41. Você é tudo o que importa
"Eu andaria no fogo ardente, mesmo se seu beijo pudesse me matar... Você sabe que eu morreria por você! – Die for you, Justin Bieber. "
– Lizzie, querida, chegamos! – a voz da minha mãe ao pé da escada, interrompeu o nosso clima. Jordan praticamente saltou de cima de mim – Está em casa, filha?
– Ah, sim! – respondi, após vê-lo trancar a porta do meu quarto – Mas vou sair com o Jordan, estou me arrumando.
– Tá bom, só não voltem tarde. Pode convidá-lo para jantar se quiser. – ela já tinha subido as escadas a essa altura, e eu rapidamente me levantei da cama.
– Toma, veste isso e me espera no carro, desço em dez minutos. – tirei a camisa do Jason, entregando-a para ele, ouvindo os passos da minha mãe se aproximando da porta.
– Você quer que eu saia agora, Lizzie? – ele apertou a camisa em mãos, me agarrando pela cintura com o outro braço, medindo meu corpo com os olhos – Diz a ela que vai para o banho e te vejo em... dois minutos, no banheiro.
– Ela pode... – minha fala foi interrompida pelo barulho da maçaneta sendo forçada para baixo – Anda, sai logo, ela sabe que você está aqui.
– Como? – ele franziu a testa.
– Você não encheu a cara ontem, não é, Jordan? Ficaria muito decepcionada se soubesse que não cuidou direito da minha pequena. – minha mãe falou com voz risonha, e eu rolei os olhos, empurrando o Dan para a janela.
– Jordan não está aqui, mãe. – tentei remediar, e ele deu uma risadinha, antes de me roubar um selinho.
– Só quero ressaltar que me expulsar do seu quarto desse jeito, é muita maldade. – sussurrou ele, saltando a janela para fora, e eu sorri.
– Ah, não? – perguntou minha mãe, enquanto ele descia pela pequena cerca na parede externa.
Então, me apressei em fechar a janela, puxando as cortinas.
– Não. Só tem... – me encaminhei até a porta, a qual logo abri – Bom, só tem eu aqui.
– Você precisa se vestir, filha. – ela me olhou dos pés a cabeça, dando uma risadinha.
– Eu estava tentando escolher uma roupa, quando a senhora começou a falar com um Jordan imaginário. – menti na cara de pau, lhe deixando entrar em meu quarto.
– Ai, que bom que ele não está aqui, querida. Estava louca para saber como foi. – ela arqueou as sobrancelhas, assim que fechei a porta, e eu franzi a testa.
– Saber como foi o quê? – perguntei confusa, e dona Elisa me puxou pelo braço em direção a cama.
– Você e o Jordan, ontem... Me conta, como foi sua primeira vez, querida? – ela segurou as minhas mãos ao sentarmos, e eu paralisei por um curto momento.
– Não... O quê? – minha voz soou falha, e rapidamente desviei o olhar, agradecendo internamente não ter optado por esconder Jordan no banheiro.
Seria constrangedor se ele ouvisse a "curiosidade" da dona Elisa.
– Ué, vocês passaram a noite fora ontem, e hoje de manhã perderam a hora... suponho que estavam bem cansados. – ela cruzou os braços, e eu praticamente saltei da cama.
– Eu já dormi na casa do Jordan outras vezes, mãe. Ainda não rolou, tá legal? – passei algumas mechas de cabelo para trás da orelha, seguindo apressada para o closet.
– Ah, minha querida, aquele Luke... Não me diga que ele fez alguma coisa com você? – ela também se pôs de pé, caminhando na mesma direção que eu – É por isso que não se sente segura?
Cerrei meus punhos, engolindo em seco. Nunca havia contado para ninguém o que aconteceu com o Luke, era vergonhoso demais para mim.
– Não. Isso não tem nada a ver com ele. O Jordan não é como o Luke. Só... não rolou ainda. – peguei um vestido qualquer na prateleira.
– Ah, filha, fico mais tranquila. Mas esse lilás aqui é muito melhor. Jordan vai ficar tipo "Nossa!". – minha mãe passou por mim, e logo a vi escolher outro vestido.
