Capítulo Catorze
Victor Jones:
Então, o primeiro pesadelo desde que cheguei a este mundo aconteceu. Ele veio como um choque, lançando-me em um abismo de escuridão e caos. Tudo ao meu redor estava envolto em sombras densas e opressivas. Vozes sussurrantes e distorcidas ecoavam à distância, misturando-se com gritos agonizantes que faziam minha pele arrepiar.
O ambiente parecia distorcido e surreal. Eu estava em um cenário estranho, onde sombras sinistras dançavam pelas paredes e sussurros malignos preenchiam o ar. A sensação de medo e desespero era avassaladora.
Desesperadamente, tentei usar minha magia para dissipar a escuridão, mas meus poderes se mostraram impotentes diante daquela ameaça. À medida que a escuridão se fechava ao meu redor, senti uma presença maligna se aproximando, algo além de qualquer coisa que eu já enfrentara antes.
De repente, uma figura sinistra emergiu das sombras, seus olhos brilhando com uma malícia aterradora. Era como se a própria escuridão tivesse tomado forma e se manifestado diante de mim, uma encarnação de puro terror.
A figura avançou lentamente, seus passos ecoando como trovões abafados no ambiente sufocante. Cada movimento seu parecia absorver a pouca luz que restava, deixando-me envolto em uma escuridão ainda mais profunda. Seus olhos brilhavam com uma intensidade malévola, perfurando minha alma e congelando-me no lugar.
Meu coração batia descontroladamente, reverberando no silêncio opressivo. Senti um frio gélido subir pela espinha, e cada fibra do meu ser gritava para que eu fugisse, mas meus pés estavam enraizados no chão, incapazes de se mover.
De repente, a figura levantou uma mão esquelética, e a escuridão ao nosso redor pareceu pulsar em resposta. Um vento frio soprou através do ambiente, carregando consigo sussurros indecifráveis e lamentos de almas perdidas. O ar ficou pesado, quase irrespirável, e eu podia sentir a presença de algo antigo e malicioso, algo que se alimentava do medo e do desespero.
A figura deu mais um passo à frente, e eu pude ver seu rosto com mais clareza. Era uma máscara de horror, uma mistura grotesca de carne retorcida e sombras vivas. Sua boca se abriu em um sorriso cruel, revelando dentes afiados como lâminas.
— Você não deveria estar aqui — sua voz sibilou, ecoando como um trovão sombrio em minha mente.
Senti uma onda de desespero me envolver, mas, em um último esforço desesperado, levantei minhas mãos e tentei invocar qualquer poder. A figura riu, um som gélido e desumano, e com um gesto de sua mão, a escuridão ao meu redor se solidificou, prendendo-me em um abraço mortal. No segundo seguinte, senti uma de suas mãos frias apertando meu pescoço, impedindo-me de respirar. Debatia-me desesperadamente por ar enquanto a figura ria e consumia minha mente. Sem mais nada, vi sua língua de serpente e os olhos que brilharam perigosamente.
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Acordei em meu quarto, coberto de suor e com o coração disparado. Era apenas um pesadelo, mas a sensação de terror ainda persistia. Eu sabia que algo estava errado, que aquilo não era uma simples criação da minha mente. Levei as mãos trêmulas ao pescoço e senti a pele fria e úmida, ainda marcada pela pressão da mão esquelética da figura.
Olhei ao redor, tentando me acalmar, e notei que Marko estava ao meu lado, perto da janela. Ele olhava fixamente para algo lá fora, sua postura tensa e alerta.
— Marko...? — chamei, minha voz ainda embargada pelo medo.
Marko não respondeu de imediato. Seus olhos estavam vidrados, fixos na escuridão lá fora. O silêncio da noite era perturbador, e o ar no quarto parecia pesado, como se a presença maligna do pesadelo ainda estivesse pairando.
Então, ouvi uma explosão do lado de fora e o vidro da janela se quebrou em instantes. Abracei minha cabeça no exato momento em que me levantei, ouvindo um sinal de alerta soando de todos os lados.
— Estão atacando a escola! — ouvi o grito de Duncan do outro lado da porta.
