Capítulo Dez
Victor Jones:
Da frente da porta do meu quarto, vinham as vozes distintas de duas pessoas, despertando-me abruptamente de um sono profundo.
— Falta apenas um mês! O que faço se não entrar em uma boa escola secundária? — reconheci a voz de Duncan, carregada de preocupação. — Isso pode atrapalhar meus planos de limpar o nome da minha família e garantir um futuro melhor para mim e meus irmãos.
A segunda voz, feminina e encorajadora, respondeu com otimismo:
— Você é muito inteligente, Duncan. Tenho certeza de que pode entrar na Tianlan para aperfeiçoar seus conhecimentos mágicos e espirituais. Você é realmente talentoso. Suas notas nas aulas teóricas são tão altas que eu poderia invocar qualquer Besta Mágica, e você seria capaz de reconhecê-las e identificar suas fraquezas.
Franzi as sobrancelhas enquanto escutava a conversa à frente da minha porta. Era a primeira vez que ouvia falar desse conceito de magia, mas a maneira como Duncan parecia precisar se esforçar o dobro para se destacar chamou minha atenção. Lembrei-me da reação de um grupo de estudantes que passou por Anna, soltando resmungos sobre "filhos de traidores".
Decidi ignorar a conversa e me concentrei em tentar voltar ao meu sono profundo, algo que a experiência de muitos anos de estudos havia me ensinado a fazer com facilidade. Fechei os olhos e relaxei, mas algo me fez ficar alerta novamente. Ondas de magia surgiram com intensidade, perturbando o ambiente ao meu redor.
A porta do meu quarto abriu-se um pouco, e eu pulei da cama, minhas mãos brilhando involuntariamente. Uma rajada de vento mágico surgiu, arremessando Duncan e a garota para longe. Eles foram lançados para trás com força, até que o vento atingiu a parede e se dissipou no ar. Olhei para minhas mãos, surpreso, pois não havia feito nenhum movimento consciente.
— Isso foi incrível! — a garota disse, animada. Suas asas lembravam as de uma mariposa, e seu cabelo ruivo brilhava, assim como seus olhos, que pareciam diamantes rosados. — Belos reflexos com a magia.
Duncan, que havia caído do outro lado do sofá, levantou a cabeça e olhou para mim com surpresa.
— Rebeca — disse Duncan, dando um salto e ficando de pé — Ele lançou magia na gente!
— A culpa foi nossa. Entramos no quarto dele sem bater — Rebeca respondeu, revirando os olhos. — Ele tem o direito de proteger seu espaço. Lembre-se que é normal a magia se manifestar de maneiras inesperadas, especialmente quando estamos emocionalmente abalados ou sob estresse — disse ela, com um tom suave e tranquilizador.
Aos poucos, o pânico inicial começou a diminuir, e a realidade da situação se instalou. Eu sabia que teria que aprender a controlar minhas habilidades mágicas para evitar acidentes como este no futuro.
— Desculpe por isso — murmurei, sentindo-me um pouco envergonhado. — Eu não queria machucar ninguém.
— Não tem com o que se desculpar, não é mesmo? — Rebeca disse gentilmente.
— Mas isso é... — Duncan começou a argumentar, mas se calou com um olhar de advertência de Rebeca. — Esqueça esse assunto. Já sabe meu nome pela missão com meus irmãos, e esta é a minha namorada, Rebeca.
Acenei com uma mão para ambos.
— Você é a brecha que o Duncan e os irmãos dele mencionaram? Nossa, isso é fantástico! — Rebeca disse. — Qual seu nome?
— Victor — falei.
— Então, o que achou da sua nova moradia? Só não ligue de ouvir o Duncan conjurando até tarde — Rebeca perguntou, enquanto suas asas batiam suavemente antes de ela voar para o alto. — Ele gosta de passar dias estudando feitiços.
— Falando nisso, preciso pegar alguns livros — Duncan disse, virando-se e entrando em seu próprio quarto. — Hoje, continuarei aprendendo sobre os requisitos preliminares de Magia de Lançamento.
Rebeca riu e voltou sua atenção para mim.
— Isso é uma magia completa, a Magia de Classificação Primária. Primeiro, você precisa fazer as estrelas em seu Pó Estelar se conectarem. Com isso, poderá formar um Caminho Estelar e, em seguida, usar o poder da Magia Primária — Rebeca explicou com entusiasmo. — Duncan está determinado a se destacar como aluno da melhor escola de magia.
Lembrei-me da conversa deles minutos antes, e uma pergunta martelava em minha mente, mas eu resisti à tentação de perguntar. Um brilho surgiu à minha frente, e percebi ser uma pequena criatura que acenou para mim, puxando a manga da minha camiseta.
— Você deve ir — Rebeca disse. — Deve ser a Mestra Meteora; essas pixies são suas companheiras.