– Obrigada. – forcei um sorriso ao substituir a peça de roupa – O papai não veio?
– Sim. Mas eu derramei vinho no terno dele sem querer, então foi direto para a lavanderia. – disse ela, enquanto eu subia o vestido, e me lembrei da camisa do Jordan.
Colocamos para lavar, porque estava suja de lama, pela briga de ontem com o Ethan.
– Droga! – praguejei baixinho, fingindo dificuldade com o zíper.
– Deixa que eu te ajudo, querida. – minha mãe ofereceu, e eu assenti – Prontinho. Você... é tão linda, Lizzie. Minha garotinha está crescendo.
– Ah, obrigada, mãe. – me virei de frente para ela, seus olhos estavam marejados – Não, dona Elisa, sem choro. – eu disse com voz doce, e ela respirou fundo, assentindo – Preciso da sua ajuda.
– Não vai dormir fora de novo, vai? – perguntou ela, organizando os meus cabelos.
– Não, mas tem uma camisa do Jordan na secadora, e o papai...
– Então ele não estava aqui, não é mesmo, mocinha? – seu sorrisinho sacana voltou a cena, e eu rolei os olhos em uma leve risada – Pode deixar, eu pego e trago aqui para cima.
– Obrigada, mãe. – sorri ao abraçá-la.
E, naquele instante, senti todo o meu corpo relaxar entre seus braços. Eu a amava tanto... Queria poder dividir tudo com ela, como fazíamos quando eu era criança. Lembro que era bem mais fácil naquele tempo, não por questão de confiança, minha mãe era a pessoa em quem eu mais confiava na vida.
Mas, acontece que, de repente, as coisas resolvem se complicar e, de uma simples travessura no quintal do vizinho, a gente se encontra em festas, cercados de gente estranha, fazendo coisas que com certeza envergonhariam nossos pais. Eu era incapaz de fazê-la ficar triste, e odiava preocupá-la, por isso haviam coisas que eu simplesmente não podia lhe contar.
Aquele abraço acabou sendo mais prolongado do que nós duas esperávamos, mas Dona Elisa não me perguntou nada sobre isso. Acho que entendeu que era o que eu precisava e ponto. Ao rompermos, limpamos as lágrimas dos cantos dos olhos, e sorrimos uma para a outra. Em seguida, ela me ajudou com os sapatos e a bolsa, repetiu para que eu não dormisse fora, porque o meu pai iria implicar, e então me liberou.
Eu praticamente desci as escadas correndo, pois estava atrasada. Disse a Jordan que o encontraria em dez minutos, mas acabei passando muito mais tempo lá em cima. Saí de casa apressada, e segui até o seu carro, estacionado ali em frente. Assim que adentrei o veículo, ele me deu um selinho, o qual fez minhas bochechas esquentarem. Então, notei que já estava vestido com a camisa do Jason, a cor preta caía absurdamente melhor neles.
– O que seus pais disseram? – perguntou ele, dando partida no carro, e me apressei a colocar o cinto de segurança.
– Bem, não posso dormir fora e a minha mãe te convidou para o jantar, você já sabe. Mas eu disse que você tinha treino amanhã bem cedinho, e não ia poder. – respondi, me acomodando melhor no banco ao vê-lo assentir.
Jordan ligou o rádio baixinho, estava tocando trap, alguma melodia que eu não conhecia, mas não me importei muito. Afinal, nossa conversa sobre os filmes que provavelmente estavam em cartaz, e sobre como ele odiava pipoca doce, foi bem divertida. Ele sempre me arrancava risadas, eu adorava isso, adorava estar com ele, e não tinha nem como negar.
Em meio a algumas risadas, ele anunciou que passaria em casa para pegar algumas roupas, já que o convidei para dormir na minha casa. Não foi demorado, porque a Susana não estava, acho que o Jordan respirou mais aliviado com isso. O fato da mãe ter um suposto namorado, ainda não parecia nada agradável para ele, o que era até um pouco engraçado.