O pânico se espalhou pelo meu corpo. A realidade se misturava com o terror do pesadelo. Corri até Marko, tentando encontrar uma saída para a confusão que nos cercava. Olhei pela janela estilhaçada e vi figuras sombrias se aproximando pelo pátio, movendo-se com uma determinação assustadora.
— Precisamos sair daqui, agora! — gritei, tentando chamar a atenção de Marko.
Ele finalmente se virou para mim, seus olhos ainda carregando um traço de horror do que quer que ele tivesse visto lá fora. Sem dizer uma palavra, ele assentiu e começamos a nos mover em direção à porta. O som de passos rápidos e gritos ecoava pelos corredores, aumentando a sensação de urgência.
A escola estava sendo atacada e, de alguma forma, eu sabia que isso estava conectado ao pesadelo que acabara de ter. A presença maligna que senti parecia ter transcendido o mundo dos sonhos, trazendo consigo uma ameaça real e palpável.
Eu ainda não sabia me defender direito, mas quando vi as tropas de professores e alunos mais velhos passando pelo corredor do castelo, e Duncan indo com eles, vi Anna ao longe, sendo segurada por Rebeca e Merlim.
— Está louca?! — Merlim perguntava. — Isso é um ataque de elementalistas e sombras vivas, nunca conseguiria acabar com eles só com suas armas!
O pânico em seus olhos refletia o meu próprio desespero. As sombras do pesadelo pareciam ter se materializado na realidade, e a escola estava em perigo. As palavras de Merlim ecoavam em minha mente: "elementalistas e sombras vivas". Eu nunca havia enfrentado algo assim antes, e a incerteza sobre o que fazer aumentava a sensação de impotência.
No entanto, a determinação de Anna era palpável. Mesmo presa pelos braços firmes de Rebeca e Merlim, seus olhos brilhavam com uma fúria inabalável. Ela não queria recuar; queria lutar.
— Eu não vou ficar aqui parada enquanto todos arriscam suas vidas! — Anna gritou, tentando se soltar.
Rebeca olhou para mim, seus olhos transmitindo uma mistura de medo e esperança. — Precisamos de um plano. Não podemos simplesmente correr para o campo de batalha sem saber o que estamos enfrentando.
De repente, uma figura emergiu da escuridão do corredor, sua presença trazendo um breve momento de alívio. Meteora olhou para nós como para os outros aprendizes.
— Ouçam todos! — ela começou, sua voz firme cortando o caos ao nosso redor. — Precisamos evacuar os estudantes mais novos para a sala de segurança enquanto os professores e alunos treinados lidam com a ameaça. Sigam as instruções e mantenham a calma!
Ouvindo suas palavras, senti uma onda de determinação crescer dentro de mim. Talvez eu ainda não soubesse me defender direito, mas podia ajudar a proteger aqueles que não podiam lutar. A adrenalina corria em minhas veias enquanto me preparava para agir.
— Anna, Rebeca, Merlim, vamos ajudar a guiar os mais novos para a segurança! — sugeri, tentando manter minha voz firme.
Anna parou de lutar por um momento, considerando minhas palavras. Finalmente, ela assentiu, seus olhos ainda brilhando com aquela chama indomável.
— Está bem, mas prometam que, assim que eles estiverem seguros, voltaremos para ajudar na luta.
Rebeca e Merlim concordaram, e juntos, começamos a organizar os estudantes mais novos, guiando-os pelos corredores enquanto o som das batalhas se intensificava ao nosso redor. A escuridão e o caos que haviam começado como um pesadelo agora eram reais, mas não estávamos sozinhos. E enquanto tivéssemos uns aos outros, haveria esperança.
Uma parede tremeu violentamente e, pelo buraco que se formou, tive um vislumbre de uma enorme criatura feita inteiramente de sombras vivas. Aos seus pés, os aprendizes mais velhos e os mestres lutavam com todas as suas forças. Ao redor, vi um enorme dragão de chamas negras voando rapidamente em nossa direção, colidindo contra a parede do castelo com um impacto devastador.
A criatura de sombras era imponente, seus movimentos fluidos e ameaçadores. Ela parecia absorver a luz ao seu redor, mergulhando tudo em uma escuridão ainda mais profunda. Os estudantes mais velhos lançavam feitiços e atacavam com suas armas encantadas, mas a criatura parecia quase invulnerável, suas sombras se recompondo a cada golpe recebido.
