Ando pela rua...

Não sei nem explicar o que eu vejo... acabo passando do ponto em que iria...

Afinal de contas,

 Para onde estou indo?

São tantas coisas ao mesmo tempo em minha cabeça , tantas imagens distorcidas, retorcidas que nem consigo mais vê o que de fato é... tantos sons, tantas vozes, tantas lembranças...

Alguém me cumprimenta.

Nem vejo.

Quando percebo, a pessoa já está distante e lhe retribuo um sorriso mal colocado tentando disfarçar a vergonha de não ter notado a tempo.

Tropeço.

 Saio "catando cavacos".

Rio de minha própria desgraça e ao mesmo tempo percebo que foi o único momento que sorri sozinha em dias...

Hora de colocar a "maquiagem da felicidade"... Não por hipocrisia, mas por sobrevivência.

Num mundo onde tristeza é demonstração de fraqueza, o máximo que você pode fazer é em alguns momentos ficar em silencio publicamente e dizer que está concentrado em algum projeto fictício.

Voltando pra casa, a solidão retorna...

Frio, flashes borrados da paisagem pelo ônibus... passadas rápidas e curtas...

O mal que domina a tantos que nem sabemos quem está feliz de fato, num mundo tão abstrato, onde a imagem vale mais que o sentimento...

Onde todos são forçados e marcados a terem a mesma conduta... Tendo que se afogar em seu próprio silencio...

Cada um com a sua tempestade presa dentro uma garrafa de vidro boiando no oceano da sociedade.

Eu faço. Tu observas. Ele fala. Nós servimos. Vós não ligais. Eles decidem.

Prender tanto pra si, questões enigmáticas que se fossem ouvidas por outro poderiam ser resolvida facilmente...

Tantas catástrofes a qual somos meros espectadores,  nada podemos fazer, muitas vezes em nada participamos para tal, e mesmo assim somos tão afetados...

Tantos olhares ao nosso redor, esperando apenas uma única falha.  No nosso português, o verbo "To be" tem conjugações mais complicadas e severas para os devidos pronomes... A pressão de "ser". A necessidade de "estar"...

Tantas guerras simultâneas. Tão distintas. Tão presentes. Uma não pode saber da outra e todas ao mesmo tempo bombardeando a mesma mente...

Onde nós somos realmente nós?

Melhor, 

Quem somos nós?