XI

Onde eu estava mesmo?
Ah, é. Desmaiada.

Agora sei como Jason se sente, é horrível.

Esta decidido: Helena não sabe contar até três. Tem o um, dois e depois o três! Essa menina me mata.

Primeiro, enxerguei tudo borrado, mas Helena apareceu bem na minha frente.

– Garota, como você fica acordada? – perguntei e ela sorriu aliviada.

– Eu não fecho os olhos quando vamos. É assustador, mas alguém tem que ficar acordada. Estamos em um banheiro.

– Banheiro de onde? – me levantei do chão, uma música estilo anos 50 tocava fora, nossas roupas ainda são as mesmas.

– Ainda não sei. Vamos sair daqui e tentar achar algo para um... – Ela pensou – sentimento feliz! – Agitou a mão e saiu um pequeno arco-íris.

Abrimos a porta do banheiro e era um bar antigo, mas interessante. Todos usavam roupas de estilo anos 50, as músicas eram anos 50, podemos concluir que estamos na década de 50!

– O que nós fazemos? Tem um monte de gente dançando ali no meio – apontou para todos se divertindo e dançando de um jeito estranho.

Puxei Helena para o meio, acabaram nos empurrando mas sequer perceberam. Com sorte, caímos em um sofá vermelho ao lado da mesa.

– Olha só! - alguém disse atrás e nos viramos. – Josh, veja isso! Eu te falei que tinha mais gente ruiva por aqui!

A garota tinha um sorriso largo, ela batia no ombro do garoto com a mão. Ele se virou, tinha o cabelo castanho escuro e sorriso malicioso, como aqueles motoqueiros atrevidos mas irresistíveis. Já a garota era ruiva como eu, com olhos azuis claros brilhantes.

– Veja só, parece que existem mesmo. Dois brotos novos e com roupas esquisitas – ele diz devagar. – Parece com você, Audrey, menos a roxinha ali – ele aponta para Helena.

– O que é roxinha? – Helena ergue a sobrancelha. Acho que significa menina negra bonita, pelo jeito que ele disse.

– Ela parece comigo, mas os olhos dela são esquisitos – Audrey aponta para mim. – Você tomou alguma coisa? Tipo "brownie"? Haha.

Fiz que não com a cabeça. Eu nunca me droguei antes, nem com lótus. Josh e Audrey se entreolharam como se pensassem "Elas são esquisitas, que legal!".

– Josh! Seja educado! – ela se vira para nós. – Quem são vocês? Eu sou Audrey e bem-vindas ao The Clock's!

Já ouvi esses nomes várias vezes, mas não era possível, nem me lembro direito.

– Lydia e Helena – apontei para nós sem tirar os olhos de Audrey.

– Não são daqui, não é? – Josh disse. – Impossível alguém não conhecer a Audrey. – Ela ficou vermelha. – De onde são?

– Eu sou do México – Helena diz sorrindo. – Lydia é de Nova York.

Audrey e Josh riram, algumas pessoas que estavam ao redor também.

– Querida, nós estamos em Nova York.

– Ah, ela não explicou – eu disse constrangida. Não era possível! – Eu vim do... Brooklyn. É. Brooklyn. – Foi o primeiro nome que me veio à cabeça. Desculpa, Audrey, como é seu sobrenome?

Audrey semicerrou os olhos. Ela é louquinha, certeza. Audrey riu de novo e olhou para Josh, depois para mim.

– Audrey Kristall, querida.

– Mentira! – falei quase cuspindo, mas não tinha nada na minha boca. Agora lembrei: vovó Audrey e vovô Josh. A vovó morreu quando eu era pequena, mas o vovô (no presente) mora em outro estado. – Quer dizer, ah, que legal. Bacana. Beleza.

Helena ficava rindo o tempo inteiro. Ela me cutucou com o braço.

– Vocês são esquisitas – Josh diz e depois ri. – Gostei de vocês.

– Desculpe, de novo, mas quantos anos vocês têm? E que ano é esse, eu esqueci – falei rápido.

– Nós temos dezoito – Audrey diz – não pareço tão velha, pareço? Estamos em 1954, querida!

1954; The Clock's; 21:00

– Lydia, você não voltou o suficiente. Melhor irmos logo – Helena sussurra em meu ouvido e me cutuca. – Mesmo tendo uns sessenta anos para esperar.

– Vocês querem dançar? Não podem dar uma de chá de cadeira! – Audrey disse se levantando e nos puxou para cima. – Conheço uns caras Tipões que vão adorar dançar com vocês! Vamos, podemos escolher a música no Jukebox e...

– Audrey, nós não podemos – falei mordendo o lábio. Minha avó é louca! – Estamos apressadas.

– Oh que pena – fez cara de triste. – Josh! Elas já vão!

– Que pena – ele veio e nos olhou com charme – apareçam qualquer dia.

– Claro, eu prometo – falei sorrindo e me virei para minha avó – posso te dar um abraço?

– Sim! – ela pulou e me puxou para um abraço apertado. Ficamos assim por uns ttes minutos. Ela tinha cheiro de baunilha. – Até mais!

Acenarmos com a mão e saímos do bar. Helena para na minha frente sorrindo e diz:

– Não me diga que aquela era sua abuela! Ei, você está chorando!

– Era minha avó, sim – ri e enxuguei a lágrima. – Nunca a conheci, ela morreu quando eu era muito nova...

– Que pena. Pelo menos agora, temos algo para você ficar feliz! Vamos logo, tenho medo de gostar daqui e ficar para sempre.

Corremos de mãos dadas e fechei os olhos. O sentimento de felicidade preencheu meu corpo e pensei nos meus amigos. Pensei em querer ir até lá.

Ai, você é tão maluca quanto sua avó, Audrey, era, disse minha mãe antes d'Eu ir ao acampamento.

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