(As vezes, colocar para fora é a melhor opção)

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— Meghan? — Eu pergunto querendo entender o que ela queria naquele momento. Justo no meu momento, com o garoto que eu gostava.

— Eu preciso falar com você. Me desculpe por atrapalhar, mas eu preciso da sua ajuda. — Ela diz limpando as lágrimas do rosto. Seu rosto estava pálido e ela estava um pouco ofegante.

A grande pergunta era, eu ajudava ela, ou eu ignorava conforme ela fez comigo? É nesse momento que os grandes conselhos vem: trate alguém como queira ser tratado, ou trate alguém como trata você?

Mas eu poderia fazer os dois. Eu não iria conseguir ignorar uma pessoa em desespero pedindo a minha ajuda. Seja quem fosse.

— O que foi? Por que está nesse estado? — Eu pergunto preocupada.

— É o Alex. Nesse tempo que você esteve fora, ele mudou completamente. Nosso relacionamento ficou péssimo. Ele ficava irritado, começou a faltar às aulas. Quando eu tentei conversar com ele ontem, ele apertou meu braço com força, mas recuou em seguida e sumiu. — Isso explicava o motivo de eu não estar vendo ele.

— Por que ele ficou assim? Alex sempre teve esses pequenos surtos, mas não nesse nível. — Eu digo sem entender.

— Não sei. O comportamento dele começou a mudar desde a festa da Lana. Eu não sei o que aconteceu. E eu estou preocupada. — Ela diz e o estado em que ela estava era deprimente.

— E o Júlio não sabe de nada? É o padrasto dele. — Eu digo sem compreender.

— O Alex disse para ele que estava na minha casa e ele acreditou. Mas eu estava indo contar para ele que era mentira, pois eu só descobri que ele sumiu, depois que vi uma mensagem no meu celular de manhã. — Ela diz se atrapalhando um pouco nas falas.

— Mas se ele mandou mensagem de manhã, você avisa só agora? — Simon pergunta preocupado também. Ele era amigo de Alex também.

— Eu fiquei tentando convencer ele de voltar. Mas aí ele me bloqueou e eu fiquei sem ter o que fazer. Então eu vi no twitter que você estava aqui, e queria sua ajuda para procurar ele, pelo amor Deus. — Ela diz entrando em crise novamente. Eu não poderia negar um pedido desses.

— Simon... Eu amei esse momento, mas eu tenho que ajudar e... — Eu tento falar quando ele me interrompe com um beijo, que eu pretendia continuar mais tarde.

— Eu vou com você com toda certeza. — Ele diz e eu dou um sorriso em seguida. Ele estava sendo incrível e eu pude ver que não era por mim em si, e sim por ele estar realmente preocupado.

— Então vamos. Mas antes de procurar ele, vamos na casa do padrasto dele avisar que ele sumiu. — Eu digo voltando ao foco.

— Tome a chave do carro! — Michael me entrega elas.

— Boa sorte para acharem ele. — Diz Cristal, pegando na minha mão. Sempre fazíamos isso.

— Qualquer coisa, pode chamar a gente. Estamos com vocês. — Diz Justin para mim e Lana concorda com a cabeça e em seguida Nick e Taylor. Minha vontade era de chorar naquele momento. Blake me trouxe muita dor, mas trouxe pessoas incríveis na minha vida.

Eu, Simon e Meghan vamos em direção ao carro e Simon dirige em direção a casa de Alex, que não era longe da minha. Apenas umas 5 quadras. Ele ia na frente, e eu atrás com Meghan. Ela estava nervosa e seu olhar estava perdido. Eu pego na mão dela, pois era algo que sempre fazíamos quando estávamos tristes ou nervosas com algo. Nossos olhares se conectam um ao outro como antigamente. Me fazendo lembrar daquele dia.

Flashback:

— Estou tão nervosa! Será que vamos passar para esse colégio? — Meghan pergunta dando pulos de nervoso. Estávamos eu, ela e Alex, esperando o resultado da prova de inscrição da Blake sair pela internet. Alex não estava tão nervoso quanto Meghan, pois ele era bastante inteligente, mas Meghan estava muito nervosa.

— Se acalma, tudo irá sair bem. Se não passarmos, são eles que perdem. — Eu digo pegando na mão dela.

— Tem razão... Obrigada por ser a melhor amiga de todas. — Ela diz e nos abraçamos. Estávamos dividindo a mesma cadeira do notebook, esperando o resultado, que iria sair em poucos minutos.

