40. Foda-se suas desculpas!
AVISO: "Amerida" é uma droga totalmente fictícia, imaginada por mim, em suas causas e efeitos! 😘
"Será que ela sabe que nós sangramos da mesma forma? Não quero chorar, mas me quebro assim. Se você sangrar, eu vou sangrar da mesma forma. Se você está com medo, eu estou a caminho... – Where's My Love, SYML."
– Mas o que porra estão fazendo aqui? – ouviu-se um estardalhar alto, seguido daquela voz rouca, pesada e furiosa.
No mesmo instante, todos nos viramos assustados, encarando Jason que parecia extremamente irritado, enquanto se aproximava. Seus olhos caramelados mergulharam nos meus, e lembrei do quanto eles estavam tristes ontem ao me negar alguma coisa. Não sei o que eu tinha pedido, mas precisava que ele me dissesse, eu sentia que era algo importante, mas por que eu não me lembrava?
– Já estava mesmo indo avisar que você tinha visita, McClain, mas não conta quando é da família, não é? – respondeu Alice, risonha, balançando sutilmente seu copo de whisky em mãos.
– Você, – Jason desviou seu olhar para Jordan, que estava bem ao meu lado – por acaso, tem merda na cabeça, seu imbecil?
– Não foi... – tomei a palavra, mesmo estando nervosa – Eu quis vir.
Minha voz soou baixo, e encolhi os ombros quando seu olhar confuso recaiu sobre mim outra vez.
– Alice, leva a Lizzie para tomar uma água. – Jason quase ordenou isso, cerrando os punhos, como quem tenta se controlar.
– Tá legal, rei do estresse. Vamos, linda? – Alice estendeu sua mão em minha direção, mas eu rapidamente neguei com a cabeça.
– Não estou com sede, obrigada. – falei, e vi Jason respirar fundo, voltando sua atenção ao Jordan, que assentiu.
– Vai com ela, amor. Eu vou logo atrás. – ele deu um beijo em minha cabeça, e Jason rolou os olhos, passando sua atenção para a Shely, que estava ali perto emburrada.
– Tá. – falei, encarando Jason por alguns segundos.
Ele não estava ferido, e não tinha nenhum vestígio que indicasse que havia se metido numa briga. Então tive certeza de que Jordan não mentira para mim. Respirei mais tranquila quanto a isso, e me virei, seguindo com Alice para o bar. Afinal, eu não queria chatear ninguém, não foi para isso que vim.
Pensei em continuar ali, não vou mentir, mas senti uma tensão entre os dois, o que me fez entender que talvez precisassem conversar sobre algo que não dizia respeito a mim. Havia uma grande porcentagem de chance de ser sobre a briga com o Ethan, pois, indiretamente, isso foi por conta do Jason.
– Mama Sue? – Alice chamou, enquanto tamborilava os dedos sobre o enorme balcão de madeira.
Isso me fez franzir a testa, não parecia ter ninguém do outro lado quando me sentei no banquinho, ou talvez fosse por estar com os pensamentos voltados aqueles dois lá atrás. De repente, uma senhora de seus cinquenta e poucos anos, pelo menos, se levantou limpando algumas das prateleiras de bebidas que estavam vazias.
Seus cabelos brancos contrastavam com a maquiagem pesada em seu rosto, e suas roupas não eram lá tão comportadas como, de costume, uma senhora de sua idade usaria. Fora as joias que lhe adornavam... uma gargantilha de pedrinhas, bem chamativa, e pulseiras que chacoalhavam em seus braços, batendo umas contra as outras.
– Sim, querida. Não gostou do whisky que lhe mandei? – perguntou Sue, ao se virar em nossa direção, e Alice sorriu largo, negando com a cabeça.
– Não, não. É de primeira qualidade. Mas o chefe pediu para descolar um copo d'água para a Liz aqui. – explicou Alice, segurando em um dos meus ombros, antes de tomar um gole da bebida em seu copo.
Chefe? Então Jason era mesmo... quer dizer, essa boate era dele? Tive essa impressão da primeira vez, mas agora parecia estar ficando claro. Contudo, ele não era jovem demais para ter um negócio? Ainda mais quando se tratava de uma boate de stripers.
Acordei dos meus pensamentos, quando senti o olhar daquela velha senhora recair sobre mim. Ela parecia me analisar, como se eu fosse um produto numa prateleira de um supermercado, isso me fez engolir em seco.
