53. Baile de Primavera (part. II)
"Eu tentei o caminho errado. Eu apenas tentei adivinhar, esperando meu tempo... Você é a única que eu consigo imaginar ao meu lado, você era o caminho certo, eu só estava esperando você olhar para mim... – You Are The Right One, Sports"
Minha mãe deve ter tirado pelo menos umas dez fotos do Jordan comigo. Precisei pedir socorro para o meu pai, ou ela passaria a noite inteira registrando "só mais uma". Quando a dona Elisa começava, só o meu pai e Deus mesmo para aturar. Contudo, até que demos boas risadas, apesar de eu ter ficado muito envergonhada com isso. Mas agora nós dois finalmente caminhávamos para o carro, algo que a instantes atrás, pensei que seria impossível.
– Jordan, faz a minha bebê tirar umas fotinhas lá, tá? – minha mãe berrou da porta de casa, e a olhei por cima do ombro, franzindo a testa.
– Manhêe! Pelo amor de Deus! – a repreendi, e Jordan deu uma risadinha, abrindo a porta do carro para mim.
– Pode deixar, dona Elisa, vamos tirar algumas sim. – ele respondeu doce assim que me sentei no banco, e bateu a porta.
Percebi minha mãe dizer mais alguma coisa, enquanto meu pai acariciava os seus ombros pacientemente, Jordan confirmou com a cabeça, antes de se despedir e dar a volta. Me apressei a pôr o cinto de segurança e ele também entrou, batendo a porta do carro.
Cruzei os braços meio chateada ao vê-lo girar a chave na ignição e olhei pela janela, meus pais acenavam um tchau, isso me fez soltar o ar com força pelo nariz, dando um leve sorrisinho ao acenar de volta. Jordan também travou o seu cinto de segurança, deu partida e seguimos pela rua. Minha casa foi ficando para trás, até sumir de vista.
– Não fica brava, amor. Seus pais amam muito você. – disse ele, de forma carinhosa, e eu assenti.
– Também os amo. Mas acho irritante quando me tratam feito criança. – fui sincera, e ele deu uma leve risada, confirmando com a cabeça.
– Bem, se um dia eu for pai de uma garota, independente da idade, ela sempre vai continuar sendo a minha menininha. – ele me deu uma curta olhada, e senti minhas bochechas esquentarem.
Jordan pensava em ser pai um dia? Bem, provavelmente sim, num futuro um pouco distante, mas nunca falamos disso, acho que porque não tínhamos idade para pensar em filhos, nem coisas do tipo. Apenas assenti. Sabia que era assim para os meus pais, mas isso não deixava de me chatear às vezes. Ele ligou o rádio, baixando um pouco o volume e me perguntou como foi a minha tarde, então ficamos falando sobre isso. Eu lhe mostrei as unhas e ele segurou em minha mão, onde deixou um leve beijinho carinhoso.
Jordan me fazia um elogio diferente a cada dois minutos, isso me deixava toda boba. O fato dele notar cada detalhe em mim, era especial. Ao pararmos no terceiro sinal, ele começou a batucar os dedos no volante, no ritmo da música que tocava no rádio. O encarei e seu olhar também veio em minha direção, acompanhado do seu lindo sorriso radiante.
– Está nervosa, amor? – perguntou ele, franzindo um pouco a testa, eu entronchei a boca para o lado.
– Um pouco. – fui sincera – Mas aquilo lá em casa, desculpa mesmo, tá?
– Lizzie, desculpa pelo quê? – Jordan tocou meu rosto, fazendo uma leve carícia em minha bochecha com o polegar – Eu vou querer todas as fotos depois.
– Ah, deixa de graça! – rolei os olhos, e rimos juntos.
O sinal abriu e Jordan seguiu caminho.
– Estou falando sério, amor. Quero mesmo. Se a sua mãe não tivesse começado a tirar fotos, juro que eu mesmo teria. Você está a coisa mais linda desse mundo. Na verdade, você já é naturalmente. – ele falou doce, me dando uma curta olhada, enquanto adentrávamos pela rua do colégio.
Senti minhas bochechas esquentarem de novo.
– Você também está lindo, amor. Você é mais que perfeito. – ele arqueou as sobrancelhas, dando um sorrisinho ao me ouvir.
– Isso é bom? – perguntou risonho, e eu também sorri, assentindo.
– É melhor que bom. – respondi, e ele diminuiu a velocidade, adentrando a propriedade do colégio.
Já dava para ouvir a música que tocava no ginásio, mesmo do estacionamento. Haviam muitos carros ali, uns chegando, outros já devidamente estacionados. Jordan seguiu para a sua vaga, como de costume. Abri minha bolsa para verificar se havia trazido tudo, me lembrei só então que não tinha checado antes de sair de casa, mas para a minha sorte, dona Elisa era um anjo.
