🌹People only care about others when our problems are demonstrated🌹
(As pessoas só se importam com as outras, quando os seus problemas são demonstrados)
—x—
Eram seis da manhã, quando meu alarme tocou. Era a hora de ir para o colégio. Mas dessa vez não havia necessidade, pois eu já estava acordada, no colo de Simon, o enchendo de beijos. A noite passada tinha sido mágica, e eu não teria que acabar com aquela magia.
— Você tem que ir para a escola? — Ele pergunta me abraçando.
— Infelizmente tenho. Tenho que estudar para ter um futuro. — Eu digo me levantando para colocar minhas roupas íntimas.
— Agora que eu reparei! Sua mãe não vai entrar aqui não, pelo amor de Deus? — Simon perguntou arregalando os olhos e eu comecei a rir do desespero dele.
— Minha mãe sai para trabalhar nesse horário. Hoje é o dia que ela pega mais cedo. — Eu digo vendo ele respirar aliviado.
— E Michael? Temos que contar a ele que estamos namorando. — Ele diz e eu o olho chocada enquanto colocava minhas peças íntimas. — Vai fazer jogo difícil, sabe quantos anos eu esperei por esse momento? — Ele me puxa começando a me fazer cosquinhas e eu começo a rir igual uma louca.
— Coloca a suas roupas, para eu não ficar tentada. — Eu digo me recompondo. — Michael saí a essa hora para comprar as coisas do café da manhã, quando minha mãe vai trabalhar mais cedo. Decidimos transar num belo dia, sabia... — Eu paro para pensar o quanto somos sortudos, enquanto ele veste a calça.
— O Michael saiu, mas eu não! Que bonito! — Diz Cristal de braços cruzados nos encarando na minha porta.
— Cristaaaal. — Nós dois dizemos lentamente, sem saber o que falar.
— Depois eu mato vocês por uma loucura dessas, agora vamos, se arrumem rápido, antes que Michael volte. — Ela diz e eu dou um sorriso que apenas ela entende: de agradecimento.
Simon desce, armamos um plano de fingir que ele havia chegado de manhã, e eu vou tomar o meu lindo banho.
20 minutos depois, o tempo que eu fiquei no banheiro, eu desço as escadas com o uniforme, pronta para o dia que o conselho visitaria o colégio. Mas essa aflição não estava me dominando. Pois, não tenho culpa de nada.
Desço as escadas, e estão todos com caras de sono ainda. Dou bom dia para Justin e Lana. Ela estava com a cabeça no colo de Justin.
— Bom dia. — Eles respondem em coro com a voz cansada. Ninguém é feliz numa hora dessas.
— Então os senhores estão juntos mesmo? — Lana pergunta, nós dois reviramos os olhos. Todos eles nos encaravam.
Simon não sabia o que responder, pois eu nem ele sabia.
— Ele não me pediu em namoro... — Eu digo jogando a indireta no ar e todos começam a rir e ele me fuzila com os olhos de brincadeira.
— Beatriz Miller... — Ele se ajoelha e eu começo a rir instantaneamente.
— Nos poupe. Estamos namorando sim. — Eu digo dando um selinho nele e eles começam a bater palmas.
— Chegueeeei. — Diz Michael fazendo uma dancinha boba. Ele estava feliz pois iria comer.
— Fala Michael. — Diz Simon fazendo o aperto bobo deles.
— Oi Simon. — Ele diz com um olhar desconfiado. Ele era idiota, mas não burro.
— Então Michael, eu tenho algo pra contar e... — Eu digo e ele me interrompe.
— Que vocês estão juntos e transaram ontem? Eu já sabia. — Ele diz cantarolando indo em direção a cozinha, deixando todos chocados.
— Co-co-como você sabe? — Eu pergunto e todos nós vamos pra cozinha, enquanto ele cantarola tirando as compras da sacola.
— Eu vi vocês chegando ontem. Eu já duvidava há alguns anos, mas ontem tive certeza. — Ele diz deixando todos boquiabertos, inclusive eu e Simon.
