8. Cidade do pecado

Acordei mais tarde do que deveria. Ou ao menos não sabia ao certo dizer se havia passado da hora ou se ainda era de fato cedo. 

Meu atraso devia a lábia sexual de um certo CEO obscuro e misterioso. Esse pensamento fez com que eu ainda desorientada esticasse o braço em busca de sua presença na cama. Jayden já não estava mais ao meu lado, e olhando ao redor, concluí que ele também não estava no quarto. 

Tinha sido um pouco decepcionante não vê-lo depois da noite anterior, não poderia mentir. Depois da conversa séria e honesta que tivemos, tudo o que eu queria ou imaginava era acordar ao lado dele. Ver como ele era ao amanhecer, capturar todos os detalhes possíveis. 

A luz suave da manhã preenchia o quarto. Me sentei na cama espreguiçando os braços, antes de levantar e ir até o banheiro, onde me olhei no espelho e percebi que meu cabelo estava um verdadeiro caos. Resolvi pegar uma escova no armário, e enquanto deixava os fios ruivos do meu cabelo em ordem, também lembrava do toque forte e intenso dele no meu corpo. 

Havia sido algo que nunca senti. Tudo era novidade para mim devido a minha inexperiência. A sinceridade e preocupação dele com meu bem estar me cativaram. Eu não era uma garotinha de dezessete anos, estava ciente de que ele era um homem com uma vasta e longa experiência sexual. 

E só de pensar que esse homem tem sido tão protetor e paciente comigo me faz ter esperanças de ter algo duradouro com ele. 

Peguei meu celular na mesa de cabeceira e conferi as horas, eram nove e meia da manhã. Eu tinha dormido além da conta. Contra a minha vontade me levantei da cama e andei até o banheiro.

No closet decidi vesti uma roupa confortável para o calor: short jeans e uma camiseta azul. O banho ficaria para depois do café da manhã já que provavelmente iríamos sair para algum lugar — que eu não fazia a mínima ideia. Talvez Adam estivesse com Jayden, o que não era de todo ruim, pois isso me daria a oportunidade de conversar com Ava a sós sobre tudo o que aconteceu até o momento. 

Com certeza ela também teria novidades para me contar. 

Saí do quarto e desci as escadas chegando ao corredor e andei para o lado oposto, a outra parte da mansão que eles se instalaram. Essa casa era confusa e se eu não estivesse acostumada a casas como essa me perderia com certeza. Na minha infância meu pai fazia com que nos mudássemos constantemente, talvez fosse o receio de ter uma residência fixa. Com isso, aprendi que por mais grande que seja a casa, o sistema é o mesmo. 

Do lado de fora, bati na porta do quarto do casal loiro. Ava abriu a porta ainda vestindo sua camisola de cetim até a metade das coxas grossas, o cabelo dourado desgrenhado sinalizava que ela tinha acordado a pouco. Eu nem precisava de uma explicação, só o que eu via na minha frente já era auto explicativo o suficiente. 

— Bella — ela sorriu preguiçosa — Está tudo bem? O que faz aqui tão cedo? 

— Cedo? São 10 horas da manhã. 

— Exatamente, ainda é cedo, não é nem meio-dia. 

Eu ri brevemente, Ava não tinha jeito. Por ter seu próprio estabelecimento de cosméticos e maquiagem ela podia acordar em qualquer horário que lhe fosse conveniente, ao contrário de mim que tinha horário fixo todos dias. 

Se já pensei em abandonar o emprego? Muitas vezes. Não pelo trabalho em si, mas pelo babaca do meu chefe que insistia em me assediar. 

— Pode entrar, Adam saiu faz um bom tempo. 

Entrei no quarto vendo a cama desarrumada, não muito diferente da minha. Exceto por uma única coisa. 

Ava fechou a porta atrás de mim. 

— Eu acordei sozinha na cama e então pensei que Jayden estivesse com Adam. 