Quando chegamos ao cinema, já era por volta das três horas da tarde. As primeiras sessões de filmes já haviam iniciado, as próximas seriam só as quatro horas. Aproveitamos para passear um pouco pelo shopping que era bem ao lado. E foi quando acabei descobrindo em qual loja o Jordan comprou nossas alianças, pois o vendedor era um amigo da sua mãe, e rapidamente o reconheceu quando passamos em frente.
– Esse é um par especial, e único. – disse Tony, o vendedor, segurando em minha mão – Jordan mesmo quem desenhou. Deu um trabalhinho para o nosso artesão, mas ficaram belas, olhe só.
– Jordan, você que... desenhou? – arqueei as sobrancelhas, um tanto impressionada, e vi as maçãs do seu rosto corarem.
– Tony está sendo gentil, linda. – disse Jordan, um tanto envergonhado pelo segredo revelado – Eu dei uma sugestão, mas o desenho foi dele.
– Nada disso. Nada disso. No papel saiu o que você me pediu. – Tony rimou os versos em sua frase, sorrindo animado – E agora entendo seu entusiasmo, menino. A Lizzie é mesmo um colírio para os olhos.
– Ah, obrigada. – foi a vez das minhas bochechas esquentarem, e o Jordan passou seu braço por cima dos meus ombros, me puxando para junto de si, antes de dar um beijo em minha cabeça.
– Vocês formam mesmo um belo casal. – Tony sorriu amável, e nós dois sorrimos junto – Espero em breve estar preparando as alianças de noivado.
– Tony, não seja precipitado. – uma das atendentes da loja o repreendeu, era uma senhorinha muito fofa – Eles são só crianças. Não pensam nisso agora.
– Falo no futuro, Yva, no futuro. – Tony carregava um fundo cômico em sua voz, o qual nos arrancou mais risadas.
Aquela conversa foi mesmo agradável, mas o que me chamou atenção, foi o fato do Jordan ter desenhado nossas alianças. Isso me soava tão romântico, meu loirinho sempre me surpreendendo. Quando voltamos para o cinema, ele me deixou escolher o filme, optei por "Aladdin", o que foi uma ótima escolha para boas risadas.
Depois da noite conturbada de ontem, estávamos mesmo precisando rir, espairecer. Jordan tinha total razão ao me propor sairmos. E agora me sentia tão leve ao seu lado que era quase como se nada tivesse acontecido. Quando o filme terminou, a noite já caía pelas ruas movimentadas de Shadowtown, então seguimos direto para a Candy's, para jantarmos e tomarmos um delicioso milkshake.
– Nossa, eu fiquei emocionada com o último desejo dele. – revelei, enquanto mexia o canudo em minha taça, e Jordan assentiu, dando uma risadinha.
A lanchonete estava meio deserta, como de costume, mas eu achava aquele clima tão aconchegante. Jordan se encontrava sentado ao meu lado, com um braço apoiado na parte superior do banco, passando por trás da minha cabeça, a qual estava levemente apoiada em seu ombro.
– Não sabia que gostava de filmes assim, linda. – ele empurrou a sua taça, agora vazia, um pouco para frente.
– Ah, essas live actions são o meu ponto fraco. – confessei um pouco envergonhada, não queria que ele achasse que eu era infantil, porém, gostava muito de filmes assim – Mas, você também gostou, não é?
– Claro, amor. Especialmente da companhia. – Jordan sorriu doce, desenhando o contorno do meu rosto com os dedos, numa suave carícia, antes de segurar em uma das minhas mãos.
Desencostei minha cabeça de seu ombro, olhando para baixo, dando um leve suspiro ao ver os cortes que ainda cicatrizavam em seus dedos.
– Obrigada, Dan. – acariciei as costas da sua mão, suavemente, antes de entrelaçar os meus dedos aos seus, passando a encarar os seus olhos cor de mel.
– Pelo filme? – ele me pareceu confuso, e senti meus olhos arderem quando respirei fundo, então me virei quase de frente para ele.
– Por tudo, sabe? Não sei como teria sido se você não estivesse comigo hoje. – falei baixinho, vendo um sorrisinho se formar em seus lábios.
