3. Outra vez





Ela pareceu ofendida com a minha pergunta e se afastou de mim, me fazendo erguer uma sobrancelha.

Eu não tinha feito nada demais. Era bom que ela não estivesse brincando comigo.

— Como assim não pode? — perguntei me aproximando até suas costas encostarem

— Eu não faço esse tipo de coisa — disse ela baixinho com o olhar assustado.

Fiquei surpreso, era a primeira vez que eu ouvi um não. Surpreso não, frustrado e puto com a sua recusa. Mas a verdade em seus olhos era visível e o receio também, se eu continuasse, o receio se tornaria medo, o que estragaria meus planos com a beldade ruiva.

Isabella parecia um passarinho delicado demais para sair do cativeiro.

Essa fragilidade e inocência dela me deixaram ainda mais curioso.

— Desculpe pelo meu jeito, não queria te assustar.

— Não assustou, só fiquei surpresa.

— Certo, mas posso levá-la até sua casa? — acrescentei me aproximando dela novamente. — Acho que é minha obrigação da noite, já que está sozinha aqui e eu não vou deixar você ir de táxi.

Isso significaria ela ir sozinha para casa, onde outros homens a olhariam com desejo, e por alguma razão meu sangue fervia só de pensar nessa possibilidade.

— Tudo bem, pode me levar em casa.

Ótimo, assim não terei que te carregar nos meus ombros.

Peguei na sua mão entrelaçando nossos dedos demonstrando posse para os homens ainda presentes na boate. Esperei ela concordar para seguirmos adiante até o estacionamento onde o manobrista vendo de quem se tratava foi buscar o meu Audi RS5 o mais rápido possível. Enquanto esperávamos, com a brisa fria da madrugada, tirei meu terno e o coloquei nos ombros da ruiva ao meu lado.

Assim que o carro parou na nossa frente, o manobrista me entregou as chaves e abriu a porta para Isabella que agradeceu e entrou primeiro no carro.

— É um belo carro, senhor.

— Eu sei — eu disse tirando um maço de dinheiro do bolso e lhe dando como gorjeta.

Após ligar o motor, vi pelo retrovisor duas BMW's atrás do carro, minha equipe de segurança — o resto estava na minha propriedade principal da cidade aguardando a minha volta de prontidão. O lugar era vigiado 24 horas por dia, eram homens de total confiança que passavam por uma alta revista, ou seja, uma verificação, um por um antes de serem contratados.

E no caso de demissão? A morte era a resposta.

— Coloque seu endereço no GPS e não se preocupe, você está mais segura nesse carro do que fora dele — eu disse para Isabella.

Essa era uma das maiores verdades que eu tinha dito essa noite.

Ela me olhou analisando a situação, talvez pensando em voltar atrás na sua escolha, mas logo concordou. O aparelho indicava na tela digital os caminhos mais curtos para Manhattan, Upper West Side, Rua West 59th Street. Eu conhecia o caminho, ficava em um ótimo bairro, pessoas de alta condição financeira moravam lá, o que significava que ela era alguém bem nascida.

Deixei meu julgamento de lado e segui pelas ruas de Nova York indo na direção que o GPS me guiava.

Em frente a faixada do condomínio estacionei o carro e a olhei, ela parecia aliviada, talvez realmente pensasse que eu a levaria para outro lugar. Minha vontade era essa, ir com ela para um lugar mais reservado e ensinar coisas que ela certamente não experimentou antes, mas, não queria assustá-lá, Isabella certamente era diferente das mulheres com que já estive e isso me fascinava.

— Está entregue, passarinho — fiz um carinho em seu rosto que ela aceitou.

— Obrigada, Sr. Hunter por me trazer em casa.

Apesar de me sentir um pouco velho com esse “senhor”, minha mente pensou nessa boquinha deliciosa dela em outras condições me chamando dessa forma. Só o pensamento disso mexia com o meu corpo.

— Não foi nada, o importante é a sua segurança.

Ela assentiu e antes de sair do carro, beijou minha bochecha como uma despedida.

— Adeus, Sr. Hunter.

E eu a vi se afastar cada vez mais até entrar no condomínio. Inexplicavelmente senti um aperto no peito, algo que nunca senti antes, era como se ela já me pertencesse.

Era só uma mulher, tentei argumentar comigo mesmo. Mas eu sabia que não era só uma mulher e ela seria minha.