— Acho que quiseram conversar em particular, mas isso é bom — disse ela enquanto abria as cortinas. — Porque assim também podemos conversar em particular. 

— Então, como foi ontem? — perguntei, curiosa. 

— O melhor sexo da minha vida! 

— Nossa, Ava, quanto romantismo, assim você me emociona — meu sarcasmo saiu automaticamente. 

— Ah, foi diferente dessa vez — ela começou a admitir. 

— Vamos lá, Ava. Sou eu, não precisa ter vergonha dos seus sentimentos. 

— Você sabe que a última vez que eu me permiti sentir isso acabou muito mal. 

— Sim, eu sei — respirei fundo. — Eu estava do seu lado. 

Como sempre. 

Ela assentiu ganhando coragem e disse com entusiasmo: 

— A noite foi incrível. Ele foi muito carinhoso comigo, e também muito intenso — ela deu uma risadinha. — Para falar a verdade, eu não esperava que pudesse ser tão bom. Ele foi o único homem que conseguiu me fazer gozar tantas vezes. 

Senhor! Ela não media o que falava. 

— Ou ou... — eu a alertei. — Informação demais. 

Ava revirou os olhos. 

— Mas que bom que sua noite foi animada. 

— Noite e manhã, Bella. Adam pode ser... bem exigente — ela disse sem nenhuma vergonha. 

— Meu Deus! — coloquei as mãos no rosto envergonhada. 

Ava deu risada tocando a minha mão. 

— Não precisa ficar toda vermelhinha, é algo natural entre um homem e uma mulher. 

Balancei a cabeça revirando os olhos. 

Para ela era simples falar sobre esses assuntos mais íntimos sem nenhum tipo de censura, mas falar de sentimentos e intimidade a deixavam desconfortável. 

— Fico contente, você merece alguém que te faça bem e enxergue o quão incrível você é — eu disse sentindo seu abraço forte. — Além disso, Adam parece ser um cara muito bacana e só de fazer você sorrir desse jeito, ele já ganhou minha simpatia. 

Nos afastamos um pouco. Vê-la feliz assim me deixava tão contente. Nunca tinha visto tanta luz no seu rosto. 

— Agora vamos falar de você. 

— Ava... — eu disse envergonhada. 

— Nem vem, Bella. Estou morrendo de curiosidade agora. 

— Ontem a noite... não fomos até o final. Antes de tudo deixei claro que nunca tinha dormido com alguém e que não era o momento ainda. 

— E o que ele disse? — ela perguntou. 

— Ele me respeitou e disse que teria paciência por mim. 

Ava respirou aliviada tirando todo ar acumulado dos pulmões. 

— Ele é um homem poderoso. Segundo o que ouvi pelo Adam, ele gosta das coisas do jeito dele, sempre. 

— Sim, eu sei que ele é um controlador nato. 

— Mas se ele vai ter paciência e esperar você se sentir confortável com isso, talvez eu fique menos cismada com ele. 

— Cismada? 

— Ele te olha de um jeito... não sei... como você fosse propriedade dele. Eu tenho medo só de pensar em você sofrer o mesmo que sofreu com a superproteção  do Bruce. 

Eu a olhei com compaixão. Apesar de não termos nenhum laço sanguíneo, a vida nos presenteou com essa amizade incrível que ultrapassa todas as fronteiras. Eu amava Ava, como ela era gentil, atenciosa e tão verdadeira. 

Jayden era aparentemente um homem difícil? Sim. Mas eu não acreditava que ele queria tirar a minha liberdade. De forma alguma. 

— Não precisa se preocupar, Jayden tem sido muito atencioso comigo. 

— Isso é muito bom. 

— Dê uma chance a ele, assim como estou dando ao seu Sr. Exigente. 

— Isabella! — Ela gargalhou. 

Eu ri em seguida, sentindo ela bater no meu ombro. 

— Agora vai se arrumar, estamos atrasadas para o café da manhã.