Jordan puxou minha mão um pouco mais para perto, dando um beijinho carinhoso nela, o que me fez se arrepiar inteira. Seus olhos caramelados mergulharam nos meus, e senti as minhas bochechas esquentarem, à medida que seu rosto se aproximava do meu.
– Eu sempre vou estar com você, Lizzie. Sempre! – ele sorriu doce para mim, encostando sua testa na minha, o que me fez sorrir de volta.
O Jordan era tão gentil e carinhoso, que às vezes eu nem acreditava que merecia tudo isso, sua atenção. Estava tão arrependida de como fui grosseira com ele na festa ontem, tudo por um ciúme bobo, mas é que não gostei daquela Sophie, do jeito dela. E tinha prometido para mim mesma que não iria mais engolir nada nem parecido com o episódio desconfortável que aconteceu com a Ashley. No entanto, tentaria ser menos ciumenta daqui para frente.
– No que está pensando, amor? – Jordan tocou suavemente em minha coxa, e eu estremeci completamente, o que lhe arrancou uma risadinha.
– Não é nada disso. – falei apressada, sentindo meu rosto inteiro esquentar, e ele me roubou um selinho – Jordan!
Rimos juntos ao romper. Nesse momento, a sineta da porta de entrada soou, e nos viramos para ver quem era, um hábito incontrolável de curiosidade. Avistei então, Ashley e Johan, seguidos de mais dois casais. Ela parecia aborrecida, e Jordan apertou levemente a minha mão, chamando minha atenção de volta.
– Acho que já está ficando tarde, vamos para casa? – ele sugeriu assim que o encarei, o que me fez franzir a testa.
A noite tinha acabado de cair, trazendo consigo as nuvens pesadas de chuva, mas não estava tão tarde assim, fora que eu ainda não tinha nem acabado de tomar o meu milkshake, a minha taça estava pela metade.
– Mas por...
– Fala, Davis! – a voz do Johan ecoou atrás de nós, e antes que virássemos ele já estava bem ao lado da nossa mesa.
– E aí, Johan! – Jordan se levantou, meio sem graça, os dois fizeram um toque.
– Oi, Lizzie! – as meninas falaram quase em coro, se aproximando.
Notei que Dafne era uma delas, então as cumprimentei com um aceno de mão.
– Como está, cara? O Tayler já me falou do problemão de amanhã. – escutei o Johan mencionar, Jordan me olhou preocupado.
– Que problemão? – perguntei confusa, e todos me olharam.
– Você não está sabendo? O Jordan pode ser expulso do time depois daquela confusão por sua causa na festa ontem. – Ashley respondeu apressada, e eu franzi a testa.
Por que ele não tinha me contado nada disso?
– É verdade, Dan? – questionei um tanto aflita, mas ele negou com a cabeça.
– Ah, não. Não é bem assim. O Tayler disse que vai cuidar desse assunto. Não precisa se preocupar. – ele forçou um sorriso para mim, porém, não senti verdade em suas palavras.
Jordan estava nervoso de novo e mentindo para mim. Era por isso que tinha ficado tão estranho quando falei do treinador Watson mais cedo?
– É, o Dempsey vai resolver. A culpa da briga nem foi do Dan, o Ethan que provocou com o...
– Amor, você quer ir na frente? Eu só vou pagar a conta. – Jordan interrompeu apressadamente a fala de seu amigo, o que me deixou um pouco desconfiada.
Tinha alguma coisa que ele não queria que eu soubesse.
– O Ethan provocou com o quê? – cerrei os olhos, decidida a descobrir o que ele estava me escondendo.
– Não foi nada, amor. Vai ficar tudo bem. – garantiu Jordan, e senti um aperto em meu peito, por que ele esconderia algo de mim?
– Não sei não, Davis. Se o sr. Watson souber dos tiros... – Dafne falou meio tensa, e o semblante dele mudou para irritado no mesmo segundo.
– Lizzie, vai para o carro, eu já te alcanço. – Jordan quase me deu uma ordem, jogando as chaves na mesa em minha direção, mas ignorei isso.