– Ah, chegou hoje, querida? – Sue colocou um copo vazio sobre o balcão, e eu forcei um sorriso.
– Hã... eu sou uma amiga do Jason, vim vê-lo. – me apressei a responder, mesmo nervosa.
Sue deu uma risadinha ao se virar de costas. Juntei minhas mãos ao redor do copo vazio, apertando-o ao notar Shely se aproximar. Ela parecia mais chateada ainda comigo. Desviei meu olhar rapidamente para Sue outra vez, vendo-a escolher uma garrafa de vodca dentre todas nas prateleiras.
Pensei em alertá-la ao fato de que eu não bebia, mas senti vergonha de falar algo, afinal, podia não ser para mim, como no caso da garrafa de whisky para Alice a instantes atrás.
– Em qual boate você trabalha, querida? São bonzinhos com você por lá? Me parece tão... novinha. – Sue tornou a se virar em minha direção, abrindo a garrafa de vodca, enquanto se aproximava.
Pude ouvir a risadinha de Alice ao lado.
– Não, mama Sue, não é bem essa a água. – ela apontou para a garrafa com a mesma mão que segurava o seu copo de whisky, Sue franziu a testa.
– Mas essa é a melhor água ardente da casa. – Sue alegou, um tanto ofendida com Alice.
Nesse momento, eu pigarrei baixinho, chamando a atenção de ambas.
– Me desculpe, mas é que eu não bebo. – decidi finalmente explicar, não queria que Sue ficasse magoada, pois ela foi muito gentil de escolher algo que julgava ser melhor para me servir.
Então, ouvi a risadinha pretenciosa da Shely, que acabara de se escorar ao balcão, bem ao meu lado, apoiando seus seios fartos em cima do móvel, ao mesmo tempo em que empinava sua bunda para trás, o que fez seu micro vestido subir um pouco mais.
Apertei o meu copo com mais força, me sentindo muito envergonhada por ela. Sei que já devia ser acostumada a mostrar o seu corpo, mas isso me deixava desconfortável mesmo assim, pois não era algo típico do meu dia a dia.
– A princesinha não bebe, mama Sue. – disse ela, em tom irônico, rolando os olhos ao me encarar – Conta outra, vadia! Acha o quê? Que é melhor que a gente, por acaso?
Shely cerrou os olhos, se aproximando de mim, e senti um calafrio me percorrer.
– O-o quê? Mas eu não...
– Vê se relaxa, Shely. – Sue pegou uma garrafa d'água, e Shely a encarou furiosa.
– Essa vadia mal chegou e já quer sentar na janelinha. – disse ela, enquanto Sue colocava água em meu copo, franzi a testa, completamente confusa.
– Eu não fiz nada com você, garota! – tomei coragem de falar, em tom audível dessa vez, e ela me olhou incrédula.
– Desencana, Liz. A Shely só tá com medo de perder o posto para você. Não é, vadia? – Alice se esticou um pouco no banco, passando seu olhar de mim à Shely, que bufou o ar pelo nariz com força, se desencostando do balcão, enquanto cruzava os braços.
– Perder o quê? Eu só vim...
– É claro que não, Alice! – Shely me interrompeu, passando seu olhar pelo meu corpo outra vez – Você nem é tudo isso, vadiazinha. A diversão de algumas noites para o McClain talvez, mas nada demais. Na verdade, nem sei por que ele estava tão excitado gemendo o s...
– Shely, eu tenho uma novidade para você... começa trabalhando hoje! – aquela voz rouca e pesada soou atrás de nós, interrompendo a conversa esquisita que se daria ali.
Me virei rápido, avistando Jason de cara fechada.
– Tra-trabalhando? – Shely gaguejou, parecendo ter perdido uns dois tons de pele ao encará-lo.
– Sim, começa com as outras meninas agora mesmo, para ser exato! – ele passou entre nós duas, e ela o encarava incrédula – Sue, arrume essa vadia decentemente e me arranje mais duas ou três. Meus amigos lá atrás precisam de entretenimento. Não quero ser um mal anfitrião.
– Vo-você não pode...
– Ah, eu posso sim, Shely. Mas você também pode recusar me obedecer e sumir por aquela porta. A escolha é toda sua. – Jason deu de ombros, esticando o braço até a garrafa de vodca a qual Sue deixou sobre o balcão.