Ela colocou um batom e um gloss, meu celular, um saquinho de lenços e alguns dólares. Estava tudo ok. Jordan finalmente estacionou e, ao tirarmos os cintos de segurança, passei a alça da bolsa pelo ombro. Ele me puxou, depositando um selinho em meus lábios, e sorri tímida antes de descermos do carro, o qual logo foi travado. Me olhei pelo vidro da janela, aproveitando para arrumar meus cabelos.
– Fala, Davis! – Johan cumprimentou o Dan, ele também acabava de chegar com a Ashley.
– E aí, Johan! – Jordan fez um toque com ele, e eu dei a volta no carro.
– Oi, Liz! – Ashley veio em minha direção, ela usava um vestido verde lodo, com um decote que seguia até quase o meio da sua barriga, sem contar no quanto era justo ao corpo, estava muito bonita – Você está tão... lindinha, amiga.
Não sei explicar, mas não senti verdade em suas palavras. Ela parecia estar segurando o riso, enquanto me analisava e, por um segundo, isso me deixou meio sem jeito, confesso. Pensei que talvez eu devesse ter ousado mais no vestido, mas no momento seguinte, me lembrei da reação dos meus pais e do Jordan, e do quanto me senti realmente fabulosa com o meu vestido. Cada um tem um estilo, certo? E o da Ashley, definitivamente não era o meu. Não me sentiria bem naquela roupa, pelo menos não tanto quanto estava me sentindo com a minha.
– Obrigada. – passei uma mecha de cabelo para trás da orelha, e ela me abraçou dando dois leves beijinhos nas minhas bochechas, os quais retribuí por pura educação – Você também está linda.
– Ah, obrigada, Liz! Você é tão gentil. – ela segurou em minha mão ao rompermos o abraço, e deu uma curta risadinha ao ver o corsage em meu pulso, depois passou sua atenção ao Jordan – E Davis, você está... nossa, um gato!
– Ah, valeu. – Jordan nos olhou meio envergonhado.
Nesse momento, Johan abraçou Ashley por trás e eu agradeci mentalmente. Por um segundo, achei que ela fosse saltar no pescoço do Dan, isso me irritou um pouco.
– Vamos entrar, amor? – Jordan se virou em minha direção.
– Sim. Nos vemos lá dentro, Ashley. – forcei um sorriso, que saiu muito falso, o qual ela retribuiu igualmente.
Segurei firme no braço do Jordan, e ele se despediu de Johan, com um aceno de mão, mas antes de seguirmos caminho, vi a Ashley se virar, ajeitando a gravata borboleta do seu namorado, bem, acho que eram namorados, estavam saindo a um tempão pelo que me lembre. Mas assim que passamos por eles, senti o seu olhar sobre nós dois, claro que podia ser só impressão, coisa da minha cabeça.
Respirei fundo, espantando esses pensamentos. Eu não estava chateada, mas acontece que achava inconveniente os olhares e o tom de malícia das meninas para o Jordan. Porém, prometi para mim mesma que não iria mais exagerar como fiz com o caso da Sophie, algumas semanas atrás. Hoje eu teria uma noite agradável com o meu namorado, independente de olhares ou comentários idiotas.
– Você não está chateada, né? – Jordan perguntou um tanto apreensivo, enquanto caminhávamos em direção ao ginásio.
– Não, bebê. – apertei sua mão, sorrindo docemente.
– Quero te pedir desculpas por aquilo lá atrás, ficou meio estranho. – ele reduziu um pouco o passo, pois a música estava ficando mais alta à medida que nos aproximávamos.
– Dan, não tem que me pedir desculpas por nada, tá? Quero ter uma noite legal com você hoje, sem brigas ou ciúmes bobo, porque eu só quero estar com você. – fui o mais sincera que pude, e ele sorriu largo.
– Eu também só quero estar com você, linda! – ele me puxou para a sua frente, me agarrando por trás, dando um beijinho em meu pescoço, o que me fez se arrepiar toda.
Prendi meu lábio inferior entre os dentes, em um sorrisinho. Me sentia a garota mais sortuda do mundo por ter um namorado como Jordan. Ele era atencioso, carinhoso e tão amoroso, muito melhor do que tudo o que eu já sonhei. Podia dividir minha vida em antes e depois de Jordan, ele me fazia muito feliz. Antes de entrarmos no ginásio, li a faixa de "Bem-vindos ao Baile de Primavera", com letras bem grandes e douradas, que estava pendurada bem acima da porta.
Aquilo tinha ficado muito bonito e caprichado. Assim que finalmente entramos, demos de cara com um dos fotógrafos do jornal do colégio, que estava encarregado de registrar o baile para o arquivo escolar. Ele nos posicionou em frente a um dos painéis e clicou algumas fotos. Umas três, eu acho, só que foi bem mais rápido do que a sessão da minha mãe em casa. Graças a Deus! Não aguentaria outra daquelas.
