Victor Jones:

Merlin permanecia imóvel ao meu lado, seus olhos fixos na figura de sua falecida mãe. O choque e a confusão dominavam sua expressão, e eu podia sentir sua dor e desesperança.

— Sabia que a Ordem da Magia enviaria alguém para me encontrar, assim como sabia que meu irmão revelaria a existência desta floresta a alguém — proclamou o Rei das Sombras, sua voz carregada de uma frieza perturbadora. — Um segredo que carregamos desde os primórdios, mas, Merlin, meu irmão sempre foi otimista, acreditando na bondade e na vida. Você, ao contrário, é o caos. — Ele apontou para Maryse Shinewood, que estava ajoelhada e contorcendo-se com uma aura sinistra. — Capaz até de trazer os mortos de volta. Una-se a mim, Merlin Shinewood, e terá o que mais deseja: uma família completa.

Eu apertei a mão de Merlin, tentando fazê-lo reagir, mas ele permaneceu inerte, a dor em seus olhos imensurável.

— Ele não vai ajudá-lo, Rei das Sombras — declarei com firmeza, minha voz carregada de uma determinação que eu esperava que fosse contagiante.

— Chame-me pelo nome que escolhi, Serty — respondeu ele com um sorriso cruel. — Mas acredita realmente que ele não pode ajudar-me? Conte-me tudo o que viu e ouviu desde que conheceu Merlin, especialmente quando compartilharam momentos juntos.

Eu olhei para Merlin, lembrando de como ele sempre parecia se desviar do olhar quando via famílias felizes, como se fossem uma cena de um comercial perfeito e inalcançável.

— Mãe... — Merlin murmurou, sua voz quase inaudível, mas o desespero evidente em seus olhos.

— Ainda acredita que ele não trairá você em troca de ter a família que sempre desejou? — Serty provocou com uma risada cruel. — Mas, se ele não quiser...

De repente, Maryse Shinewood caiu de joelhos e começou a sofrer convulsões violentas. Merlin correu até ela, mas seus olhos se tornaram completamente negros, e ela gemeu com uma voz etérea:

— Fujam!

Ela caiu no chão, sombras se liberando de seu corpo em um espetáculo de escuridão.

Puxei Merlin para perto de mim, e as sombras começaram a recuar para dentro de Maryse Shinewood, enquanto eu tentava manter a calma.

Serty riu ao me encarar, seu sorriso se ampliando com uma satisfação macabra.

— O sangue dos traidores corre em suas veias; trazê-los até este lugar será o seu fim — Serty disse, sua voz vibrando com uma ameaça palpável. — E eu estou ansioso para ver o seu fracasso.

A raiva ferveu dentro de mim. Levantei a mão e canalizei meus poderes contra meu inimigo. Uma onda de energia o atingiu, lançando-o violentamente para trás e fazendo-o colidir com uma coluna que desabou sobre ele.

O silêncio que se seguiu foi preenchido apenas pelo som dos destroços e da terra caindo. Mas, de repente, entre os escombros, ouvi uma gargalhada cruel. Serty se levantou, empurrando um enorme pedaço de rocha para o lado e ajustando suas roupas com uma calma perturbadora.

— Muito habilidoso com a magia! — rosnou ele, sua voz cheia de desdém. — No entanto, esse encantamento é completamente inútil. Mas não importa. Será um prazer destruí-los. Vou enterrá-los aqui e absorver seus poderes para que possa destruir esta floresta idiota e tornar meus poderes ainda mais fortes. Além disso, encerrarei de uma vez por todas o ciclo dos Guardiões.

Merlin ainda lutava para ajudar sua mãe a se levantar, enquanto Serty se aproximava de mim com uma ameaça iminente.

Seu poder atingiu o lado do meu corpo, e eu usei magia para desviar o ataque. Em resposta, disparei um raio de fogo, mas ele desviou as chamas em direção a Merlin, que teve que criar uma barreira de água para se proteger. Eu vi Maryse Shinewood se erguer e se lançar sobre Merlin.