Outra criatura surgiu, e ambas me seguraram pelos ombros, conduzindo-me para a frente como se eu fosse um prisioneiro. Olhei para trás, para Rebeca, que acenou com um sorriso, e para Duncan, que estava ocupado lendo os livros.
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As criaturas me conduziram até o escritório de Meteora. O local era imponente, com um globo que exibia reinos em vez de continentes. Um dos reinos, Eraklyon, parecia um nome que saíra da garganta de um dragão. O reino onde eu estava atualmente chamava-se Florença, e seu nome se destacava contra o fundo de estantes repletas de livros antigos e vitrais ornamentados. O globo dos reinos ocupava um lugar de destaque, e a escrivaninha de Meteora brilhava com um esplendor único. Janelas circulares em mosaico de vidro verde adicionavam um toque de magia à sala.
Meteora estava sentada à sua mesa, a cadeira minuciosamente entalhada, e o ambiente parecia se encaixar perfeitamente com sua presença majestosa.
— Para que me chamou aqui? — perguntei, tentando manter a calma.
Ela me observou atentamente antes de responder.
— Chamei você aqui para garantir que não tenha perdido o controle — Meteora disse, e num estalar de dedos, a sala se transformou em uma sala de aula. — Hoje, discutiremos os prós e contras da magia negra. Como alguns desses jovens já sabem, a magia negra se divide em três tipos diferentes: Tipo de Espectro, Tipo de Maldição e Tipo de Sombra. Então, qual é a diferença entre esses três tipos de magia? — Ela falou com uma voz gentil e elegante.
No passado, eu teria sido capaz de olhar e ouvir atentamente, mas, após ouvir essas palavras, minha expressão se tornou perplexa, como se tivesse engolido uma mosca acidentalmente.
— Sinto muito, mas não sei nada sobre esse assunto — admiti, com sinceridade.
— Eu sei, criança — Meteora respondeu, compreensiva. — Mas devo dizer que essas serão suas aulas e muitos já estão muito avançados. O exame para definir a capacidade mágica já passou e só teremos outro em duas semanas. Para a sua idade, seria difícil colocá-lo com os novatos.
— Quantos anos têm os novatos? — Perguntei.
— Oito anos — Meteora disse, e eu travei no lugar.
— No quarto, invoquei um vento e joguei Duncan e Rebeca para longe — relatei, buscando lembranças recentes de magia.
Meteora pareceu ponderar minhas palavras por um momento antes de sorrir.
— Então você tem afinidade com o vento, isso já é um ponto. As aulas oficiais começarão amanhã, e você começará pelo básico. Aprenderá a usar sua magia lentamente, mas com segurança — disse ela, pensativa. — Pelo menos já terá um começo.
Enquanto falava, fogos de artifício explodiram do lado de fora, fazendo os vitrais brilharem intensamente.
— Novamente os gêmeos Drews com suas travessuras — comentou Meteora, chamando uma pixie e dizendo algo em uma língua estranha antes de ela sair voando.
Engoli em seco, nervoso com o que me aguardava nas próximas etapas da minha jornada mágica.
— Mestra Meteora — falei, e ela me olhou. — Realmente antes de mim não existiu outra brecha? Sou o primeiro em mil anos?
— Sim, isso é verdade — Meteora respondeu. — Brechas são como um distúrbio na magia dos mundos. Elas são sensíveis às irregularidades na magia ao seu redor, e isso as afeta profundamente. Quando percebem que algo está errado com a magia, isso as atormenta, levando-as a usar sua própria magia instintivamente para corrigir o problema, muitas vezes sem se darem conta.
Fiquei em silêncio por um momento, absorvendo suas palavras. A responsabilidade de ser uma brecha era avassaladora e intimidante.
— Então, como posso aprender a controlar essa habilidade? — perguntei, tentando não deixar o nervosismo transparecer.
— Você aprenderá a canalizar essa sensibilidade e a usar sua magia de maneira controlada — Meteora disse com um tom encorajador. — Começaremos com exercícios básicos para desenvolver sua capacidade de detectar e manipular a magia ao seu redor, sem deixar que ela o domine. E, ao contrário das brechas anteriores, você terá orientação e apoio para que não precise enfrentar isso sozinho.
— Entendido — respondi, determinado.
Meteora sorriu, e o brilho em seus olhos me deu um pouco de confiança.
— Amanhã começaremos. Prepare-se, pois sua jornada será árdua, mas estou confiante de que você tem o potencial para alcançar grandes feitos.
Assenti, ciente dos desafios que estavam por vir, mas também sentindo uma centelha de esperança e determinação. Estava pronto para começar a aprender e dominar minhas habilidades mágicas, sabendo que esta jornada seria crucial não apenas para mim, mas para o equilíbrio dos mundos.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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