O fotógrafo disse que se nós quiséssemos alguma das fotos era só falar com o Dylan depois e claro que eu falaria. Queria pelo menos uma impressa para guardar de recordação. Sim, eu era antiquada. Jordan me ofereceu ponche e eu aceitei, pois a música que tocava era muito animada para dançar. Acabamos encontrando Emily e Noah próximo as mesas, ela estava deslumbrante e me recebeu com um abraço caloroso. Acho que tinha bebido algo, porque estava mais animada do que o normal.
Ficamos conversando um pouco, Emily me perguntou da Rose, foi quando me lembrei que também queria encontrá-la. Estava louca para ver Christian tirá-la para dançar, porém, por mais que olhasse em volta, não conseguia achá-la, pois tinha muita gente para todo lado. Nos concentramos então na conversa dos meninos, sobre a "aventura" de posicionar a cabine de fotos dentro do ginásio. E, enquanto isso, eu ia bebendo o ponche docinho e sem álcool que Jordan me serviu.
– Ah, vamos tirar algumas fotos lá, antes de nos jogar na pista. Não quero mais tirar fotos quando estiver suada. – Emily propôs, e Noah a agarrou por trás, dando um leve beijinho em seu pescoço.
– Eu topo! – Jordan comentou ao finalizar a sua bebida. Não sei onde, mas eles arranjaram cerveja.
– É, vamos lá! – Noah falou animado, e eu coloquei o meu copo sobre uma das mesas, ainda com um resto de ponche.
Jordan me agarrou pela cintura, e seguimos os quatro em direção a cabine. Estava fechada, o que indicava que já havia alguém lá dentro. Ficamos alguns minutos esperando que saíssem. Noah e Jordan aproveitaram para falar sobre as novas jogadas do último treino, quando a porta abriu todos olhamos para a Rose.
Ela estava linda, usava um vestido preto, de alcinhas, que ia até quase os seus joelhos, era folgadinho, assim com o meu não tinha decote, mas era realmente muito bonito. Quando ela percebeu que nós a olhávamos ficou toda vermelhinha. Em seguida, entendi o motivo. Christian surgiu logo atrás dela.
– Ai, olha você aí! Está linda, Rose! – Emily se apressou em abraçá-la.
– Obrigada, Emy. Vocês duas estão maravilhosas! – Rose se referiu a mim também.
Dei alguns passos em sua direção, notando que os meninos conversavam com Christian, que me parecia um pouco sem graça. O que me fez se perguntar: "O que será que estava rolando lá dentro, hein? Só algumas fotos, ou uns beijinhos e amassos também?". Queria muito perguntar isso à Rose, mas não na frente de todo mundo, não faria ela se sentir envergonhada assim. Quando Emily e ela romperam o abraço, nós duas também nos cumprimentamos com dois beijinhos no rosto.
– Esse modelo ficou mesmo lindo em você. – a elogiei de volta, e ela sorriu timidamente.
– Obrigada! – Rose agradeceu meio afobada, olhando de nós para os meninos, depois para nós de novo.
– Cadê o Matthew? – perguntou Emily, olhando em volta, e acabei fazendo o mesmo para disfarçar.
– Foi... ele... buscar drink... foi. – Rose falou toda embolada, não consegui conter a minha risadinha – Ah, é, bom, eu vou procurar ele.
Por fim, ela se despediu visivelmente nervosa.
– Tá bom. A gente se vê, Rose! – disse Emily, e vi o Noah adentrar a cabine.
– Vamos, amor? – Jordan sussurrou em meu ouvido, eu estremeci, mas assenti.
Todos entramos, porque era bem espaçosa. Tinha uma luz azulada no teto, outras mais brancas nas laterais, sem contar o espelho ao lado, preso na parede. Logo atrás de nós, havia um pequeno sofazinho vermelho. A frente, bem ao lado da câmera, ficava a máquina de fichas para as fotos. Jordan travou a porta e Noah comprou uma ficha.
– Prontas, garotas? – Noah perguntou antes de inserir a ficha, e Jordan segurou firme em minha cintura.
– Espera um pouquinho, amor. – Emily ajeitou os cabelos em frente ao espelho – Pronto, agora sim!
– Temos direito a cinco fotos! Vamos de três caretas e duas sérias, ok? – perguntou Noah, todos confirmamos, e ele inseriu a ficha – Em um, dois...