— Ei! Vocês adoram me excluir do grupo! — Diz Alex com os braços cruzados sentado na minha cama. Nós duas olhamos uma para outra, pensando a mesma coisa e em seguida o encaramos. — O que foi? — Ele pergunta sem entender nosso olhar para ele.

— Larga de ser carente loirinho! — Nós duas nos levantamos e pulamos em cima dele com um abraço triplo. Meghan apertando as bochechas dele e eu bagunçando os seus belos cabelos.

— Eu amo vocês dois. — Eu digo olhando para os dois.

— Também te amamos. — Eles dizem em coro e voltamos a nos abraçar. Eu não merecia tamanha amizade.

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— Chegamos! — Diz Simon me fazendo sair do transe. — Podem ir e eu espero aqui.

— Tudo bem. Vamos, Meghan. — Eu digo soltando a mão dela.

Descemos do carro e vamos em direção a casa de Alex. Bato na porta duas vezes e em depois de alguns minutos Júlio abre.

— Beatriz... Meghan? O que fazem aqui? — Ele pergunta olhando para nós duas.

— Precisamos falar com você sobre o Alex. — Eu digo e ele dá espaço para nós duas entramos.

— Ele não estava na sua casa, Meghan? — Júlio pergunta com um olhar confuso.

— Não. Ele mentiu. Ele sumiu desde ontem. Você não sabe onde ele está? — Meghan pergunta com a voz fragilizada.

— Não. É jovem, deve estar em alguma festa, ou com uma garota. — Ele diz sem nenhuma preocupação, fazendo Meghan entrar em choro novamente. Mas eu fiquei irritada com aquilo.

— Sério? O seu enteado some por quase 24 horas e você só tem isso a falar? — Eu pergunto aumentando a voz.

— Eu não sou o pai dele e ele já é bem grandinho e... — Ele tenta dizer, mas eu o interrompo mais irritada ainda.

— O pai dele o abandonou quando criança e a mãe dele morreu de câncer! Então você é o responsável por ele! Qual o seu problema? Você acha que a mãe do Alex iria ficar feliz ao ver o quando você despreza ele? Alex tenta ter uma relação com você há anos, mas você só fica com essa cara de cu o tempo todo! Ele te ama, mas você ignora ele! Por isso que ele está nesse estado! Agora ele some e você dá 0 importância? — Eu pergunto berrando e com os olhos cheios de fúria.

— Quem disse que eu não me importo? Eu aceitei cuidar dele, dou lar e dou comida e... — Ele diz o mesmo diálogo que adultos bostas costumam dizer.

— Por que diabos todos os adultos acham que apenas isso basta?! Não basta. Jovens querem conversar, querem atenção, querem amor, querem compreensão! Se você aceitou cuidar dele, um lar é a sua obrigação! — Eu digo começando a ficar ofegante também. Meghan me olhava sem acreditar.

— Eu não consigo expressar mais amor... Não desde que ela morreu... Eu não faço por mal. Eu só não quero amar ninguém, para perder depois. — Ele diz e por um lado eu pude entender ele.

— Mas você vai perder o Alex se não tentar agora. Ele te ama, e eu sei que você o ama também, mas tem que demonstrar. Seja um pai que ele nunca teve... Por favor. — Eu digo olhando para ele, clamando o amor dele para seu enteado.

— Irei tentar. — Ele diz limpando uma lágrima que desvia em seu rosto. — E vou começar agora. Eu sou médico, me digam como Alex estava se comportando. — Ele diz e eu me viro para Meghan. Era ela que sabia.

— Ele ficava muito agitado de vez em quando, ficava falando muito rápido que às vezes eu não entendia, ficava em descontrole, e chorava as vezes de repente. — Ela diz e Júlio abaixa a cabeça.

— O que foi? — Eu pergunto sem entender.

— Ele está usando drogas. Bem que eu percebia que ele estava estranho, mas nunca reparei bem. — Ele diz e meu coração se aperta e Meghan começa a chorar de nervoso. Onde Alex está?

Sentamos na mesa, e tentamos pensar onde ele estava. Infelizmente, ainda faltava uma hora para se completar 24 horas que ele estava desaparecido. Não podíamos chamar a polícia antes. Mas Alex não deveria estar longe. Ele não era de sair. Ele deveria estar num lugar específico.

Simon havia rodado o bairro todo com o carro, passou em algumas boates e em umas partes perigosas, para ver se ele estava lá. Mas não estava.

Eu paro para pensar e me vem uma lembrança na minha mente.

