente alvos de interesse e, por isso, era necessário garantir a nossa segurança. As Pixies receberam a ordem de me proteger completamente, enquanto guardas discretos ficariam de olho em nós à distância quando chegássemos à cidade.

Descemos a montanha onde o castelo e as outras escolas estavam localizados, chegando a um estacionamento que continha uma variedade surpreendente de veículos. Havia carros comuns, alguns flutuantes, e até mesmo uma nave. Além disso, carruagens puxadas por Pegasus também estavam presentes.

— Que incrível! — Exclamei, meus olhos brilhando de empolgação. — Como esses carros funcionam aqui?

— Eles funcionam através da magia ou, às vezes, de maneira semelhante ao mundo humano. — Anna explicou, dirigindo-se a um carro prateado e abrindo a porta. — Este é um carro que Duncan e Merlin construíram com a ajuda dos mestres.

O interior do carro parecia bastante comum, mas eu podia sentir a presença da magia irradiando dele. No entanto, o que me surpreendeu foi que Rebecca entrou no carro sem hesitar.

— E o ferro? — Perguntei, preocupado.

— Sou mestiça. — Rebecca explicou. — Minha mãe é uma fada, e meu pai é um bruxo. O ferro não me afeta.

— Também consegui usar materiais diretamente do reino das fadas e dos dragões. — Duncan acrescentou. — Meteora me ajudou a adquirir essas peças.

— Não se esqueça do Sumo Sacerdote Horeom, que me ensinou a construir um motor de carro. — Merlin lembrou. — E também usei livros de automação e engenharia.

Movi-me para o lado de Anna, enquanto Duncan assumiu o volante e Merlin sentou-se no banco do passageiro. À medida que seguimos pela estrada, comecei a refletir sobre o Sumo Sacerdote Horeom. Quando descobriram minha identidade como Guardião, uma carta com o nome dele chegou até mim. A carta simplesmente desejou-me boa sorte e ofereceu ajuda caso eu precisasse de orientação sobre magia ou qualquer outra coisa. Até aquele momento, não tinha achado necessário entrar em contato, já que Meteora estava me fornecendo muitas informações sobre magia.

O trânsito estava terrível. Por mais congestionado que fosse o trânsito da minha cidade natal em dias movimentados, nunca tinha visto algo tão caótico como o tráfego da capital ao meio-dia. Carruagens e carros dividiam o espaço com carrinhos de verdureiros ambulantes, dragões em forma humana carregando mercadorias pesadas e criaturas tentando vender de tudo um pouco aos ocupantes dos veículos.

Ogros e gnomos interrompiam o trânsito para negociar uns com os outros ou atrair possíveis clientes para suas lojas e serviços. O barulho da cidade era ensurdecedor, com feéricos gritando acusações de traição e vendedores de jornais anunciando as últimas notícias do dia. Além disso, o som de uma harpa sendo tocada em algum lugar ecoava pelo ar, e notei uma dríade feita de nuvens sobre uma janela, produzindo essa melodia encantadora. Animais com o tamanho de carros aguardavam pacientemente enquanto seus donos faziam compras, e criaturas em forma de árvores se moviam pela multidão, deixando flores e sementes por onde passavam.

Essa era Magix, a capital que representava o equilíbrio entre todas as forças mágicas e servia como ponto de encontro para todos os seres mágicos do país. Cada nação da dimensão mágica tinha sua própria cidade capital para manter o equilíbrio, mas algumas eram mais cruciais do que outras.

Enquanto observava pela janela, uma senhora com pele tão verde quanto as penas de um papagaio, olhos negros e arregalados como os de uma ave, e cabelos multicoloridos como penas, acenou para nós quando Duncan finalmente conseguiu uma vaga de estacionamento.

— Agora a diversão começa. — Anna disse com um sorriso radiante.

Ela me arrastou para diversas lojas que surgiram à nossa frente, examinando peça por peça, esperando enquanto pegava algo que a interessava ou que achava que eu gostaria de conhecer. Era evidente que eu estava sendo tratado como uma grande celebridade em cada estabelecimento. Em cada loja, Anna criava histórias mais extravagantes sobre mim, e os donos ficavam encantados com sua aparência e aparente riqueza, mostrando-nos suas melhores ferramentas, livros de encantamentos, comidas deliciosas e até mesmo roupas. No entanto, à medida que a maratona de compras continuava, meu entusiasmo inicial foi se transformando em tédio, e eu me senti exausto e desinteressado.

Anna conseguiu persuadir Merlin e Duncan a comprar algumas bebidas de sua loja favorita de vitaminas antes de seguirmos adiante.

Rebecca se sentou ao meu lado e deixou escapar uma risada leve.

— Nunca vi a Anna tão empolgada em mostrar tudo o que gosta para outra pessoa, além de mim ou dos irmãos dela. Ela até parou de fazer as piadas sobre assassinato que costumava fazer quando a conheci. — Rebecca comentou, sorrindo. — É estranho como os outros aprendizes parecem tratá-los com tanto desgosto ou como se tivessem alguma doença.

Assenti, sentindo uma pontada de empatia por Anna e os irmãos Shinewood. Eles sempre foram alvos de olhares e murmúrios, mas a força e a determinação deles eram inegáveis. Enquanto refletia sobre isso, Merlin se aproximou, trazendo consigo duas bebidas.

— Aqui, Victor. Você vai precisar de energia para acompanhar a Anna. — Ele disse, entregando-me uma garrafa de suco de frutas com um sorriso cúmplice.

— Obrigado, Merlin. — Respondi, sentindo uma onda de calor ao ver seu sorriso.

Nós continuamos explorando a cidade, visitando lojas de livros raros, mercados de alimentos exóticos e até mesmo um parque onde criaturas mágicas conviviam em harmonia. Em cada lugar, Merlin ficava ao meu lado, explicando curiosidades e me ajudando a entender melhor aquele mundo mágico.

Enquanto caminhávamos por uma rua movimentada, senti a mão de Merlin roçar a minha. Foi um toque leve, quase imperceptível, mas que fez meu coração acelerar. Olhei para ele e encontrei seus olhos brilhando de uma maneira que me fez sentir uma conexão profunda e inquebrável.

— Victor, estou feliz que você esteja aqui conosco. — Ele disse, sua voz suave e sincera.

— Eu também, Merlin. Esse lugar é incrível, e estar com você faz tudo parecer ainda mais especial. — Respondi, apertando levemente sua mão.

Ele sorriu, e continuamos a explorar a cidade, lado a lado, saboreando cada momento como se fosse um sonho compartilhado.

Ao final do dia, quando o sol começava a se pôr, nos encontramos em uma colina que oferecia uma vista panorâmica da cidade. As luzes começavam a se acender, criando um espetáculo de cores e sombras.

— Obrigado por me mostrar tudo isso, Merlin. — Disse, virando-me para ele.

— O prazer foi todo meu, Victor. — Ele respondeu, e naquele momento, senti que todas as palavras não dit

as entre nós estavam claras como o dia.

Nossos olhares se encontraram, e sem dizer mais nada, nos aproximamos. O beijo foi suave e cheio de promessas, selando um vínculo que sabíamos ser inquebrável.

Enquanto as luzes da cidade brilhavam ao nosso redor, soube que, juntos, poderíamos enfrentar qualquer desafio, explorar qualquer mistério e criar memórias inesquecíveis. A magia entre nós era real e poderosa, e eu estava ansioso para descobrir o que o futuro nos reservava.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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