Ele se apressou até a Emily e todos fizemos careta para a primeira foto. Na segunda, ele e Jordan se abaixaram, fingindo que não conseguiam nos pegar no colo, dei risada. Na terceira, apertei a boca de Jordan e fiz uma cara de que estava brigando com ele, Emily fez quase o mesmo com o Noah, mudando que estava puxando ele pela camisa. Na quarta, nos apoiamos nos ombros dos meninos, sorrindo para a câmera. Na última, demos um beijinho na bochecha deles, que estavam com os braços cruzados. Nós duas levantamos até uma perninha para dar um ar mais romântico.
As fotos foram saindo uma por uma da máquina, ficaram muito boas, tanto que o Jordan comprou outra ficha só para pegar as cópias. Eu as guardei na minha bolsa. Saímos da cabine dando risadas, a primeira coisa que notei foi que a música a qual tocava agora era um pouco mais calma que as do início.
– O que acham de nos tirarem para dançar agora, hein? – sugeriu Emily, olhando de Jordan para Noah.
– Você quer dançar comigo, princesa? – Noah puxou ela pela cintura e lhe deu um selinho.
– Como você adivinhou, meu amorzinho? – ela brincou, tocando a ponta do dedo indicador no nariz dele – A gente se vê depois tá, Lizzie?
– Certo. Divirtam-se! – acenei com a mão enquanto os via se distanciarem, e senti os braços de Jordan a minha volta.
– Estou louco para dançar com você também, linda. – ele sussurrou rouco em meu ouvido, o que me fez se arrepiar toda.
– Eu só estava esperando você me chamar, Dan! – me virei de frente para ele, lhe dando um selinho, arrancando um sorrisão gostoso daqueles lábios.
Também seguimos para a pista. Tocava "Sweater Weather" da banda The Neighbourhood. Nós basicamente começamos a mexer os braços, fazendo passinhos simples de um lado para o outro, como todos a volta. Jordan fez umas gracinhas no estilo Michael Jackson, que me arrancaram risadas. Ele me fez dar algumas voltas também, antes da melodia ficar um pouco mais lenta no final, quando me puxou contra o seu corpo.
Pousei minhas mãos em seus ombros, e ele colocou as suas em minha cintura, se movendo comigo de um lado para o outro bem devagarinho. Nós ainda dávamos risadas, mas ele encostou sua testa na minha, olhando profundamente em meus olhos, uma das suas mãos acariciou a minha bochecha devagar.
– Você me faz tão feliz, Lizzie. – Jordan falou doce, e entrelacei meus braços em seu pescoço.
– Você também, Dan. É a melhor coisa que já me aconteceu. – fui o mais sincera que pude, enquanto nos movíamos devagar.
Nossos lábios estavam bem pertinho, quando a música trocou para "Treat you Better" do Shaw Mendes. Jordan rolou os olhos, porque ele não gostava muito, mas eu dei uma risadinha, pois adorava. Lhe roubei dois selinhos e deitei minha cabeça em seu ombro esquerdo. Continuamos no mesmo ritmo, dançando juntinhos, ignorando algumas pessoas a volta que pulavam e se mexiam engraçado.
Fechei meus olhos, acariciando os fios macios e dourados dos cabelos de Jordan, inalando o seu perfume de notas amadeiradas. Queria me lembrar de cada segundo ao seu lado hoje. Quando a música trocou para um remix muito animado, voltei a abrir os olhos e fiz menção de soltá-lo, mas ele me prendeu entre os braços por mais um instante, sorri largo.
– Se não começarmos a pular, vão achar que somos idiotas. – falei em tom risonho, próximo ao seu ouvido, ele também deu uma risadinha.
– Tudo bem. Vamos pular sim. Mas... eu te amo! – Jordan falou rente ao meu ouvido, e me arrepiei toda.
No instante seguinte, ele me soltou, segurando uma das minhas mãos, me fazendo dar uma voltinha. Em meio a risadas, acho que vi alguém específico chegando, mas não era possível, ou era? Balancei minha cabeça para os lados, devo ter girado rápido demais. Jordan e eu começamos a pular e mexer a cabeça de um lado ao outro, no ritmo das batidas eletrônicas.
Ele fazia algumas gracinhas e eu caí na brincadeira, rindo e sacudindo os ombros para frente e para trás. Passaram mais umas duas músicas seguidas bem animadas assim. Nós pulávamos e ríamos que nem dois loucos. A minha barriga já começava a doer de tanto rir, quando o Dj abaixou o volume das músicas.
– Vamos fazer uma pequena pausa, galera. O diretor do colégio quer dar uma palavrinha. – ele anunciou pelo microfone, e todos fizeram barulho de descontentamento, vendo o Sr. Hendrik se aproximar da mesa de som.
– Em primeiro lugar, boa noite! – o diretor começou o seu discurso ao pegar o microfone.
Jordan e eu saímos da pista de dança. O sr. Hendrik provavelmente ia dar algumas instruções, antes dos professores deixarem o baile só para os alunos. Isso era muito chato, até porque todo mundo sabia que ninguém ia seguir as restrições. Até ele, eu desconfio, mas devia fazer parte do script.