Merlin puxou o ar como se estivesse segurando uma corda invisível, e seu corpo foi lançado em minha direção.

Murmurei o feitiço que tinha em mente. Inicialmente, Serty parecia triunfante, mas sua expressão mudou rapidamente. Ele ficou confuso quando ouviu um barulho vindo de baixo e olhou para baixo, franzindo a testa enquanto seus olhos brilhavam com uma luz ameaçadora.

— O que você fez? — ele perguntou, sua voz carregada de frustração, enquanto me lançava para o lado.

— Vento — respondi, enquanto uma rajada de vento me erguia no ar antes de me fazer cair de volta ao chão.

— Você está usando algum truque. Onde estão seus verdadeiros poderes? — Ele questionou, atacando-me com uma enorme descarga de energia. Eu controlei meus poderes, mantendo-os onde os tinha colocado, usando apenas o básico. Meus poderes criaram um campo de força que desviou o ataque para as paredes da câmara, deixando marcas profundas na rocha enquanto a derrubava.

Merlin estava lutando contra sua mãe, e ambos estavam longe de mim. Eu queria ajudá-lo, mas sabia que teria que seguir com o plano sozinho.

— Aprendi um feitiço que você já usou — falei, lançando novamente uma grande quantidade de magia em sua direção. O impacto jogou Serty para longe e fez com que ele quebrasse uma parede. Ele caiu de dentro de seu palácio, e o chão tremeu com a força do impacto.

Nesse momento, ouvimos uma explosão vindo do andar de cima. Anna, Duncan e o cavaleiro caíram violentamente para baixo, suas figuras visíveis apenas por um instante antes do caos tomar conta. A batalha estava longe de terminar, e a luta pelo destino do nosso mundo continuava com uma intensidade cada vez maior.

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A situação era desesperadora. Serty estava mais determinado do que nunca, e a tempestade que ele havia criado parecia engolir tudo ao redor. As dimensões estavam se fragmentando, e o exército de demônios que surgia no mundo humano era uma visão aterrorizante.

Anna, Duncan e o cavaleiro lutavam bravamente contra os demônios restantes, tentando impedir que eles se espalhassem ainda mais. Maya havia finalmente conseguido se libertar do Segi e estava lançando feitiços de proteção e ataque para ajudar na batalha. A luta estava se intensificando, e cada segundo contava.

Eu me levantei, ainda tentando me recuperar do impacto, e observei Serty se regozijando com a destruição ao seu redor. Ele parecia completamente imune à minha magia e estava pronto para destruir tudo o que conhecíamos.

Com um esforço imenso, eu canalizei mais uma vez meus poderes, sentindo a energia mágica pulsar através de mim. A aura dourada que me envolvia parecia se intensificar, brilhando com uma luz resplandecente que começava a repelir a escuridão ao redor. A espada mágica em minhas mãos se transformou novamente, assumindo a forma de uma poderosa lança de luz.

Serty se voltou para mim, seus olhos verdes brilhando com uma intensidade maligna. Ele brandiu sua espada de sombras, preparando-se para o próximo ataque.

— Vamos ver se você pode me enfrentar com isso — disse ele, sua voz ecoando com um tom de desdém.

Eu me concentrei e avancei com a lança de luz, cortando a tempestade e a escuridão que Serty havia criado. O impacto da minha arma fez com que a tempestade se dissipasse momentaneamente, revelando um campo de batalha caótico abaixo.

Serty rugiu de raiva e lançou um ataque devastador contra mim. Eu bloqueei o golpe com a lança, e o choque reverberou através de mim, quase me fazendo perder o equilíbrio. Mas eu não podia parar. A luta estava em jogo, e eu precisava encontrar uma maneira de derrotar Serty e salvar as dimensões.

Lancei uma série de ataques rápidos e precisos, cada golpe da minha lança emitindo uma onda de energia que afastava a escuridão e o poder de Serty. Ele estava começando a vacilar, e eu podia ver que a batalha estava mudando a seu favor.

