Migalhas de pão
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É difícil acreditar que o fato de pensar demais realmente te faz chegar em algum lugar, principalmente porque os últimos quarenta minutos não fizeram nada que não fosse intensificar a dor de cabeça de Park Jimin.
Desde que despertou, às 6 horas da manhã, se pegou pensando sobre os últimos acontecimentos da noite passada. Em como foi idiota por esperar que Lee Taemin realmente tivesse o mínimo de consideração consigo, já que o pediu em namoro, em como bebeu horrores tentando ignorar o fato de ter sido largado numa festa repleta de desconhecidos, ou quando teve as mãos agressivas do namorado em cima de seu corpo, o tocando com força, e os lábios maltratando os seus... Foi ridículo.
Porém, como se surgisse das cinzas para lhe tirar um pouco da realidade nada favorável a qual está vivendo agora, Jeon Jungkook entrou em seu caminho. Ou melhor, um Jimin bêbado tropeçou no moreno, terminando sua noite com uma conversa um tanto confortável, porém frustrante.
Acontece que o ruivo não sabe mais o que pensar, e tudo que já pensou apenas o fez cair na real e entender que agora as coisas acontecem de outra forma. E foi por isso que levantou, resmungando pela dor de cabeça insuportável, mas levantou da cama, pronto para mais uma semana. Ou nem tão pronto assim.
Enquanto dobrava os lençóis e ajeitava a cama - uma de suas manias mais marcantes - acabou traindo a ideia de não pensar. Como poderia não pensar se as palavras de Min Yoongi ainda rondam sua cabeça? Pensando bem, o "talvez" a respeito do que seu amigo havia dito, se tornou um possível "eu também acho". O que é um tanto previsível, visto que o olhar de Jungkook na noite passada não era o mesmo de sempre. Estava longe de ser o olhar repleto de carinho e... esperança.
E apenas ter na memória a lembrança do olhar escuro sobre si foi o suficiente para esquentar o corpo antes adormecido. Outra coisa que não sabia explicar. Talvez tudo sobre Jeon Jungkook seja inexplicável. É sempre oito ou oitenta. Quando o garoto não está sendo a pessoa mais aberta a dizer o que sente e disposta a conversar, está sendo um completo enigma. O ruivo não deveria gostar disso, certo? Então, por que...
Antes que pudesse concluir seu pensamento, ouviu o toque de notificação do celular e não tardou em caminhar até a gaveta próxima da cama, pegando o aparelho e visualizando a mensagem de quem deveria estar ocupando cem por cento de sua mente: Lee Taemin.
Incrível como o moreno vira pó nos momentos necessários e simplesmente brota depois, como se nada tivesse acontecido, mas não é esse o tipo de coisa que costuma incentivar o Park a começar a semana bem, então decide tomar um banho gelado e ir para a sua primeira aula.
Usando seu jeans claro e minimamente surrado, além da camisa escura de estampa lisa e seu all star inseparável, Jimin opta por usar o óculos de grau, acessório que deveria ser usado mais vezes, porém o ruivo é teimoso demais para tal. Devidamente pronto e extremamente cheiroso, ele não demora a sair do quarto, sentindo o sorriso pequeno sumir de seu rosto quando nota que o dormitório está silencioso, parado demais para o seu gosto.
Seus amigos já haviam saído, e não é novidade que ele deve ir se desculpar com os dois, mas a bagunça na sua mente já o enche de desespero demais, sendo assim, o ruivo prefere não focar nisso e apenas caminha para fora dali, se apressando para chegar na aula a tempo.
Sim, aula! Pode não parecer, mas a vida alheia não é apenas confusão amorosa e festas. Jornalismo nunca esteve longe de ser uma de suas opções de curso, inclusive, era a melhor do mundo inteiro. Palavras do próprio Park. Agradecia todos os dias por ter disciplinas de literatura, que era realmente o que lhe interessava. Jimin ama seu curso e pode dizer, orgulhosamente, que é um dos melhores alunos da turma.
Sabia que os primeiros períodos nunca eram tão fáceis, principalmente quando o curso envolve muita leitura e produção de texto, mas quando é algo que você gosta de fazer, easy peasy lemon squeezy, meus caros.
Já haviam se passado algumas semanas desde o início das aulas, então os orientadores decidiram dar início a alguns projetos de pesquisa, o que é ótimo, mas toma demais o tempo dos alunos para focar em outras coisas.
Jimin que o diga. Tem três leituras de livros extensos para finalizar e fazer resenha, além das pesquisas de notícias estrangeiras que deve entregar até sexta.
Anotando os pontos importantes da aula, o ruivo acaba rindo interiormente. Tentou focar seus pensamentos no curso, que é algo que realmente gosta, mas os cochichos e os olhares maldosos dos outros alunos definitivamente estavam longe de colaborar com a sua falta de paciência e tentativa de se distrair.
Ainda teve que lidar com o olhar de pena de Seokjin, e até de Yoongi. Não queria a pena deles, queria o apoio dos amigos. No entanto, teve que suportar aquilo durante as duas últimas aulas que teria antes de ser liberado.