– Mas eu não tenho para onde ir. – Shely pareceu desesperada, e eu engoli em seco, apertando o copo entre as minhas mãos, escutando a risadinha da Alice ao meu lado.
O que me fez franzir a testa, as duas não eram amigas? Por que Alice parecia estar se divertindo com o desespero da Shely? Isso era errado, amigas devem se ajudar, certo? A não ser que... que eu tenha interpretado mal. Mas Sue pareceu preocupada também. O trabalho ao qual Jason se referia podia ser algo bem ruim.
– Deixa eu te contar uma coisa, nenhuma das garotas aqui tem pra onde ir. Mas veja só, elas trabalham para ficar. E estou te dando a mesma oportunidade. Agora vá se vestir com a Sue ou suma daqui de uma vez. – Jason se virou de costas para o balcão, sentando-se em um dos banquinhos.
Eu pensei em dizer algo, até mesmo abri minha boca para isso, mas, no mesmo instante, fui alvo do olhar fulminante de Shely, que secou as lágrimas nos cantos dos olhos e se virou, enquanto Sue passava para o lado de cá do balcão.
Ouvi ela chamá-la com voz doce, e logo as duas seguiram de mãos dadas pelo corredor ao lado. Soltei minha respiração com força, encarando o copo d'água a minha frente por alguns segundos, em completo silêncio. Não sei explicar o que havia acontecido agora, e isso me incomodava.
– Alice, quero que você conserte a cara daquele idiota! – me acordei dos meus pensamentos com a voz do Jason ao meu lado.
Segui o movimento de sua mão, avistando Jordan sentado à mesa no outro canto da boate, próximo a escadaria.
– Falou e disse, chefinho. – Alice colocou o seu copo sobre o balcão, e saltou ao chão, segurando suavemente em meus ombros – Foi um prazer conversar com você, Lizzie.
– Igualmente. – forcei um sorriso, ao vê-la se distanciar.
Respirei fundo, dando o primeiro gole em minha água. A princípio, eu não estava com sede, mas, estranhamente, assim como aconteceu essa madrugada, senti minha garganta seca e bebi todo o resto da água de uma só vez. Jordan havia me falado que eu precisava beber muita água hoje, no entanto, acho que havia me esquecido disso.
Ouvi a risadinha baixa do Jason ao meu lado e o barulho que a vodca fez, quando ele afastou o gargalo da garrafa de seus lábios. Então, se virou para mim, me encarando um tanto curioso, enquanto eu devolvia o meu copo vazio ao balcão.
– Qual foi a do visual Mortícia Addams? – Jason finalmente falou direto comigo, em seu típico tom sarcástico.
Mas eu já esperava ao menos uma de suas piadinhas pelo fato de estar toda vestida de preto, até mesmo a jaqueta de Jordan era dessa cor.
– Bem, não tenho culpa da maioria das suas camisas serem pretas. – forcei um sorriso ao me virar em sua direção, e ele franziu a testa, parecendo notar só agora que eu ainda vestia sua camisa.
– Ah, então quer dizer que se lembra de ontem? – seu tom de voz mudou, o que me deu a leve impressão de que estava meio tenso.
Sei que eu passei da conta, e me assustava o que poderia ter dito a ele. Talvez xingado ou ofendido como fiz com Scott, jogando aquele copo de bebida nele. Pensar nisso só me deixava mais envergonhada ainda, não queria ter sido grossa com ninguém, principalmente com Jason, sei que ele já tinha problemas demais para lidar e eu realmente não queria me tornar mais um.
– Não. Não de tudo. Na verdade, bem pouco. Mas lembro que ficou comigo até eu dormir. – fui sincera, e ele ficou quieto como se estivesse pensando ou lembrando de algo – Aconteceu alguma coisa fora isso que eu deveria me lembrar?
– Não. – ele respondeu rápido, voltando a beber, estava... irritado? Decepcionado?
Não sei dizer ao certo, pois não havia expressão alguma em seu rosto agora.
– Você poderia... não beber? – pedi educadamente, ainda me lembrava daquela noite em sua casa, de como fiquei assustada.
Jason afastou a garrafa da boca, arqueando uma sobrancelha.
– Qual foi? Você quer que eu estoure essa garrafa na parede também? – seu tom de voz soou engraçado, e eu dei uma risadinha, negando rapidamente com a cabeça.