– Amor, eu vou ao banheiro rapidinho, tá? – avisou Jordan, e eu assenti.
– Tá, vou ficar te esperando. – falei, e ele me deu um selinho.
O vi seguir para fora do ginásio e balancei minha cabeça para os lados ainda dando risada. Me virei, passando por algumas pessoas, seguindo em direção a mesa de petiscos, queria provar alguns salgados e tomar um pouco mais de ponche que, a propósito, estava uma delícia. No entanto, paralisei no meio do caminho ao ver quem estava encostado em uma parede, próximo a cabine de fotos mais a frente, de copo vermelho e cigarro na mão.
O olhar dele também me encontrou e, por um triz, a alça da minha bolsa não escorregou do meu ombro. Eu não tinha girado rápido demais, era ele mesmo que havia chegado instantes atrás. Não consegui conter o meu sorriso de alegria, tratando logo de me aproximar. Jason se desencostou rápido da parede, passando o seu olhar pelo meu corpo inteiro, mas não me importei muito com isso.
– Jay, você... veio! – falei em tom surpreso, enquanto analisava sua roupa discretamente.
Ele vestia smoking como os outros garotos, mas sua camisa branca estava desabotoada até quase metade de seu peitoral, deixando a mostra parte de sua tatuagem de cruz. Um pedaço da barra estava para fora da calça, e o que deveria ser uma gravata borboleta estava por fazer no pescoço, substituindo suas costumeiras correntes de diamante e ouro. Preciso ressaltar que, esse estilo bad boy bagunçado lhe caía mesmo bem.
– Por que a surpresa? – questionou Jason, terminando de beber seja lá o que fosse em seu copo, enquanto apagava seu cigarro sobre a mesa bem ao lado – Você me chamou mais cedo, não foi?
– É, mas você disse que não vinha. – arqueei as sobrancelhas, ainda surpresa por vê-lo ali.
– Posso dizer muitas coisas às vezes, Lizzie. – ele rolou os olhos, se desfazendo do cigarro dentro do copo, parecia insatisfeito, ou talvez só estivesse sem graça de estar vestido daquele jeito.
– Bem, estou feliz que veio. E, nossa, você está muito bonito, Jay. – sorri doce, fazendo um leve carinho em seu braço, ele acompanhou o movimento da minha mão com o olhar.
– Sorte que não me viu quando saí de casa. A Susana me deixou parecendo um almofadinha idiota. – Jason fechou a cara, e dei uma risadinha, negando rápido com a cabeça.
– Nada disso. Ela só deve ter feito você se vestir corretamente. – ouvimos a porta da cabine ao lado abrir, então automaticamente me lembrei das fotos com Jordan e do quanto foram divertidas – O que acha de tirar umas fotos comigo? Preciso registrar você assim.
– Nem fodendo eu vou parar nos arquivos escolares com essa merda de roupa ridícula. – ele cerrou os olhos quando segurei em sua mão, lhe puxando em direção a cabine.
– Não estou falando do arquivo. Mas o que acha de parar em meu álbum pessoal? – perguntei risonha, ele me seguia meio confuso – E não está ridículo coisa nenhuma, está elegante e muito bonito.
Entramos na cabine e tranquei a porta. Jason olhou em volta, entendendo finalmente ao que eu me referia, deu alguns passos a frente antes de se virar em minha direção. Suas sobrancelhas ainda estavam arqueadas, acho que ele estava desconfiado. Mas realmente o achei bonito. E tinha certeza que muito dificilmente o veria assim outra vez, então precisava registrar. O fato dele dizer que veio porque eu o chamei, me parecia algo especial.
– Nós temos direito a cinco fotos por ficha. – passei por ele, ignorando aquele olhar desconfiado.
– Você é irritante, Lizzie! – ele resmungou e o vi enfiar as mãos nos bolsos da calça.
– Cala a boca! – rolei os olhos, pegando uma nota de cinco dólares, a qual usei para sacar duas fichas.
Jason ainda parecia analisar o lugar, decidindo se faria mesmo ou não aquilo. Mas não lhe daria muito tempo para pensar, pois sabia que ele podia desistir. Coloquei as duas fichas na câmera, com o intervalo de dois minutos entre cada uma, era o tempo mínimo de espera. Me apressei até Jason e puxei um de seus braços até a minha cintura.
– Espera aí! Eu não disse que... – sua fala foi cortada na primeira foto, e ele me olhou irritado.
– Cala a boca e sorri! – puxei seu outro braço, ficando a sua frente agora.
– Eu não vou sorrir! – ele me arrancou uma risadinha na segunda foto.
