Mistério


Depois que Camila foi "resgatada" ela estava ainda bastante brava para aceitar o abraço de David que queria confortá-la, e seus olhos fuzilavam qualquer um que a olhassem.

Lucas aproveitou a chance e se ajuntou ao senhor Olavo e o mordomo, deixando os pombinhos para trás, discutindo.

Ao descer as escadas os restantes dos participantes se levantaram, ouvindo a voz estalida de Camila.

— Eu não irei esquecer do que aconteceu comigo hoje aqui... Não tente me fazer ficar calma, David, eu quero saber quem foi!

A senhora Maria Lurdes ficou indignada pelo escândalo.

— O que aconteceu?

Camila encenou uma cena chorosa e se atirou nos braços da sogra.

— Alguém daqui me trancou num quarto... eu gritei por vários minutos e ninguém aparecia para me socorrer... fiquei com muito medo.

O senhor Olavo riu.

— Medo do quê menina, essa casa não é um castelo mal assombrado para ter medo.

A empregada Antônia levou as mãos ao peito.

— Meu Deus, quem será que foi capaz dessa brincadeira de mau gosto?

Camila se soltou da mãe de David e percorreu o olhar instintivo por todos.

— Eu bem sei que minha presença aqui incomoda alguns, e sei que muitos tem inveja de mim — disse ela se fazendo de vítima.

— Quem teria inveja de você Camila? — incitou o sr. Olavo, querendo rir, mas se conteve.

A garota olhou para ele com ódio, sabia que ele nunca a levou a sério e sempre que podia tentava rebaixá-la.

— Eu tenho minhas suspeitas, mas não tenho como prova-las — murmurou desviando o seu olhar para Lucas.

Lucas se sentiu acusado novamente e se defendeu.

— Eu já lhe disse, não fui eu, estava procurando pelos outros, e quando passei pela porta onde você estava, percebi que estava trancada, não esperava que tivesse alguém ali.

— Então se não foi você, deve ter sido um dos empregados! — vociferou ela, batendo o pé.

A empregada Antônia pulou no mesmo lugar.

— Por céus, eu não faria nada disso, senhorita Camila.

Senhorita? — admirou o senhor Olavo, fazendo ar de surpresa. A sua esposa olhou para ele com censura, pedindo para que não provocasse.

David sentou no sofá, estudando cada um e suas reações.

— Eu encontrei a chave da porta no lugar onde estava, então, acho muito estranho alguém tê-la pegada, uma vez que para isso teria que descer e certamente o jovem Lucas teria visto — informou o mordomo calmamente.

— Oras, o que está querendo dizer com isso? Que a porta trancou sozinha? — indignou Camila não querendo acreditar nele. — Eu sei que o culpado está aqui entre nós!

— Querida talvez a porta esteja com um mau funcionamento e quando você a fechou ela sei lá, acionou o trava com a batida da porta — disse David depois de cansar de ouvi-la se queixar e acusar a todos.

Camila se virou para ele, com o rosto decepcionado.

— David amor você não acredita em mim? — David se levantou indo para abraça-la, mas ela se afastou dele gritando. — Não me toque, eu achei que ia tentar encontrar o responsável, mas parece que não está nem aí, e que o culpado fique impune!

O senhor Olavo bocejou e esticou os braços, indo sentar.

—Camila não adianta ficar aqui acusando X ou Y se ao menos você viu alguém suspeito, não acha? — disse ele.

Ela balançava a cabeça negando-se a concordar, e chorou ao correr para ir embora.

— Vai atrás dela para consola-la filho — pediu seu pai fingindo estar preocupado. David olhou com raiva para ele.

— O senhor ao menos poderia tentar ser menos grosseiro quando a minha namorada está aqui?

O senhor Olavo ergueu as sobrancelhas e levantou as mãos.

— Desculpe se não sei encenar tão bem quanto ela.

A senhora Maria Lurdes se intrometeu.

— Por favor, será que podem parar de provocar um ao outro?

Ana Clara chorou no colo da babá.

— Senhora vou levar Clarinha para o quarto, sim? — pediu a babá tentando fazê-la se acalmar.

— Desculpe o escândalo, por favor, leve-a — disse a senhora Odebrecht.

Lucas queria subir junto com a mãe, mas pensou que sua saída fosse deixar alguma dúvida que pairasse sobre ele.

— Essa brincadeira foi muito divertida não acharam? — perguntou o sr. Olavo aos demais.  David amarrou a cara para ele e saiu. — Ué eu estava me referindo ao pique-esconde, querida.

Lucas suspirou aliviado. A empregada Antônia ainda estava abalada pela suspeita que caíra a ela, mas o mordomo não expressava nenhum sentimento. 

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