Maximiliano, mais conhecido como Max, trabalhava numa fábrica de produtos de limpeza.

Seu parceiro, Edmundo, mais conhecido como Ed, trabalhava numa fábrica de biscoitos.

Os dois não escondiam de ninguém que eram parceiros e que dividiam a mesma cama há mais de dois anos e que assim pretendiam viver pelo resto de suas vidas.

O amor entre os dois parecia transbordar pelos poros e não era novidade para os amigos mais próximos que às vezes, quando tinham oportunidade, um costumava se infiltrar na fábrica do outro a fim de matar as saudades.

Everaldo, também funcionário da fábrica de produtos de limpeza, já havia namorado Max e se conformava em continuar amando em segredo, desde que  soubesse que ao lado de Max estava alguém que o fazia feliz.

Ed não sentia ciúmes do antigo namorado de Max, pois sabia que Everaldo gostava o bastante dele para entender que não havia rivalidade entre os dois. Pelo contrário, eram agora bons amigos e se tornavam cúmplices, daqueles encontros às escondidas.

_Vigia aí pra gente, brother, que preciso dar um  agarro  no meu macho para dar conta de enfrentar o segundo turno. _ pediu Ed naquele dia.

Everaldo revirou os olhos fingindo contrariedade, mas fez um sinal para Max que estava do outro lado do galpão se aproximar.

Ed se escondeu dos olhos dos curiosos que já se preparavam para ir para a cantina almoçar, pois não queriam que o chefe viesse chamar a atenção de Max.

Os dois se esgueiraram para um dos quartos que ficavam longe do movimento e mal esperaram fechar a porta para se atracarem num beijo que quase tirava o fôlego um do outro.

Enquanto Ed alisava a cabeça raspada do namorado, Max agarrava o amante pela cabeleira negra  espessa e o erguia do chão, já providenciando para que os dois paus se esmagassem entre eles.

Sabiam que não daria pra fazer o serviço completo, mas o sarro valia  qualquer risco!

Max gostava das pegadas fortes do namorado que o apertava como se pudesse mantê-lo entre os seus braços pra sempre...Ed metia o nariz no pescoço, nádegas e axilas do namorado tentando reter o cheiro dele em sua pele a fim de que pudesse fingir que ele estava ali o tempo todo. 

_Por que mesmo que a gente não dá um jeito de trabalhar na mesma fábrica? _ perguntou Ed afoito entre uma mordida e outra no corpo sarado do namorado.

_Porque não iríamos trabalhar, simples assim, seu safado! _Max respondeu sem perder tempo. 

_Dois depravados mandando ver entre as caixas de sabão em pó...o senhor Augusto não aceitaria isso de jeito nenhum... _ brincou Ed.

_Dois vadios esfarelando as rosquinhas de coco...duvido que o senhor Heleno nos daria uma segunda chance depois dessa putaria toda em horário de trabalho... _rebateu Max.

O encontro foi  rápido e selvagem, mas fez com que os suores se misturassem logo e os dois se moviam num sincronismo que não deixava espaço para a frustração de nenhum dos dois.

_Assim não vai dar tempo de você almoçar, seu louco! _ alertou Max entre um beijo e outro, dividido entre o desejo de mandar o namorado embora ou prendê-lo por mais tempo ali.

_Comi alguma coisa qualquer  enquanto vinha pra cá. Estava louco de tesão  e não podia esperar até o horário acabar, ou morreria!

_Seu maluco...nunca se farta disso, é?

_Olha quem fala...mais tarado do que eu...

_Quem manda você ser tão gostoso?

Os dois estavam em excelente forma e os hormônios não davam trégua! Acreditavam que aquilo duraria o resto da vida e não se preocupavam com o futuro, pois acontecesse o que acontecesse, o importante era que tinham a certeza de que sempre ficariam juntos.

Se fartaram um do outro, sabendo que à noite teria mais, porém, Ed se agarrou a Max no último momento sentindo como se nunca mais fosse vê-lo.

_Me dá uma aflição, cada vez que a gente se afasta, lindo. Tenho medo de que seja a última vez...que alguém vai te levar, te afastar, te roubar de mim e eu enlouqueço só em pensar nisso!

Max segurou o rosto do amado com carinho e falou, depois de aninhá-lo no colo:

_Eu sempre estarei aqui pra você, meu amor. Pra sempre...

_Pra sempre...essa é a única certeza que eu tenho na vida...

_Eu também.

A sirene para o almoço apitou alertando os dois de que logo os corredores estariam lotados e era melhor Ed ir embora sem que ninguém o visse.

_Droga! _ exclamou Max. _Preciso ir logo, porque hoje é dia da gente tomar aquela medicação.

_Por que mesmo tem que ser somente para o seu setor, vida?

_Porque é específica para o produto químico com o qual a minha equipe mexe. O setor do Everaldo, por exemplo, já não precisa disso, porque não são expostos a este material, entendeu? Acho até que é por isso que o Everaldo pediu pra trocar de setor, porque disse que ficava enjoado quando tomava esta medicação.

_Você disse  que era um composto vitamínico.

_Composto vitamínico, medicação...O que importa é que vem todos os meses e eu prefiro entrar na fila e fazer a minha parte pra evitar ficar doente e precisar me afastar de você. Somos os quatorze corajosos, como meus colegas dizem, por estarmos no setor  mais perigoso da fábrica. Mas prefiro confiar na equipe de segurança do trabalho que cuida de nós que sempre estarei seguro.