Enquanto lutávamos, os líderes da ordem estavam fazendo o máximo que podiam para conter os demônios e proteger as dimensões. Eu sabia que, se não conseguíssemos derrotar Serty logo, o mundo humano estaria perdido.

A tempestade estava diminuindo gradualmente, mas Serty continuava a resistir com uma força brutal. Eu sabia que precisava de um golpe final, algo que pudesse terminar essa luta de uma vez por todas.

Com uma determinação feroz, reuni toda a minha energia mágica e canalizei um ataque concentrado. A lança de luz brilhou com uma intensidade ofuscante, e eu lancei um feixe de energia diretamente contra Serty.

A energia atingiu-o com uma explosão de luz e força, e ele foi arremessado para trás, suas defesas quebradas pela intensidade do ataque. Serty caiu de joelhos, sua aura negra se dissipando lentamente. Ele olhou para mim com uma mistura de raiva e desesperança.

— Não... isso não pode ser... — ele murmurou, sua voz quase inaudível.

Eu me aproximei, minha respiração pesada e meu corpo exausto. Serty estava à beira da derrota, e eu sabia que precisava agir rapidamente.

— É hora de acabar com isso — declarei, levantando minha lança de luz para o golpe final.

Antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, uma série de explosões abaixo chamou minha atenção. O exército de demônios estava avançando, e os líderes da ordem estavam lutando para manter a situação sob controle.

Anna, Duncan e o cavaleiro estavam se unindo a nós, e juntos, eles estavam fazendo tudo o que podiam para proteger o mundo humano e as dimensões.

Com uma última investida de força, canalizei toda a minha energia restante em um ataque final, atingindo Serty com uma onda de luz e poder. O impacto foi devastador, e ele foi lançado para fora das dimensões, desaparecendo em um brilho de escuridão.

A tempestade finalmente se dissipou, e as dimensões começaram a se estabilizar. Eu caí de joelhos, exausto, enquanto observava o campo de batalha abaixo. Anna, Duncan, e Maya estavam ajudando a conter os últimos demônios e salvando os civis.

A luta estava quase no fim, e eu sabia que tínhamos vencido, mas o custo foi alto. Eu olhei para o céu, sentindo um peso de alívio e tristeza misturados, e me preparei para enfrentar as consequências da batalha que havíamos acabado de vencer.

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A cena era uma tempestade de caos e magia. Magos, cada um protegido por um círculo brilhante, lançavam ataques devastadores contra a horda de demônios e monstros sombrios. Chamas ardentes, raios destrutivos e tornados furiosos dizimavam as fileiras inimigas. Bestas conjuradas, desde leões imponentes até esfinges majestosas, investiam contra os inimigos como tanques de guerra. Glifos brilhantes dançavam no ar, provocando explosões e terremotos que devastavam as hordas. Mas, apesar dos esforços heróicos, mais demônios continuavam a surgir, cercando os magos em uma fileira cada vez mais apertada. A batalha era feroz, uma luta desesperada pela sobrevivência.

No reino dos espíritos, a situação era ainda mais desesperadora. Espíritos que antes haviam vivido em paz estavam sendo atacados pelos mesmos que um dia foram seus amigos. A traição se espalhava, criando um caos devastador.

— É o fim de tudo — anunciou Serty, com um sorriso cruel, enquanto observava a carnificina abaixo. — Eles não prevalecerão enquanto eu estiver de pé.

Os magos pareciam saber disso. À medida que se aproximavam, disparavam cometas de fogo e raios de luz contra a tempestade e o palácio das sombras, mas cada explosão se dissipava ao colidir com as paredes do edifício, consumida pela aura de poder do rei das sombras.

Serty investiu com sua espada em direção aos meus pés. Tentei recuar, mas o golpe acertou meu tornozelo direito, me desequilibrando e fazendo com que despencasse do céu. Sua espada me atingiu em cheio, fazendo-me colidir com força contra a parede. Perdi o fôlego enquanto Serty ria triunfante.