– Tá, então... – olhei para trás e o empurrei contra o sofazinho, a terceira foto deve ter ficado muito engraçada com Jason caindo sentado, e rapidamente me sentei ao seu lado, rindo – Faz careta!
Tapei os seus ouvidos, olhando para a câmera, fazendo careta mostrando os dentes. Ele deu uma risadinha sem querer, olhando para mim de canto de olho. Essa deve ter ficado melhorzinha.
– Vai, Jay! Faz uma careta comigo? – pedi doce, e ele rolou os olhos, mas assentiu.
Jason posicionou suas mãos em meus cabelos, fingindo assanhá-los para cima. Tapei minha boca e olhei para o lado, fingindo que estava incrédula enquanto ele rangia os dentes em uma careta para a câmera. A última foto da primeira ficha foi tirada e sorri satisfeita. Jason soltou os meus cabelos, passando a destra pela sua nuca, balançando a cabeça levemente de um lado ao outro, antes de subir seu olhar a mim outra vez.
– Viu só? Nem doeu. – falei risonha, ouvindo o barulho das fotos saindo da câmera.
Fiz menção de se levantar, para conferir como haviam ficado, afinal, tínhamos mais dois minutos até a próxima ficha, mas Jason segurou em meu braço, me fazendo sentar outra vez. Franzi a testa o encarando e ele negou com a cabeça.
– Quero te dar uma coisa. – ele disse de repente, me deixando um pouco confusa.
– O quê? – perguntei assim que ele me soltou e o vi ficar de pé, enfiando uma mão para dentro do bolso da calça.
Também me levantei, vendo-o tirar uma linda gargantilha do bolso. Era muito delicada e tinha pequenas pedrinhas em volta, as quais me lembravam diamantes. Arqueei as sobrancelhas, realmente incrédula. Por que Jason me daria um presente? Ainda mais sendo algo tão delicado assim.
– Jason, são...
– É. São sim, Lizzie. E daí? – ele me interrompeu, confirmando que eram mesmo diamantes.
– Meu Deus, isso deve ter sido caro. – falei ainda estupefata, nunca tinha ganho diamantes, mas de repente algo me ocorreu – Você não roubou, né?
– Quê? Não! Mandei fazer pra você. Fui buscar ontem. Eu não roubo, Lizzie. – ele pareceu um tanto chateado, então eu assenti, passando algumas mechas de cabelo para trás da orelha – Não gostou?
Rapidamente neguei com a cabeça, era uma peça linda e acho que seria o sonho de qualquer garota, mas... não me parecia certo aceitar assim logo de cara. Vejamos, Jason disse que foi buscá-la ontem, então... Será que foi por isso que faltou aula pela manhã, e depois apareceu na hora do ensaio? Se sim, qual o motivo para algo tão extravagante, e por que não me falou nada ontem mesmo? Fora que ainda teve o jantar, e hoje pela manhã... Mas só agora?
– Não é isso, eu... – olhei a gargantilha em sua mão outra vez – É realmente linda, Jay. Mas por que está me dando isso? Não posso aceitar algo tão caro assim.
– Você não quis aceitar a grana do racha. Achei que assim aceitaria. – ele finalmente explicou, desviando o olhar do meu, enquanto abaixava sua mão um tanto decepcionado.
Talvez aquele presente tivesse lhe dado um certo trabalho, fora o custo alto. Digo, deve ter sido difícil encontrar alguém tão minimamente detalhista. A todo caso, não seria justo eu simplesmente recusar, certo?
– Tudo bem. Eu... Você quer colocar em mim? – resolvi aceitar para não magoá-lo, afinal, foi muito gentil da sua parte.
– Isso... Tá legal. – ele pareceu surpreso, e eu dei um leve sorriso antes de me virar de costas.
Juntei os meus cabelos, e Jason se aproximou mais de mim, passando delicadamente a gargantilha em volta do meu pescoço. Senti meus pelos eriçarem com o leve toque das pontas dos seus dedos roçando na minha pele, enquanto ele prendia o fecho. Jason terminou e continuei quieta, apenas passei meus cabelos por cima do ombro esquerdo.
Olhei nosso reflexo no espelho ao lado, sentindo uma das mãos grandes de Jason pousar em meus quadris, enquanto a outra direcionava meu rosto para frente, o flash da câmera me fez lembrar da segunda ficha, então me endireitei, pousando minhas mãos sobre as de Jason. Seu nariz acariciou minha bochecha com um toque suave, e a segunda foto foi disparada, fazendo minhas pernas bambearem.
– Sabe, você fica ainda mais bonita quando sorri assim. – suas mãos apertaram minha cintura, e eu engoli em seco.