Dᴇᴘᴏɪs ᴅᴇ ᴇsᴘᴇʀᴀʀ ᴀᴠᴀ se vestir, descemos até a cozinha para nos juntarmos aos meninos e tomar o café da manhã. 


Logo de cara encontrei Jayden escorado no balcão da cozinha com seu amigo, eles murmuravam um assunto que não fui capaz de identificar. Após alguns passos mais próximos, nas pontas dos pés devido a nossa diferença de altura ser grande, dei um selinho em seus lábios. No entanto, ele exigiu mais do que um simples beijo. Com necessidade nosso beijo foi aprofundado. Jayden passou a mão na minha nuca enquanto a outra mão descia para a minha cintura. 

Fiquei vermelha com vergonha de não estarmos sozinhos. Por isso, me afastei mesmo não querendo. 

— Bom dia... — eu disse ainda recuperando o fôlego. — Acordou cedo hoje. 

Ele reprimiu um sorriso. 

— Bom dia, Isabella — murmurou ele com a voz rouca. — Eu acordo cedo todos os dias para treinar, já estou habituado. 

Treinar? 

Mas é claro que ele treinava. Bastava só olhar para esses músculos nos braços e também o abdômen bem definido parecido ter sido esculpido por anjos. 

— Não sabia que você treinava. 

— Não sabe muitas coisas sobre mim — ele passou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. — Gostaria que isso mudasse. 

— Eu também. 

O casal loiro, assim como eu os chamava, acabavam de se beijar, mas de uma forma discreta. Minha melhor amiga estava contente e isso me deixava contente. Depois de tantas decepções ela merecia alguém bom. 

— Sabe para onde vamos hoje, meninas? — perguntou Adam. 

— Para onde? — perguntou Ava morrendo de curiosidade. 

— Surpresa, loirinha — ele sorriu de lado. 

— Como você é terrível, Adam — ela disse com a voz estridente. 

— Você não sabe o quanto. 

Ah, eu posso imaginar, Adam. 

Jayden esboçou um sorriso simples. 

— Vamos comer, estou morto de fome — disse meu grande CEO. 

Fomos até a sala de jantar onde a mesa de café da manhã estava preparada. Haviam panquecas, bacon, torradas, café, chá, uma variedade de frutas e sucos. Um café da manhã completo. 

Jayden puxou uma das cadeiras para mim e eu o agradeci. Nos sentamos exatamente nos mesmos lugares de ontem. 

— Café? — Jayden ofereceu. 

— Não, mas gostaria de chá. 

Ele passou um pequeno bule de água quente acompanhado de um saquinho de chá. E por coincidência era o meu favorito: camomila. 

Comemos em silêncio. Apesar da ansiedade, eu também estava faminta. Gostava de ser surpreendida, viver uma aventura me agradava muito, e era o que eu estava vivenciando. Ir à cidade do pecado com um recém conhecido irresistível, era uma aventura. 

Jayden alternava entre tomar seu café e ler o jornal, mas parecia que as notícias do dia lhe interessavam mais do que a refeição. 

— Agora até eu estou curiosa, para onde vamos agora de tarde? 

— Sempre tão ávida por informações — disse Jayden, desviando o olhar do papel impresso para mim. — Termine seu café da manhã, precisará de bastante energia. 

— Quanto mistério. 

— Tudo o que posso dizer, é que vamos voar de helicóptero. 

Minha boca se abriu em um pequeno o. Ava me olhou com os olhos arregalados, por dentro ela devia estar em festa. 

— Vamos voar de helicóptero? — murmurei. 

— Sim. 

— Nossa — dei um sorriso entusiasmada. 

— O que foi? — ele perguntou franzindo a testa. 

— Eu nunca andei de helicóptero — disse um pouco envergonhada. — Meu pai sempre dizia que era perigoso. 

— Bem, comigo não haverá perigo algum. Fico contente em poder desfrutar da sua primeira vez — ele tocou minha mão por baixo da mesa e automaticamente meu rosto se corou — De voar de helicóptero. 