– Tiros? Que tiros? – perguntei preocupada agora.
Ele não tinha me falado nada disso. Provocação, tiros, o que droga estava rolando?
– Ah, o Jason deu uns tiros ontem, enquanto Jordan e Ethan brigavam por conta do...
– Chega! A Lizzie está cansada, estamos de saída. – Jordan interrompeu a Ashley também, muito zangado, nós duas tivemos um susto pelo seu timbre alto.
– Mas...
– Lizzie, por favor? – os olhos dele me imploravam para que eu saísse, então assenti, pegando as chaves sobre a mesa.
– É, estou bem cansada. Vejo vocês amanhã no colégio. – me despedi ao ficar de pé.
Mesmo que a minha vontade fosse ficar, e descobrir o que estava acontecendo, sei que Jordan me explicaria tudo, ele tinha que explicar agora.
– Ah, claro, lindinha. Deve ter sido horrível fazer aquelas coisas ontem e ainda ser filmada. – mencionou Dafne, assim que ajeitei a alça da minha bolsa no ombro, e franzi a testa.
– O quê? – simplesmente paralisei, olhando cada um a volta, até encontrar Jordan que estava muito tenso.
– Ah, eu acho melhor nós irmos para a nossa mesa, meninas. – Johan pareceu perceber que eu não sabia de nada até então.
– Estaremos todas com você, Liz. – Ashley segurou em uma das minhas mãos, mas eu ainda estava imóvel – Christine falou que drogaram você na festa, e eu pensei: nossa, quem faria isso?
– E-eu não sei. – minha voz soou trêmula, e ela me abraçou logo em seguida.
– Deve ter sido horrível, mas aquele troglodita do Ethan mereceu...
– Ashley! – Jordan deu um passo a frente, ele parecia muito nervoso, mas por quê?
– Obrigada. – falei ao rompermos o abraço, e vi algumas lágrimas nos olhos dela – Até... amanhã.
– Até, Lizzie. E não encana, o Dan vai sair dessa. – Johan também deu um passo a frente, meio preocupado, agarrando Ashley pela cintura – Não é mesmo, loirinha?
– Claro, vai ficar tudo bem. – ela sorriu, limpando as lágrimas dos cantos dos olhos.
Eu apenas assenti, não fazia ideia do que falar. Saber tudo de uma vez me deixou atordoada. Jordan podia ser expulso do time, Jason atirou em alguém ou alguma coisa e tinha um vídeo meu por aí. O que mais havia acontecido e eu não sabia? Dei uma última olhada para trás, avistando o Dan cabisbaixo, como se para ele, naquele momento, fosse difícil me encarar de volta. Devia mesmo ser, depois de ter me escondido isso tudo e sabe-se lá quanto mais.
Me virei, caminhando em direção a porta, sem emitir mais nenhum som. De uma coisa eu tinha certeza agora, aquela briga com o Ethan não tinha sido algo simples como o Jordan me contou pela manhã e me fez acreditar, ele havia mentido para mim, e teria de me explicar o motivo. Empurrei a porta, ouvindo o barulho da sineta, e segui apressada para o estacionamento, pois um sereno fino caía, deixando o clima um pouco mais frio que o comum.
Destravei o carro, tratando de entrar rapidamente, ligando o aquecedor enquanto esperava o Jordan chegar. Me recostei no banco, suspirando pesado. Por que o Jason teria atirado? Será que alguém tinha se ferido? As meninas e o Dylan também não me falaram nada sobre isso, nem sobre o vídeo que fizeram de mim, mas talvez fosse esse o motivo do Jordan ter ficado esquisito quando eu falava com eles a tarde. Ele estava com medo que me contassem essas coisas.
– Nossa, lá fora tá ficando um gelo. – ele interrompeu os meus pensamentos ao adentrar o carro.
E deu uma risadinha sem jeito, esfregando uma mão na outra.
– Você vai me contar o que rolou de verdade? – perguntei na lata, sentindo o seu olhar recair sobre mim.
