um; os gêmeos esqueletos

Eles costumavam ser inseparáveis.

William e Sophie Hargrove se comprometeram a enfrentar o mundo juntos. Eles eram tão diferentes quanto a chuva e a neve, mas se amavam completamente. Sua mãe os levava para surfar na praia californiana, e a areia dourada sempre grudava em sua pele. Sophie costumava sentir o gosto da água salgada em seus lábios enquanto ela ardia em seus olhos.

Ela sentia falta daquela praia. E sentia falta da mãe deles.

Quando ela partiu, tudo mudou. William se tornou Billy, um garoto que ela não queria comparar com o pai deles. Embora ele já fosse um monstro, Sophie não queria que seu irmão se transformasse em um. Por isso, ela se manteve firme em sua promessa de que eles ficariam juntos, não importa o que acontecesse.

Mas enquanto Sophie estava no início da tempestade, seu irmão já era o furacão que a mantinha prisioneira. Ele garantiu que eles ficassem juntos, o que significava isolar sua irmã de qualquer pessoa que ele achasse que poderia prejudicá-la.

Ela não tinha permissão nem para falar com a jovem meia-irmã quando ele estava por perto. A regra estava em vigor enquanto eles se dirigiam para suas novas escolas.

"Meu Deus, esse lugar é uma droga." Os olhos de Billy olhavam para a estrada à frente com um cigarro solto pendurado nos lábios. Seu aperto no volante foi reforçado, puxando o couro quebradiço. "Você não acha, Soph?"

"Não parece ruim." Ela comentou, recebendo um olhar de desgosto do irmão. Sophie limpou a garganta. "É claro que visualmente não é tão agradável, mas talvez as pessoas sejam legais. Talvez você não esteja certo."

Ele não estava.

Hawkins parecia ser o subúrbio perfeito, bairro para famílias como a deles. Tinha um fliperama, um cinema e estavam construindo um novo shopping center nas proximidades. Parecia ser um lugar agradável.

Uma forte baforada de fumaça saiu de sua boca, atingindo o rosto de Sophie. Seu lábio se curvou com uma leve tosse, Mas Billy não ligou. Ele deu uma olhada no espelho retrovisor, olhando de volta para Max. "Aposto que você já está planejando fugir de novo, certo?"

Uma carranca se formou no rosto da garota, olhando pela janela com o queixo na mão. "Não."

Antes de se mudarem para cá, Max tentou fugir. Não vou mentir, Sophie estava meio que torcendo por ela. Ela não merecia o tratamento de sua família, especialmente o de Billy. Ele estava com raiva do pai deles, mas Billy não podia descontar nele. E ele também não podia descontar na mulher infeliz com quem Neil se casou, então descontou na filha dela.

Talvez ele estivesse com ciúmes. Afinal de contas, Neil nunca bateria em Max. Não, ele sempre preferia descarregar sua raiva reprimida nos próprios filhos. Às vezes, Susan e Max eram testemunhas de suas atrocidades, mas nunca intervinham. Os gêmeos Hargrove sofriam com a raiva cruel dele, vendo os hematomas e as feridas sangrentas cicatrizarem repetidamente.

Neil Hargrove queria sua família perfeita, mas nunca a teria.

Billy passou pela Hawkins Middle School, contornando a rua para entrar no estacionamento da escola dos alunos mais velhos. Max se endireitou no banco de trás quando seu meio-irmão entrou no estacionamento dirigindo como um maníaco. "Ei! Você deveria ter me deixado ali atrás!"

"Eu não tô nem aí, Max. Eles não estão nos
pagando para tomar conta de você." Ele puxou o freio de mão antes de se inclinar sobre o banco do carro, de frente para ela. "Se você não gostou, talvez amanhã você possa vir a pé."

Ele tirou as chaves da ignição e as colocou no bolso traseiro direito da calça jeans. A porta do carro se abriu e as botas de couro de Billy bateram no asfalto. Seus olhos examinaram seu novo habitat, avaliando com quem ele brigaria eventualmente e com quem ele transaria.

Sophie saiu do carro em seguida, puxando o banco da frente para frente para deixar a outra passageira sair. Max agarrou seu skate com uma expressão tensa. Ela saiu do veículo, ignorando a loira enquanto tomava um pouco de ar fresco. O skate aterrissou no chão rachado antes de Max pisar nele.

"Hum..." A loira morango demonstrou uma disposição alegre "tenha um bom dia!"