Ainda estávamos falando de helicóptero? 

Desviei o olhar dele balançando a cabeça lentamente com um sorriso simples e tímido. 

— Eu também nunca andei de helicóptero — comentou Ava. 

— Hoje irá andar — disse Adam. 

Quando terminamos a refeição até tentei recolher a mesa, mas Jayden insistiu que seus funcionários fariam isso muito bem, além de deixar claro que essa era a função deles. Eu não pensava da mesma forma, mas não rebati. 

Novamente na suíte principal da casa, o Jayden avisou que iria apenas trocar de roupa. Enquanto a mim, fiquei sentada na cama pensando no que deveria vestir. Não sabia se iríamos a um lugar sofisticado ou só iríamos sobrevoar em alguma parte de Las Vegas. Com a presença dele de volta ao quarto quase fiquei sem fôlego ao vê-lo: de camisa azul marinho com botões brancos, e calça jeans. Seus músculos nos braços em evidência e um olhar ardente em minha direção foram a minha perdição. 

Ele se aproximou de mim na cama me encarando com o olhar cálido. Eu me levantei ainda um pouco afetada por sua postura que exalava poder. 

— Te aguardo lá embaixo. 

— Vou tomar um banho e daqui a pouco estarei pronta. 

Antes de ir, ele me beijou novamente e mordiscou minha orelha. 

Com o coração disparado e o corpo em febre. Foi assim que fiquei. Tive que ter muito foco para não me distrair. 

Distraída, me levei até o banheiro e fechei a porta para iniciar o banho.


Olhei para o relógio em meu pulso. A demora das meninas em se arrumarem teve um lado bom, me deu tempo o suficiente para conversar a sós com meu braço direito e subchefe da máfia. Fazia tempo que não ficava tão distante dos meus negócios, nem lembrava da última vez que fiz isso. Mas o pior era agir como se eu fosse uma boa pessoa para a Isabella, como se eu ligasse para as leis e regras como um bom cidadão. 

Não sabia onde tudo isso iria nos levar, e nem se ela concordaria. A chance dela me denunciar era alta, e uma parte de mim sabia que mesmo sendo obrigado eu nunca conseguiria a machucar, o que era outra puta novidade para mim. Trabalho sujo jamais me assustou, se uma pessoa devia estar morta, sem remorso algum eu a executava. 

Mas Isabella... parece que me enfeitiçou como uma sedutora sereia ruiva. Que merda estava acontecendo comigo? 

Sentado no sofá, ouvi meu telefone tocar. Era uma mensagem de texto do Kenan, meu motorista. 

Perfeito. 

Tudo estava de acordo com os meus planos para o dia de hoje. 

Adam estava em uma ligação, estávamos exportando uma alta carga de armas para o Oriente Médio, mais especificamente a Arábia Saudita que é o principal comprador global de armas. Tudo foi feito através da “lei”. 

Estados Unidos é o principal fornecedor de armas para eles, e graças a corruptos na política minhas armas são vendidas facilmente. 

O Sheik Mohammed Al Sabar era um de nossos clientes mais próximos. 

Me levantei e fui até o mini bar, me servi com um copo de whisky. Johnie Walker Blue Label queimava na minha garganta. 

— O Sheik recebeu a entrega, Adam? 

— Sim, e como sempre mandou um generoso pagamento. Ele perguntou quando o visitará. 

— Dê meus comprimentos a ele. 

Adam assentiu. 

Ignorei a pergunta do Sheik. Talvez um dia eu fosse à Arábia Saudita fazer uma viagem. 

— Depois da viagem, vou levar a Isabella para comprar um vestido à sua altura para hoje a noite. Não sei se ela trouxe um, mas faço questão de dar um a ela de presente. 

— Acho que Ava vai gostar de acompanhar a Isabella nas compras. 

— Ótimo — o olhei. — Não tenho paciência para isso, só quero Isabella mais linda do que já é. 