— Então você sabia e não se incomodou? Eu transeeei. — Eu específico para ele entender.
— Não acha meio estranho eu controlar sua vida sexual? Não sou seu pai. — Ele diz e eu começo a rir de nervoso.
— Escroto! — Eu dou um tapa no seu ombro e ele começa a rir.
— Mas agora é sério. Faça ela feliz Simon. Beatriz está com a pessoa certa. — Ele diz seriamente e Simon concorda com a cabeça.
— Pode deixar. — Ele diz e nós dois nos olhamos aliviados e felizes.
— Você é um homem incrível. — Cristal diz beijando ele. Eles eram um casal lindo. Muita química.
— Então vamos comer? — Pergunta Lana batendo palma para eles pararem de se beijar.
— Vamos! — Gritamos em coro.
— Ei. — Eu digo puxando Justin para um canto.
— O que foi? — Ele pergunta sem entender.
— Obrigada pela mensagem. Se não fosse por ela, meu encontro iria por água abaixo. Você sempre me ajudando nas melhores horas. Obrigada por ser um ótimo e inesperado melhor amigo. — Eu digo realmente agradecida.
— Não fiz mais do que a minha obrigação como melhor amigo. — Ele diz e eu o abraço. Todas as amizades virtuais poderiam ser presenciais.
Fomos até a mesa do café, e batemos papo, rimos, e para mim, esse já era meu final feliz. Eu me sentia feliz, e estava com as pessoas que me faziam bem. Eu tinha meu livro maravilhoso, o namorado maravilhoso, e meus pais maravilhosos. Eu precisava pedir algo mais? Claro que não.
...
Faltava apenas alguns minutos para o sinal bater, mas algo havia mudado hoje. Nenhum aluno estava nos corredores, e a diretora ao ver eu, Lana e Cristal, correu em nossa direção. Justin já havia ido para sua sala trabalhar e eu me despeço infelizmente do meu amor
— Diretora, aconteceu algo? — Eu pergunto ao ver o seu desespero.
— O conselho veio hoje. Eles não se importam mais com o jornal. — Ela diz e nós três ficamos sem entender o motivo deles se anteciparem.
— Por que? — Cristal pergunta.
— Eles querem escutar vocês ao vivo. Tem até um pessoal para gravar. Eles querem passar uma imagem de acolhedores. — Ela diz e eu fico irritada instantaneamente.
— Como assim?! Eles querem nos usar? No sonho deles! — Cristal se exalta, e com razão.
— Eles querem ouvir vocês três. Até incluíram você Lana. Eu sei que vocês não são obrigados, mas pensem bem... — Ela diz nervosa. Ela não queria perder o emprego, era de se entender.
— Tá! Por você! Por a gente gostar da senhora. — Eu digo e ela respira aliviada.
— Tem como falarem com o Christian? Eu tenho que organizar as coisas e enrolar o conselho. — Ela diz apontando para Christian que chegava na escola.
— Tá bem. Vai lá. — Eu digo e ela saiu correndo. — Vocês pensem no que irão falar. Eu falo com o Christian. — Eu digo para elas e vou em direção a Christian, que tirava alguns livros do armário.
— Christian... Oi. — Eu tento parecer natural.
— O que você quer? — Ele pergunta num tom um pouco grosseiro.
— O conselho está aqui e querem que os alunos que passaram por um trauma, digam o quanto sentem com isso na frente de todos, com gravação ainda por cima. — Eu falo e a expressão dele não muda.
— Tudo bem. — Ele diz e eu fico surpresa do quão havia sido fácil.
— Graças a Deus. Se você não tivesse aceitado, a diretora seria demitida. — Eu digo, me encostando no armário.
— Se eu não tivesse aceitado, o que iria fazer? — Ele pergunta com um sorriso estranho para mim.
— A escola iria descobrir, que além de você ser o "monstro esquisitão" do colégio, você vende drogas para as pessoas. Inclusive para o Alex, que está na reabilitação. Eu vi você vendendo para ele na festa da Lana. Então você não tem opções. — Eu faço o sinal de aspas com a mão, e dou uma piscada e me retiro, para ele ver que eu não estava brincando.