Felizmente, cada segundo parecia ser contado por minuto, o que completou as duas horas seguintes de aula rapidinho. Entregando a atividade que foi passada na sala de aula a uns vinte minutos, Jimin pôde sair mais cedo. O ruivo não hesitou em atravessar o campus até o prédio de Economia, onde esperou por Taemin até o último horário. Viu diversos alunos saírem, alguns até o cumprimentaram, mas as horas foram se passando e nada do Lee. Não sabia ao menos quantas aulas ele teria no dia, mas esperou.
Esperou tanto que o sinal havia tocado ao meio dia, indicando que a última aula do turno da manhã havia terminado, o que consumiu os últimos cinco por cento de paciência do garoto.
Viu a última turma atravessar a porta do departamento, um pingo de esperança ainda tomava conta de si, mas ao encontrar Namjoon, Hoseok, Taehyung e Jungkook saindo do local, teve certeza que havia algo errado. Eles foram os últimos a sair, inclusive.
- Jimin-ah! Nossa, parece que já fazem anos - Taehyung falou, sorrindo para o ruivo e se aproximando, os outros o seguiram.
- Eu não costumo concordar com o Tae, mas sim! E que bom ver você, Jimin. - Namjoon sorri para o baixinho, que retribui minimamente antes de desviar o olhar para um certo moreno que o encarava desconfiado e curioso.
- Também é ótimo ver você, na verdade, todos vocês, gente. 'Tá tudo uma loucura, enfim... vocês devem imaginar. - Riu sem graça, batendo levemente nas coxas, frustrado.
- Imaginamos, sim! Relaxa. O importante é que está tudo bem com você - Hoseok disse, sorrindo e analisando as feições do ruivo. - Mas, e aí, descobriu que Economia é o verdadeiro curso dos sonhos e veio trocar a matrícula?! O que rolou? - falou bem humorado.
- Não troco meu Jornalismo, Hobi! - Rolando os olhos em meio a uma risada, Jimin consegue se divertir por cinco segundos antes de focar no que realmente foi fazer ali. - Na verdade, eu vim encontrar o Taemin. Não sabia ao menos quantas aulas ele teria hoje, mas parece que eu gosto de quebrar a cara, né? - Não estava com o olhar preso no Jeon, ou prestando atenção nas ações dele, mas jurou ouvir uma risada baixa vinda do mais velho.
- Bom, eu, normalmente, não concordaria, mas você não facilita, Jiminie - Jungkook comentou com um sorriso travesso nascendo no canto dos lábios, o que causou o interesse do Park que o fitou com curiosidade e riu, negando com a cabeça.
- Ele não esteve presente em nenhuma das aulas de hoje, Jimin-ah. Não temos tantas aulas com ele, mas sempre acabamos nos esbarrando por aqui - Taehyung começa a dizer. - Eu seria muito escroto se dissesse que o dia foi até mais tranquilo sem ele presente? Somos inimigos naturais, qual é?! - reclama ao ouvir os resmungos dos amigos, alertando-o.
- 'Tá tudo bem, você não é nada escroto. E onde esse... - Interrompe a si mesmo ao notar o tom agressivo demais. Não poderia surtar na frente do Jeon, jamais. Sentiu a maçã do rosto esquentar quando os olhos intensos caíram sobre si outra vez. - Obrigado por avisar, gente.
- Já que está aqui... 'Tá a fim de almoçar? Vamos no restaurante aqui do bairro mesmo - Jungkook sugere, achando graça da reação contida e envergonhada do ruivo baixinho e estressado.
- Eu... - Jimin negaria. Claro que negaria, esperou pelo namorado - se é que pode considerar o Lee dessa forma - a manhã inteira, adoraria esquecer toda a frustração e aceitar a proposta do moreno à sua frente, até pensaria duas vezes se ele insistisse, mas não faria isso. - Acho melhor deixar para outra vez. Preciso falar com o Tae, mas devo encontrá-lo primeiro, você sabe... Mas, obrigado pelo convite. Obrigado pela conversa ótima, meninos. Estou morrendo de saudade, espero que saibam. Bom dia, e bom almoço - falou o Park, todo embolado e já arrependido. Evitou até mesmo dar continuidade a conversa e sair dali logo. Infelizmente, a sensação boa de encontrar seus amigos não superou a agonia e desconfiança com a ausência repentina do namorado. Então foi atrás dele.
- É, não 'tá fácil mesmo, hein, campeão? - Namjoon disse num tom divertido, deixando um tapinha no ombro do Jeon que observava o Park se afastar.
- Vocês são os únicos complicando isso - o moreno rebateu, rolando os olhos como reação às risadas dos amigos.
- Eu não diria isso, mas todos já estão esperando o pior de mim mesmo, então, eu avisei! - diz o Kim mais novo, caçoando da cara do Jungkook e voltando a seguir o caminho inicial deles.
- Você é um ótimo melhor amigo, Tae, espero que saiba - Jungkook ralhou, batendo nos fios platinados do Kim e apressou os passos para andar na sua frente.