— Está tão atencioso com essa mulher. O que aconteceu com o grande Ravaganni? Depois da sua ex-noiva nunca se importou com nenhuma outra. 

— É verdade, tive muitas mulheres, muitas trepadas depois da Kylie. Mas essa mulher é diferente e eu a quero para mim. E vou ter. 

— Sei que nada te detém, sempre consegue o que quer. Mas o pai dela é alguém poderoso, pode ferrar com as nossas vidas. 

Bati a mão na mesa com força, o que ocasionou um estrondo, a estrutura pendeu um pouco balançando. 

Filho da puta de Bruce Lewis. 

Aquele verme deveria estar embaixo da terra apodrecendo, enquanto outros vermes comem o resto do seu corpo. 

— Tenho que dar um jeito naquele velho verme, mas com a Isabella fica difícil. 

— Sei que dará um jeito, a hora de Bruce Lewis está chegando. 

Só de falar desse verme eu ficava nervoso. Por um bom tempo Lewis vinha estragando meus negócios e me caçando entre os quatro cantos do mundo. Eu precisava de mais bebida. 

Olhei novamente para o relógio, havia passado mais alguns vários minutos. 

— Traga um whisky, puro e sem gelo — pedi ao Adam. 

Ele assentiu e foi até o mini bar na cozinha. Quando voltou com a bebida não estava com uma cara preocupada. Ao me entregar o whisky, ele se sentou em uma poltrona na minha frente. 

— Que porra aconteceu dessa vez? — perguntei. 

— Tive a informação de que temos um traidor na organização. Um agente duplo. 

Tomei a bebida toda de uma vez. Estava puto, com vontade de rasgar e esquartejar esse traidor. Seja quem fosse, já poderia ser considerado um homem morto. 

A máfia tinha uma regra clara: é proibido revelar segredos da organização para elementos estranhos. Traição era algo a se pagar com a própria vida. 

— Quem é o desgraçado, Adam? Fale logo de uma vez! 

— Bailey, um de seus seguranças — ele explicou. — Foi pego de conversa com um agente federal várias vezes. 

— Por isso o bastardo simplesmente sumiu na noite em que eu estava na boate Hot Desire. Ele tinha cúmplices? 

— Pelo que eu saiba não, ele usou sua mãe como isca para os outros seguranças, disse que Louise estava na cidade e que você mandou fazer a ronda imediatamente, enquanto isso ele foi se encontrar com o fodido do agente. 

Bailey estava completamente fodido na minha mão. Além de manter contato com um agente federal, ele usou Louise como risco. Havia ultrapassado todos os limites. A minha vontade era de voltar para Nova York imediatamente e acabar com a raça dele eu mesmo. 

Adam notando o meu silêncio, voltou ao assunto. Como subchefe ele podia fazer o trabalho sujo por mim se eu quisesse ou até mesmo um simples soldado. 

— Em Nova York, posso pegá-lo e... 

Levantei a mão e ele se calou. 

— Deixe que ele pense que está salvo, não faça nada que o cause preocupação. Quando ele menos esperar vai desejar estar no inferno em vez de estar vivo. 

— Como quiser, Jayden. 

— Sabe me dizer quem é o fodido do agente federal? — perguntei. 

— Não sei a identificação — ele deu de ombros. — Mas posso pedir ao Karev para investigar. 

Karev, investigou a filha do chefe de segurança do Pentágono, um agente federal seria fácil para ele. 

— Faça isso, Adam, e me atualize quando chegarmos em Nova York. 

— Certamente. 

Passado algum tempo, nos levantamos ao percebermos elas descerem as escadarias da sala de estar. Assim como Adam, eu estava com uma cara nada boa, se pudesse mataria alguém com minhas próprias mãos no momento. Mas resolvi que não iria estragar a viagem com o meu mau humor. Além disso, eu tinha um ótimo motivo para me distrair. 