Não que sua meia-irmã tenha se importado com suas palavras gentis, fugindo como se não fosse da conta de ninguém. Sophie queria que as coisas fossem diferentes. Ela sempre quis ter uma irmã, mas Billy tinha que estragar tudo.

O irmão disso irritado. "Virou a mãe dela agora?"

Um rápido olhar de Sophie não diminuiu a atitude ruim dele - nunca diminuiu. Com um leve suspiro, seu olhar voltou para a outra direção, observando Max, o cabelo laranja desaparecendo com a distância.

Ela bateu a porta. O cabelo loiro dela se enroscou no blazer enorme enquanto ela caminhava até o irmão, com os olhos grudados no prédio da escola. "Você não está planejando ser expulso, certo?"

"Acho que o pai não aprovaria, não é?" Ele jogou fora o cigarro que havia terminado, por pouco não acertando a irmã que estava no caminho.

Billy saiu andando, ajustando a calça jeans ao passar por um trio de três garotas - com os olhos grudados na bunda dele. Elas cochichavam e fofocavam umas com as outras, colocando o garoto Hargrove em suas respectivas fantasias.

Sophie mastigou a parte interna da bochecha, com as mãos apertadas. "Eu tenho certeza."

A garota caminhava com a cabeça inclinada para o chão, seguindo seu gêmeo. Ao fundo, sem que a jovem loira percebesse, eles estavam sendo observados por um casal à beira do estacionamento. Deve ser estranho ver esses novos rostos em uma multidão de pessoas com as quais eles haviam crescido. Era um pouco empolgante, embora o interesse deles pelos recém-chegados fosse mantido em um nível mínimo.

Embora ela tenha se esforçado para alcançar o irmão, eles ainda conseguiram entrar na escola juntos. Não havia muitas pessoas lá dentro, o que tornou as coisas mais simples para a ansiedade de Sophie.

Na outra extremidade do corredor, ela podia ver o escritório principal, onde eles precisavam ir primeiro. Quando Sophie deu alguns passos em direção a ele, com o canto do olho, notou Billy girando em uma direção diferente.

Ela se virou para trás. "Ei, aonde você está indo?"

Billy parou, sacudindo seu pacote de cigarro. "Fumar."

Sua boca se abriu em choque. "Você acabou de fumar."

Ele deu de ombros. "Sim, preciso de algo mais forte."

O fato de fumar mais de um cigarro pela manhã não tornava uma pessoa mais forte. As enfraquecia. Seus pulmões iriam parar de funcionar se ele não tomasse cuidado. Por outro lado, Billy Hargrove nunca era cuidadoso quando se tratava de sua própria vida.

Sophie olhou para ele, com a boca aberta. "É sério que você vai matar aula no primeiro dia?"

"Depende de qual será nossa primeira aula." Ele disse.

"Descobriremos quando tivermos nossos horários." Ela fez um gesto com a mão em direção ao escritório principal.

Ele acenou com a cabeça, fazendo um gesto para que ela fosse em frente. "Muito bem. Faça isso então."

Os ombros de Sophie caíram, seus tênis arranharam o chão. "Billy, não."

"Relaxe, beleza?" Seu irmão procurou o isqueiro nos bolsos da jaqueta. "Eu te
encontro no carro daqui a uma hora ou algo assim. Não se atrase e não se perca."

Ela falou carrancuda. "Eu não vou me perder."

"Você sempre se perde." E, sem mais nem menos, Billy Hargrove desapareceu no banheiro masculino, envenenando seu sistema respiratório com fumaça.

Às vezes, parecia que ele queria morrer e amaldiçoava os céus quando acordava de manhã. É verdade que Sophie fazia o mesmo em alguns dias, mas ela mesma nunca tocava em um cigarro.

Com um passo firme, ela se aproximou da recepção, onde uma recepcionista - velha -  estava sentada atrás de uma tela de vidro. "Com licença?"

A mulher levantou o olhar de sua papelada, examinando a adolescente com olhos de cerrados. "O que você quer?"

Ela engoliu em seco, não querendo fazer isso sozinha. "Meu irmão e eu precisamos dos horários das aulas."

A recepcionista bateu na borda de seus óculos, classificando a administração. "Nomes?"

"Sophie e William Hargrove." Ela respondeu.
Seus olhos se estreitaram, olhando para cima novamente.

"Onde está o outro?" Sua voz se intensificou.

"Ele está no banheiro. Eu disse para ele que iria pegar os horários."

Apesar da clara mentira, a mulher de alguma forma acreditou. "Tudo bem, então."