– Não seria uma má ideia. Mas se você só colocasse ela sobre o balcão já seria ótimo. – tentei soar bem humorada, e ele rolou os olhos, fazendo exatamente o que eu disse – Obrigada!
– Por que veio, Lizzie? – sua pergunta me pegou de surpresa, e eu assenti algumas vezes seguidas, para mim mesma.
– Queria ver se você estava bem, achei que você e o Jordan... – interrompi a minha fala ao ouvir sua risada anasalada, e logo o vi negar com a cabeça.
Jordan havia me explicado sobre o Ethan, sei que ele não mentiria para mim, não estava duvidando dele, não era isso. Mas o aperto em meu peito prosseguiu mesmo depois da nossa conversa. Senti que precisava ver como o Jason realmente estava e, agora de frente para ele, podia julgar que estava muito bem.
– Ah, fala sério, Lizzie. Acha mesmo que eu perderia para aquele idiota? Eu não perco uma briga desde os meus sete anos. – ele disse risonho, e eu forcei um sorriso, sentindo minhas bochechas esquentarem.
– Não é questão de perder. Eu só fiquei preocupada de ter feito vocês se desentenderem ontem, não tive intensão de causar problemas. – falei em tom baixo, e ele deu mais risada ainda.
– Você é uma figura. Te drogam, acontece uma porrada de coisas com você, mas quando acorda ainda se preocupa com a cara de quem foi rachada? Fala sério! – seu tom de voz estava carregado de ironia e eu respirei fundo.
Jason tinha o poder de me fazer se sentir uma grande estúpida.
– É, parece que sim. Mas não foi só isso. Você – iniciei, vendo o seu sorriso diminuir – me disse algumas coisas ontem. Eu quero saber o porquê.
– Posso ter dito muitas coisas ontem, Lizzie. Se não sabe, você fica muito mais irritante quando está drogada. – comentou ele, parecendo não se importar muito em me ofender ou não, apenas assenti – Mas de quais coisas está falando?
– Bem, – me ajeitei melhor no banco, fixando meus olhos aos seus – lembro de você me segurando, enquanto falava que eu não queria alguma coisa que eu acho que pedi para fazer, depois você me disse que eu não me lembraria disso.
– E se lembra agora, por acaso? – Jason arqueou as sobrancelhas, não demonstrando nenhum interesse em me responder.
– Não. – respondi, ele deu um curto sorriso de lado, ficando de costas para o balcão outra vez – Mas eu...
– Acho que acertei então, não é mesmo? – ele me interrompeu, esbanjando sarcasmo, e seu celular começou a tocar. Vi o seu semblante perder a graça a qual sustentava as minhas custas – Tá na hora de você ir embora, Lizzie.
Sua voz soou extremamente séria agora. Apressado, ele se pôs de pé, o que me fez franzir a testa, cerrando os olhos. Por que o seu humor mudava assim tão rápido? O vi pegar o celular no bolso e conferir rápido quem era pelo identificador, antes de desligar a chamada, dando alguns passos a frente, se distanciando de mim.
– Espera! – também me levantei apressada, passando a sua frente, o que fez o seu olhar vir a mim outra vez – Eu quero que você me diga o que eu pedi, ou fiz...
– Tem certeza de que quer saber, Lizzie? – seus olhos estavam zangados outra vez, ele deu um passo em minha direção, o que me fez desviar o olhar do seu um tanto nervosa.
– Eu acho que preciso, Jay. – falei baixinho e ele paralisou, então olhei em seu rosto novamente, mas ele já não me encarava mais.
– Não foi nada. – respondeu ele, cerrando os punhos quando o seu celular tornou a tocar.
Dessa vez eu pude ler "Allana" no identificador, antes dele esconder de mim. Era a mesma mulher do outro dia, na oficina de artes. Eu não fazia ideia de quem fosse ela, mas pelo jeito que Jason ficava, acho que não era alguém de quem ele gostasse.
– Sei que posso ter sido irritante ontem, mas você cuidou de mim mesmo assim. Obrigada, Jay, de verdade. – falei, vendo-o cerrar os olhos ao me encarar e desligar a chamada de novo – Mas eu queria... preciso saber, para me desculpar adequadamente com você. Sinto que preciso te pedir desculpas.