Isabella seria minha.

Por volta das sete horas da manhã despertei com um sobressalto depois de um pesadelo. Era um dos que eu tinha mais frequentemente, um pesadelo com meu falecido pai me obrigando a fazer coisas que eu não queria, como matar pessoas contra minha vontade quando eu ainda era um adolescente.

Só que no pesadelo de hoje, ele estava me batendo depois da minha recusa às suas ordens. No final ele erguia a uma arma carregada para mim e quando estava prestes a atirar minha mãe entrava no meio, e em uma fração de segundos ela estava caída no chão dentro de uma poça do seu próprio sangue. Fria. Morta.

Sentado na cama passei os dedos entre os fios dos meu cabelo. Levantei rápido, fui na direção do armário e troquei de roupa optando por uma de malhar. Antes de sair do quarto, coloquei meu celular no bolso.

Desci as escadas e vi grande parte dos emprestáveis que trabalhavam para mim na sala, provavelmente a espera das minhas ordens. Ouvi um deles falar.

“Olhem a cara do Don, ele não está de bom humor hoje”.

E ele tinha acertado, era melhor eles não testarem minha paciência, não estou para gracinhas essa manhã.

No subsolo da propriedade, ficava a academia para o meu uso pessoal. Um chefe da máfia tinha que ser confiante, estar dois passos a frente dos seus inimigos. Treino desde de novo, nenhum homem me venceu na luta.

O personal trainer já estava no tatame a minha espera. Dean McGregor é um ex-lutador profissional de artes marciais, apesar de sua especialidade ser o kickboxing ele também exercia com domínio o muay thai — uma luta mais agressiva —, o qual eu preferia praticar devido exigir postura e autocontrole, além de melhorar o condicionamento físico e ganho de massa muscular.

McGregor tinha uma postura agressiva quanto a luta, seu chute frontal forte e os nocautes eram sua marca registrada.

Ele veio na minha direção vestindo as luvas de luta. Hoje iria descontar toda a minha raiva no tatame, de alguma maneira precisava gastar minha energia.

— O que vai ser hoje, Hunter?

— Algo que envolva muitos socos e chutes! — disse colocando as luvas.

Me posicionei na área de luta com os pés distantes um do outro e os joelhos flexionados.

— Sei que está nervoso hoje, mas vamos sem afobação, Hunter. — Ele sabia que me dizer isso tinha efeito contrário, mas sempre dizia para quebrar o clima. — Posição de ataque...

Levantei as mãos à frente do rosto, a mão dominante fechada em punho e a outra à altura do nariz com o queixo para baixo.

— Vamos lá, Jayden! Direita, esquerda, chute!

E foi então comecei a socá-lo com força movendo meu tronco, dei socos de direita, esquerda sempre mudando de ritmo.
Dou um jab curt acertando bem em seu queixo.

— Você quer conversar? — perguntou cambaleando um pouco para trás.

— Não! — disse alto.

McGregor me acerta com um kao tom, uma joelhada em linha reta que acaba me acertando.

Já chega, agora ele iria para o chão.

Pulei com uma perna e usei o joelho do mesmo lado para golpea-lo com um ataque direto.

— Vejo que alguém está mau humorado.

Ignorei seu comentário e assim voltamos para o treino e seguimos assim por quase duas horas da minha manhã. Era a melhor maneira que eu tinha de me acalmar.

No gabinete de casa, estava resolvendo a burocracia que envolvia uma nova entrega. Foi então que meu investigador particular entrou na sala. Karev era um dos mais respeitados investigadores de Nova York e trabalhava para mim há anos. Ganhava muito bem para isso.

— Karev. Preciso que você arrume informações de uma mulher para mim.

Ele abriu um sorriso lateral e sentou na minha frente.

— Tipo um dossiê? — assenti com a cabeça e ele me pediu um nome.

— Isabella O'Sullivan.

Ele anotou e disse que me mandaria por e-mail tudo o que encontrasse sobre a ruiva.

— Encontre tudo o que puder sobre ela, cada vestígio. E lembre-se, estou com pressa.

— Don, não se preocupe, nunca falhei em 25 anos.

Eu respirei fundo e fiz um sinal com dedos, ele já podia ir. No momento, queria ficar sozinho.

Quase onze horas da manhã recebi o e-mail de Karev. Rapidamente o imprimi.
Pegando o dossiê em mãos, comecei a ler atentamente.