Isabella estava radiante. Ela estava usando uma calça jeans que modela suas curvas sinuosas e uma blusa branca de alça. Seu cabelo, brilhante devido à luz do sol da tarde, balançava à medida em que ela se movimentava. E para completar, saltos nos pés que a deixaram cinco centímetros mais alta. 

Quando ela parou ao meu lado, segurei sua mão pequena que quase ficava perdida ao estar com a minha. Caminhamos para fora da casa e entramos nos carros.  Dirigimos acompanhados pela minha equipe de segurança até o heliporto que encontrava-se um pouco distante da propriedade. 

Durante o curto caminho passei o braço em volta dos ombros da ruiva que retribuia o afeto com um olhar de matar qualquer homem. Esse mesmo olhar vai permanecer quando ela descobrir quem eu sou? É o que iríamos descobrir. 

— Bella, você ouviu falar a respeito do Grand Canyon National Park? — perguntei. 

— Já sim — ela sorriu — Dizem que é um lugar muito bonito de se ver, mas nunca tive a oportunidade de ir. 

— Pois bem, eu sempre quis conhecer e só dessa vez que estou conseguindo de fato ir, acho que é porque dessa vez estou fazendo uma viagem mais leve do que as outras vezes que estive aqui. Espero que seja algo que você também queira conhecer, se não tiver interesse podemos ir para outro lugar. 

Afinal, eu queria agradá-la e eu estava aqui todos os anos e poderia adiar novamente essa curta viagem, não me importava. 

— Claro que eu vou querer conhecer, ainda mais com a sua companhia — murmurou ela. 

— Então iremos para o Arizona. Espero que não tenha medo do helicóptero e se tiver, pode apertar forte a minha mão. 

— Isso me deixa mais tranquila. 

Chegando ao heliponto, os carros foram estacionados. Meus seguranças já instruídos iriam de carro até o nosso destino final. 

O helicóptero estava pronto para decolar, os rotores se moviam devagar. Andamos em direção ao Joseph, meu piloto, que estava próximo da aeronave e ao motorista. 

Trocamos um breve aperto de mão, meu entusiasmo era notável. Voar era uma das poucas coisas que me davam prazer nessa vida. Basicamente: voar, trepar e matar. 

— Ele está pronto, senhor! — gritou Joseph devido ao barulho das asas da aeronave. 

— Todas as verificações já foram feitas? 

— Sim, senhor. 

— As chaves estão no carro, Eric. Deixe ele na minha propriedade. 

— Obrigado, Sr. Hunter. Tenha um bom voo até o Arizona. Senhorita. 

Eles cumprimentam Isabella e na minha opinião olharam demais para ela, mas deixei passar dessa vez. Depois cumprimentaram o casal de loiros. 

Joseph abriu a porta do helicóptero para nós. Fui na frente e depois ajudei Isabella a subir. Coloquei seu cinto passando de propósito as mãos em sua cintura bem formada. Ela respirou fundo. 

Sentado e de cinto afivelado vi, Adam e a Ava chegaram subindo com cara de quem tinham aprontado alguma coisa, talvez tenham parado pra se pegarem no caminho. Neguei com a cabeça os olhando. Depois que eles fizeram todo o processo que havíamos feito, o piloto avisou que iríamos decolar. 

Fomos saindo do chão aos poucos ganhando altitude, a aeronave seguiu para nos levar até o Grand Canyon. 

Depois que saímos de Vegas, vimos a represa Hoover Dam que ficava na divisa dos estados de Nevada e Arizona. A partir daí começamos a ver os primeiros rochedos, propriamente dito no Rio Colorado. O piloto diminuiu a altitude para conseguirmos apreciar mais de perto. E então, finalmente entramos no Grand Canyon. O lugar era ainda mais bonito do que eu pensava e a vista aérea nos dava uma visão privilegiada do local. 

Não perdendo a oportunidade, olhei para Isabella que parecia encantada com a visão do parque nacional. Estava satisfeito em lhe agradar. 

