Capítulo 20
O Perpétuo a olhou com feições sérias e duras, mais do que era costume estar presente em seu rosto. Morpheus observava a vestimenta da bruxa, como o preto abraçava suas curvas e se encaixava com o seu tom de pele, o generoso decote que ressalta o seu colo e tudo nela exalava poder de um modo irresistível.
Poder este que fazia Morpheus ficar com receio porque sabia a fonte, e sabia que Agnes convivia em seu reino.
— O que faz aqui? — perguntou o Perpétuo.
— Te dizer que não desisti de te salvar. Acho que estou próxima e antes mesmo do fim do ano, eu…
— Não — ele a cortou.
Agnes franziu o cenho.
— Não?
— Pare de tentar me salvar e saia do meu reino.
A bruxa arregalou os olhos surpresa, balbuciou em silêncio porque sua voz não saia em nenhum momento, como assim "sair do reino"?
— Acho que não me ouviu. Eu estou quase perto. É questão de tempo para…
— Eu lhe ouvi, Portadora da Magia e ordeno que não faça nada, nunca mais — cortou o Lorde dos Sonhos — Não percebe que sua magia está danificando meu reino?
— Minha magia? Mas…
Refletindo por poucos segundos, a bruxa tentava ter a percepção do que estava estragando no Sonhar mas nada lhe vinha à mente, exceto que o reino quebrava pela ausência de seu criador.
— Está usando o livro dos pecados, sem uma entidade para lhe ajudar e equilibrar o ambiente do qual vive. Seus poderes do caos estão deteriorando o meu reino, e por isso você está banida dele.
Agnes ofegou surpresa, banida? Do Sonhar?
— Não são meus poderes que podem acabar com seu reino, é a sua ausência, Milorde — justificou.
— Jessamy se feriu gravemente, o meu corvo quase foi morto por conta do seu plano.
— Ela está bem e…
— Você fez uma união comigo, um Perpétuo, sem a minha permissão para toda a eternidade, mesmo tendo dito que não se casaria mesmo com sentimentos por mim.
Ela balançou a cabeça em negação, descrente que ele estava lhe dizendo, ou melhor, comparando duas situações diferentes.
— PARA SALVAR O REINO! SOMENTE POR ISSO! NÃO POR MIM, OU POR VOCÊ, MAS PELO REINO!
— Você fez isso para ter mais poder, Agnes Howe. E agora, está consumida pelo caos, eu vi você com a coroa. Por isso eu ordeno, saia do meu reino antes que a situação piore.
Agnes sentiu o coração se apertar, para não dizer que estava despedaçado da pior forma possível.
Depois de tudo, estava sendo jogada fora como se o que fizesse não fosse bom o suficiente ou estava na altura de um Perpétuo.
— É isso o que deseja?
— É o que eu ordeno, como real soberano do Sonhar — disse Morpheus.
A bruxa assentiu, e se curvou levemente, não deixando que as lágrimas escorressem pela bochecha embora transbordasse pelos seus olhos.
— Espero que sua prisão seja breve, majestade. Quando quiser me encontrar, seus protocolos sabem como me chamar.
Afastando-se até as sombras do porão, Agnes deixou que as sombras lhe engolissem enquanto olhava de modo fixo para o Perpétuo enjaulado.
— Adeus, Lorde dos Sonhos.
•─⊱🌙⊰─•
— Como assim banida?
A voz de Mervyn soou assim que a bruxa contou sua nova condição. A população do reino havia se reunido no Verde do Violinista em uma pequena reunião, onde sonhos e pesadelos murmuravam sobre a decisão de seu soberano.
— Eu quero que saibam que, esse reino sempre será uma parte de mim e não por causa da magia, mas por causa de vocês — disse a bruxa, trajando uma capa por cima de sua roupa — Obrigado por serem os melhores amigos que eu poderia ter.
— Você não pode ficar? — Caim perguntou — O Lorde não pode expulsar a única pessoa que nos mantém vivos!
— Foram ordens, e é melhor eu cumprir. Não é bom piorar a situação.
— Espero que o lorde saiba a burrada que está fazendo — comentou Caim, não escondendo a raiva — Agnes está sustentando o Sonhar, dando sua própria alma e ele faz essa ingratidão?
— Mas, se ele pediu… — Abel disse, um pouco cabisbaixo.
— Ora! Cale a boca e pare de ser puxa saco! — esbravejou o mais velho, apertando o forcado nas mãos e se segurando para não matar Abel porque sabia que Agnes não gostava de ver essas cenas.
— Se acalmem, por favor — pediu a bruxa — Todos vocês. Eu ainda deixei um pouco da minha essência aqui e ela irá segurar as pontas do Sonhar por um tempo, até o Lorde voltar. Mas saibam que se quiserem falar comigo, olhem para a lua e eu os ouvirei, de onde estiver.
Agnes se despediu de alguns sonhos que a abraçou, e pesadelos que a cumprimentou antes de entrar em sua cabana, onde estava Lucienne.
— Cuide de todos — pediu a bruxa — Somente você pode fazer com que todos ainda tenham a mente no lugar.
— Claro. Espero vê-la novamente, Agnes.
— Eu também. E diga a Jessamy que eu sinto muito, e para ela me desculpar.
— Ela não lhe culpa em nenhum momento, mas direi.
Com seus livros em uma cesta, incluindo o que continha a magia do caos para que não prejudicasse o reino como Morpheus alegava, e Tarot atrás de si, que havia se despedido de todos antes, Agnes abriu uma das portas que dava ao Mundo Desperto de dentro da casa e a atravessou.
•─⊱🌙⊰─•
O local começou a ganhar vida junto aos primeiros passos da bruxa, e em poucos minutos, o ambiente que estava deteriorado há mais de duzentos anos voltou como era antes.
O fogo queimava na lareira, parecendo que a casa não havia ficado vazia e dando a sensação para a Howe de que sua mãe ou irmã entraria pela porta a qualquer momento, mas ela sabia que não.
Estava sozinha depois de mais de duzentos anos.
Fazendo magias de proteção, Agnes ocultou sua antiga casa de qualquer mortal ou entidade, e olhou para a paisagem do Mundo Desperto, ou melhor, mundo real amanhecendo para mais um dia, depois de tanto tempo que havia ficado ausente.
Ela teria que se encaixar novamente.
•─⊱🌙⊰─•
Notas da autora: Hey pessoal, como estão?
Sim, Morpheus é um porre e vai ficar de molho naquela prisão, faz parte da construção da fanfic e do que virá para as próximas partes, mais alguém ficou revoltado?
Enquanto isso, Agnes chegando como uma camponesa no Mundo Desperto:
Me digam o que estão achando, quero saber de tudo!
Até o próximo! ✨🌙
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