– Desculpas? – Jason franziu a testa, muito mais irritado que antes – Não preciso da porra das suas desculpas! Você só me encheu o saco querendo pular pelada na piscina, nada do que fez ou disse teria algum poder sobre mim, para eu precisar das suas desculpas idiotas. E agora que já tomou o meu tempo, some daqui!
– Jason, você... – ele passou furioso por mim, sem nem me dar ouvidos.
Não sei por que tinha ficado tão chateado de um minuto para o outro, mas ele era mesmo assim, certo?
– Aew, idiota, se manda com a Lizzie daqui, agora! – Jason apressou o passo em direção as escadas, batendo a mão com força no corrimão de metal, o que ressoou um barulho pelo ambiente – Alice, manda os caras para as entradas. Ninguém mais entra até o horário de abrir. E eu quero a Shely no meu escritório em cinco minutos!
– Mas e o trabalho dela, chefia? – perguntou Alice, mas ele não lhe deu atenção, se apressando a subir, logo sumindo de vista – Tudo bem. Como quiser, alteza.
A vi se levantar da mesa, e notei que Jordan já caminhava ao meu encontro, com dois pequenos curativos feitos em seu rosto. Forcei um sorriso para tranquilizá-lo, minha conversa com Jason não foi das melhores, mas também não chegou a ser tão ruim assim.
Eu já esperava alguma grosseria da sua parte, ele sempre era estressado mesmo. Fora que aquilo que ele me disse devia ser verdade, lembro que queria muito tirar a roupa ontem e senti vontade, em certo momento, de pular na piscina. Mas, aparentemente, Jason me impediu, estava grata a ele por isso.
– Amor? – ouvi a voz calma e ao mesmo tempo preocupada do Jordan soar.
Lhe abracei apertado, escondendo meu rosto na curvatura de seu pescoço, adorava a segurança que sentia em seus braços.
– Vamos pra casa, bebê? – pedi baixinho ao sentir seus braços a minha volta, eu só queria ficar juntinho dele agora, até tudo isso passar.
– Claro, linda. – senti uma de suas mãos acariciar minha nuca com suavidade, e ele deu um beijinho em minha cabeça.
Ao sairmos da boate, senti aquele vendaval de sentimentos amenizar dentro de mim. Só queria ir para casa e passar o resto do dia abraçada com Jordan. O caminho não se fez tão cumprido, e quando chegamos, li o bilhete que meus pais deixaram, avisando que tinham ido almoçar com o Alexander e alguns executivos da empresa, à negócios.
Chequei meu celular e haviam algumas ligações perdidas da minha mãe, o que me fez rapidamente retorná-las. Ela estava um pouco preocupada porque eu não voltei para casa até eles saírem, mas para todos os efeitos, eu ia mesmo dormir na casa do Jordan ontem, então menti que havíamos perdido o horário. Na verdade, eu menti sobre exatamente tudo.
Jordan e eu tomamos um banho para relaxar, ele foi primeiro, enquanto eu falava com os meus pais no telefone, e logo em seguida foi a minha vez. Quando saí do banheiro, vi que ele tinha pego dois refrigerantes, e esquentado uma pizza no micro-ondas. Então nos sentamos na cama, e eu liguei a TV.
– Nossa, mas essa mulher é desastrada demais. – Jordan comentou ao meu lado, enquanto assistíamos um programa de cozinha e almoçávamos pizza.
– Tadinha, os jurados não dão uma folga. – me virei para colocar o resto da minha fatia na caixa.
– Ah, isso é verdade. Acho que eu ficaria louco com alguém me dando ordens assim. – ele disse risonho, e eu franzi a testa, o encarando – O quê?
– Não é justamente isso que o treinador Watson faz no campo? – arqueei uma sobrancelha, e Jordan me pareceu ficar um pouco tenso, mas sorriu assentindo.
– É, mais ou menos isso. Mas – ele se levantou da cama, como se estivesse fugindo de mim, passando a juntar os copos e a caixa com os restos de pizza – no campo os caras só funcionam assim mesmo, linda.
Assenti ao ouvi-lo, me forçando a não olhar seus músculos como uma garota libidinosa, a qual eu talvez estivesse me tornando. Pois ele estava sem camisa, colocamos para lavar assim que chegamos, e agora usava apenas as calças. Senti meu rosto se aquecer quando o vi se virar para mim outra vez, e sorri tentando disfarçar meus pensamentos indecentes.