O dragão de chamas negras era uma visão aterradora. Suas escamas brilhavam com um fogo infernal que parecia devorar tudo em seu caminho. Ele rugia, e o som reverberava pelas paredes do castelo, causando rachaduras e tremores. Cada batida de suas asas levantava nuvens de poeira e cinzas, obscurecendo ainda mais o campo de batalha.
Algo atingiu a criatura de sombras, fazendo-a recuar momentaneamente. Notei Duncan lutando ferozmente, cercado por várias criaturas que ele havia invocado, todas atacando a monstruosidade. Outros invocadores ao seu lado lançavam feitiços e tentavam chamar a atenção da criatura, dando-nos uma pequena janela de oportunidade.
O dragão de chamas negras rugiu novamente, sua fúria evidente enquanto observava a cena. Alguém me puxou, e saímos com o restante dos aprendizes para longe. Congelei ao sentir uma dor pelo corpo.
— Espere! — gritei. Era tarde demais; uma explosão emergiu aos nossos pés, me arremessando para longe. Bati contra a parede e vi as sombras negras começarem a invadir e atacar os outros.
A dor latejava pelo meu corpo, mas eu sabia que não podia ficar parado. Precisava encontrar uma maneira de ajudar meus amigos e proteger a escola. Forcei-me a levantar; cada movimento era uma luta contra a dor e o medo. As sombras negras avançavam, suas formas distorcidas e ameaçadoras preenchendo o corredor. Marko piava acima de mim, e concentrei-me para me manter em pé. Estavam gritando por todos os lados, eu estava desesperado demais. Então, senti uma descarga de energia pelo corpo e Marko piou com ainda mais força.
Me concentrei nesse poder e liberei tudo de uma vez. O chão congelou, e espinhos feitos de terra sólida emergiram, atingindo as sombras que atacavam com força. Elas pararam e se viram sendo congeladas, feitas em pedaços com fragmentos caindo no chão. O gelo se expandiu até o buraco que elas fizeram, e ouvi seus gritos estridentes enquanto eram destruídas. A energia se acalmou em meu peito, e caí de joelhos, sentindo-me sufocado.
Ajoelhado no chão, minha respiração era pesada e irregular. A dor ainda estava presente, mas a adrenalina ajudava a manter-me consciente. Olhei ao redor, tentando avaliar a situação. As sombras estavam fragmentadas, o corredor estava coberto de gelo e espinhos, e o caos parecia ter diminuído momentaneamente.
E o som do lado de fora diminui e ficou o silêncio.
Marko pousou ao meu lado, seus olhos refletindo uma preocupação genuína. Acariciei suas penas, tentando encontrar um momento de calma no meio da tempestade. Mas notei que ele havia mudado novamente de coloração e ganhando um tom marrom.
— Marko... — sussurrei, tentando levantar-me novamente.
Com dificuldade, coloquei-me de pé e comecei a caminhar pelo corredor, apoiando-me nas paredes geladas. A escola estava em ruínas, mas ainda havia esperança. Ouvi passos rápidos e vozes familiares ao longe. Segui o som até encontrar Anna, Rebeca e Merlim, que guiavam um grupo de estudantes mais novos para um local seguro e realmente a batalha do lado de fora havia terminado.
— Vocês estão bem? — perguntei, minha voz rouca.
Merlim correu até mim, seus olhos brilhando com alívio.
— Você está bem? Isso foi muito poder mágico — Merlim disse.
— Estou bem — falei, sentindo o peso de Marko no meu ombro. Dessa vez, ele não havia voltado à sua forma normal.
— Ele está lotado de energia mágica — Rebeca disse.
— Você conseguiu deter todas aquelas sombras? Estou com inveja — disse Anna, emburrada, o que me fez sorrir.
Ouvi alguém tossir e olhei para ver a mestra Meteora me observando atentamente antes de se recuperar.
— Todos os alunos que não se feriram, vão até os curandeiros — Meteora disse calmamente. — Esta será uma longa noite, e reconstruir tudo em instantes vai levar muito poder mágico.
Olhei para as sombras do outro lado do pátio e juro que vi alguma coisa sorrindo para mim.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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