Flashback:

Meghan havia furado comigo e Alex com uma desculpa tosca, para irmos apenas nós dois no Lemonade. Pois ela cismou que nós dois tínhamos uma química. Não sei da onde aquela louca havia tirado isso, pois eu não via ele tentando nada comigo, e eu não gostava dele.

Não podia negar que ele era bem gostoso, ainda mais arrumado, mas apenas pensava no óbvio, mas eu não gostava dele. O que me irritava, era que ela escolheu justo o dia em que estávamos comemorando nossa aprovação na Blake. Era um momento importante.

Quando recebemos a mensagem de Meghan, pedimos os nossos milk- shake; eu de morango e ele de mamão.

Batemos um papo sobre alguns filmes e algumas séries. Por mais que ele dissesse que eu dava mais atenção para Meghan, eu amava esse garoto, tanto quanto ela.

— Eu nunca fiquei tão feliz por passar nesse colégio. — Eu digo bebendo o meu milk- shake.

— Eu também. Por mais que eu não esteja tão bem. — Alex diz, e eu fico mal. Perder a mãe não era algo fácil. Eu iria ficar acabada se perdesse a minha, por mais que 90% por dia eu gostaria que ele ficasse de boca fechada.

— Saiba que eu estou aqui. Eu te amo. Conte comigo para tudo. — Eu pego na mão dele, que era algo de nós três, querendo chorar ao ver ele chorar.

— Sempre que eu estou triste ou perdido, eu vou no lugar preferido dela. Ela amava ir para a praia, se sentar na areia e viajar com o barulho do mar. — Ele diz e eu imagino a sensação.

Depois desse momento, começamos a falar de coisas felizes, e sua face muda.

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— Já sei onde ele está! — Eu digo fazendo a atenção dos dois para mim.

— Onde?! — Eles perguntam em coro.

— Num lugar onde ele contou apenas para mim. E eu burra, não pensei antes. — Eu digo respirando fundo.

— Onde? — Justin pergunta desesperado.

— Na praia. É onde ele vai para pensar, onde a mãe dele gostava de ir. Vocês sabem onde é? — Eu pergunto, voltando ao foco.

— Eu sei onde é! Podemos ir? — Júlio pergunta se levantando desesperado.

— Podemos! — Dizemos eu e Meghan em coro, seguindo em direção ao carro.

Entramos no carro e Júlio fala a direção da praia onde Alex deve estar para Simon, e ele pisa no acelerador rapidamente. Que ele lembre que o carro não é dele e que eu não quero que ele seja preso justo no dia que nos beijamos.

A praia não era tão longe assim. A distância da minha casa para ela era de 30 minutos. Seguimos o trajeto em silêncio e eu pude perceber que a perna dele não parava de tremer. Será que finalmente ele estava se importando?

Quando chegamos na praia, de cara podemos ver Alex deitado na areia, como a mãe dele costumava fazer. Era o que ele dizia.

Nós quatro saímos do carro. Meghan estava preparada para ir até o Alex, mas eu peguei no braço dela.

— O que foi?! — Ela pergunta sem entender.

— Por mais que você goste dele, esse momento não é seu... — Eu digo e direciono meu olhar ao Júlio.

— Entendi... — Ela diz meio tímida recuando.

— Me desejem sorte. — Diz Júlio indo em direção a Alex um pouco nervoso. Enquanto isso, esperávamos encostados no carro.

— Obrigada... — Eu sussurro pegando na mão de Simon e ele me olha com um pequeno sorriso.

— Não tem que agradecer. — Ele diz me puxando para perto dele, com um abraço acolhedor. Eu ficava chocada o quanto ele compreendia sobre o que eu precisava no momento.

Ficamos uns 20 minutos, vendo o Júlio conversar sentado na areia com Alex, e foi um alívio ver eles voltando juntos. A aparência de Alex estava horrível. Seu rosto estava pálido e ele estava mais magro.

— Alex! — Grita Meghan abraçando ele com força, que retribui também. Eu pude ver que eles gostavam um do outro, mas como foi comigo e Simon, não era o melhor momento.

Simon dirige em direção a casa de Alex, para levar e seu padrasto para casa. No caminho, Alex estava no meio entre eu e Meghan, viajando em seus pensamentos, mordendo a pele do beiço de nervoso. Quando eu e Meghan pegamos na mão dele, uma de cada, ele se assusta por um instante, mas em seguida começa a chorar e nós duas apoiamos as nossas cabeças em seu ombro. Como antigamente...

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