– Não foi nada, amor. As meninas exageraram. – aquele sorriso falso voltou aos seus lábios, isso me fez fechar a cara.
– Não vim para o carro para continuar ouvindo suas mentiras, Jordan. Vi como ficou lá dentro, sou a sua namorada e acho que mereço saber quando você está com problemas. Então, se não for sincero comigo, eu vou voltar e deixar a Ashley me contar tudo. – falei firme, e ele arregalou os olhos.
– Não, eu... eu não quis te preocupar, amor. Não foi nada demais, e...
– Nada demais? Jason atirou em alguém, tem um vídeo meu rolando por aí, e você pode ser expulso do time. Isso é normal para você? – o interrompi, incrédula.
Ele ficou quieto por alguns segundos, depois negou com a cabeça.
– Não foi... não foi o Jason que atirou. – Jordan confessou, e senti uma onda de tristeza invadir seus olhos – Bem, o primeiro tiro foi, mas ele não atirou em ninguém, atirou pra cima, para acabar com a briga. Os outros tiros... não foi ele. E não tem mais vídeo seu circulando, Lizzie.
– Se não foi ele, então quem foi, Jordan? Alguém se feriu? E por que tem tanta certeza que não postaram nada de mim? – perguntei tudo de uma vez, e ele novamente negou com a cabeça.
– Ninguém se feriu, Lizzie, mas poderia, sei disso. Só que na hora eu não estava pensando muito bem e atirei contra o Ethan algumas vezes para assustá-lo. – arregalei os olhos ao escutar suas palavras, Jordan tinha atirado? Como assim? Não dava nem para imaginar isso.
– Por que... Jordan, por que você fez isso? – franzi a testa, e ele estendeu a mão em minha direção.
– Me deixa te levar pra casa? Eu conto tudo quando a gente chegar. – sua voz soou baixinho, e seus olhos desviaram dos meus.
– Jordan...
– Juro que conto a verdade, Lizzie, mas não aqui, por favor? – ele praticamente implorou pelas chaves, e eu pensei por alguns segundos.
– Foi o Ethan, não foi? Ele estava com o vídeo, e você...
– É! Eu fiz ele apagar e os outros caras também, Lizzie. Ninguém tem vídeo nenhum de você, porque gravaram a porra da briga e postaram no lugar. Então, por favor, me dá as chaves do carro? – Jordan pareceu nervoso, e eu puxei minha mão para trás, quando ele tentou agarrá-la – Lizzie...
– Não, Jordan! Você está encrencado por minha culpa. – senti as lágrimas voltarem aos meus olhos, ele não teria se envolvido em briga nenhuma se eu não tivesse perdido o controle ontem.
– O quê? Eu não acredito que... Por isso eu não te contei antes. Porra, Lizzie! – ele bateu com força no volante, e eu me encolhi contra o banco – Não foi sua culpa! Aqueles filhos da puta se aproveitaram de você, te drogaram e... eu não devia ter saído do seu lado.
Jordan se jogou com força contra o banco. O silêncio se estabeleceu por alguns segundos dentro do carro, enquanto eu processava todas as últimas informações.
– Eu não sabia que ia dar problema, era pra ter sido uma coisa rápida. Mas o Tayler... – Jordan fez uma pausa, respirando fundo – Ele esbarrou numa prateleira e quebrou um monte de coisas. O dono da loja ficou puto, queria chamar a polícia...
– Do que está falando? – perguntei, ainda mais confusa que antes, e seu olhar carregado de culpa recaiu sobre mim.
– Ontem eu não estava lá quando você precisou de mim, porque quase fui preso por conta de uma mancada do Tayler. Se o Jason não tivesse passado pela festa... – o vi ranger os dentes, antes de negar com a cabeça – Liz, eu não chegaria a tempo... a tempo de cuidar de você. A culpa é toda minha.
Vi uma mistura de dor e arrependimento em seus olhos. Jordan estava me dizendo que merecia o que tinha por vir só por ter ido ao mercado comprar uns aperitivos? Meu Deus, não! Não tinha como ninguém adivinhar o que ia acontecer naquela festa idiota, ou na droga do mercado. Fora que eu não era nenhuma criança indefesa, só fui burra e, graças a isso, agora ele podia perder a coisa que mais amava fazer na vida.