Não sei bem se Jason tinha percebido o quanto aqueles elogios repentinos me deixavam bagunçada, mas respirei fundo tentando não transparecer quão nervosa estava com sua proximidade. Era estranho, mas absurdamente bom tê-lo por perto quando não estava sendo grosso, ou extremamente safado. As últimas três fotos foram disparadas, e por fim ele me soltou, se afastando dois passos para trás.
Senti minhas bochechas esquentarem, e rapidamente passei algumas mechas de cabelo para trás da orelha, tocando a gargantilha com as pontinhas dos dedos logo em seguida, numa tentativa de me acordar do transe em que ele me colocou. Jason indicou o espelho com os olhos e eu assenti, deixando um leve sorriso escapar por entre meus lábios, enquanto me aproximava dali.
– Você gostou? – ele veio junto e, ao perceber, estremeci com a proximidade.
– Eu adorei, Jay. – acabei respondendo no mesmo tom baixo que sua voz soava, ainda tocando na gargantilha – É tão bonita e... delicada.
Jason olhava diretamente para mim, enquanto eu o encarava pelo reflexo no espelho. Senti o leve toque de seus dedos envolta de minha orelha, e fechei meus olhos com força, contendo o friozinho que subia por minha barriga, quase tão forte quanto sentia ao ser tocada por Jordan.
– Você é muito mais. – ele sussurrou quente em meu ouvido, e me arrepiei outra vez, cerrando os punhos com força antes de abrir os olhos novamente.
– Obrigada. – falei tão baixo que pensei que ele não tivesse ouvido, mas como resposta, Jason depositou um suave beijinho em meu pescoço – Jay!
Suspirei seu nome num impulso, e ele apertou a minha cintura quase colando o seu corpo ao meu, o que me fez apertar ainda mais os punhos. Estava mesmo nervosa, ele me deixava assim, mas... Não sei explicar como isso era bom.
– Dança comigo? – ele pediu, me olhando pelo reflexo do espelho agora, só então percebi que lá fora a música havia voltado a tocar.
Logo sorri, assentindo, mas quando fiz menção de me virar para sairmos, ele não me soltou. Invés disso, me apertou um pouco mais, franzindo a testa como se estivesse zangado comigo.
– Não lá fora. Aqui! – disse Jason, antes que eu pudesse lhe perguntar qualquer coisa – Dança comigo aqui, Lizzie?
– É uma cabine de fotos, Jason. – sorri leve ao me virar de frente para ele – As pessoas querem entrar para tirar fotos, e se já terminamos, temos que sair.
– Ah, é? Então... – ele finalmente me soltou, seguindo até o bloquinho de fichas – acho que não terminamos.
Arregalei os olhos ao vê-lo dar duas fortes pancadas na máquina de fichas, a qual cuspiu algumas pelo chão da cabine logo em seguida. Diferente de mim, Jason apenas deu uma risadinha, catando duas pelo carpete vermelho.
– Espera aí, como...
– Essas máquinas sempre tem uma falha. Descobri esse truque quando era moleque, as garotas costumavam ficar impressionadas. – ele me interrompeu, se apressando a colocar as fichas na câmera – Acha que duas é o suficiente para uma dança?
– Eu... Sim, mas nós podíamos ter comprado, sabia? – franzi a testa, e Jason riu um pouco mais, sacudindo a cabeça.
– Vem cá, você é sempre tão certinha? – ele debochou, me encarando por cima do ombro – Disse que para ficarmos, precisávamos tirar mais fotos, e voialá... Só relaxa, tá legal?
O vi configurar as fotos, e apenas assenti, não tinha muito o que fazer agora. Então, ele se virou, tornando a se aproximar de mim. Nesse instante, ouvi a música lá fora mudar para uma melodia mais tranquila, e logo reconheci que se tratava de "You Are The Right One" da banda Sports. A melodia tinha uma pegada bem anos 80, e eu realmente adorava músicas assim.
– Então... Agora posso te tirar pra dançar? – Jason tocou carinhosamente em meus dedos fazendo uma corrente de energia perpassar por todo o meu corpo.
– Tá, acho... Eu acho que você venceu. – entreguei o jogo, naquele momento era bem mais fácil perder.
Um sorrisinho sacana se fez em seus lábios, e logo suas mãos pousaram em minha cintura novamente, me puxando contra o seu corpo. Entrelacei meus braços em seu pescoço, deitando minha cabeça em seu ombro. A fragrância inebriante de seu perfume invadiu minhas narinas e não contive o meu sorriso, enquanto nos balançávamos lentamente de um lado ao outro.
As fotos começaram a ser disparadas uma após a outra, mas não nos importamos, só continuamos a dançar no nosso ritmo, acompanhando a batida lenta da música que tocava sem pressa alguma. Comecei a brincar com os dedos entre os fios dos seus cabelos, dei uma risadinha ao vê-lo se arrepiar. Acabei fechando os olhos, cantarolando baixinho uma parte da letra que dizia o seguinte:
"Eu tentei o caminho errado
Eu apenas tentei adivinhar, esperando meu tempo
Você é a única que eu consigo imaginar ao meu lado
Você era o caminho certo
Eu só estava esperando você olhar para mim..."