Ficamos uma hora e meia sobrevoando o parque antes de voltarmos para Las Vegas. No meio do caminho o piloto parou para abastecer a aeronave, e nesse tempo aproveitei para conversar com Isabella. 

— Depois que almoçarmos, quero levá-la para comprar um vestido para hoje a noite, é um presente meu. 

— Eu trouxe um vestido — ela respondeu em forma de desculpa. 

Não. Não aceito recusas. 

— Mesmo que você tenha um, eu quero dar outro a você. — eu já tinha percebido que ela não gostava de usufruir do meu dinheiro e eu admirava isso nela, pois mostrava que não era uma aproveitadora, mas acontece que eu queria gastar dinheiro com ela. 

— Jayden... — antes que ela terminasse de falar eu a interrompi. 

— Já falei com o Adam a respeito e ele disse que vai levar sua amiga também. — Falei caso ela ficasse com receio de ir apenas comigo. 

— Tudo bem. Eu aceito. — Disse ela.

Qᴜɪɴᴢᴇ ᴍɪɴᴜᴛᴏs ᴅᴇᴘᴏɪs, pousamos no heliporto do aeroporto de Las Vegas. Enquanto o motor desligava junto com o os rotores do ACH145, eu tirei meu cinto e me inclinei para tirar o dela. Isabella tinha um cheiro doce e suave que me deixava em êxtase, me perguntava se todas as partes do seu corpo tinham o mesmo cheiro. 

Seu olhar se encontrou ao meu, a boca estava entreaberta. A vontade de beijá-la era imensa. Mas não o fiz. 

Estar com em sua companhia me fazia esquecer dos problemas. Esquecer a amaldiçoada vida que eu estava fadado até o meu último dia nesse mundo. Carregando vários corpos multilados e enterrados, negócios de drogas e armas. Esse seria o meu legado. E quando estava com ela, me sentia normal. 

— Gostou da viagem? — perguntei. 

— Muito. Obrigada, Jayden. 

— Bem, vamos almoçar. Deve estar com fome. 

Abri a porta, pulei para descer e estendi a mão para ela. Adam fez o mesmo, ajudando a sua namorada a sair do helicóptero. Troquei um aperto de mão com Joseph, ele agradeceu pela minha preferência de seu trabalho. 

Como esperado nossos carros estavam aqui junto com os dos meus seguranças que aguardavam o meu comando. 

Depois de entrar no carro e ligar o motor, Adam no outro carro perguntou: 

— Para onde, Jayden? — perguntou ele um pouco alto para que eu ouvisse. 

— Dirija até o centro de Nevada. 

Minha vontade era de agarrar Isabella aqui mesmo, agora. Mas sabia que ela se sentiria desconfortável, então me limitei a tocar sua coxa. Para ser franco, senti falta de um belo e delicado diamante em seu dedo, e não, eu não sabia o que estava acontecendo comigo. A vontade que tinha era de colocar o mundo aos pés dessa mulher, mimá-la, dar proteção e tê-la sempre assim do meu lado. 

Confesso que isso estava me deixando assustado e bastante estressado. Esse emaranhado de coisas que essa mulher me fazia sentir. Não era do feitio me preocupar com outras pessoas e muito menos ser compreensivo. Mas queria a ruiva virginal para mim, mesmo que isso fosse me deixar em maus lençóis. Nunca abdiquei nada do que era meu ou achasse que fosse, e com Isabella não seria diferente, a teria para mim. 

Nᴀ Fʀᴇᴍᴏɴᴛ Sᴛ, ʜᴀᴠɪᴀ ᴜᴍ restaurante italiano bem conceituado. Andiamo Steakhouse. Acomodados em uma mesa perto da janela, eu buscava algo de decente no cardápio e de relance observava a Srta. O'Sullivan explorar o que o restaurante tinha a nos oferecer. 

Apressadamente ao notar minha presença, o garçom veio até a nossa mesa. 

— O que desejam? — perguntou ele com um sotaque carregado. 