Minha cabeça estava a mil, quando eu acho que tudo está bem, sempre vem algo para tentar me derrubar. Não só a mim, mas a todos. E cada onda que vinha, era mais forte e mais profunda que a anterior. Ser forte é difícil é ser fraca é cansativo.
Vamos em direção a quadra do colégio, que era enorme, o chão era bege e os bancos eram azuis. Eu mal ia lá, apenas nos jogos, pois era obrigatório. Mas dessa vez, todos os alunos estavam lá, para ouvir três alunos contarem sobre a sua vida, se abrir para milhares de outros alunos, que nem sequer se importavam.
O conselho estava sentado na primeira fileira. Eram um homem e uma mulher com uns tablets na mão, vestidos com um terno preto, e com uma cara nada agradável. Havia duas pessoas com uma câmera enorme na mão, prontos para começarem a gravar.
— Bom dia a todos os alunos. — Diz a diretora Jade no microfone, no centro da quadra.
— Bom dia. — Diz todos os alunos em coro. Eu estava sentada na quadra nervosa por Cristal e Lana, sentada ao lado de Justin e Nick.
— Boa sorte. — Justin movimenta a boca para Lana, que estava no meio da quadra, ao lado da diretora, e ao lado dela, Cristal e Christian. Ele estava tão nervoso quanto eu.
— É ridículo o conselho fazer esse show todo para sair como acolhedores. — Diz Nick indignado.
— E eles acham que apenas os três passam por algum problema ou trauma? Todos nós temos um, seja pequeno, seja grande. Mas algumas demonstram e outros não. É ridículo exporem os três a esse nível. — Diz Taylor do lado de Nick, que segurava sua mão. Ela estava certíssima.
— Tem razão. Mas não há nada que possamos fazer. — Eu digo e todos nós voltamos prestar atenção.
— Hoje, iremos ouvir três alunos em essencial, sobre o problema que eles passaram, e em como eles conseguiram superar, e se o colégio os influenciou a essa mudança. — Diz Jade, com sua voz ecoando por toda a quadra. — Vamos ouvir, Cristal Perroni. — Diz Jade entregando o microfone para Cristal, que vai para o lugar de Jade e todos os alunos batem palmas.
— Ela não vai falar nada! — Diz uma mulher de cabelos negros, uma altura média, indo em direção a diretora, deixando todos confusos.
— Quem é você? — Pergunta Jade ao ver que ela tomou o microfone de Cristal.
— Quem seria? Martina Muzlera, ex estudante desse maravilhoso colégio, que eu fiquei surpresa que ainda não está fechado. — Ela diz e eu reconheço ela. Foi essa menina que Cristal Perroni odiava e chegou num nível de sequestrá-la de tanto ódio. — Eu soube que o conselho iria fazer uma reunião nesse colégio. Então eu fiz o favor de vir. Estão gravando? Estão né. Então vamos ao foco. — Ela diz olhando para o pessoal do conselho.
— Não vão fazer nada? Essa garota não é aluna! — Diz a mulher para Jade, que a ignorou completamente.
— Mas eu fui aluna. Então eu vou falar sim! Queiram vocês gravarem ou não! — Ela diz num tom raivoso. — Por onde vamos começar? Ah sim! No final do ano eu fui drogada, quase estuprada numa festa e sequestrada por uma garota patricinha e problemática, e quase morri. O motivo? Apenas por eu ser a mais inteligente e ela ter ciúmes disso. Sem sentido né? Todos esses eventos foram organizados por ela. Mas esse colégio pressiona tanto as pessoas, num nível inexplicável, para sermos os melhores, que quando brota alguém mais inteligente ainda, a pessoa chega a fazer coisas difíceis de imaginar, pois quer estar ao alcance do que esse colégio pede! — Ela diz num tom mais alto e eu pude ver e o semblante de Cristal cair. — E como o conselho se importa muito com os alunos que sofreram um trauma, sabem o que eles falaram para mim? Sabe qual foi a bela ajuda para eu não contar essas coisas à polícia? Me ofereceram 10 mil dólares e uma bolsa completa na melhor faculdade do país! — Ela diz e eu pude ver todos boquiabertos e o conselho fervendo de raiva!