Nesse instante, me peguei se perguntando se Jason tinha alguém assim, alguém que pudesse representar mais que sexo para ele, com quem ele quisesse estar de verdade. Uma pessoa capaz de fazer o seu coração acelerar dentro do peito só por estar ali, ou que o acalmasse quando fosse preciso.
Eu tinha o Jordan, era só ele quem eu imaginava ao meu lado em todos os momentos. Mas e o Jason? Será que ele realmente não acreditava no amor, ou será que não acreditava que devesse ser amado? Eu esperava que não fosse nada disso. Queria muito que um dia ele amasse alguém que também o amasse com a mesma intensidade. Sim, Jason merecia saber como é ter alguém ao seu lado, eu tinha certeza disso.
A música já estava quase no finalzinho, quando o celular dele começou a tocar, me despertando dos meus pensamentos. Desencostei a minha cabeça do seu ombro achando que ele atenderia, só que não foi isso que fez. Sua destra tocou o meu rosto, acariciando minha bochecha delicadamente, e seus olhos mergulharam nos meus, prendendo minha atenção por alguns segundos, antes dele me puxar para um abraço apertado.
– Eu queria... Queria tanto que você lembrasse... – o ouvi falar quase num sussurro, com o rosto escondido entre os meus cabelos.
– Do que está falando, Jay? – perguntei ao mesmo tempo em que o abraçava de volta, ele apenas negou com a cabeça, me apertando um pouco mais entre os seus braços.
– Nada. Não é nada, Lizzie. – Jason me soltou – Eu preciso ir agora.
– Pra onde? Por que tem que ir? – perguntei confusa, levemente bagunçada, vendo-o dar alguns passos para trás.
– Aproveita a festa. Você... está mesmo linda essa noite. – seu celular voltou a tocar e, antes que eu pudesse me mover, ele alcançou um dos rolos com fotos dentro do cesto – Espero que não se importe, quero ficar com uma.
O vi destacar apenas uma das fotos, se apressando até a porta, a qual logo abriu, seguido do celular que retirou do bolso, no momento em que se livrou das outras fotos pelo chão.
– Jason... – tentei formular uma frase, mas estava nervosa, e ele saiu tão rápido quanto um foguete.
Senti um ardor subindo pela minha garganta, meu coração apertou dentro do peito. Fitei meus pés por um ou dois segundos, tentando processar aquele final de conversa. Acho que queria ir atrás dele, mas não adiantaria, Jason já havia sumido por entre a multidão. O que ele quis dizer com "Eu queria que você lembrasse"? Exatamente do que estava falando, o que eu deveria lembrar? Por mais que tentasse, não consegui entender o sentido disso.
– Ôh, garota, você vai sair? – um cara perguntou meio grosso, chamando minha atenção.
Olhei para frente novamente e notei que haviam outras pessoas querendo entrar. "Mas é lógico, Lizzie, você está em uma cabine de fotos!", falei mentalmente e assenti em seguida, secando algumas lágrimas que surgiram nos cantos dos meus olhos.
– Ah, claro. Desculpe. – dei um passo a frente e olhei para o lado, me lembrando das fotos.
Me apressei em pegá-las, rapidamente guardando-as em minha bolsa, enquanto seguia para fora da cabine. Ainda estava meio entorpecida pelo que tinha acontecido lá dentro. Não queria que Jason tivesse ido embora, não daquele jeito. Esperava que ele não tivesse com nenhum problema. Talvez fosse aquela tal Allana assustadora ligando para ele. Mas eu queria mesmo pensar que não era ela...
[...]
💋. Consegui voltar no mesmo dia, isso é um milagre, irmãs? HAHAHA! Para compensar os atrasos, vocês merecem capítulo novo toda hora!!! 🥰😘
💋. A música lá em cima é a mesma que o Jason e a Liz dançam. Para acompanharem a trilha sonora da fic, sigam nossa playlist no Spotify: Com amor, Lizzie!
💋. Segue abaixo o look dos nossos protagonistas maravilindooos:
Jordan:
Lizzie:
Jason:
Gargantilha que a Liz ganhou:
Inspirações das fotos com o Jason:
Obs.: Imagens ilustrativas encontradas no Pinterest, usadas como inspiração, mas sem fins lucrativos. TODOS OS CRÉDITOS PARA O IB: @KateArt55
💋. E esse momento coladinho da Liz com o Jason na cabine de fotos, quem amou?? Deixem seus comentários, e não esqueçam de votar na ⭐. Um beijo e até o próximooo 😘
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