Com esforço, consegui me levantar dos destroços, gemendo de dor. Meus pés pareciam presos ao chão, mas comecei a levitar em direção a Serty. No entanto, antes que eu pudesse percorrer metade da distância até o inimigo, um som de vidro quebrando ecoou e tudo ao redor da floresta começou a desmoronar. Uma luz verde e quase mortal fluía pelas paredes do castelo, acompanhada por um som profundo e ameaçador, fazendo tremer todas as dimensões e entorpecendo meu corpo por inteiro.

— Trinta segundos para o fim de tudo! — Serty gritou, exultante. — Essas terras serão minhas para sempre. Você não pode me deter, guardião. Especialmente porque você não tem controle sobre nada, ao contrário de mim! Não controla a fonte de seu poder!

Ele estava certo. Eu não tinha controle total sobre a maioria dos poderes dos guardiões anteriores. No entanto, uma sensação estranha percorreu meu corpo. Os espíritos que sempre me cercavam estavam eufóricos, e o reino dos espíritos estava desmoronando ao meu redor, expandindo-se até a ponta dos meus dedos.

Isso me fazia diferente dos guardiões anteriores; o mundo espiritual se dobrava à minha vontade.

— Você está certo — respondi com calma, minha voz carregada de determinação. — Mas cometeu um erro.

— Qual? — perguntou Serty, seus olhos ardendo com ódio.

— Eu controlo perfeitamente o reino dos espíritos e tudo o que pertence a ele, e neste instante ele está em todo lugar — declarei, e o mundo ao meu redor começou a tremer violentamente.

Acima de nós, o ar estalou com um raio de luz. O centro da tempestade se transformou na entrada de um portal colossal. Demônios, espíritos e magos pararam de lutar, olhando para cima, atônitos. Os magos interromperam seus encantamentos, perplexos. O funil girava com tanta força que arrancava blocos do castelo e os sugava. Então, como um gigantesco tampão, o portal começou a descer, engolindo tudo em seu caminho.

— Não! — urrou Serty, lançando chamas, pedras e raios contra o portal, voltando sua raiva para mim. Mas era tarde demais. O portal já estava nos engolindo.

O mundo virou de cabeça para baixo. O castelo estremeceu e começou a desmoronar enquanto era engolido pelo portal. Com um estrondo ensurdecedor, emergimos no ar frio do mundo humano, sob um céu claro e azul.

A tempestade havia desaparecido. Me virei e minha lâmina atingiu Serty na altura das costelas. Ele usou toda sua energia espiritual, e amarras mágicas surgiram de todos os lados, prendendo o rei das sombras com firmeza. Serty lutava violentamente contra as amarras, mas elas o mantinham preso.

Iniciei o encantamento, pronunciando as palavras divinas. Uma aura branca envolveu o mundo ao meu redor, fortalecendo a realidade e expulsando o rei das sombras desse plano e de qualquer outro. Serty se movia para frente e para trás, enquanto enormes fragmentos de seu castelo desmoronavam e desapareciam.

Com um estrondo furioso, o castelo implodiu mais uma vez. Serty caiu com os destroços, seus poderes diminuindo lentamente. Percebi que parte de seus poderes estava grudada na aura ao seu redor.

À medida que o encantamento chegava ao fim, minhas palavras começaram a despedaçar a forma de Serty. Sua essência se apagava, revelando uma figura magra, de pele negra, com a forma de cobra se contraindo e secando.

Era um encantamento perigoso, que os guardiões haviam mostrado em suas memórias. Ele apagava a essência de qualquer ser, e nunca poderia retornar, ou se retornasse, seria como uma nova entidade.

Girei a espada em minhas mãos e desferi o golpe final com todas as forças. Serty se desfez em poeira, que foi levada pelo vento. A batalha estava finalmente encerrada, e a ameaça do rei das sombras havia sido aniquilada para sempre.

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Até a próxima 😘