Não. Pode. Ser.

Meus olhos quase saíram das órbitas.
Como alguém como ela podia ser filha daquele verme? Filha do Bruce Lewis, o chefe de segurança do Pentágono.

O homem que sempre quis minha cabeça em uma bandeja de prata para deixar de mostruário para as outras organizações criminosas.

Não me assustei nem um pouco, só estava irritado. Aquele filho da puta nunca me amendrontou, pelo contrário. Se ele queria acabar comigo, eu queria ainda mais matá-lo a sangue frio. Esse cretino vem me atrapalhando demais nos meus negócios.

— Puta merda! Como isso foi acontecer?

Isabella aparentemente só tinha o bastardo do pai como família, sua mãe faleceu cedo, muito cedo na verdade.

Adam entrou na sala e com certeza iria notar minha cara de puto.

— Jayden? Alguma coisa errada?

Ele se sentou na minha frente.

— Na verdade sim — deslizei a pasta do dossiê para ele sobre a mesa.

— Aquela garota ruiva de ontem... ela é filha desse filho da puta? — perguntou ao ler.

— Nunca acreditei muito nessa coisa de destino, Adam. Mas se ele existe claramente está fodendo comigo.

— Você sabe o que tem que fazer, certo? Se afastar dela.

Não sei quando ele achou que tinha esse direito de se meter na minha vida. Ser meu braço direto e subchefe da máfia não o fazia ser especial o bastante para dizer o que eu tinha ou não tinha que fazer com a minha vida pessoal.

A sorte dele era que eu já tinha socado alguém hoje ou o primeiro iria ser ele.

— Sugiro que não se meta na minha vida pessoal, para o seu próprio bem. É apenas um aviso.

Adam apenas assentiu com a cabeça.
No fundo sabia que ele estava certo, mas eu não aceitava receber palpites na minha vida. Somente na máfia.

Observei o dossiê aberto sobre a mesa pela trigésima primeira vez desde que o recebi, a foto de Isabella estava anexada no documento. Com muita concentração olhei para cada traço do rosto dela. Seus olhos verdes chamativos, que me encantaram desde o começo, o longo e sedoso cabelo ruivo, a forma como suas sardas só a deixavam mais sexy.

Fora a maneira como ela corava quando nossos corpos ficaram juntos, parecia uma colegial. Me perguntava se ela ficaria assim com nossos corpos nus em cima de uma cama espaçosa.

Não conseguia tirar essa maldita mulher dos meus pensamentos, apenas a vi uma única vez e aqui estava eu, tentado a vê-la novamente. Isso era demasiadamente irritante, nunca corri atrás de mulher alguma.

Seria uma fascinação? Em não poder possuí-la por ser duplamente proibido?

Ela era a filha do meu pior inimigo. Além do mais, aparentava ser inocente e muito boa, não deveria interferir a vida dela com meu egoísmo de sugá-la para o caos em que eu vivia.

Ou não seria?

Tudo o que eu precisava era vê-la mais uma vez, tinha certeza que isso não passava de um deslumbre passageiro. Mas para isso eu precisava de um pretexto para chegar perto dela.

O que eu estava pensando? Ter a porra de um pretexto? Se eu queria a ver, era exatamente o que iria acontecer.

Levantei da poltrona e fui até a porta, me direcionei para um dos seguranças.

— Chame o Adam.

— Imediatamente, senhor.

Voltei para dentro do gabinete e peguei uma pequena dose de whisky no mini bar, até que ouvi a porta ser aberta atrás de mim. Ainda olhando para o horizonte através da parede de vidro vi o reflexo do sub chefe da máfia.

— Adam, mande o Lorenzo providenciar um convite exclusivo para a Srta. Isabella O'Sullivan.

— O que? — ele perguntou incrédulo.

— Está surdo ou o que? Faça o que eu te mandei.

— Mas ela é...

— Eu sei quem exatamente ela é, agora peça para ele fazer esse convite em meu nome no restaurante Beauty & Essex. É uma ordem.

— Será feito.

Oie, gente! Estavam com saudades?
Eu tive um probleminha com o dossiê
da nossa Bella, por isso demorei

Mas estou de volta!

Nosso Jayden está farejando a doce ruiva como um verdadeiro predador
🔥🖤

O link do grupo deste livro estará na minha bio, do meu perfil do instagram: @autorakaroline

Até a próxima

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