– Você tem treino amanhã, não é? – perguntei, me esparramando na cama.
Geralmente, Rose, Emily e eu, assistíamos a primeira parte do treino nas segundas e quartas.
– Ah, não. Quer dizer, o treino deve acontecer, mas não vou estar, preciso fazer um teste de química. – explicou Jordan, um pouco enrolado, e o encarei outra vez.
– Teste? – perguntei meio confusa. O colégio sempre dava um jeito de conciliar as aulas com os treinos, ensaios e jogos, não? – O sr. Watson não te deu nenhuma bronca por isso?
– Ah, é só um treino, Liz. As notas primeiro, os treinos depois. – Jordan me pareceu um pouco estranho – Vou jogar isso aqui no lixo, e colocar minha camisa na secadora, tá?
– Tá. – fiquei de joelhos na cama, e ele me deu um selinho, antes de sair do quarto.
Assim que a porta se fechou, eu me levantei, desligando a TV. O programa já havia acabado. Não sei, mas tinha a impressão de que o Jordan estava diferente comigo. Podia ser só a minha insegurança, pelo que fiz ontem, sei que eu fui drogada e tal, porém, no mais profundo da minha alma, eu achava ter feito algo muito errado, e o problema é que não me lembrava...
Não conseguia nem imaginar o que poderia ter sido pior do que tentar nadar nua e gritar que queria... bom, fazer essas coisas na frente de todo mundo. Mas algo dentro de mim dizia que talvez Jordan não me perdoasse se ele soubesse. Claro que também podiam ser só as minhas ideias embaralhadas, se eu tivesse mesmo feito algo além disso, Jason teria me contado, não teria? Acredito que sim.
Tive meus pensamentos interrompidos pelo toque estridente do meu celular. Caminhei até a poltrona, onde estava a minha bolsa, e assim que o peguei, vi que se tratava de uma chamada de vídeo conjunta. Eram Dylan e Emily. Respirei fundo, pensando se deveria ou não atender.
Não me lembrava se fui grosseira com eles também. Talvez estivessem zangados comigo, mas recusar a chamada não ajudaria a resolver as coisas, certo? Eu precisava me desculpar com todo mundo. Comecei pelo Jason, apesar dele ser um grosseirão, então, devia fazer o mesmo com os meus amigos. Resolvi atender.
– Ai, florzinha. Que pele maravilhosa! Nem parece que foi drogada ontem! – Dylan falou apressado, enquanto eu caminhava de volta para a cama.
– Dylan! – Emily o repreendeu imediatamente – Como você está, amiga? Pensei em ligar pela manhã, mas tive medo de incomodar.
– Ah, não. Estou bem melhor. Jordan está cuidando de mim. – me sentei na cama, segurando o riso pela cara pervertida que Dylan fez.
– Haaam! Cuidando, né? Meu Deus, divide o sol, Liz! Até quando era para sair por baixo, você reina e sai por cima. Garota, o que é isso? – Dylan esbanjava de seu bom humor, enquanto fingia se abanar do outro lado da telinha.
– Do que está falando? – ri sem graça, pois não sabia ao certo ao que ele estava se referindo.
– Um Davis de noite e outro de manhã? Amiga, até eu queria ser drogada assim... – ele deu uma risadinha – Que o Logan não me escute.
– Meu Deus, Dylan! Dá um sossego? – Emily rolou os olhos, e ele se fez de desentendido.
– Tá, tá! A Liz está super bem... – disse ele, mas ela continuou de cara fechada – Ai, você é muito chata, Emily! Acredita, florzinha? A Emy pensou que você ia estar arrasada por ter dado umas esfregadas no gangster Júnior.
– O quê? – franzi a testa, um tanto confusa, sentindo minhas bochechas esquentarem, e notei Emily ficar um tanto nervosa.
– Nada. Dylan deve estar bêbado de ontem ainda. Não liga. – ela falou em tom severo, e ele parou de rir, assentindo repetidamente com a cabeça – Mas você está bem mesmo?
– Sim. Quer dizer, mais ou menos. Estou envergonhada e preocupada como vai ser amanhã no colég... – parei de falar ao ver uma nova chamada – É a Christine, vou adicionar ela, tá?
– Ai, tá! – Emily deu de ombros, e Dylan bateu palminhas em uma comemoração.