Em sua cadeira, ela se deslocou em direção ao arquivo armário atrás dela. Quando a mulher se virou de costas, Sophie suspirou aliviada. Ela odiava ter que mentir por ele.
A  recepcionista pegou em uma gaveta baixa as coisas de que precisava. Voltou à sua mesa e deslizou os horários das aulas por uma fenda no vidro.

Quando Sophie as pegou, a recepcionista colocou duas chaves, claramente etiquetadas com combinações distintas, na frente dela. "Aqui estão as chaves do seu armário. O seu é o dois-sete-três e o de seu irmão é o quatro-sete-cinco."

Sophie guardou as chaves no bolso do blazer antes de avaliar seu horário de aula. Sua primeira aula era de francês, um idioma que os irmãos detestavam, na sala 204 com a Sra. Sullivan. "Você tem um mapa?"

A recepcionista, cuja atenção voltou ao seu trabalho, olhou para ela com os lábios apertados. "Você sabe ler, certo?"

Ela desviou o olhar da mulher, com a confusão se instalando antes de olhar para trás. "Sim, eu..."

"Então você deve conseguir encontrar sua classe." A recepcionista concluiu para ela.

Sophie não se mexeu. "Desculpe-me, mas como vou encontrá-la sem um mapa?"

Sua cabeça permaneceu inclinada. "As portas têm números."

Sua mandíbula se contraiu quando ela começou a se afastar. "Obrigada. Você foi muito útil."

A recepcionista acenou para ela com um movimento de cabeça e falou em um tom inexpressivo, sem se preocupar em desviar os olhos do trabalho novamente. "Quando precisar."

Bem, isso foi rude. Se todo mundo for assim, então o Billy pode ter razão sobre essa cidade de merda.

***

Provavelmente dez minutos depois, Sophie finalmente encontrou a sala de aula certa. Ela verificou o número na porta muitas vezes antes de ter coragem de bater. Lá dentro, um bando de alunos virou a cabeça para ela. Uma mulher alta e magra estava na frente da classe, inclinando a cabeça.

Sophie abriu a porta, torcendo a mão na maçaneta de metal. "Desculpe, aula de francês, certo?"

"Oui." respondeu a Sra. Sullivan.

Sua postura caiu um pouco, soltando a porta e permitindo que ela se fechasse lentamente atrás dela. "Ótimo. Obrigada."

"Você deve ser..." A professora olhou para o registro dela, usando o dedo para guiá-la pela lista. "Srta. Hargrove?"

Ela sorriu suavemente, acenando com a cabeça. "Sim, sou eu."

Suas sobrancelhas se franziram, seu olhar mudando do registro para Sophie. "Não deveria haver dois de vocês?"

"Puxa, será que eu o perdi?" Sophie olhou para trás, brincando, por cima do ombro. "Desculpe, eu tive que atravessar uma selva para chegar aqui. Lutei contra um leão." Ela segurou com mais força a agenda de aulas. "Ou talvez fosse apenas uma garota com um permanente ruim?"

Uma leve gargalhada irrompeu do centro direito da sala. As cabeças de Sophie e da Sra. Sullivan se voltaram para uma garota de cabelos curtos que cobria a boca para abafar o riso. Ninguém mais riu, exceto ela, mas isso ainda fez Sophie sorrir, sabendo que alguém gostou.

No entanto, a professora não pareceu gostar da piada. "Muito bem, chega de gracinhas. Onde está..." ela consultou a lista novamente. "...William?"

Com um suspiro, ela mentiu novamente. "Ele se sentiu mal, então foi para a sala da enfermeira."

A Sra. Sullivan franziu os lábios, endireitando a coluna. "Por que não acha um lugar e se senta?"

"Obrigada." Em uma tentativa de desviar toda a atenção, Sophie correu pelo corredor - apenas para tropeçar imediatamente na bolsa de alguém. Suas pernas tombaram e as palmas das mãos bateram no chão; a turma riu disso. Ela olhou para a direita, reconhecendo uma garota com olhos azuis frios que se abaixou para ajudá-la. "Desculpe."

"Está tudo bem." A garota entregou a Sophie os itens que haviam caído enquanto ela cambaleava para se levantar. "Aqui."

"Obrigada." Ela correu para sua nova mesa, segurando suas coisas com força no peito enquanto se recostava no assento de plástico moldado.

Os primeiros dias eram péssimos, especialmente para ela. Ela não via a hora de chegar o fim.











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Não revisado 🌱🌱

Primeiro capítulo dedicado a pessoa que fez tudo isso acontecer/ First chapter dedicated to the person who made it all happen romanismysoul

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