— Um Carbenet Sauvignon, da sua melhor adega — acrescentei. — E uma vitela assada à milanesa 

— Um nhoque gratinado — Adam disse. 

— E as senhoritas, o que desejam? — o garçom olhou para elas. 

Elas trocaram um olhar de cúmplice e fizeram o mesmo pedido. 

— Espaguete à matriciana. 

Isabella virou-se para mim ao meu lado e sorriu de lado travessa. 

— Não sabia que você falava italiano, então além de magnata é um bilíngue. 

Sorri negando com a cabeça. O italiano estava mais presente na minha vida do que ela pensava, e não por ser algo que eu goste, mas sim uma obrigação. Um dever de honra e um papel na família. 

— Você não faz ideia, tenho muitas facetas. Espero que compreenda todas. 

Ela sorriu timidamente com o rosto levemente corado, olhou para sua amiga com meu braço direito e voltou a atenção para mim. 

— Gosto do seu mistério, acho cativante. 

— Só prometa não fugir de mim — passei uma mecha atrás da orelha dela. 

— Não me assusto fácil, não irei fugir. 

Às vezes me perguntava como ela iria absorver tudo o que está ao meu redor. Esperava que Bella entendesse que apesar de tudo, ela estaria segura ao meu lado. 

Por cima da mesa peguei sua mão, porque a queria tocar novamente. Sentir a sua pele branca e macia, meu dedo passava entre os nós dos seus lentamente. O olhar de Isabella escurecia aos poucos, sua respiração passou a ficar ofegante. Sim, eu também estava sentindo essa tensão devastadora entre nós. 

Depois de uma farta refeição, degustamos da sobremesa do dia. 

Nesse momento, me peguei pensando na possibilidade da Isabella sumir da minha vida. Nunca poderia a forçar a fazer algo contra a sua vontade, eu não era uma boa pessoa, mas não seria um ser asqueroso a ponto de obrigar uma mulher a ficar ao meu lado. Eu não era o meu pai e nem queria ser parecido com ele. 

Respirei fundo. Louise tinha passado um verdadeiro inferno ao lado de Colton, por mim. Não transformaria a vida de Isabella a isso, ela era a única coisa boa e inocente nesse caos que eu chamava de vida. 

Com ela me lembrava que ainda tinha humanidade. Se bem que era bem difícil de acreditar nisso, fui quebrado há muito tempo atrás pelo meu pai e os ensinamentos da máfia. Um ser sem sentimentos, que só se permitia ao prazer e à luxúria. 

— Está tudo bem? — Isabella perguntou em um tom baixinho em que só eu pudesse ouvi-la. 

Me aproximei um pouco dela fitando seus olhos fitando seus olhos verdes. E sim, estava aborrecido por ela ser filha de quem é. Também sabia que ela não tinha culpa alguma. 

Sou complicado. E isso não era novidade. Gostava das coisas exatamente do meu jeito e não ter controle sobre ela me assustava. 

— Nada com que deva se preocupar — disse mais rígido do que imaginava. — Quero você mais linda essa noite do que nunca. 

Levantei a mão e o garçom veio imediatamente. Depois de pagar a conta voltamos para o carro. 

Além de ser uma noite com vários mafiosos, mulheres sofisticadas e empresários. Também iria apresentar Isabella a amigos fiéis do meu ramo, com toda a segurança que ela necessitava. Além disso, ninguém se atreveria a tocar no que era meu, caso contrário estariam mortos.

Oi, gente! Tudo bem?

Dessa vez trouxe um capítulo
bem grandinho para vocês!

Gostaram?

Nosso casal está praticamente em
lua de mel, tudo as mil maravilhas!
Pena que nada dura para sempre.

Como vocês acham que vai
ser a reação da Isabella ao saber
a verdade? E o Jayden, vai mostrar
a verdade face pra ela? 🔥🔥

Além disso temos a grande noite
em Las Vegas no próximo capítulo!

Até a próxima 🖤

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