– Olá, meus raiozinhos de sol! – Christine cumprimentou nós três, com um sorrisão em seus lábios impecavelmente vermelhos – Como você está, darling?
– Morrendo de vergonha de pôr os pés no colégio amanhã. – Dylan se adiantou a responder por mim.
– Ah, não. Pelo amor de Deus! Te deram amerida, amiga. Todo mundo sabe como essa droga é forte. – franzi a testa ao ouvi-la, nunca tinha escutado esse nome antes – Na verdade, tem mais gente preocupada com você, do que falando nas suas costas.
– Como assim preocupada? – perguntei, completamente confusa.
– É que a amerida é uma droga local muito perigosa, Liz. Estava sendo comercializada em massa a um ano atrás, mas de repente sumiu das ruas. – explicou Emily, e pude notar a preocupação estampada em seus olhos.
– Sumiu? Do nada? – franzi a testa, e rapidamente Dylan negou com a cabeça.
– Bom, sim e não. – disse ele – Acredito que causou prejuízo aos seus fabricantes, por causar convulsões e algumas mortes sequenciadas nos usuários, fora a perca de memória.
– Meu Deus! Eu convulsionei? Posso... morrer? – arregalei os olhos, sentindo o suor esfriar em minhas mãos.
– Não, florzinha, não! – Dylan se apressou a responder.
– Jason te fez vomitar tudo dentro dos primeiros quarenta minutos de efeito. – disse Emily – Ele vendia essa merda antes, então reconheceu de cara os efeitos.
– Tá. Agora chega de falar sobre coisa ruim. E não se preocupe, my dear, com o assunto do baile, ninguém nem vai lembrar de nada dessa festa. – Christine se jogou em sua cama com lençóis de seda, parecia estar muito empolgada.
– Baile? Mas o baile só vai ser mês que vem. – Emily arqueou as sobrancelhas, e Christine franziu a testa.
– Hello! Menos de duas semanas, Emy. – mencionou Dylan, fingindo serrar as unhas na camisa.
– Baile? – perguntei, ainda mais confusa que antes, ouvindo suas risadas.
– Meu Deus, vocês nem imaginam o trabalho que me dão por serem lentinhas. Mas tá. Sim, vai ter um baile de primavera. – Christine se sentou novamente em sua enorme cama.
– E daí? Todo ano tem. – Emily não me parecia lá tão empolgada – E ainda faltam algumas semanas.
– Sim, meu raio de sol, mas como acha que um baile acontece? Sem verba? Claro que não! – Christine franziu a testa, e eu ouvi a porta do meu quarto se abrir, era o Jordan.
– Eu vou anotar na minha agenda que quando uma amiga minha for drogada, devo ligar para ela e falar de baile ou fazer piadinhas sexuais! – Emily pareceu bem nervosa, mas no final todos rimos, até ela.
– Amor? – notei que Jordan estava um pouco pálido, quase como se tivesse visto um fantasma – Com quem está falando?
– Somos nós, Davis! – respondeu Christine, e virei o celular para que ele os visse.
– Meu santinho das putarias! Devia ser considerado crime um abdome tão gostoso assim! – Dylan se exaltou um pouco, e as meninas deram risada da falta de graça do Jordan.
Eu achava fofo quando ele ficava envergonhado.
– Ah... – o vi coçar a nuca, enquanto caminhava, e virei o celular de novo para mim – Estão falando do baile?
– Sim. – respondi baixinho, vendo-o assentir, ao tempo em que sentava do meu lado.
– Então, como eu ia falando, precisamos de verba. E eu tive uma grande ideia ontem que, por acaso, foi aprovada. Então colocaremos em prática tipo imediatamente. – Christine prosseguiu, nos deixando um tanto curiosos.
– Ideia? Que ideia, Christy? – perguntei quase no mesmo instante.
Não que aquilo fosse mesmo importante, mas qualquer coisa que ocupasse a minha cabeça e me fizesse esquecer o aniversário do Christian, era muito bem-vinda.
– Amanhã eu conto. Vai ter reunião das Lioness no segundo horário. – ela avisou, e eu assenti – Agora é melhor deixarmos os pombinhos em paz. E lembre, florzinha, cabeça erguida, você é uma Lioness!
– Ah, obrigada. – forcei um sorriso ao me despedir e rolei os olhos com a cara de safado do Dylan, antes de desligar.