— Tirem essa mulher daí! Ela está dizendo mentiras! — O homem diz se levantando de raiva!
— Claro, eu venho de outro estado, para inventar mentiras! Vocês queriam me subornar, mas eu não aceitei essa proposta suja e contei tudo à polícia e esse colégio foi fechado temporariamente! Mas dessa vez, eu irei processar esse lugar com tanta determinação, que vocês podem ter certeza, isso irá fechar! — Ela diz tirando fotos de todos os ângulos da quadra, dos alunos e de tudo. Ela era inteligente, iria provar tudo à justiça.
— Isso é inadmissível! — Grita a mulher do conselho para Jade, que toma coragem e pega o microfone da mão de Martina.
— Inadmissível é esse colégio não estar fechado! Cansei de ter medo! Podem ter certeza que na justiça, irei relatar todas as vezes que fui ameaçada de perder o meu emprego, caso eu não fizesse o que vocês queriam! Aguardem! — Diz Jade e os alunos se levantam e começam a bater palmas.
— Justiça! — Eu grito fazendo todos os olhares dos alunos virem para mim.
— Justiça! — Alguns alunos repetem e no final estávamos todos gritando por justiça. Esse colégio não sabe lidar amigavelmente com adolescentes. Martina estava certíssima sobre ele querer fechar. E os pais também irão concordar.
— Isso não vai ficar assim! — A mulher do conselho diz e eles se retiram da quadra e toda a equipe. Esse colégio era sujo e até eu não quero mais ficar nele.
Desço rapidamente em direção a Cristal e dou um abraço nela. Por mais que ela tenha superado a morte da irmã, eu não queria que ela tivesse que cutucar a ferida.
Nos abraçamos e ela vai em direção a Martina; a garota que sua irmã fez tanto mal.
— Oi... — Ela diz e Martina se vira para ela.
— Oi. Você é? — Ela pergunta confusa.
— Sou a irmã de quem infernizou a sua vida... E eu quero pedir desculpas por tudo o que ela te fez... Você não precisa fingir que não a odeia, mas apenas aceite para eu me sentir melhor. — Ela começa a chorar e Martina limpa as suas lágrimas.
— Eu não tenho ódio dela. Bom, eu tive, mas eu segui em frente. Tenho 23 anos, tenho que seguir a minha vida. E você, tem que fazer o mesmo. Não tome os problemas da sua irmã para você, siga a sua vida. — Ela diz e Cristal concorda com a cabeça com um pequeno sorriso e elas se abraçam.
Hoje o dia mal havia começado e tinha acontecido tantas coisas. Eu nem sequer consegui prestar atenção nas aulas, de tão desgastada que eu estava naquela situação. Eu acho que nenhum dos alunos conseguiu se concentrar. Meghan muito menos. Encontrei ela vomitando no banheiro uns dias atrás. Ela não estava bem.
Termina o dia, e eu só queria ir para casa. Eu sentia que a partir de hoje, as coisas iriam mudar. Esse colégio iria fechar e todos os alunos iriam seguir em frente em suas vidas, sem nenhum tipo de pressão. Inclusive eu. Era o que eu esperava. Me despeço dos meus amigos e esperava Michael me buscar. Mas quem chega é outra pessoa e eu fico feliz de ver ela. E mais ainda pois, eu iria conviver com ele todos os dias da minha vida agora.
— Pai! — Eu digo surpresa ao ver ele abrindo a porta do carro.
— Princesa! Vim buscar minha querida filha! — Ele diz e eu dou um abraço nele.
— Obrigada. Como você e Janet estão? — Eu pergunto colocando o cinto de segurança.
— Melhores do que nunca. — Ele responde com um sorriso e seguimos o trajeto para minha casa. A manhã havia sido longa, mas era necessária, para termos dias felizes a partir desse dia.
—x—
E vamos de último capítulo. Preparados?
Quadra da Blake:
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top