– Eu te contei tudo. Agora deixa eu te levar pra casa... me dá as chaves? – ele pediu outra vez, completamente entristecido. Senti uma pontada no peito.
– Não quero ir pra casa agora. – contive as lágrimas, e ele me encarou confuso.
– Lizzie... – interrompi sua fala quando lhe empurrei contra o banco – Mas o que...
Selei meus lábios aos seus, antes que qualquer outra palavra fosse dita, apoiando minhas mãos em seus ombros, enquanto me sentava com uma perna para cada lado em seu colo. Jordan ficou imóvel a princípio, enquanto eu beijava os seus lábios macios e deliciosos, mas logo suas mãos grandes e fortes me seguraram pela cintura, me fazendo arrepiar toda.
Nossas línguas se encontraram, acariciando lentamente uma a outra numa entrega de estímulos. Ele apertou os meus quadris e eu rebolei em seu colo, num desejo de aprofundar nosso beijo. No mesmo instante, uma corrente de eletricidade percorreu pelo meu corpo, mas eu acabei machucando sua boca sem querer, estava rasgada de lado e me esqueci disso. Rompemos o beijo quando ele emitiu um leve grunhido de dor.
– Desculpa! – acariciei o seu rosto, olhando-o completamente envergonhada.
– Amor? – Jordan passou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha, me puxando pela nuca, encostando minha testa na dele.
– Desculpa, eu só...
– Eu que tenho que te pedir desculpas, Lizzie. – Jordan se apressou a dizer, acariciando suavemente as minhas coxas – Por ontem, por mentir hoje. Eu não queria...
– Não foi nossa culpa, tá bom? Você... Eu te amo, Jordan! – olhei bem fundo em seus olhos cor de mel, ele sorriu, o sorriso mais gostoso desse mundo.
– Vai ficar tudo bem. Eu prometo. – seu polegar acariciou minha bochecha suavemente, e deitei meu rosto sobre sua mão.
– Acha que vai mesmo? E o time, amor? – perguntei preocupada, ele assentiu, dando um leve beijinho em minha testa.
– Vou receber um castigo dos grandes, mas não quero que se preocupe com isso. Não me arrependo do que fiz. Meu único arrependimento foi ter saído de perto de você ontem, Liz. – ele falou baixinho, olhando fixamente em meus olhos, e lhe roubei um selinho.
– Eu te amo tanto, Dan! – enchi seu rosto de beijinhos, ele sorriu, me abraçando apertado – Mas não quero que faça isso de novo, nunca mais.
– Não posso, e não vou deixar ninguém te fazer mal, Lizzie. Se eu tiver que pagar por isso, eu vou. Não me importo, contanto que você esteja bem. – Jordan segurou meu rosto com as duas mãos, e eu soltei minha respiração devagarinho.
Não me agradava nada a ideia dele se prejudicar de alguma forma por minha culpa, mas eu faria o mesmo por ele, então acho que entendia. A chuva lá fora começou a cair com mais força e, no mesmo instante, seu celular começou a tocar. Fiz menção de sair do seu colo, mas ele me segurou firme pela cintura, me dando um selinho demorado.
– Jordan, pode ser importante... – me referi a ligação, mas o vi negar com a cabeça.
– Nada é mais importante para mim do que você, Liz. – aquelas palavras ecoaram ainda mais fundo que sua declaração anterior, e uma lágrima me escapou – Eu te amo!
– Ah, Dan! Eu te amo! – o abracei apertado, ignorando qualquer som ao nosso redor, e ele me abraçou de volta...
[...]
💕. E parece que o buraco é mais embaixo, pessoal! Alguém surpreso com a atitude do Jordan? 👀
💕. Me sigam no instagram, lá estou postando o perfil de cada personagem (para quem gosta de ver para imaginar), em breve terão memes e curiosidades da fic 👉🏻👉🏻👉🏻 leticciaalvess
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