_Pare de falar isso que eu fico aflito! Ficaria mais tranquilo se você mudasse de setor, amor.

_Aí perderia o adicional de periculosidade, você sabe disso. É ele que estou guardando para fazer aquela reforma na nossa casinha, anjo.

_Eu sei, mas é que eu fico aflito...me preocupo com você! Uma hora dessas, alguém pode errar a mão, exagerar na dose destes produtos tão fortes e tóxicos  e aí tudo isso voa pelos ares! Eu perco o juízo só em pensar numa coisa dessas, coração!

Max segurou o rosto de Ed entre suas mãos, tentando acalmá-lo, como sempre fazia. Sabia o quanto ele era sensível, protetor  e o quanto ele se preocupava com a segurança e o bem-estar do parceiro.

_Pois então não pense...já não falamos sobre isso? Vamos viver cada minuto de nossas vidas intensamente...só isso que importa! O futuro a Deus pertence e eu confio em Deus! _disse Max sempre fervoroso. _Deveria fazer o mesmo, assim não sofreria deste jeito temendo o futuro! Tudo vai dar certo e seremos felizes pra sempre!

Haviam conversado sobre aquilo um dia...sobre a morte de um deles. Ed estava  sempre preocupado em perder o grande amor de sua vida. Dizia que estava tão feliz que tinha medo de não merecer tanta felicidade! Confessou que se Max morresse antes dele, ele não suportaria e tiraria a própria vida! Max fez Ed  jurar que jamais suicidaria, pois Max acreditava no que aprendera na sua formação religiosa: a pessoa que tira a própria vida não tem perdão e vai direto para o inferno! Prometeram um para o outro que não se arriscariam a se separar pela eternidade devido a um ato de desatino, como o suicídio!

_Já te falei que a segurança deste lugar é perfeita, Ed. Não tem como algo de errado acontecer, fique tranquilo, porque senão vai encher este rosto lindo de rugas.

_Achei que você gostasse de umas preguinhas..._Ed falou num tom indecente para atiçar o outro.

_Não no rosto! Quero você sempre assim...lindo!

Era exigência do serviço de saúde manter os funcionários, expostos a tantos materiais químicos usados na fabricação dos produtos de limpeza, sempre com  a saúde supervisionada.

Ed bateu forte nos músculos bem feitos  de Max.

_Acho que é isso que está te deixando duro feito uma rocha, amor! Você está uma tentação, delícia! Estou precisando de um pouco desse troço pra ver se melhoro o meu corpo também.

Não era a primeira vez que Ed manifestava aquele desejo de provar o complexo vitamínico que o namorado tomava na fábrica. Problema certamente não havia, já que ele mesmo nunca sentira qualquer efeito colateral negativo ao longo de vários anos tomando aquilo. 

_Não seja por isso. O Anselmo precisou sair mais cedo porque estava com dor de barriga e certamente o dele vai sobrar hoje.

_ E de que isso adianta se você diz que vem a quantidade exata sempre? Então o Anselmo  toma amanhã, não?

_Não podem guardar pra amanhã. Exigência da fábrica. Preferem descartar as sobras. _Max informou entusiasmado por poder satisfazer o desejo do amado.

_Não brinca...Sério? _Ed ficou eufórico. _Será que é hoje que eu vou ter a chance de provar a fórmula secreta do meu super homem?

_ Como eu disse, a ordem é sempre descartar as sobras, mas sei que andam repassando para alguém que esteja  interessado por debaixo dos panos... Se esperar um pouco, posso conseguir  a sobra de hoje  pra você, o que acha? Vai mesmo querer tomar? É pegar ou largar!

_Você ainda me pergunta? _ Ed falou animado. _Então corre lá antes que outro tem a mesma ideia, ande!

Não demorou muito e Max chegou com o prometido para Ed que a tomou sem titubear.

_Já me sinto mais forte, revigorado... Olhe pra estes braços, amor!_ brincou Ed fazendo pose. _Essa coisa é boa mesmo, hein?!

Max riu e abraçou o amante:

_Não é assim na hora, belo. Só vimos os resultados depois de um mês.

_Pois que seja. Só quero ficar mais gostoso para o meu homem.

Max apertou Ed nos braços:

_Mais gostoso ainda? Aí eu vou enlouquecer!

O responsável pela distribuição das vitaminas  até poderia ter registrado que Anselmo não havia tomado o produto, mas temendo descobrirem que ele havia cedido para outra pessoa, preferiu deixar como se a pessoa certa, Anselmo, tivesse recebido o complexo vitamínico naquele dia. 

Anselmo nunca mais  voltou  na fábrica de produtos de limpeza onde Max trabalhava, pois a  caminho do trabalho, ele  levou um tiro fatal num assalto à mão armada em que ele reagiu!

Foi assim que não foi descoberto que Anselmo  não havia tomado as vitaminas  e muito menos se soube que ela tinha ido para Ed, o  parceiro de Max!  

Naquele dia, devido a sua curiosidade em provar as vitaminas  que o namorado tomava,  Ed se tornou o décimo quarto homem a ter dentro do corpo a fórmula criada por Kaila Medeiros e que deveria ter sido descartada por Angélica, a assistente!

Quando, mais tarde,  da lista precisaram para conferir quem havia tomado a droga, era ainda o nome de Anselmo que estava lá!  Com a morte dele, acreditou-se que aquele material havia se perdido e que apenas treze homens tinham sido submetidos a ele!

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