Não tão longe dali, durante o caminho até o dormitório do Lee, Jimin acaba encontrando o namorado voltando de uma corrida, com roupas esportivas, o suor brilhando em seu corpo, e tudo. Parecia tão despreocupado. Mal sabia que aquilo só deixou o Park ainda mais irritado.
Porém, o ruivo não conseguia pensar que Taemin estava fazendo algo errado. Mesmo que fosse o caso, não colocava aquilo na cabeça, principalmente porque esteve recebendo mensagens do garoto durante a primeira parte da manhã.
Mas, aquilo não lhe causava alívio algum, muito menos diminuía sua raiva e frustração, então passou a apressar os passos e entrou no departamento primeiro que o Lee, ignorando as piadinhas dos jogadores e seguindo até o quarto do moreno.
- Ok, o que quer que eu tenha feito de errado, eu posso explicar - Taemin chegou falando, rindo nasalado, realmente se divertindo com a irritação alheia.
- O que te faz pensar que eu estou esperando alguma explicação? Você fez algo errado? Está se entregando? - questionou Park, cruzando os braços e andando alguns passos para trás, deixando claro que não queria aproximação do outro.
Talvez o bom humor do Lee já não estivesse tão presente ali. Não era a primeira discussão que tinha com o ruivo, costumavam brigar antes mesmo de falar em voz alta que aquilo que tinham era algo sério.
E enquanto o capitão do time levava aquilo como algo com menos importância do que ele diz ter, Jimin parece notar cada vez mais que recebe muito pouco do namorado. Óbvio, não é um relacionamento baseado em favores ou trocas, mas o mínimo que Taemin deveria ter por si era consideração.
- Olha, eu sei que ontem eu vacilei. Foi errado... Foi péssimo, mas não fiz pra te magoar. Uma das últimas coisas que quero é magoar você, Jimin. - Sorriu ladino quando o mais baixo descruzou os braços, aparentemente acreditando que o Lee pareceu baixar a guarda, mas só pareceu.
- Por que você agiu daquela forma, Tae? Não é a primeira vez... E o jeito que você me tocou, foi sujo... - Jimin disse num tom baixo, realmente esperando receber a compreensão do namorado.
- Foi a bebida - justificou Taemin, pensando na primeira coisa que poderia usar como desculpa e maneira de contornar a situação. - Eu estive tão assustado com essa coisa toda de namoro, pensei que o que tínhamos antes era bom o suficiente, porque realmente era, mas isso me assusta. Eu até comentei que namorar você deveria ser uma das coisas mais difíceis, foi quando nos conhecemos, lembra? Quando comentamos sobre as nossas personalidades não se baterem de forma alguma. - Jimin engoliu as palavras do namorado com um aperto no peito. Então ele estava arrependido?
- Eu pensei que... por você ter pedido, pensei que estivesse bem com isso. - O ruivo sentia o aperto em seu coração começar a lhe incomodar mais que nas outras vezes.
- Namorar sempre foi uma ideia sua, assim como ser levado a sério, Jimin. Mas, enquanto eu tento dar um passo à frente, você volta dois, então eu não entendo. Será que fizemos mesmo a coisa certa? Você me deixa confuso... - Taemin sempre soube o que dizer para contornar a situação. Conhece bem o Park, afinal. Sabe como driblar as discussões e contornar tudo de forma que saia como a vítima, e o Jimin, como um bobinho, sempre cai.
E, assim como nas outras vezes, Jimin teve medo. Entendeu bem até demais a indireta nada discreta do namorado sobre dar fim ao que tinham, e tem medo disso. Medo de ser deixado de lado, medo de ser esquecido, de não ser suficiente. No geral, o Park tem medo do abandono. É divertido, sabe brincar, encanta as pessoas e se mostra ser alguém completamente de boa com a vida, mas a verdade é que não está nada bem. Começa um relacionamento já pensando em quando será o fim, quando a outra pessoa irá se cansar dele e de suas manias.
Por isso decidiu quebrar a barreira que colocou a poucos instantes entre ele e o namorado. Com os olhos marejados e um aperto no coração, se aproximou rapidamente do moreno suado e passou os braços pelos ombros dele, deixando um selar aflito e hesitante nos lábios alheios e o olhando em seguida.
- Sabe... eu também bebi. Você não foi o único que exagerou ou errou, eu... eu nem lembro direito o que aconteceu. Me desculpe, Tae. - Engolindo o nó em sua garganta, falou o que sabia que o Lee queria ouvir e se sentiu aliviado ao notar o olhar irritado se tornar manso em instantes.
- Esse é o meu garoto. - Taemin sorriu, tocando os fios tingidos do mais baixo. - Não se desculpe, essas coisas acontecem. Estamos num relacionamento, o que você esperava? Mas, está tudo bem, amor. Tudo bem.
E, a fim de garantir que o ruivo sairia do seu quarto sem mais paranoias, Taemin avança contra ele, beijando seus lábios com força e desejo. Jimin retribui, o coração a mil batendo no peito, as pontas dos dedos geladas devido a todo o nervosismo e uma sensação estranha de formigamento no pé da barriga. Não sabia dizer o que era, mas tinha certeza de que não era algo bom.
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