Jordan disfarçou, olhando para trás, mas percebi que ele estava meio preocupado. Joguei o celular para o lado na cama e segurei em sua mão, fazendo-o olhar em minha direção outra vez. Sei que devia lhe perguntar se estava acontecendo alguma coisa, mas tinha medo da resposta. Só queria que tudo voltasse ao normal, principalmente entre nós dois.
– Eles ligaram só para falar do baile? – perguntou ele, e eu neguei rápido com a cabeça.
– Não. Na verdade, queriam saber como eu estava, o assunto do baile só surgiu para espairecer. – expliquei, e ele sorriu sem graça – Você está preocupado?
– Quê? Não! Quer dizer... um pouco. Seus pais vão chegar, e não sei o que vão pensar se souberem que eu me envolvi numa briga. – ele desviou o olhar do meu, mas rapidamente segurei em seu rosto.
– Não vão pensar nada, você não teve culpa, amor. – apoiei minha outra mão em seu ombro, subindo em seu colo, me sentando ali com uma perna para cada lado.
– É, mas... – seus braços me agarraram pela cintura, e encostei minha testa na dele – A gente podia dar uma volta para espairecer, passar no cinema, assistir um filme. Nada de celulares. O que acha?
– Não sei... – acariciei seus cabelos suavemente – Não acho uma boa ideia você sair por aí sem camisa.
Sorri, aproximando nossos lábios, e suas mãos deslizaram para debaixo da única peça de roupa que eu usava agora, a camisa do Jason, fora a lingerie. Seu olhar passou à minha boca, e o seu lindo sorriso surgiu, iluminando o seu rosto todo, me causando um arrepio gostoso.
– Não é uma boa ideia? – ele perguntou baixinho, apertando as minhas coxas, me fazendo soltar o ar devagarinho, enquanto negava com a cabeça – Por que não, Liz?
Seus lábios tocaram suavemente os meus e me inclinei para frente, mas ele recuou um pouco, encarando meus olhos profundamente.
– Você ouviu o que o Dylan falou. – dei uma risadinha, sentindo minhas bochechas esquentarem.
– Ouvi? – uma das suas sobrancelhas arqueou, e ele umedeceu os lábios com a língua – Não lembro...
– Ah, Dan... – dei um leve tapinha em seu ombro, me afastando um pouco.
E, num movimento rápido, Jordan me apertou entre os braços, me virando na cama, ao mesmo tempo que ficava por cima de mim.
– Fala! – sua voz rouca sussurrou em meu ouvido, e ele beijou meu pescoço, me arrancando um suspiro baixinho – Eu quero ouvir de você, linda.
Seus olhos cor de mel pareciam engolir os meus agora. Por um segundo, senti que tinha esquecido como respirar. Corri meus olhos pelo seu corpo, observando cada detalhe, cada linha milimetricamente desenhada pelos seus músculos, e senti meu rosto inteiro se aquecer.
– Você é... – fiz uma pausa, com um sorriso envergonhado, e voltei a encarar seus olhos – É muito gostoso, Davis.
– É? – Jordan se encaixou entre as minhas pernas, e estremeci por dentro, mas assenti ao ver seu sorrisinho malicioso surgir – Eu também te acho gostosa pra caralho, Lizzie!
"Você é tão gostosa...", uma voz ecoou em minha cabeça, e franzi a testa ao ver o Jason no lugar do Jordan por alguns segundos. Sei que os dois eram praticamente iguais por fora, mas, de alguma forma, já não dava mais para confundi-los. "Merda, será que isso não vai passar?", me auto repreendi.
E, rapidamente, toquei os meus lábios aos dele, me permitindo esquecer aquelas vagas lembranças de uma noite distorcida, ao mesmo tempo em que me perdia no delicioso sabor do seu beijo. Afundei os meus dedos em seus cabelos macios, sentindo a sua destra apertar minha coxa, trazendo-a até ficar quase na altura do seu tronco.
– Lizzie, querida, chegamos! – a voz da minha mãe ao pé da escada, interrompeu o nosso clima...
[...]
🍁. Será que o Jason contou a verdade para a Liz? E aí, o que acham??? 👀
🍁. Alguém curioso para conhecer a Allana? Haha!
🍁. E esse Jordan, está escondendo alguma coisa? Ou será só impressão da Liz??
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